Eu chamo-me Ethan e sou um lobisomem, líder da matilha que vive em harmonia nesta ilha secreta onde nenhum humano jamais pisou. Nós controlamos a nossa transformação e somos extremamente belos, mesmo em forma de lobo. Infelizmente, perdi os meus pais há alguns anos numa disputa de território com outros clãs de lobos. Agora, a minha única família é a minha matilha, que está preocupada porque ainda não encontrei a minha alma gêmea.
Descendo de uma linhagem de lobos que não precisam se transformar somente em lua cheia, somos únicos em aparência e habilidade. A ilha onde vivemos é protegida por um escudo invisível que apenas um humano com coração puro pode atravessar, e até hoje nenhum humano conseguiu passar por ele.
Mas agora aconteceu, pois, quando eu voltava de uma caçada com os jovens lobos da minha tribo. O meu braço direito, o beta Lucas, levou-me até o armazém na vigília da ilha, onde encontrei uma humana desmaiada. Fiquei chocado ao vê-la acordar e encarar-me nos olhos, e então aconteceu algo que nunca havia acontecido antes: a conexão que todos falam quando um lobo encontra a sua alma gêmea.
Aquela humana era linda, uma mulher de 20 e poucos anos com pele morena, olhos castanhos e cabelos negros levemente ondulados. Ela era gorda, mas sua beleza não era ocultada por isso, e isso apenas instigou a minha curiosidade e admiração por ela ainda mais.
Eu estava extremamente perturbado, mas não conseguia desviar o olhar dela. Não conseguia acreditar que tinha encontrado a minha alma gêmea em uma humana. Minha matilha ficou surpresa e preocupada ao ver a conexão acontecendo com uma humana, mas eu não podia negar os meus sentimentos por ela. Algo me dizia que ela era, diferente, e eu precisava protegê-la de todos que quisessem fazer mal a ela.
Porém, eu sabia que nem todos na matilha iriam aceitá-la, principalmente aqueles que viam os humanos como inimigos. Eu teria que lutar para protegê-la e garantir que ela fosse, aceita. Eu estava disposto a fazer qualquer coisa para ficar com ela e protegê-la. Afinal, ela era minha alma gêmea e nada mais importava.
É incrível como num momento tudo pode mudar nas nossas vidas, jamais imaginei que eu veria um humano de perto, o meu pai sempre me falou deles, por mais que eu não entendesse como o meu pai poderia saber tanto de uma espécie que nunca pisara na ilha, o meu pai apenas me disse na época que não era, para mim o questionar.
Ele dizia que por ser mais velho tinha mais conhecimento do que eu, o que de fato não era mentira, ele então disse-me que os humanos era igual a nós quando não estávamos transformados em lobo, ele também fez questão que a nossa matilha aprendesse a língua deles.
Lembro que na época alguns lobos diziam que meu pai estava ficando maluco, mas como meu pai era o lider o alfa, eles tiveram que aceitar, pois quando um alfa dá uma ordem para o bando, todos sem exceções devem aceitar.
Meu nome é Luisa e eu fui deixada na porta de um orfanato quando era apenas um bebê. Eu nunca soube nada sobre minha família de sangue, mas as freiras do orfanato foram minha família de coração. A irmã Maria foi como uma mãe para mim e eu sempre me senti segura e amada lá.
Minha infância não foi tão fácil, principalmente porque eu era uma criança gordinha e sofria bullying, mesmo no orfanato. As freiras faziam o que podiam para controlar as crianças, mas sempre surgia uma ou outra que me provocava. Com o tempo, eu aprendi a não me importar com as provocações e as freiras sempre me orientavam a ser bondosa mesmo com as pessoas más, dizendo que a maldade não valia a pena.
Eu passava horas na biblioteca do orfanato lendo livros e aprendendo coisas novas. Enquanto as outras crianças brincavam do lado de fora, eu me sentia feliz com meu nariz enfiado em um livro. Com o passar do tempo, todas as crianças foram sendo adotadas, mas eu não tive a mesma sorte. Quando completei 18 anos, não podia mais ficar no orfanato a não ser que eu fizesse parte dos funcionários que ajudavam ali. Foi isso que fiz e fiquei lá até os meus 26 anos.
Hoje, eu e alguns funcionários do orfanato fomos designados para levar suprimentos até uma instalação de um abrigo, e para isso teríamos que ir de navio. Me despedi das freiras e a irmã Maria, já avançada em idade, me deu um crucifixo e disse que Deus me guardaria. A abracei e disse que ele também a guardaria, e assim partimos: eu, mais uma moça, o capitão do navio e mais um funcionário. Éramos apenas quatro naquela embarcação.
Fazia algumas horas desde que partimos quando houve uma tempestade em alto mar e o navio começou a afundar. Foi um terror, o desespero tomou conta de todos nós. Lembro que ouvi um estalar alto quando o navio começou a afundar e a única coisa que peguei foi um colete salva-vidas, pois o navio estava sem bote salva-vidas, o que só percebemos em meio ao caos. Todos nós colocamos os coletes e pulamos na água, afastando-nos do navio para evitar enroscar-nos em algo do navio e acabarmos puxados juntos. Nadamos por mais tempo, mas uma tempestade veio e nos separou.
Eu fiquei em alto mar, não vi mais nenhum deles e gritei, mas nada. Nadei sem rumo gritando por eles, mas naquela tempestade e com o mar revolto era impossível. Até que fiquei sem forças para nadar e gritar, e foi então que levei a mão no bolso do meu casaco e, por incrível que pareça, o crucifixo estava lá. O peguei e pedi com todo meu coração e disse que estava nas mãos de Deus, pois não tinha mais força para nada. Então veio mais uma tempestade o que me fez começar a girar.
Olhei para cima e vi tudo embaçado, pensando que aquele era o meu fim. De repente, fui lançada em uma praia de uma ilha, incrédula de que estava em terra firme. Foi então que vi dois lobos enormes, de pelagem cinza e olhos amarelados, que me encaravam ameaçadoramente.
O primeiro lobo começou a rosnar e avançou em minha direção, mas o outro, de pelagem semelhante, mas mais escura, entrou na frente e começou a rosnar de volta para ele. De repente, o lobo que avançava em minha direção pulou em cima de mim, e eu achei que seria devorada. Mas, quando ele caiu na minha frente, se transformou em um homem.
Fiquei em choque ao ver um lobo se transformar em um homem na minha frente, e devido à minha fraqueza devido ao tempo que passei no mar e o choque do que acabara de ver, tudo ficou escuro e eu desmaiei. Quando acordei, estava em um galpão cercada de cobertores. Despertei e vi um homem extremamente atraente. Ele parecia uma miragem, com cabelos curtos e lisos, que pareciam tão escuros quanto a noite, e olhos azuis tão penetrantes que senti uma vertigem quando nossos olhares se encontraram.
Ele usava apenas uma calça grossa de um material que eu não consegui identificar. Ele começou a cheirar o ar em minha direção e seus olhos ficaram maiores e mais intensos, suas pupilas se dilataram. Foi então que me lembrei do lobo que se transformou em um homem na minha frente e soube que ele era um deles.
Estava perdida, nunca imaginei que lobos eram reais, apenas histórias estranhas que ouvi sobre eles. Mas o lobo que se transformou naquele homem em minha frente não se assemelhava em nada com o das histórias que ouvi, algo que eu nunca imaginei. Então esse belo homem atraente na minha frente me olhou uma última vez e saiu, me deixando sem saber como reagir.
Saí do armazém e transformei-me em lobo, correndo em direção à colina mais alta da frente da tribo. Lá, todos os machos vão quando encontram a sua alma gêmea. Uivei para que todos soubessem que a Conexão havia acontecido e que eu havia encontrado a minha alma gêmea. Não sabia se, por ela ser humana, a nossa conexão funcionaria, mas o uivo da Conexão criaria um vínculo entre nós, o que nos permitiria sentir quando um de nós estivesse em perigo.
Voltei para a tribo para conversar com o, beta Lucas para saber como ela havia chegado até a ilha. Chamei Lucas para minha casa e, minutos depois, ele chegou.
— Senhor?
— Lucas, Quero saber como essa humana chegou até nós? — perguntei-lhe.
— Foram dois lobos da vigília, senhor. Eles disseram que provavelmente ela estava em alguma embarcação que afundou.
— Mais alguém sobreviveu e chegou até nós? - Precisava saber se ela era a única sobrevivente.
— Não, senhor. Ela foi a única, — Lucas disse-me, e então ele perguntou:
— A conexão realmente aconteceu com ela? - Não havia como negar:
— Sim, e eu jamais imaginei que a conexão pudesse acontecer com uma humana.
— O bando vai questionar, mas estou do seu lado, senhor. Se a conexão aconteceu, deve haver algum motivo.
— Obrigado, Lucas! E o que me faz questionar é que o meu pai nos ensinou a língua humana anos atrás. Quando perguntei como ele havia aprendido, ele disse que isso não importava e deveríamos aprender, caso algo acontecesse.
— E agora, a destinada do senhor é uma humana. Realmente, o vosso pai era um homem de grande sabedoria.
— Sim, e eu, com os meus 36 anos, jamais imaginei encontrar a minha alma gêmea, ainda mais como uma humana.
— Estávamos preocupados de que, se o senhor não encontrasse a sua destinada, o senhor poderia se tornar um lobo solitário.
— Eu também acreditei que isso poderia acontecer. Mas, Lucas, vamos falar com ela.
E assim, eu e Lucas fomos em direção ao armazém. Mandei os vigilantes saírem e ordenei a Lucas que ficasse na porta do armazém e não deixasse ninguém entrar. Então, entrei no armazém , e ela olhou-me um pouco alarmada. Falei com ela:
— Olá, o meu nome é Ethan. E você?
Ela ficou realmente surpresa e perguntou-me:
— Você fala a minha língua?
— Sim.
— Mas como é possível? Quem lhe ensinou?
— o meu pai ensinou-nos. Aliás, ensinou todo o bando. — E então, com os olhos arregalados, ela perguntou-me:
— o seu pai era humano?
— Não, ele era lobo, um alfa ómega, assim como sou hoje.
— Por que vocês são lobos? É alguma maldição?
— Somos uma linhagem de lobos milenar, não tem nada a ver com uma maldição.
— Desculpe-me, não quis ofendê-lo. - ela disse um pouco sem jeito, e então eu respondi:
— Tudo bem, eu não fiquei ofendido. E você, como se chama?
— chamo-me Luísa — achei o nome dela, perfeito, a minha doce Luísa, pensei comigo mesmo.
— E então, Luísa, como você veio parar aqui?
— Estava num navio levando suprimentos a um abrigo, quando fomos atingidos por uma tempestade. O navio afundou, e depois não vi mais nenhuma das três pessoas que estavam comigo. Depois, a tempestade jogou-me nesta ilha.
— Entendo. Não irá mais sair desta ilha, até porque isso é impossível — disse-lhe, pois realmente não seria possível ela sair daqui e vagar sem rumo em alto mar.
— É o que imaginei. Afinal, são nativos selvagens, obviamente nunca saíram daqui.
— E você sabe o que um lobo selvagem faz, senhorita, Luísa? — disse isso a ela caminhando lentamente na sua direção.
— Você irá atacar-me? — ela disse espantada. E então, com um sorriso de canto, eu disse:
— Talvez, mas por enquanto, irei-te levar até a minha casa.
— Para quê?
— Pode ficar tranquila, não irei-te atacar. Corre mais risco ficando aqui do que na minha casa — ela então levantou decidida e disse:
— Vou com você então.
— Ótimo.
E assim saí com ela em direção a minha casa. Ao passarmos pela rua de terra da nossa tribo, todos ficaram espantados e cochichos foram ouvidos de todos que nos olhavam sem parar. Afinal, eles ouviram o uivo da conexão e agora viram-me com essa humana.
Logo perceberam que ela era a destinada a mim. Mas caminhei como o líder que sou, com ela atrás de mim, mostrando-lhes que não me intimidavam com os seus julgamentos, ser um lider de um bando não é nada fácil, pois isso implica muita responsabilidade, e muitas vezes você tem que tomar atitudes que nem sempre é o que você quer, mas como um alfa, o bando está sempre atento na postura que tomamos e como reagimos a cada situação, por isso um lider, em primeiro lugar tem que ter responsabilidade e pulso firme, é cansativo na verdade, mas eu sei que era preciso eu estar na posição que estou hoje, e honrar a memória do meu pai.
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