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Dois Encrenqueiros E Um Bebê.

Capítulo 1

Aquela manhã, Virgínia olhava para sua filha adormecida no berço, seus olhos se encheram de lágrimas ao olhar para aquela que era seu tesouro. Zoe tinha apenas dois anos, naquele momento, estava dormindo tranquila, mas durante a noite chorou bastante e também havia vomitado, deixando Virgínia bem preocupada.

Ela se preparava para sair para trabalhar, sua amiga com quem dividia o pequeno apartamento, dormia no outro quarto, elas revezavam no cuidado da pequena, já que Thayná trabalhava a noite e ela durante o dia.

Naquele momento, Virgínia pensava em como as coisas chegaram àquele ponto, a criança que era para ser o seu passaporte para uma vida confortável financeiramente, se tornou o seu bem mais precioso, que ela não entregaria por dinheiro nenhum e se lembrou de como tudo aconteceu.

**************

Cerca de três anos antes… 

— Virgínia, aquele é o cara que te falei, o nome dele é Ulisses Uchôa, ele é o herdeiro de uma rede de hotéis e clubes de luxo, a mulher que se casar com ele, ou tiver um filho desse cara, está feita — falou eufórica para sua amiga.

Virgínia

Após ouvir a informação de sua amiga, Virgínia prestou atenção no homem que foi mostrado para ela, ele era alto e tinha um porte atlético, ele usava uma camisa social que ajustava aos seus músculos definidos, uma calça jeans escura, que o deixava com um ar sério, mas, ao mesmo tempo, sexy.

Ulisses atraia a atenção por onde passava, não só por sua beleza, mas pelos seguranças que andavam sempre perto dele. Virgínia trabalhava em um clube de tênis, onde ele sempre ia para praticar e às vezes se encontrava com amigos, mas pelo que sua amiga tinha dito, nunca o viu acompanhado de uma mulher.

Virgínia teve uma ideia bem inusitada, ela sabia que não tinha chances de se casar com ele, tinha certeza que ele não olharia para uma simples funcionária como ela, mas a segunda parte da ideia de sua amiga, poderia até ser feita, que seria engravidar dele.

A ideia original seria descobrir os lugares que ele frequentava, o clube ela sabia, mas precisava saber aonde ele ia durante suas noites, para poder bolar um plano e conseguir dormir com ele.

Daquele dia em diante, Virgínia começou a buscar informações sobre ele, começou a acompanhar suas redes sociais e chegou até mesmo a seguir Ulisses, na intenção de conseguir tudo que ela precisava.

Ela descobriu que Ulisses frequentava os clubes e boates mais badalados da cidade, ela também descobriu que ele não costumava sair com uma garota mais de uma vez, ele às vezes usava de alguma sala privada daqueles clubes, para ficar com algumas delas, mas logo não as queria por perto, então se ela fosse fazer aquilo, só teria uma chance.

O tipo de garota ou garotas que ele levava para dentro daquelas salas privadas, ela também começou a observar, como se vestiam e se comportavam, para conseguirem chamar a atenção dele, então ela preparou tudo, a roupa, os sapatos e esperou estar no seu período fértil para fazer aquele esquema. 

Na noite em questão, Ulisses estava bebendo mais que o normal, ele mais uma vez se decepcionou com uma mulher que se aproximou dele, então estava afogando na bebida, e aquilo não passou despercebido por Virgínia. 

Ela criou coragem e começou a se movimentar pelo lugar, a fim de ser notada por ele, ela conseguiu emprestado o estilo de vestido que ela queria, a bolsa que parecia cara, a maquiagem não era tão pesada, quem a visse poderia dizer que era uma mulher de classe alta, ela tinha apenas vinte dois anos, era bonita e estava usando o que tinha a seu favor naquela noite.

Ela conseguiu fazer com que Ulisses derrubasse um pouco de bebida nela, quando passou perto dele, assim, conseguindo uma forma de falar com ele.

— Me desculpe, não era minha intenção — se desculpou com ela.

— Não se preocupe, é apenas um pouco de bebida, depois mando para a lavanderia e está tudo certo. Mas você está bem? Me parece um pouco deprimido.

— Pareço?

— Posso te fazer companhia? Você me paga um drink como pedido de desculpas.

— Está bem, então me acompanhe e quem sabe eu não fique tão deprimido.

Virgínia tinha conseguido dar o primeiro passo, conseguiu se aproximar de Ulisses e a intenção era fazer com que ele bebesse um pouco mais e fosse com ela para uma daquelas salas privadas, se tivessem sozinhos, ela poderia conseguir seduzi-lo.

Como Virgínia trabalhava em um local frequentado por muitas pessoas ricas, escutava certas histórias e fazia questão de anotar e memorizar nomes de lugares onde aquelas mulheres e homens frequentavam, dentro e fora do país.

A ideia era parecer uma mulher que vinha de uma família rica, e que não teria motivos para se aproximar com interesses financeiros. Ela sabia que ele era arisco, em uma daquelas ocasiões, ouviu duas mulheres falando sobre ele no clube, pegando a dica de que ele não gostava de mulheres interesseiras.

Virgínia mencionava com muita naturalidade o nome de estilistas famosos e pessoas ligadas ao ramo de negócios dele, ela tinha feito seu dever de casa e despertou de certa forma o interesse dele, em um certo momento, perguntou se não poderiam ir para um local mais privado, Ulisses concordou e foram para aquela sala, logo a segunda parte de seu plano seria colocada em prática.   

Capítulo 2

    Dentro daquela sala, o plano de Virgínia não demorou muito para acontecer, ele já estava alterado pelo álcool, e em um momento de descuido dele, enquanto ela o beijava, colocou algo em sua bebida, não era o suficiente para o deixar desacordado, já que ela precisava que ele estivesse bem ativo naquele momento.

    Após mais alguns goles e outros beijos, Ulisses parecia estar do jeito que ela precisava, ela não queria esperar mais, então começou a indicar que eles poderiam ir além.

    — Podemos fazer algo mais interessante? — passou a mão por sua perna.

    — Você quer? — sua voz saiu um pouco descompassada.

    — Já percebi que você também quer, posso ver que está excitado.

    Virgínia começou a desabotoar sua calça e partiu para o ataque. Primeiro o estimulou com sua boca, mas não o suficiente para permitir que ele chegasse ao clímax, queria apenas o deixar ainda mais excitado. Ela aproveitou que estava de vestido e apenas tirou sua calcinha, ela iria fazer todo o trabalho e subiu nele.

    — Espere, o preservativo — mesmo alterado ainda se lembrou.

    Virgínia revirou os olhos sem que ele percebesse, mas ela já tinha pensado naquela possibilidade. Antes de ir se encontrar com Ulisses, ela colocou preservativo em sua bolsa, a alcançou e pegou aquela embalagem.

    Como Ulisses estava olhando para ela, fez questão de abrir a embalagem com a boca, para que ele visse, para que tivesse certeza de que ela estava mesmo abrindo a embalagem, além de dar um ar sexy para sua interpretação.

    Virgínia se movimentou e fez que colocaria com sua boca, chegou a encostar o preservativo nele, mas apenas deslizou sua boca sem nada, ela se levantou de uma forma que ele não conseguisse ver nada lá embaixo, se sentou novamente nele e começou seus movimentos.

    Ulisses nem mesmo percebeu que não estava com aquele preservativo, estava bêbado e sob efeito daquele medicamento e apenas se deixou levar pelo que estava sentindo naquele momento. Virgínia estava feliz naquele instante, apesar de estar transando com um homem bonito como Ulisses era, tinha certeza de que seu plano daria certo e foco ali era apenas isso.

    Ela continuou seus movimentos até ter certeza de que ele tinha gozado, ainda ficou naquela posição por alguns instantes, antes de se levantar, passou a mão no membro de Ulisses fingindo retirar a camisinha e se deitou no sofá, não queria arriscar se levantar de imediato, queria que o sêmen dele ficasse o máximo de tempo dentro dela. Ele quase não conseguiu arrumar suas roupas, nem mesmo abotoou suas calças, e apagou naquele sofá.

    Somente depois de alguns minutos foi que Virgínia colocou de volta sua calcinha, fechou a calça de Ulisses e antes de sair da sala deu um beijo nele.

    — Tenho certeza que em breve nos veremos de novo.

    Virgínia saiu e encontrou com dois seguranças de Ulisses do lado de fora, informando que ele tinha bebido muito e apagado, eles entraram e ela foi embora daquele lugar.

    No dia seguinte, quando Ulisses acordou estava com muita dor de cabeça, normalmente não ficava daquela forma, mesmo bebendo muito, tomou banho e tentou se lembrar do que tinha acontecido na noite anterior, sabia que tinha transado com uma mulher naquela sala privada, mas não lembrava bem os detalhes.

    Quando desceu, seu pai estava com olhar de poucos amigos, sabia que ele tinha chegado carregado pelos seguranças naquela casa e o repreendeu.

    — Quando vai parar de ser irresponsável? Você está praticamente a frente dos negócios e ainda age como um adolescente, chegando naquele estado em que chegou ontem, o que precisa é se casar e sossegar, cuidar dos negócios, eu não estou mais tão novo assim, precisa assumir o grupo Uchôa.

    — Me casar? Ou fazer um acordo de negócios? A maioria dessas mulheres apenas me vê como uma chance de subir na vida, até mesmo algumas de família rica, suas famílias apenas visam o lucro comercial com um casamento com nossa família — falou desgostoso.

    — Então encontre alguém que te ame pelo que você é, mas não é transando com uma garota diferente a cada noite, que vai conseguir isso, mesmo que não acredite, o amor existe, você vai encontrar uma mulher que não quer o nosso dinheiro.

    — Pai, eu queria mesmo encontrar uma mulher como minha mãe, ter o que vocês dois tiveram, mas até agora não achei essa mulher, mesmo minha mãe não vindo de uma família rica, o senhor se casou com ela, mas ela te amava de verdade e não o seu dinheiro, a posição social nunca a corrompeu, eu teria muita sorte se encontrasse uma mulher assim, mas não sei onde ela poderia estar, pois até agora ela não apareceu.

    Após aquela conversa, Ulisses ligou para dois amigos e os chamou para o clube de tênis, queria se exercitar um pouco antes de ir para a empresa, pediu também que seu assistente fosse para lá, queria se inteirar de sua agenda e dos assuntos antes de chegar na empresa.

    Naquele dia, Virgínia estava mais alegre do que nunca, sua amiga até questionou o motivo de sua alegria e felicidade.

    — Sinto que minha sorte está prestes a mudar.

    Virgínia viu quando Ulisses chegou no clube, diferente das outras vezes, precisava evitar que ele a visse, ou poderia a reconhecer, apesar que na noite anterior, ela estava bem arrumada e não com um uniforme, mesmo assim não poderia arriscar, se ele ficasse em dúvida sobre alguma coisa da noite anterior, poderia obrigar ela a tomar uma pílula do dia seguinte, atrapalhando seus planos.

Capítulo 3

    Virgínia conseguiu evitar se encontrar com Ulisses naquele dia, ela precisava de tempo para que tivesse o resultado do teste que faria depois de algumas semanas, somente depois que tivesse a certeza da sua gravidez, é que ela iria se encontrar com ele novamente.

    Após uma partida de tênis com seus amigos, Ulisses tomou banho, se trocou e foi para a empresa, mas aquele dia estava sendo diferente, ele tinha a sensação que estava deixando algo passar, mas ainda não sabia o que era.

    Ao chegar na empresa, ele se lembrou de algo e tirou a dúvida com seus seguranças, talvez fosse aquilo que estivesse o incomodando. Normalmente, Ulisses não ficava tão alterado pela bebida, e daquela vez precisou ser carregado e ainda não se lembrava de quase nada, nunca o álcool o fez esquecer as noites que ele frequentava aquele lugar.

    — O que exatamente aconteceu ontem?

    Os dois seguranças olhavam de um para o outro, antes de responder aquela pergunta.

    — Bom, o senhor bebeu bastante e depois foi para uma sala vip com uma mulher em quem derramou bebida, vocês ficaram lá dentro por um tempo e depois ela saiu, avisando que o senhor tinha apagado, nós entramos e levamos o senhor para casa.

    Ulisses achou ainda mais estranho, ele se lembrava sim do rosto da mulher, o que aconteceu naquela sala que estava muito vago.

    — Eu estava vestido?

    — Sim senhor.

    Após aquela resposta, os dois foram dispensados, Ulisses ainda pensou por mais alguns minutos naquele assunto, mas depois decidiu deixar de lado, não adiantaria ele ficar pensando naquilo, se ele encontrasse novamente a mulher, perguntaria diretamente para ela.

    Nos dias que se seguiram, ele voltou novamente aquele clube, mas não a viu mais nenhuma vez, depois disso passou a tratar como um caso de um noite, como tinha com algumas garotas, a diferença era que normalmente elas sempre voltavam, ou querendo se aproximar para repetir a dose, ou queria que ele se comprometesse com elas.

    Algumas semanas se passaram, Ulisses não deu mais importância para aquele assunto e seguiu com sua vida. Quanto a Virgínia, a sua ansiedade havia chegado ao fim, ela tinha feito o teste de farmácia que deu positivo, mas também fez um de laboratório, para ter certeza daquele resultado.

    — Perfeito, agora posso ir atrás do seu pai e conseguir que ele banque você e a mim — falou enquanto alisava sua barriga.

    Virgínia preparou tudo, colocou tanto o teste de farmácia quanto o de laboratório na bolsa e seguiu para a empresa, que ela sabia que Ulisses sempre estava, ela o aguardava no estacionamento, até ver que ele tinha chegado com seu assistente, quando ela foi abordá-lo, viu que uma mulher fez aquilo primeiro, continuou escondida, prestando atenção a conversa.

    — Eu preciso falar com você.

    — E quem é você? — ele não reconheceu.

    — Sério que não se lembra de mim? Nós ficamos juntos um mês atrás, e acabei de descobrir que estou grávida.

    — O que isso tem a ver comigo? — foi frio com ela.

    — Como pode dizer isso? Você precisa se casar comigo, ou ao menos assumir essa criança e pagar a pensão.

    — Então a criança é minha? Estranho, não costumo transar sem camisinha.

    — Acredito que ela tenha estourado, não tente arrumar desculpas para fugir de sua responsabilidade.

    Virgínia estava com a mão na boca, se dando conta que aquilo parecia acontecer com frequência, afinal era o mesmo que ela foi fazer naquele lugar.

    — Não costumo ser irresponsável nesse ponto, quando isso acontece, providencio para que a garota tome a pílula do dia seguinte, justamente para não ocorrer uma gravidez indesejada, mas tem certeza que não ficou mais ninguém nesse período?

    — Que tipo de mulher acha que eu sou? Você me seduziu e eu me entreguei para você.

    — Da forma que está falando parece até que te obriguei a transar comigo, mas ok, podemos resolver isso bem rápido.

    — Como? Vai se casar comigo?

    — Isso não… Anderson, diga para a senhorita o que aconteceu com a última garota que apareceu grávida de mim.

    O assistente deu um passo à frente e empurrou mais o seu óculos, falando de uma forma séria.

    — Infelizmente ela não resistiu ao procedimento de interrupção da gravidez e acabou morrendo na clínica.

    — Interrupção? Espera, vocês estão falando de aborto?

    O assistente balançou a cabeça repetidas vezes em confirmação para ela.

    — Então essa é sua forma de resolver? Querer que eu faça um aborto?

    — Sim, inclusive você pode ir agora mesmo com o Anderson para a clínica, os meus homens podem acompanhar vocês, claro que depois posso te dar uma indenização por isso.

    Tanto a garota que estava na frente dele ficou sem reação, quanto Virgínia que ouvia estarrecida, ela percebeu ali que não poderia usar essa abordagem com ele, ou acabaria como aquela mulher, mandada para uma clínica para retirar a criança.

    Da mesma forma sorrateira que ela se escondeu para ouvir a conversa, ela saiu, teria que pensar melhor no que iria fazer, para não arriscar perder sua garantia de ganhar aquele dinheiro, precisava ser mais esperta que ele.

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