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Nova Chance Pra Nós Dois

Cap 1 Rebeca

Anne:_ Tem certeza que vai fazer isso?..., você acabou de dizer que tiveram outra discussão antes dele sair para o escritório..., não acha melhor esperar aqui e conversarem?

Rebeca:_ Você não entende?..., preciso fazer algo diferente, nosso casamento caiu numa rotina e..., agora, parece que Dante só tem tempo para o trabalho..., são 12 anos, é natural que essas coisas aconteçam, não é?..., você sabe do que tô falando...

Anne:_ Sim..., mas...

Rebeca:_ Só me fala como eu estou...

Anne:_ Tá linda Beck, como sempre..., só o idiota do seu marido que deixou de perceber isso.

Rebeca:_ Anne!..., não fala assim..., ele só tem estado estressado com o novo projeto.

Anne:_ Tá bom..., me desculpe..., não tá mais aqui quem falou, sou sua amiga e vou te apoiar, mesmo não concordando..., vem deixa eu dar um jeito na maquiagem...

Estou confiante, sei que ele vai gostar da surpresa..., mesmo Anne falando essas coisas, ela é minha melhor amiga, é dois anos mais velha do que eu, nos conhecemos desde a faculdade e logo que me casei, ela viajou a trabalho, somos formadas em moda..., uns anos depois ela casou e se divorciou, casou de novo e divorciou novamente, já está no terceiro casamento e acho que dessa vez é pra valer, ao menos é o que ela diz. Continuamos nos falando, mesmo quando ela morou em outro estado com os dois primeiros maridos, e após o segundo divórcio, resolveu voltar, alugou uma casa próxima a minha, tem uma loja no centro da cidade, tem sua marca e cria suas próprias coleções de moda, as vezes dou uma ajudinha quando ela está sobrecarregada e suas funcionárias não dão conta.

Me casei com Dante Galvin, na época em que nos conhecemos era o solteirão mais cobiçado da cidade: rico, bonito, popular..., hoje ele está ainda mais lindo, a maturidade lhe fez bem, seus 34 anos o deixaram ainda mais charmoso, bonito e atraente. Meu marido herdou os negócios de seu pai, trabalha com projetos imobiliários, vendas e locações, basicamente é uma corretora diferenciada.

Eu..., sou uma dona de casa com um diploma na parede, faço meus desenhos, vendo alguns trabalhos de designer para minha amiga..., até tentei trabalhar em uma empresa, mas larguei o emprego cinco anos depois do casamento só para me dedicar ao meu marido..., resolvemos engravidar, mas ainda não aconteceu..., já estou com meus 33 anos..

Adiei a maternidade e quando resolvemos que tava na hora, não foi como desejamos, desde então, nosso casamento ficou um pouco abalado, mesmo Dante dizendo que isso não muda em nada o amor que sente por mim..., acho que isso afetou mais a mim do que a ele, mesmo assim conseguimos manter nossa rotina..., mas, de uns meses para cá, tudo só foi piorando..., ele as vezes chega tarde, estamos sempre discutindo por qualquer bobagem ou quando estamos em casa, fica cada um fazendo suas coisas.

Decidi que tá na hora de dar um basta nessa situação, amo meu marido, precisamos quebrar essa rotina monótona, experimentar coisas diferentes, reviver as loucuras do início do nosso namoro e casamento..., hoje é um dia perfeito para dar o primeiro passo..., é nosso aniversário de 12 anos de casados, tenho entradas para um club de casais, mas antes vou surpreende-lo no escritório, relembrar de como nos amamos sobre a mesa dele algumas vezes..., comprei algo especial para ele.

Não vou de carro, já que voltaremos juntos no carro dele..., Anne me deseja boa sorte e vai para sua casa..., chamo um táxi e sigo para a Corretora Galvin..., já é fim de expediente, ele disse que hoje chegaria um pouco mais tarde, provavelmente já está só ele e o vigia do prédio..., assim que chego o cumprimento e antes que ele interfone para Dante avisando que estou na corretora, explico o que vim fazer...

Rebeca:_ Sr Júlio, não precisa avisar meu marido, vou fazer uma surpresa, é nosso aniversário de casamento.

Sr Júlio:_ É claro dona Rebeca, parabéns..., a senhora pode subir, não vou falar nada.

Rebeca:_ Obrigada.

Pego o elevador e subo até o andar do escritório dele, como imaginei, os funcionários já foram, tiro os saltos para não fazer barulho no piso, me aproximo da porta que está entre-aberta, calço novamente o sapato, arrumo meus cabelos, mas antes de abrir a porta escuto uns ruídos, não quero acreditar no som que estou ouvindo..., meu sorriso vai se transformando em lágrimas a medida que vou abrindo a porta e a ficha vai caindo..., não consigo parar de tremer, estou petrificada, uma dor imensa invade meu peito como se algo se rasgasse dentro de mim..., Dante e a sócia Stephanie, transand0 sobre a mesa dele..., nem sei de onde saiu forças para interromper o ato...

Rebeca:_ DANTE!!!

Eles se assustam e a mulher baixa o vestido rapidamente tentando se recompor, enquanto ele veste a calça nervosamente, tentando explicar o que não tem explicação..., caminhando em minha direção, tenta me segurar...

Dante:_ Beck..., não é o que tá pensando..., eu posso explicar..., amor...

Rebeca:_ NÃO CHEGA PERTO..., NÃO ME TOCA..., VOCÊ É..., NOJENTO..., E VOCÊ STEPHANIE?...

Stephanie:_ E-eu..., não...

Dante:_ Não fala nada..., Beck, deixa eu explicar..., meu amor..., me perdoa..., eu não queria...

Rebeca:_ CALEM A BOCA..., ODEIO VOCÊ..., DANTE..., ODEIO VOCÊ..., ABRI MÃO DA MINHA VIDA..., PRA ME DEDICAR A VOCÊ..., E RECEBO..., ISSO?...

Dante:_ REBECA..., ME DEIXA EXPLICAR...

Rebeca:_ QUERO O DIVÓRCIO..

Dante:_ Não..., Beck..., isso não...

Rebeca:_ QUERO O DIVÓRCIO...

Jogo a pequena sacola na cara dele, o impedindo de se aproximar, me arrependo de não ter comprado um revólver..., corro como uma louca, não aguento passar por isso, estou tremendo e chorando compulsivamente..., sigo pelo caminho das escadas..., ouço ele me seguir e gritar para o esperar..., estou tão desorientada que não tenho ideia de como cheguei na rua, as lágrimas deixaram minha visão embaçada...

Dante:_ REBECA!!!!

Só vejo um clarão vindo na minha direção e em segundos tudo fica escuro...

Cap 2 Dante

Amo minha mulher, mesmo que nosso casamento esteja numa fase bem ruim, Rebeca ficou obcecada por engravidar, já disse que se não der certo, não muda o que sinto, podemos tentar outras formas, mas ela insiste que vai ser naturalmente, com o tempo tem ficado nervosa, fazer amor se tornou uma obrigação com hora marcada, tinha que ser no período fértil, seguindo um cronograma..., no início até que foi prazeroso, divertido, mas depois de alguns anos, foi ficando mecânico, monótono e de uns meses para cá fomos nos distanciando...

Me afundei no trabalho, deixei de lado os planos de ter filhos, especialmente agora que nossa corretora tá na melhor fase, mas esse acúmulo de serviços, documentos, vendas,tudo isso tem me sobrecarregado. Estou com um projeto novo em desenvolvimento com minha sócia e estamos correndo contra o tempo para finalizar esse trabalho antes do evento anual de corretoras, quero expor esse projeto e garantir mais visibilidade para nós, pra completar a corretora rival é de um ex da minha mulher, da época do ensino médio, na verdade esse detalhe é bem insignificante, só me aborreço com o fato do cara ser um babaca competitivo..., confesso que as coisas estão ainda mais estressantes em casa e na empresa...

E acho que trabalhar com Stephanie por tantas horas tem confundido a cabeça dela, não sei o que tem pensado com nossa aproximação..., minha sócia é uma grande profissional, mas de uns tempos pra cá tenho percebido um interesse diferente em nossas reuniões, as insinuações, tento ignorar e me a ter ao trabalho...

Não sou de me queixar do meu casamento pra ninguém, mas acho que por algumas vezes deixei escapar que estava com problemas em casa..., mesmo assim não busco um relacionamento extraconjugal..., mas, hoje, foi um daqueles dias que já começou mal, esqueci completamente nosso aniversário de casamento e Rebeca só fala em tom de cobrança..., acabamos discutindo já pela manhã, nem tomei café..., saí de casa aborrecido...

O dia na corretora seguiu normalmente, no final da tarde, Stephanie veio para minha sala e seguirmos organizando o projeto, é um dos poucos prazeres que tenho nesses últimos meses..., ao final de nosso trabalho, levantamos para irmos embora, já estava tarde e todos os funcionários já tinham ido..., mas só de pensar em voltar e enfrentar uma nova discussão, já me senti tenso e exausto..., sento novamente massageando as têmporas e tomando coragem para dirigir...

Stephanie percebeu e começou uma massagem em meus ombros..., acabei aceitando, estava precisando..., aos poucos as mãos dela começaram a percorrer meu peito, a afrouxar minha gravata..., o pior é que meu corpo começou a reagir aos estímulos, suas mãos são habilidosas..., até aquele momento nunca tinha olhado para ela com desejo ou algo além do profissional, sempre trabalhamos bem juntos..., mas não sou cego, ela é uma mulher bonita, atraente...

Levanto da cadeira tentando me afastar e evitar agir por instinto..., mas o maldito tesão acumulado, a necessidade de me aliviar e as investidas dela..., não consegui resistir, a pego com tudo a levando até minha mesa..., não é amor, nem paixão..., é carnal, algo fisiológico, mas é forte e prazeroso..., levanto seu vestido com urgência afastando sua calcinha, ela me ajuda com o cinto e o zíper da calça..., vejo desejo em seus olhos e isso me excita ainda mais..., em poucos minutos estou entrando nela com força..., perdi o controle, o raciocínio, com certeza iria goz4r antes de aproveitar um pouco mais, estava carregado..., mas antes de chegar ao ápice do prazer..., volto a realidade ao ouvir Rebeca gritar meu nome..., só aí me dei conta da maldita loucura que estava fazendo...

Tentei explicar, mesmo sabendo que não tinha o que dizer..., tento me aproximar, mas ela joga algo em mim, seguro o objeto e corro atrás da minha mulher, não vou aceitar um divórcio assim, precisamos conversar..., mas Rebeca não me ouve, corre como uma maluca..., na emoção só percebo o perigo quando o carro já está em cima dela, tentei salva-la, mas nosso vigia me puxa impedindo que nós dois fôssemos atropelados...

O carro a acertou em cheio..., Beck é jogada a alguns metros e cai inconsciente, sangrando..., nessa hora minha alma foi junto..., nem sei de onde tirei coragem para correr até ela e vê-la naquele estado..., é tudo culpa minha, não vou me perdoar nunca..., grito para chamarem o socorro, não tenho forças, só quero que ela abra os olhos e fale comigo..., que grite..., que peça o divórcio, eu dou..., só quero ela viva...

Dante:_ Beck..., a-amor..., não me deixa..., acorda...

Alguém me puxa impedindo que toque nela..., grito que sou seu marido, só quero ficar ao lado dela, não posso perder minha mulher assim...

Uns minutos que mais parecem uma eternidade, uma ambulância chega e é feito os primeiros socorros, sou afastado..., não tenho mais forças pra chorar..., sinto alguém tentar me abraçar..., é Stephanie...

Stephanie:_ Dante..., fica calmo, ela vai ficar bem...

Dante:_ TIRA AS MÃOS DE MIM..., VAI EMBORA...

Stephanie:_ Dante..., só quero ajudar..., não foi culpa sua...

Dante:_ NÃO QUERO SUA AJUDA..., SÓ QUERO MINHA MULHER..., VAI EMBORA DAQUI!!!

A empurro bruscamente, não quero que Beck a veja por perto quando ela acordar..., Stephanie também está chorando, mas entende que é melhor ir embora..., não me importa o que ela esteja sentindo..., só me importa a vida de Rebeca..., me arrependo amargamente, a culpa foi minha, tudo isso fui eu quem causou..., não deveria ter sido fraco, usei Stephanie como consolo, fui um canalha, traí minha mulher, e agora posso ter causado a morte dela..., sou um maldito..., não vou suportar perde-la..

Cap 3 Dante

Após os primeiros socorros, Rebeca é imobilizada e colocada na ambulância..., a acompanho..., minha cabeça parece que vai explodir, sinto a pressão em meu corpo, precisei de assistência, mas a atenção é para ela..., os paramédicos vão tentando reanima-la, fazem massagem cardíaca, oxigênio, são tantos aparelhos..., nem me dei ao trabalho de saber quem foi o maldito que conduzia o carro que a bateu...

Assim que chegamos no hospital ela é levada com urgência para uma sala de cirurgia, sou impedido de acompanhá-la..., me sento no corredor do hospital aguardando por notícias e orando para que ela volte para mim..., não consigo controlar a crise de choro..., quando me sinto com o mínimo de coragem, ligo para Anne e para Úrsula a mãe de Beck, nem mesmo eu entendi direito o que falei, mas consegui passar o endereço do hospital..., quase uma hora depois as duas chegam com Marcelo, o marido de Anne..., estou destruído, não tenho coragem de dizer o que aconteceu para ter essas consequências..., a culpa, a vergonha e o arrependimento já estão me punindo..., minha sogra me abraça...

Úrsula:_ Dante, onde ela está?..., o que aconteceu?.., não entendi nada do que você falou...

Dante:_ Ainda não sei..., ela está na cirurgia..., e ninguém diz nada...

Úrsula:_ Dante?, precisa se acalmar..., me diga o que houve com minha filha...

Dante:_ Foi um acidente..., um carro..., ela não viu..., foi culpa minha, não pude salva-la..., ela está assim por minha culpa...

Úrsula:_ Não diga isso...

Aos poucos elas conseguem entender, mesmo chorando e preocupadas, elas tentam me acalmar..., como vou dizer a minha sogra e a Anne que eu causei todo esse mal a minha mulher...

Anne:_ Vem..., senta aqui..., Marcelo, pode pegar algo na cantina para Dante beber..., ele precisa se acalmar...

Dante:_ Não quero nada..., só quero minha mulher, Anne...

Anne:_ Ela é forte, vai sair dessa...

É no que acredito, Beck é forte..., as horas passam e nada..., consigo ao menos controlar o choro, mas o medo, a angústia, o remorso, estão acabando comigo..., quase três horas depois, enfim um médico aparece, levanto num pulo passando a frente de todos...

Dante:_ Rebeca é minha mulher..., como ela está?..., está viva?..., diga que ela está viva...

Médico:_ Bem..., sim..., mas, sinto dizer que seu estado é muito delicado..., sua esposa teve uma grave hemorragia no cérebro, fizemos o possível para salvá-la..., mas...

Dante:_ O que isso significa?..., que ela vai morrer?

Úrsula:_ Dante, deixe o médico terminar de falar..., diga doutor..., minha filha vai viver?

Médico:_ As próximas horas serão cruciais..., sinto muito, mas ela está em coma, o inchaço no cérebro ainda é preocupante..., infelizmente não tem mais o que fazer, apenas esperar...

Dante:_ Posso vê-la?...

Médico:_ Me desculpe, ela está na UTI...

Dante:_ Por favor..., me deixe vê-la...

Insisto um pouco mais e o médico concorda em me levar até uma janela de vidro..., ela está cheia de aparelho, com tubos na boca..., por um momento pensei no pior..., choro tentando reprimir esses pensamentos negativos..., não pude ficar com ela, sou tirado de onde estou e somos orientados a ir para nossas casas e voltar somente na manhã seguinte já que não tem o que fazer...

Me recuso por um tempo, quero estar aqui quando Beck acordar..., mas o médico acaba com todas as minhas esperanças..., disse que ela não irá acordar por no mínimo uma semana, mesmo que ela desperte a manterão em coma induzido até o cérebro desinchar...

Minha sogra e nossos amigos me acompanham até em casa..., Marcelo vai na corretora buscar meu carro..., me acalmo, não tem o que fazer a não ser me manter controlado..., minha sogra ainda mora no apartamento que vivia com a família, fica há alguns minutos de nossa casa, a tranquilizo, fiquei tão fechado em meu sofrimento que não dei atenção e a força que ela também precisa nesse momento..., após tomarmos um chá e conversar um pouco, estamos todos mais calmos e esperançosos..., Anne e Marcelo se oferecem para levar Úrsula em casa...

Só agora me dou conta do quanto precisava ficar sozinho para extravasar o ódio que estou sentindo de mim mesmo..., soco a parede com força, derrubo uns objetos num surto de raiva..., me arrasto até o chuveiro e me enfio debaixo da água sem me dar ao trabalho de tirar as roupas..., todo sofrimento que estou passando, toda a tristeza é pouco, merecia estar no lugar dela..., eu merecia está naquela UTI...

Passei a noite muito mal, fui vencido pelo cansaço e acabei adormecendo com as roupas molhadas..., sinto um peso em meu corpo como se estivesse de ressaca..., levanto lentamente e me dou conta de que não foi um pesadelo, Minha sogra já está me ligando..., mandou mensagem avisando que nos encontraremos no hospital...

Vou para o banheiro e tomo um banho descente, me visto e sigo para saber da minha Rebeca..., logo temos a informação de que continua na mesma...

Os dias foram passando..., minha rotina se reduziu a estar no hospital três vezes durante o dia e assim que Rebeca foi transferida para um quarto particular do hospital, passo as noites em uma poltrona, me revezo com Anne e Úrsula, mas na maioria das noites estou lá..., quero estar ao seu lado quando acordar.

Meu trabalho está nas mãos de Stephanie, se quer podemos romper a maldita sociedade..., a corretora não se trata apenas de mim, nem dos problemas pessoais que causei, tem minha família, os funcionários, o investimento da família de Stephanie, precisamos finalizar o projeto..., mas não consigo me concentrar..., vivo um drama diário na espectativa de que Beck acorde a qualquer momento...

Quase um mês nessa rotina e ela continua em coma, mas estamos confiantes..., o médico disse que devido ao trauma no cérebro, ela pode acordar a qualquer momento, mas apresentar sequelas..., não importa..., só preciso que ela acorde e aos poucos sei que irá se recuperar...

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