Suzana não imaginava que veria sua vida desmoronar com o homem que tanto amou, do qual foi seu primeiro beijo, dentre outras coisas. Juntos, eles tiveram uma linda filha chamada Dáfni que agora tem 3 anos.
O fruto daquele amor tão puro e sincero. Coitada, não imaginava que seu pai traía sua mãe durante anos, mas que sua mãe ocultava isso para sua filha não ver o seu sofrimento.
— Mãe, porque nós temos que nos mudar?- perguntava sua filha, enquanto carregava seu ursinho de pelúcia- eu gosto daqui.
— eu sei meu amor, mas as vezes mudanças precisam ser feitas- ela dá um beijo na testa de sua filha- já pegou tudo?
— sim, mãe. Cadê o papai?
— ele não poderá ir conosco, filha.
— por que?- sua voz era chorosa- eu amo o papai.
— eu sei, meu amor. Ele virá te visitar assim que puder, está bem?
— tá bom- ela esfrega os olhinhos e Suzana a segura pela mão, a levando embora dali.
Enquanto isso, Leandro estava aproveitando sua vida de solteirão, saindo com sua amante, da qual ele já se relacionava há mais de cinco anos, mas mal ele sabia que a mulher estava apenas interessada em seu carro chique e boas ações de sua empresa.
Ele trabalha em uma empresa de sapatos de grifes e, Ágata queria apenas usufruir de todo luxo que pudesse. Ela não queria ter filhos porque não quer estragar seu corpo, mas estava cogitando essa hipótese para conseguir arrancar algum dinheiro dele.
Suzana sentia seu coração despedaçado, como se alguém tivesse cravado uma espada nele, porém, levando seu coração consigo.
Ela saiu da casa que um dia batalhou tanto para conquistar e se mudou para um apartamento alugado no interior do RJ- em Valença. Antes, ele viviam em Copacabana, num condomínio próximo a praia.
A cidade do interior para ela é como uma forma de refúgio, pois ela quer apenas tranquilidade e não se estressar com papéis de divórcio e muito menos com piadas dos vizinhos sobre a atual situação dela.
Suzana é uma bela mulher de cabelos lisos de tom castanho, curto, pele clara, estatura mediana e olhos escuros. Sua filha Dáfni, tem o cabelo ondulado, pele clara, olhos azuis- iguais do pai.
Suzana tem um irmão chamado Valentino de 36 anos, mas eles não são muito próximos, porquê eles são apenas por parte de pai.
Leandro tem a pele clara, cabelos lisos, usa barba e óculos, mas é muito garanhão. Quando Suzana o conheceu, ele ocultou esse lado para ela e a proporcionou muitos momentos bons, mas, como todo homem safado, ele não conseguia ficar apenas com ela e a traía em segredo, até ela descobrir mexendo sem querer no celular dele.
Dois dias atrás...
— eu não acredito que esteja me traindo, Leandro!- gritava Suzana para seu esposo- eu dediquei minha vida a você, sempre fui fiel, nunca ousei olhar para outro homem e é assim que você me agradece? Poxa, temos uma filha juntos.
— ah, não exagere, Suzana- respondey ele de forma debochada- você achou mesmo que fosse a única em minha vida? olha tudo que eu tenho e conquistei, não preciso ficar apenas com uma mulher. Posso ter quantas eu quiser num estalar de dedos.
— eu pensei que você me amasse- lágrimas escorriam dos olhos dela- que eu fosse a única na sua vida. Você prometeu Leandro, que sempre iria me amar.
— mas eu amo você- ele olha em seus olhos- mas eu não consigo ter apenas uma mulher, está no meu sangue.
— quer saber de uma coisa? eu vou embora daqui. Eu não preciso disso. E levarei a nossa filha.
— como vou ficar longe dela? você sabe que eu a amo muito.
— pensasse nisso antes de me trair. Faça uma carta de divórcio e me mande por email que eu assino. Depois vemos a questão da guarda compartilhada.
— se é assim que você quer, tudo bem. Mas não dividirei minhas ações com você.
— não estou te pedindo nada. Apenas dê a pensão dela mensal porquê é direito dela.
— tá bem. Você vai agora ou eu preciso esperar para colocar alguém novo na minha casa?
— espere pelo menos dois dias, eu preciso encontrar uma casa disponível.
— tudo bem, eu vou sair hoje, mas segunda eu volto e não quero te ver mais aqui.
— fique tranquilo que você nunca mais me verá.
Suzana sai de seus devaneios ao perceber que o carro as deixaram na Rodoviária Novo Rio.
Ela já havia comprado duas passagens, que levariam em torno de 2 horas e cinquenta e cinco minutos para chegarem no local aonde reconstruirá sua nova vida.
— mãe, eu verei o papai novamente?
— é claro, minha filha. Ele irá te buscar quando puder para passarem o final de semana juntos, tá bem?
— vou sentir saudades das amigas da escola.
— eu sei e você irá fazer novas amizades, tenho certeza- ela dá um beijo na testa de sua filha- teremos uma vida diferente à partir de agora, mas a mamãe fará o que for preciso para ver esse lindo sorriso.
— eu te amo mamãe.
— também te amo, minha filha.
Após alguns minutos, as duas se dirigem a plataforma e pegam o ônibus rumo a Valença. O veículo sai às 8h da manhã e elas chegaram em seu destino final às 10h55.
Lá, Suzana pediu um táxi que colocou suas malas dentro e foram rumo a casa nova. A residência era menor do que elas estavam acostumadas, porém, mas ela conquistaria tudo de volta aos poucos.
A casa tinha dois quartos pequenos, sala, cozinha e banheiro. Não havia varanda, mas possuía uma pequena área de serviço, onde Suzana poderá lavar suas roupas e estender no varal de chão.
Quando Leandro voltou para casa, ele encontrou o quarto de sua filha vazio, apenas com os móveis e no que era de Suzana, do mesmo estado. Ele pensava que ela não fosse embora, que o aceitaria como ele é e o mesmo pudesse continuar com sua vida de vagabundagem.
Pena que ele perceberá o que a causou tarde demais.
Suzana estava iniciando um novo dia em seu emprego novo como faxineira em uma escola pública. Ela havia conseguido por indicação de uma amiga que vivia naquela cidade e mandou mensagem para o dono do local, pedindo para dar a vaga para ela.
Dáfni foi matriculada em uma creche pública e ficará no período de 7h às 18h20. O coração de Suzana permanecia despedaçado dado ao acontecimento recente e ela estava disposta a se reerguer e esquecer que Leandro surgiu algum dia em sua vida.
Mas é claro que isso não será uma tarefa fácil, pois eles possuem um filho juntos e ela terá que levá-la para visitar seu pai e o convidar para as festas de aniversário dela e eventos da escola.
— bom dia, me chamo Suzana. Sou a nova faxineira. Fui contratada há poucos dias.
— bom dia- responde o segurança- pode entrar e aqui está seu crachá- ele entrega o crachá para Suzana- não o perca.
— está bem, obrigada- ela passa na catraca e incia seu trabalho.
Ela recebe o uniforme de serviço- calça de moletom cinza e camiseta branca, touca branca e sapato fechado branco.
— você pode começar limpando os banheiros e depois as salas que estiverem vazias. No caso as salas de informática porquê as outras salas foram limpas na semana passada.
— tá bem.
— e outra coisa: não é permitido o uso de celulares aqui. Mas pode utilizar para colocar música no fone, desde que não tire selfies ou algo do tipo.
— tá bem. Posso começar o serviço?
— sim- responde a diretora- meio dia é seu horário de almoço. Se não tiver trago comida, vende na cantina. 13h você inicia o turno da tarde e encerra às 18hs.
— tá bem, obrigada pela oportunidade.
— de nada, não me decepcione porquê eu dou apenas uma chance.
Suzana inicia seu trabalho normalmente, respirando fundo para não chorar, mas com um sorriso nos lábios pela oportunidade que recebeu.
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Às 18hs, Suzana buscou sua filha na creche e a levou para a casa, mas antes, elas passaram no supermercado e sua mãe lhe comprou biscoitos, pães e alguns itens de higiene pessoal.
— mamãe, eu gostei da creche.
— que bom minha filha. A professora é boazinha com você?
— sim, brincamos num parquinho grandão assim- ela abriu os braços, tentando mostrar o tamanho- mas a Alice me empurrou.
— e o que você fez?
— empurrei de volta né? mas a professora colocou a gente de castigo.
— você não podia ter empurrado de volta. Quando acontecer isso, você fala com a tia.
— mas doeu, aqui- ela mostra o joelho roxo.
— eu vou conversar amanhã na creche.
— tá bom. Mamãe, quando vou poder ver o papai?
— em breve minha filha. Agora vamos porquê eu tenho que pagar essas compras.
Suzana sai do mercado com sua filha, juntamente com 2 sacolas de compras e elas vão andando até a casa nova.
Ela faz uma janta deliciosa- macarrão com frango desfiado. Depois, ela dá um banho em sua filha, a coloca com um pijama rosa, com bolinhas brancas, faz um penteado em seu cabelo e lhe dá a janta, enquanto checa as mensagens no celular.
"Leandro: como está minha filha?- 16h."
"Suzana: está bem e com saudades de você- 20h01."
"Leandro: no final do mês eu busco ela para passar uns dias comigo- 20h01."
"Suzana: tá bom- 20h02"
A vontade de chorar novamente lhe atinge, mas dessa vez ela deixa sair porquê faz bem chorar as vezes. Ficar com tudo guardado pode dá depressão ou coisa pior.
Sua filha termina de jantar e ela lhe ajuda a escovar os dentes e a põe para dormir, lhe contando uma historinha.
— qual história você quer ouvir filha?
— da Cinderela- responde Dáfni esfregando os olhos.
— tá bem, pega o livro na sua mochila.
— aqui mamãe.
— bem, vamos lá, era uma vez uma menina chamada...- ela conta a história para sua filha, mas ela adormece antes da metade do livro.
Então, Suzana coloca o livro em cima da mochila, apaga o abajur e a deixa dormir.
Enquanto isso, ela tomou um banho morno, vestiu um pijama longo de cor azul claro e esquentou a comida novamente, jantando sozinha.
Quando terminou, ela fez uma oração e foi se deitar, porquê sentia seu corpo muito cansado.
Ao amanhecer, Suzana deu uma arrumada na casa, se arrumou- tomando um banho frio e colocou seu roupão porquê precisava acordar sua filha.
— vamos filha, você tem que ir a creche.
— tô com sono mamãe.
— mas você precisa levantar. Depois você dorme lá na creche.
Ela esfrega os olhinhos de sono, mas se levanta. Sua mãe lhe veste, ajuda a escovar os dentes e prepara sua lancheira com frutas, sanduíche natural de frango e suco de garrafa sabor pêssego.
— vamos, senão a mamãe vai se atrasar para o trabalho.
— mamãe, você vai de roupão para o trabalho?
— ih, a mamãe esqueceu. Vamos entrar. Dorme um pouco se quiser.
Suzana segura o riso e logo vai para o quarto pegar seu uniforme de trabalho, vestindo em seguida.
Elas saíram de casa tão rapidamente que Suzana não percebe que esbarrou sem querer no carro de alguém.
— ei, meu carro- o rapaz chama sua atenção, mas ao olhar para ela, fica sem graça- oi... é...tá tudo bem.
— me desculpe, é porquê já estou atrasada.
— eu levo vocês, se quiserem.
— não precisa, obrigada.
Como se Suzana fosse aceitar carona de estranhos, ainda com criança junto.
— eu vou andando com vocês e, se você não gostar, eu saio de perto.
— não, obrigada- ela anda mais rápido com sua filha e entra em outra rua.
...****************...
— pronto filha, chegamos na creche. Às 18h a mamãe te busca tá bom?
— tá bom- ela dá um beijo em sua filha e sai.
Novamente, ela esbarra com o rapaz do carro.
— você de novo?- seu rosto fica sério- se eu tiver arranhado seu carro, me avisa que eu pago o prejuízo quando receber.
— não é isso. Eu...gostei de você e não sei porquê irei fazer isso, mas- ele lhe entrega um papel e sai.
Suzana abre o papel e encontra o número dele com o nome Maxiwel. Ela respira fundo e coloca no bolso, ignorando o que acabou de acontecer.
Mas algo dentro dela diz para a mesma salvar esse contato. Então, ela retira o papel do bolso e manda uma mensagem para ele.
"Suzana: aqui é a menina que você abordou há pouco- 06h24."
Maxiwel responde de imediato. Ele estava chegando no seu carro e deu um sorriso.
"Maxiwel: olá, me diga o seu nome porquê quero salvar seu contato- 06h24"
"Suzana: me chamo Suzana. Por que você fez isso?- 06h25."
"Maxiwel: eu senti que preciso estar perto de você. Então, se precisar de alguém para conversar, quero que saiba que estou aqui. Posso não te conhecer, mas quero te ajudar, seja o que for- 06h26."
"Suzana: obrigada, mas eu não confio em estranhos- 06h27."
"Maxiwel: tudo bem, mas se mudar de ideia, sabe aonde me encontrar. Estarei sábado no restaurante caseirinhos da Bru. Se quiser me conhecer melhor, apareça lá às 19h- 06h28."
Suzana nem responde a mensagem dele e anda mais rapidamente até chegar no seu emprego.
Com sorte, ela não se atrasa para o segundo dia de trabalho e logo inicia sua função corretamente.
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Suzana tem uma semana conturbada em seu trabalho porquê sua chefe começou a humilhá-la, dizendo que ela não sabia fazer bem seu serviço. Sendo que Suzana fazia tudo da forma que sua patroa queria, mas a mulher a tratava assim por saber que sua empregada já foi rica e que era casada com Leandro- ele foi um antigo ficante dela da época da escola, da qual ela ainda era apaixonada em segredo.
— eu não te quero mais no meu colégio.
— mas eu preciso desse emprego. Por favor, me diga o que preciso fazer para a senhora não me demitir.
— não há o que fazer, está demitida- ela lhe entrega um papel contendo o valor da semana- você trabalhou apenas seis dias, então, isso deve dá- ela fez um cheque de R$300.
Suzana sai da escola triste, sem saber o que fazer, já que a casa que ela morava com sua filha era alugada e ela duvidava muito que Leandro fosse querer ajudar nas despesas.
Desesperada, ela envia uma mensagem para Leandro:
"Suzana: boa tarde. A moça me demitiu do emprego porquê ela já foi uma ficante sua e aparentemente ainda é apaixonada por você- 14h30."
Leandro responde a mensagem, sem dá muita importância:
"Leandro: e o que eu tenho haver com isso? Se pensa que pagarei casa para você morar com macho, está muito enganada- 14h31."
"Suzana: não fui eu que trai você e sabes muito bem que sua filha tem direito em morar numa casa ou quer que ela more debaixo de uma ponte?- 14h32."
"Leandro: se vire Suzana. Mandarei apenas o valor da pensão. E não me perturbe mais, senão acionarei meus advogados. A noite passo para buscar minha filha- 14h32."
"Suzana: como quiser Leandro- 14h32."
Suzana segura as lágrimas que teimam em sair de seus olhos e vai para sua casa chorando, pensando que nunca conseguirá sair dessa situação, mas então ela se lembra da mensagem de Maxiwel e resolve ir ao encontro dele pela noite.
Dáfni está com a babá- da qual ela está pensando como irá pagar, já que possui apenas R$300 e foi esse o valor por mês que a mulher lhe cobrou para cuidar da menina nos finais de semana.
Ao chegar em casa, sua filha logo foi correndo lhe abraçar:
— mamãe!- exclamou ela feliz- tava com saudades.
— também senti sua falta meu amor. Mas a mamãe precisará sair hoje e você vai para a casa do papai.
— por quê você não vai também?
— a mamãe vai trabalhar meu amor, mas amanhã nos veremos outra vez. Tá bom?
— tá bom- responde sua filha- olha, eu fiz um desenho pra você- ela entrega uma folha de papel com alguns rabiscos- essa é você e esse é o papai.
— que lindo filha, vamos colocar na geladeira- ela coloca na porta da geladeira, preso por fitas adesivas- vai lá brincar que a mamãe já vai arrumar sua mochila.
Suzana dá R$75 na mão da babá de sua filha- ela se chama Mariana, tem 25 anos. Ela é de pele clara, cabelos cacheados e estatura baixa.
— obrigada. Se precisar de mim novamente, só chamar- responde Mariana.
— tá bem, obrigada e bom final de semana.
Suzana arruma algumas mudas de roupa na bolsa de sua filha, juntamente com alguns itens de higiene pessoal e aguarda até Leandro aparecer para buscar Dáfni.
Mas, ao colocar sua filha no carro, Leandro sai do carro e diz:
— desculpe a forma que te tratei mais cedo. Estou com alguns problemas no trabalho e acabei descontando em você. Aqui está, o valor da pensão e para a despesa dela- ele dá um cheque de R$600.
— tá bem, obrigada.
Leandro entra no veículo e dá partida no mesmo, deixando Suzana com o coração partido.
Como ela está sozinha, a mesma se arruma e resolve ir ao encontro de Maxiwel.
Suzana veste:
Em seguida, ela passa uma maquiagem básica, pega sua bolsa- colocando alguns currículos dentro e sai de casa, espalhando os papéis em lojas, enquanto não dá o horário dela se encontrar com o rapaz.
Faltando apenas vinte minutos para o encontro, Suzana caminha até o local marcado e o aguarda numa das cadeiras, enquanto admira a linda lua no céu.
Maxiwel aparece e, ao ver Suzana, dá um sorriso, se aproximando dela:
— posso me sentar com você?
— sim, você pode- responde ela num tom normal.
— você está mais linda ainda desde a primeira vez que te vi.
— obrigada- ela diz timidamente.
— bem, eu arrisquei e trouxe isso- ele a entrega um buquê de flores vermelhas.
— são lindas, obrigada.
— você chegou aqui faz muito tempo?
— não. Estava apenas entregando alguns currículos pelo bairro.
— mas, e seu emprego? pensei que já tivesse um.
— fui demitida hoje.
— bem, eu acho que posso te ajudar com isso.
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