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Fica Comigo

Capítulo um

 Amanhã é o meu casamento, e eu estou muito nervosa. Minha mãe está feliz, minha tia também, mas eu nem por isso. Paul pode me dar jóias e mais jóias, mas não é como Jonathan. Jonathan é diferente. Muito diferente. Eu amo muito ele, sinto que tudo isso não é certo. Ele não merece.

                    O problema é que eu também gosto de tudo o que Paul me dá. Ele coloca o mundo aos meus pés, e sempre que quero alguma coisa, ele dá sem exitar, e sempre me dá presentes. Jonathan é muito limitado. Ele não pode realizar os meus sonhos com o pouco que ganha como garçom.

               Ele não sabe o que se passa. Apenas sabe que eu estou esperando por ele. Apenas sabe que eu sou o que sou, que quando ele voltar vamos nos casar, que continuo morando naquele fim de mundo. Está ignorante de tudo o que me rodeia. Simplesmente tudo.

                Nós vínhamos sempre para junto do rio, fazer piquinique, e conversar, e à noite, ficávamos juntos olhando para as estrelas.  Era o nosso lugar favorito. O lugar que passamos vários momentos felizes juntos.  Agora isso vai acabar. Tudo vai acabar. Jonathan e Emma vai acabar!

                 Eu sento junto ao rio e olho para o meu reflexo sobre a água. Eu quero chorar, quero mesmo. Eu tento mostrar a todos que sou forte, mas na realidade, eu não sou. Eu nunca fui, e não sei se algum dia serei. Me sinto horrível, pelo que estou a fazer com Jonathan. Ele vai sofrer e vai me odiar. Eu não quero que ele me odeie, mas também, eu não vou voltar para trás. Nem que ele me peça. Eu não posso!

                   As lágrimas correm pelos meus olhos, e caem no rio. Eu entrego toda a minha mágoa e toda a minha fúria nele. O que pode ser pior do que o que estou fazendo ao Jonathan? Ele não vai suportar, mas é assim que as coisas vão ficar.

                 Alguém toca no meu ombro, e quando me viro, vejo ele. Sorri, e me dá a mão. É ele! O grande amor da minha vida. Jonathan Hamilton

                Seis meses antes

                Mais um dia para eu continuar a luta, não descanso nenhum dia. Minha mãe não ia gostar. Sou a única que trabalha nessa casa. As duas não porque dizem que estão muito velhas.

            Moramos num prédio velho, que está caindo aos pedaços. Essa casa foi comprada pelo meu pai, quando ele e minha mãe estavam noivos. Moro aqui há 26 anos. Sendo sincera, deixei de gostar do lugar quando meu pai se foi.

           Agora que eu estou crescida, minha mãe e minha tia (mora com a gente por pena. Minha mãe e eu não gostamos muito dela. Ela passou a morar aqui há alguns meses, depois de ser deixada por um homem rico. Quando ela estava "rica" não quis saber de nós.)insistem que tenho que encontrar um homem milionário.

             Eu também quero isso. Trabalhar é cansativo. Eu não mereço. Mereço estar numa penthouse fazendo sauna, massagem, ou fazer compras ilimitadas numa das lojas mais caras do mundo. Viajar pelo mundo, de jato privado, ir a festas de limosina, aparecer nas revistas, e ter muitas jóias de diamantes. Eu quero isso. Com certeza.

              Desço a escada velha que daqui a alguns anos, ou mesmo meses, podem nos matar. Minha mãe e minha tia não cozinham, não arrumam a casa. Eu faço sozinha, até cozinhar. Se não cozinho passam fome, se não faço faxina na casa, ficamos com a casa suja. É como se eu morasse sozinha mesmo.

         — Bom dia, meu tesouro que vai nos tirar da pobreza! — Olho para minha tia que está grudada no sofá.

         — Eu estou indo fazer o café da manhã. O que você quer? — Graxa é o seu nome do meio.

        — Dinheiro, óbvio.

        — Eu já dei dinheiro para você ontem, o que quer mais?

       Entro na cozinha. Tiro uma frigideira e coloco no fogo.

       — Mamãe, onde está?

       — Saiu. Não disse onde ia. — Frito o bacon, os ovos, e depois coloco num prato.

        — Uhm! Comida? — Oiço minha tia dizer.

        — Eu não contei com você, lamento. — Sento na mesa e como na sua frente. Sirvo o suco de laranja no meu copo. — Eu só conto com a minha mãe. Se ela me pedisse eu faria para você.

          — Um dia vai estar na minha mão Emma Olson. — Ela sobe pelos degraus debilitados.

         Como até estar repleta, e vou trabalhar.

                      ****

        Trabalho infelizmente numa pastelaria aqui perto. A pastelaria é de senhor Stocks. Um senhor de meia idade com três filhos e uma esposa muito rabugenta. Eu trabalho apenas com o filho mais velho, Jeremy e com Susan sua prima. Os outros não chegam nos quinze.

           Entro na pastelaria, ajeito as cadeiras e as mesas e me avisto com os Stocks. Dou um sorriso.

            — Bom dia, senhor Stocks! Jeremy! — Eles sorriem também.

            — Está muito entusiasmada hoje, senhorita Olson. — Jeremy vem perto de mim.

           — Não sei o porquê. — Sorri e entro na cozinha.

        Eu entro no armário de limpeza, pego numa vassoura e varro o chão.

        Trabalho aqui há seis anos. Já estou habituada a isso. Cansei de me queixar.

          Limpo o chão e coloco tudo no armário de limpeza. Vou ao banheiro lavo as minhas mãos.

         Saio e entro na cozinha. Jeremy e Susan já estão preparando tudo. Eu me junto à eles.

        — Você está com cara de quem arranjou um namorado. — Susan assobia.

       — Não. Ainda estou solteira. Não se preocupe que quando eu tiver namorado será a primeira a saber.

             — Que privilégio! Eu ia adorar! — Ela responde e eu reviro os olhos.

              — Para alguém que nunca teve namorada você é muito apaixonada pelo amor, Susan. — Digo para ela.

              — Porque, vamos admitir, o amor é uma coisa maravilhosa. Você já viu como os casais ficam quando estão juntos? É muito lindo.

                  — Não sei se eu poderia encontrar um homem que faça o meu tipo põe aqui. - Eu olho para Jeremy e para Susan em seguida.

                  Jeremy dá um meio sorriso e se concentra no seu trabalho, mas está pronto para dizer alguma coisa.

                 — Eu conheço muitos caras que fazem o seu tipo. — Ele diz.

            — E pra você, qual é o meu tipo? — Pergunto.

            — Homens altos, fortes, bonitos, inteligentes, e trabalhadores. — Errado! Homens ricos.

             — Eu não quero ter namorado ainda.

            — Porquê não? — Pergunta Susan.

            — Porque eu não estou pronta para um relacionamento. — Começo a amassar a massa do pão.

           — Isso vai desaparecer quando encontrar o cara ao virar da esquina. — Jeremy sorri para mim.

          — Quem sabe. — Quem sabe ele me tire dessa vida horrível.

          — Você sabe que não vai ficar solteira para sempre, pois não? — Susan me cansa.

          — Eu sei.

          — Haverá um momento em que você vai querer casar e ter filhos. — Talvez filhos não.

          — Podemos parar com isso. Não vamos falar da minha vida, mas sim da vossa. O que acham?

           — Tudo bem. A conversa acabou.

          Senhor Stocks entra na cozinha e leva um bolo que tínhamos feito ontem para a loja. Um belo de laranja com aspeto delicioso.

          — Sabe eu tenho um amigo que ia gostar de você. — Jeremy diz.

         — Pensei que a conversa tinha acabado. - Digo.

         — Você vai gostar dele. Ele faz o seu tipo. Ele trabalha num restaurante aqui perto. É um homem que eu admiro. Seria bom que se conhecessem.

          — Já chega por favor! — Eu começo a colocar o pão no forno.

          — Tudo bem. — Ele sorri como se tivesse um plano perverso.

           Vou para a loja ajudar senhor Stocks. A casa está cheia como sempre. A pastelaria é única na cidade, por isso esta sempre cheia. As pessoas não têm alternativa. Ou comem aqui, ou fora da cidade.

         Um senhor vem no balcão. Ele é velho. Talvez tenha sessenta. Seus cabelos brancos e olhos cinza. Da para perceber que ele está cansado.

        — Bom dia. — Ele diz.

        — Bom dia. — Dou um sorriso. - O que o senhor vai querer?

        — Tarte de maçã, para levar por favor. — Ele dá um sorriso que não alcança seus olhos enrugados.

        — Está bem. — Eu tiro um bolo por de baixo do balcão e coloco numa caixa.

        — Está aqui. — Entrego, e ele paga. — Volte sempre! — Digo. Ele sai pela porta devagar.

        — A cara daquele homem é familiar. — Diz senhor Stocks.

        — Sério? Conhece ele?

        — Eu acho que já avistei com ele vezes suficientes para não esquecer o seu rosto.

         — Eu vejo. Ele vem aqui há uma semana.

         — Não sabia.

         — Todas as manhãs.

         — Dá próxima vez, vou convidá-lo para uma pequena conversa.

             Senhor Stocks me deixa sozinha e volto ao trabalho. Claro que será um dia cansativo como todos os outros, mas vai ser pior quando chegar em casa e ver as duas bruxas más.

          Atendo outros clientes, que não param de chegar, recebo as minhas gorjetas (minha tia e minha mãe não podem saber da existência delas) e trabalho até ao entardecer.

                      ****

               Eu termino de pintar o bolo, e saio da loja depois de despedir os Stocks. A noite está fria, por isso, visto o meu casaco e ando pela calçada. Não preciso de um ónibus, porque a pastelaria é perto da minha casa.

             Ando rápido para chegar a tempo e fazer faxina em casa e preparar o jantar. Eu sei que minha mãe e minha tia vão chegar apenas as oito da noite não sei onde vão todos os dias. Ainda que estivessem ou chegassem cedo não fariam nada. Nem limpar a casa, nem fazer o jantar.

           Eu continuo a andar rápido, e quebro o meu salto. Fico sem equilíbrio, e eu estou prestes a cair no chão, quando sinto uns braços fortes me segurando e tudo parece confuso. Não sei o que se passa.

        Ele segura a minha cintura, e eu estou inclinada para frente. Meu coração bate sem intervalo. Não o conheço, mas me sinto ligada a ele. Não vejo ele, apenas sinto.

             Ainda nos braços do desconhecido, viro e vejo ele. Seus olhos são verdes, e cabelos castanhos. Ele é alto, e musculoso. Tem um sorriso generoso e luminoso.

           — Está bem? — Me pergunta.

           — Sim. Eu estou.

           — Quer que a acompanhe até casa? 

         — Não precisa!

         — Eu não sou um psicopata, se é isso que está pensando. — Ele estende a mão. — Meu nome é Jonathan. Sou amigo de Jeremy Stocks. Eu acho que já vi você por aí, por aqui. — Ele ri. 

          — Amigo de Jeremy? — É lindo. — Eu sou Emma. Amiga de Jeremy também.

            — Sério? Porquê ele nunca me apresentou a você? Isso é uma injustiça!

           — Justiça é uma questão de ponto de vista. — Digo me afastando dele.

          — Não concordo. Se assim for, cada um vê da sua maneira, o que quer dizer que um ladrão, do seu ponto de vista fazer algo como roubar é algo justo. — Ele segue meus passos.

           — Eu preciso ir para casa, sério.

          — Está bem. Foi bom te conhecer. Emma. — Ele sorri e eu me afasto dele.

           Que homem interessante. Mas eu não o conheço, nem sei o que faz. Só quero alguém que me dê tudo. Essa é a minha meta. Onde já se viu alguém como eu com alguém como ele. Por favor! Nem na China.

                        ****

          Chego em casa, em menos de quinze minutos, entro e fecho a porta. A casa está uma bagunça. Obviamente quando minha mãe chegou, ajudou minha tia a desarrumar tudo. Não aguento mais isso. Dia após dia aturar isso. Algum dia, eu vou acordar e parar de ser escrava delas.    

          Coloco a bolsa no sofá, e começo a arrumar. Arrumo a sala, a cozinha, os quartos e o banheiro em duas longas horas. Depois faço o jantar, e vou tomar um banho.

         Visto um vestido azul tomara que cai, faço um rabo de cavalo e desço os degraus. Infelizmente, minha mãe e minha tia acabam de chegar. Ambas riem alto matando o silêncio que havia em casa. Eu apenas olho para elas, não digo nada.

           — Boa noite, Emma, filhota. — Minha mãe diz um pouco bêbada.

          — Eu não acredito em vocês! O que vocês pensam que eu sou? — Cruzo os braços com raiva.

           — A minha filha, e a sobrinha da minha irmã. — Elas riem.

           — Eu não estou brincando! Eu não aguento mais isso!

         — Você diz isso todos os dias, Emma, já é costume. Você sabe que nós somos tudo que você tem. — Minha tia diz.

         — Pode ter razão, mas isso um dia vai mudar!

         — Calma, filha!

         — Sabem, eu vou para o meu quarto!

          Eu subo de volta para o quarto, e fecho a porta de madeira com raiva, com sorte ainda está inteira no lugar certo. Minha fome evaporou. Deito na cama e durmo.

                         ****

          Me levanto cedo hoje. Nem tomo o café, e vou logo para a loja. Jeremy e Susan já estão organizando tudo. Eu me junto a eles.

         — Bom dia, Emma. — Jeremy me dá um sorriso.

         — Olá Emma. — Susan também sorri.

         — Oi! Como vocês estão?

           — Melhor do que ontem. — Fala Susan.

           — Eu sempre estou bem! — Jeremy sorri. — E você como está?

          — O mesmo de sempre. Senhor Stocks?

            — Ele não virá hoje. Teve que fazer uma viagem de última hora. — Fala Jeremy.

           — Claro. — Eu tiro o bolo e levo para para a pastelaria.

           Os primeiros clientes começam a aparecer. Susan vem atrás do balcão. A porta se abre outra vez e o amigo de Jeremy que conheci ontem, entra por ela. Ele vem no balcão e sorri. O seu sorriso é encantador.

           — Bom dia, Emma! — Ele diz.

           — Oi! — Não sou nada simpática com ele.

           — Eu quero falar com Jeremy, será que é possível? — Seu sorriso continua.

           — Oi Johnny! — Susan sorri para ele. Tenho a certeza que o nome dele não é Johnny.

           — Oi Susie! — Estou farta dessa conversa.

           — Eu vou chamar o Jeremy! — Eu quero sair, mas Jeremy chega.

          — Olá Jonathan que surpresa! — Ele se aproxima. Ah! Ele se chama Jonathan! — Está paquerando a minha amiga?

             Eu olho para Jeremy como um leão faminto.

          — Emma é diferente! — Jonathan sorri para mim. O que isso significa?

          — Tenho a certeza disso. — Jeremy responde e depois, eles vão para o canto. Susan bate no meu braço.

         — Você ouviu o que eu disse? — Ela pergunta.

            — O quê? — Pergunto. Ela ri.

            — Você gostou dele! — Eu coro vermelho carmesim.

            — O quê? Não! — Olho para ele que está sorrindo para Jeremy. — Ele não faz o meu tipo!

            — Sei!

            — Bom dia! — Uma senhora nos interrompe.

            — Bom dia. — Respondemos em uníssono.

            — Quero um pão integral. — Sorrio para ela.

           — Claro! — Tiro um pão de forma integral debaixo do balcão.

            Jonathan me chama atenção quando olha para mim. Seu sorriso desaparece e fica com uma expressão seria. Eu coro outra vez. Porquê ele está olhando assim para mim?

          Ele é tão bonito que me intimida. Suas calças Jeans um pouco apertada em suas pernas, assim como sua camisa azul pálido dobrados até o cotovelo, deixa ele mais sexy. 

            — Claro que não faz o seu tipo né? Fala sério! — Susan me faz voltar para a vida real.

            — E não faz! — Digo ainda olhando para ele.

            — Você mente muito mal!

            — Preciso aten... onde a senhora foi? — Olho para o balcão vazio.

            — Já foi! Você se distraiu com Jonathan que está no canto. Depois diz que não acha ele uma graça.

           — Ah Susan eu já disse que não! Eu só estava pensando noutra coisa.

        — Sim. J-O-N-A-T-H-A-N! — Ela pega no meu ombro.

         — Você é insuportável! Eu estava pensando na minha mãe!

         — Sei! Você não vai conseguir me enganar já disse.

         — Esqueça esse assunto, por favor! Eu não quero ter relações com homens como ele!

         — Como ele como? — Jonathan volta no balcão.

         — Senhoritas, eu já estou indo!

         — Adeus. — Susan sorri. — E quase esqueci, Emma disse que gosta do seu cabelo. — Eu olho para ela furiosa.

         — Obrigado, Emma. Espero que um dia possamos conversar como deve ser. — Ele pisca para mim e vai embora. Olho para ele até que sai.

           — Vou matar você Susan! Você é uma mentirosa atrevida!

           — Estou só ajudando! — Ela levanta as mãos. 

                        ****

             Eu fecho a porta e como uma maldição, Jonathan aparece logo que eu saio da pastelaria. Não sei se espero que eu terminasse o meu turno. Ele sorri e se aproxima. Mas que raio ele quer comigo?

          — Emma! — Ele lembra do meu nome. Claro que lembra idiota! Ele chamou por você de manhã.

          — Ei, o que faz aqui? Jeremy saiu faz tempo.

          — Que pena! — Ele dá um sorriso triste. — Então, eu vou embora.

          — Está bem. — É melhor mesmo.

          Ando pela esquina rapidamente para chegar na minha casa. Um pouco assustador quando estou sozinha, mas felizmente, minha casa é perto.

              Eu já sei o que me espera, por isso não estou entusiasmada para chegar. Só quero terminar logo o que tenho que encontrar. Bagunça atrás de bagunça.

          Quando chego em casa, bagunça como sempre, claro! Ficaria surpresa se não tivesse. Minha mãe e minha tia parecem duas adolescentes imaturas.

                Ponho a bolsa no sofá, e sento. Preciso de me acalmar e pensar como arrumar tudo isso, estando exausta. Quando isso vai terminar? Claro que será quando eu encontrar um milionário.

               A campainha toca e eu levanto para abrir. Estou exausta até para esticar os braços, mas abro a porta.

            Raiva cresce dentro de mim, quando vejo Jonathan. O quê?

            — Desculpa, eu não consegui evitar seguir você até aqui.

Capítulo dois

          Com a cara de pau, Jonathan sorri para mim e entra na minha casa sem a minha permissão. Eu fecho a porta com raiva e viro para olhar na sua bela cara de idiota. Ele continua sorrindo. É mesmo um idiota!

             — Meu Deus, o que você faz aqui Jonathan? — Eu grito com ele.

             — Não sei se você vai acreditar, mas foi algo impulsivo! — Ele olha para a bagunça. — Quer ajuda?

             — Não precisa! Vai embora!

             — Porquê você não gosta de mim?

               — Eu não te conheço! Eu não sei quem você é. Porquê eu ia sentir alguma coisa por você?

                  Ele apanha as peças de roupas no chão e no sofá. — Mas podemos nos conhecer.

                 — O que você quer comigo? — Eu ajudo ele a apanhar as coisas no chão e no sofá.

                   — Quero conhecer você melhor Emma. Algo de errado com isso?

                 — Eu não sei, talvez porque eu não devo confiar em você.

                 — Pergunte para Jeremy! Ele é meu amigo e vai dizer o que acha de mim. — Ele está sorrindo. Porquê os idiotas têm o sorriso mais lindo?

                Cruzo os braços e dou um passo em frente. Já sei como expulsar o idiota da minha casa. É o truque que uso com todos os idiotas. Ele não vai resistir em ir embora.

                — Eu posso dizer o que eu acho. Depois de você limpar a minha casa e fazer um jantar delicioso para mim. — Me aproximo novamente quando vejo sua expressão congelada.

               Ele ri. — Você quer que eu limpe tudo isso sozinho?

               — Não! Eu quero que você limpe tudo isso e faça um jantar delicioso para mim, sozinho.

                 Ele fica com o rosto sério e arregaça as mangas. — Onde encontro o material de limpeza? — Pergunta.

                  Aponto para a porta do fundo e ele caminha até lá. O idiota não quer ir embora? Nem com isso? Que tipo de homem é esse? Ele devia fugir daqui sem olhar para trás.

                — Você vai mesmo fazer isso? — Olho para ele varrendo a sala.

                — Não é o que você quer que eu faça? — Gosto da resposta.

                 — Então, eu vou tomar um banho. Não ouse subir no meu quarto e espreitar!

                    — Não se preocupe!

                   Eu subo os degraus com cuidado e vou para o meu quarto. Tiro a minha roupa, não sei porquê, mas quero que Jonathan entre e me veja. Porquê minha mente está funcionando desse jeito?

               Entro no boxe e meu corpo fica molhado em questões de segundos. Fecho os olhos quando sinto a pressão no meu rosto.

                 Ninguém me interrompe o banho e eu fico por lá mais um pouquinho.

                        ****

                  Desço do quarto e vejo Jonathan terminando de arrumar. A casa está um brilho e da cozinha consigo sentir um cheiro delicioso, que me deixa com fome. Tudo está brilhando, e ele parecia cansado. Não entendo porquê fez isso por mim!

                   — Você está cansado? — Eu pergunto.

                   Ele olha para mim e sorri. — Espero que valha a pena. — Ele agarra o saco de lixo e sai.

                     Eu espero na sala por um tempo e ele volta com um sorriso no rosto. Ele está sempre sorrindo. Acho que até gosto do sorriso dele. E também gosto do resto que acabo de ver. Ele está apenas com uma camiseta regata apertada e calças jeans. Seus porte físico está bem visível.

                 — Você não quer tomar um banho? — Pergunto me sentindo mal por ele está fazendo isso.

                  — E depois disso, o que eu faço? Vou embora?

                  — Não, você disse que quer me conhecer não é? É o mínimo que posso fazer por você. — Ele chega perto lentamente.

                 — Que tal se eu for embora e a gente jantar amanhã. Eu conheço um lugar que você pode gostar.

                 — Então você cozinhou e depois vai embora? Porquê não desconfiar? — Eu rio.

                 — Você quer que eu fique aqui com você?

                — Não é bem isso que eu quis dizer. Você limpou a minha casa e vai embora assim?

               — Tudo bem. Eu fico aqui, mas a gente vai jantar  amanhã.

                 Pestanejo. — Depois do jantar de amanhã você me deixa em paz?

                 — Depende de como será. — Ele dá um meio sorriso. — Aonde é o banheiro?

                — Vem comigo. Mas cuidado com os degraus.

                 Subimos os degraus e fomos para o meu quarto. Jonathan fecha a porta e olha para mim. Esses olhos verdes são encantadores.

                 — Você é muito bonita Emma! — Ele diz e dá um passo a minha frente.

                 — Eu sei. Por isso, entendo que você esteja tão interessado. — Reviro os olhos.

                 — Eu vou tomar um banho. — Ele entra no banheiro.

                 Eu tiro uma caixa de baixo da minha cama e pego algumas roupas que eram do meu pai. Não é o tamanho do Jonathan, mas vai servir.

                  Desço novamente para terminar de cozinhar o que Jonathan começou. Termino tudo e fico olhando distraída para os cantos.

                Faz tempo que não namoro alguém. Uns quatro anos, e devo dizer que tenho saudades disso, mas Jonathan não é o meu tipo. Eu quero tudo, e ele não vai poder me dar isso.

                Meu ex namorado não era pobre nem milionário, mas tinha dinheiro para pagar meus luxos. Jonathan trabalha num restaurante, talvez só consiga pagar as contas e comer.

               Volto para o quarto e vejo Jonathan vestindo a camisa do meu pai. Está um pouco grande, mas ele continua lindo. Não que eu nunca achei que fosse.

                  — Essas roupas são do seu pai?

                   — Eram. Quando ele morreu, minha mãe quis que eu jogasse fora, mas não consegui. Eu guardo aqui.

                 — Eu lamento.

                 — Não faz mal.

                 — Então, você vive com a sua mãe.

                — E com a minha tia também. Ela é insuportável.

                — Quando elas chegam?

                 — Daqui a pouco, então vamos jantar antes que elas te expulsem.

                 — Claro, mas antes eu quero dizer uma coisa. Você tem razão. Eu estou muito interessado em você e quero beijar você, agora!

                — Você está brincando?

                — Não estou. Eu sei que te conheci apenas ontem, mas há alguma coisa...

               — Pode parar! Eu conheço essa conversa, estou com fome e preciso comer.

               — Claro.

               Voltamos para baixo e vamos para a cozinha. Jonathan senta na minha frente e eu sirvo os nossos pratos. Ele não desvia o olhar.

                — Você sabe que isso é apenas um agradecimento por ter limpado a minha casa, não sabe?

                — Mas a gente ainda vai jantar amanhã, não vai?

                — Infelizmente.

                 Nós jantamos a comida deliciosa do Jonathan e ele vai embora depois. Quando a minha mãe e minha tia chegam, eu vou dormir e finjo que ninguém está aqui.

                       ****

                Chego um pouco atrasada na pastelaria e me apresso para trabalhar. Senhor Stocks e Susan já estão atendendo os clientes, enquanto Jeremy está fazendo mais pães.

                  — Lamento pelo atraso senhor Stocks. Não sei o que me deu hoje.

                  — Tudo bem. — Ele diz e volta atender os clientes.

                  Susan se aproxima de mim com um sorriso. — Você estava com alguém!

                  — Ele contou pra vocês? Não acredito!

                 — Vocês transaram? — Ela arregala os olhos.

                 — O que quer que Jonathan tenha dito, não é verdade. A gente só jantou.

                 — Sério? Mas ele não me disse nada. Você é que disse!  Não vi ele desde ontem de manhã.

                  — Não quero mais uma palavra sobre isso. — Digo irritada comigo mesma por cair no seu truque.

                 — Claro, ele será o seu cliente, aposto que só quer ser atendido por você. — Susan aponta atrás de mim e vejo ele.

                — Meu Deus!

                — Emma, ele está apaixonado por você!

                 — Não acredito que as pessoas se apaixonem em tão pouco tempo. Ele não está apaixonado!

                  — Olha como ele olha para você Emma. — Eu olho. Seus olhos estão brilhando. — Aquele é o olhar de apaixonado. Ele está louco por você, não deixa ele escapar. Se eu fosse você não deixava.

               — Se você está interessada, pode ficar com ele. — Cruzo os braços.

               — Eu não estou. Ele é como um irmão para mim. Vai atrás dele você.

                  — Eu vou apenas atender um cliente qualquer!

               Eu caminho até a mesa onde Jonathan está sentado. Ele sorri quando chego perto e meu coração pára. Aquele sorriso é sedutor, sexy e mais alguma coisa. Não gosto dele, é só que os homens bonitos intimidam bastante.

                 — Bom dia, Emma!

                 — Olá, o que vai querer?

                 — O que eu quero não consta no menu. Eu quero você! — As coisas estão ficando cada vez melhor!

              — Jonathan, se você continuar assim, eu vou desistir do jantar de hoje a noite.

             — Não! Não desista. Eu vou me comportar! — Ele fala imediatamente com uma pitada de desespero em sua voz.

                — Então me diz o que você quer.

               — Pode ser panquecas, ovos e bacon. E café. Não muito forte. — Ele diz e eu anotei no caderno.

                   — Vou trazer daqui a pouco.

                       — Está bem. — Me afasto dele e entrego o caderno a Susan.

                      — Você vai atender ele, Emma. Nada de deixar o gatão triste porque você não quis atender ele. — Finjo que não oiço. — Estou falando sério Emma, não seja tão difícil! Ele é bonito, tem um corpo incrível, tem olhos verdes de morrer e uma voz sedutora. Porquê você não gosta dele?

                  — Porque não! — Respondo.

                  — Já sei! Você está se fazendo de difícil, porque pensa que se for fácil demais ele perde o interesse. É isso?

                 — O quê? Não! Nada disso, eu não estou interessada, não quero nada com ele. Nada. Capiche?

                  — Você é idiota!

                  Jeremy chega perto com um sorriso e envolve o braço no meu ombro. Jonathan olha para a gente um pouco incomodado, depois desvia o olhar.

                   — Então, vai dar uma oportunidade para ele?

                   — Não! Eu já disse que não estou interessada.

                   — Vou buscar a comida de Jonathan. — Susan desaparece na cozinha. Olho para Jeremy.

                  — Emma, pensa bem no que está fazendo. — Jeremy me larga e começa a limpar o balcão.

                — Já pensei. — Eu vou em direção à cozinha. — Vou trazer já a comida do idiota.

                  Susan está fazendo as panquecas e o ovo ao mesmo tempo. Sempre pensei ela era um prodígio em tudo o que fazia. Eu não seria capaz.

                — Veio buscar a comida do seu namorado?

                 — Você é insuportável, Susan!

                 Ela termina os ovos e continua com as panquecas. — Eu só quero o seu bem. Eu sei que está se apaixonando por ele, e tem um monte de mulheres que querem ele, se você continuar assim vai perder um homem fantástico.

                — Eu não quero saber, já disse isso. Não estou apaixonada. Você acha mesmo que eu me apaixonaria por ele? Jamais!

                  Ela termina e coloca as panquecas num prato, depois olha para mim. — Tudo bem. Se você diz! Só não diga que eu avisei.

                 — Não se preocupe com isso. Não vai acontecer.

                 Meti toda a comida de Jonathan numa bandeja e levei para a mesa dele. Seus olhos verdes olham para mim e um sorriso aparece nos seus lábios bonitos.

                  — Obrigado, Emma. — Ele diz. — Posso fazer uma pergunta? — Você acabou de fazer, idiota!

                 — O quê?

                 — Já houve alguma coisa entre você e Jeremy? — Ele está com ciúmes?

                  — Não! Mas gosto dele. Talvez até demais.

                 — Não acredito que esteja apaixonada por ele.

                 — Pensa o que quiser e come isso! — Aponto para sua comida e saio.

                — Você quer que eu peça pra ele desistir? — Jeremy pergunta.

                — Por favor! Eu não o suporto!

                — Não se preocupe. Vou fazer isso. Depois de você jantar com ele essa noite, eu digo. Acredita, ele vai me ouvir.

               — Você é um grande amigo. — Abraço ele e vejo Jonathan com um olhar triste. Eu me afasto de Jeremy como se estivesse fazendo aquilo por Jonathan.

               — Você está bem? — Jeremy pergunta.

              — Sim. Estou.

                Jeremy atende una cliente e eu sirvo outros clientes. Jonathan não pára de olhar para mim e é horrível. Eu finjo que não percebo é continuo trabalhando.

                 Minutos depois, Jonathan finalmente termina e me dá gorjetas. Para alguém pobre, quer gastar dinheiro numa gorjeta. Olho para a nota de vinte e coloco no meu avental.

                 Levo a louça suja na cozinha e quando volto ele está esperando por mim no balcão. Susan sorri de um jeito irritante quando me aproximo dele.

                — Mais alguma coisa? — Pergunto.

               — Queria saber a que horas posso buscar você. Às seis está bem para você?

              — Às nove. Mas isso não é um encontro!

              — Como você quiser! Então nos vemos mais tarde. Adeus baby!

               Eu não acredito que isso está acontecendo comigo! 

Capítulo três

              O que eu não esperava era que eu estivesse bastante ansiosa por sair com Jonathan. Terminei o trabalho mais rápido que o normal para me arrumar para ele. Tudo bem que ele é incrivelmente bonito, mas não há nada que possa haver entre a gente.

             Eu não quero me arrumar demais, para que ele não pense que estou interessada, mas também não quero me arrumar menos. Isso tinha que ser fácil.

              Eu tomo banho, lavo o cabelo, faço depilação, seco o cabelo, coloco o meu vestido branco, faço uma leve maquiagem, uso o meu perfume especial, meus saltos altos, arrumo o cabelo e já estou pronta para ir.

              Desço os degraus com cuidado, e vou desligar o fogão. Minha mãe e minha tia têm sorte que hoje estou de bom humor. Por um outro motivo, não por causa do Jonathan.

              A campainha toca e me vejo correndo para a porta como se fosse uma celebridade tocando. Mas não! É Jonathan. Ele sorri daquele jeito que já parece familiar para mim. Um sorriso lindo que era capaz de iluminar uma noite escura.

                Eu sorrio também. Ele está usando uma camisa azul marinho e está com o cabelo impecável. Isso é sinal de que ele se esforçou, e a rosa é só cliché.

                  — Quando eu pensei que você não poderia ser mais linda, você aparece desse jeito.

                 — Obrigada Jonathan. Não esqueça que estou fazendo isso, porque... — Ele coloca um dedo na minha boca.

                 — Vamos logo! Eu estou ansioso! — Ele segura a minha mão e me leva para fora de casa. Eu tranco com as chaves e colocas-as na bolsa.

                 — Pergunta número um: Onde você arranjou essa rosa? — Pergunto. — Roubou no seu vizinho? Pergunta dois: Eu não estou levando dinheiro. De certeza que vai pagar? E pergunta três: Como vamos? Não me diga que é um restaurante aqui perto! Se não vamos de táxi?

                 Seu rosto cai. Não era minha intenção, mas ele parece magoado. — Na casa da minha mãe têm muitas flores dessas. E eu de certeza não levaria você para jantar aqui perto para poder fugir quando tiver oportunidade. E eu tenho um carro. Não é grande coisa, mas é meu. Comprei com o meu dinheiro.

                — Desculpa! Deve achar que sou a pior pessoa desse mundo. Se não quiser mais sair comigo, eu vou entender.

               Ele chega perto de mim, e me leva com ele. — Então vamos. Ship está esperando!

               Eu paro fazendo ele parar também. — Quem é Ship?

               Ele ri e me leva para o carro dele. — Ship é meu carro. — Ele mostra o seu carro. Não é tão horrível assim. Não sei que modelo é, mas é um antigo. Um carro preto pequeno. — Você gostou? — Ele abre a porta para mim.

                  — Pelo menos vai durar mais dois anos. — Digo e entro. Quem não gostaria de estar dentro de um Ferrari agora?

             Jonathan fecha a porta e entra no lugar do condutor. Seu sorriso aparece novamente. Meu Deus! Ele é muito lindo. Porquê isso está acontecendo comigo?

                — Você vai gostar dessa noite. Eu prometo. — Ele começa a dirigir.

                      ****

                Ele pára o carro num restaurante razoável e abre a porta para mim. Eu olho para ele me perguntando se realmente tem dinheiro suficiente. Eu não quero passar um vexame.

                  — Porquê você está olhando assim pra mim? — Ele pergunta com um sorriso.

                 — Eu não sei. Você tem um belo sorriso. — Não quis dizer isso, caramba!

                 — Estou fazendo uma lista das coisas que você gosta em mim. Já tenho dois itens. — Seu sorriso amplia mais ainda.

               — Dois?

               — Meu cabelo e o meu sorriso. Mas vamos para dentro que eu estou morrendo de fome. — Ele segura a minha mão e me leva para dentro do restaurante.

                  É um lugar pequeno, mas romântico. Com música e tudo, clima romântico e paredes vermelhas. Eu sorrio quando ele puxa uma cadeira para mim.

                 — Você está tentando me impressionar? — Pergunto com um sorriso.

                — Estou conseguindo?

                — Infelizmente está!

                — Infelizmente porquê Emma? Você acha que sou tão horrível assim? 

               — Não é isso... — O garçom nos interrompe.

               — Boa noite meus senhores o que vão querer?

               — Escolha o que quiser Emma! — Ele diz sério. Eu procuro uma comida bastante barata.

                — Uma sopa de feijão branco.

                — Tem a certeza? — Jonathan pergunta com a testa franzida.

               — Tenho.

               — Eu vou querer o prato do dia, por favor! — Ele está se sentindo mal por algum motivo. Eu não tenho culpa se ele não tem milhões no banco.

               — Você viu o jogo ontem a noite? — Pergunto só para quebrar o silêncio.

               Ele continua sério. — Não teve jogo ontem a noite. — Ele olha para a sua mão.

               — Não me diga que você me convidou e agora vai ficar assim! Eu não mereço!

              — Desculpa! — Ele olha para mim e agarra a minha mão. — Eu gosto de você Emma. Você me deixa um pouco nervoso. — Ele diz. Não era suposto os homens serem mais fechados e orgulhosos?

                 — Tente... relaxar. Você não precisa ficar nervoso por minha causa.

                — Eu tento sempre.

                — Me fala sobre você! Há quanto tempo trabalha no Bona Petit?

                — Um ano. Eu gosto do meu trabalho. — Ele é desses?

               — Que bom. Temos que fazer algo que nos faz feliz não é?

               — Sim. — Ele sorri. — Você ainda gosta do seu ex? — Ele pergunta de repente.

               — Não vejo ele há anos, porque ia gostar?

               — Só queria ter a certeza.

                      ****

              Nós comemos, conversamos, voltamos a comer. Eu pedi a sobremesa duas vezes, o que deixou Jonathan satisfeito. A noite não foi ruim, como eu pensei que seria. Pelo contrário, foi maravilhosa.

               Saímos do restaurante depois de Jonathan pagar a conta e ele me entrega seu casaco e me leva para atrás do restaurante que reserva uma paisagem incrível do mar e das estrelas.

                  — Você está tentando mesmo me impressionar. E está conseguindo.

                 — Sério? Isso é fantástico!

                 — É a primeira vez que alguém se esforça tanto assim por mim.

                — Eu vou me esforçar o quanto for necessário, Emma. — Ele me vira para olhar seus olhos verdes brilhantes.

                — Vai? Por mim? — Minha voz falha.

               — Apenas por você! — Ele se abaixa um pouco para me beijar, mesmo com os meus saltos altos. Seus braços me apertam contra seu corpo e eu abraço ele também.

               Abro os olhos para ver ele me beijar com vontade, e volto a fechar e aproveito o momento. Ninguém jamais alguma vez me beijou desse jeito. É o melhor que eu já provei.

                Nós terminamos para poder respirar e a primeira coisa que vejo é seu sorriso encantador. Ele passa a mão pelo meu rosto e me dá um selinho.

                 — Quero que você seja minha namorada. Você aceita? — Ele murmurou.

                — Me dê um tempo para pensar. Eu pensava que te odiava e agora... depois desse beijo... nossa senhora!

               — Pelo menos não é um não. Vou te dar o tempo que quiser.

               — Obrigada. — Suspiro. — Posso pedir mais uma coisa?

                — Claro! — Ele passa o polegar no meu lábio inferior.

                — Me beija de novo! — Digo e ele sorri. Um sorriso enorme.

                — Com prazer!

                Ele me beija com prazer ironicamente. Eu não sei se existe agora mais romântico do que isso. Não sabia que eu era romântica até ele me mostrar.

                      ****

              Jonathan me acompanha até a porta de casa. Durante o caminho todo, nenhum de nós deixou de sorrir. Eu não podia. Porquê talvez Susan tivesse razão. Estou apaixonada pelo idiota. Quem diria?

                  — Então adeus!

                  — Não vai me dar um beijo de boa noite? — Pergunto.

                Ele beija a minha testa e sorri. — Melhor assim?

                — Eu queria que fosse na minha boca. — Digo sorrindo.

               — Só quando você for minha namorada. Por enquanto, isso é tudo que eu posso dar. A não ser que me diga que sim agora mesmo. — Ele morde o lábio.

                — Adeus! Você tem trabalho amanhã. — Eu fecho a porta naquele rosto sorridente. Quando o meu vai desaparecer? Pareço uma adolescente!

                Viro e vejo minha mãe sentada no sofá com um copo de água. Minha tia sai da cozinha e senta ao lado dela.

                — Onde você foi com aquele homem? — Minha tia pergunta.

               — Sair! — Tiro os meus sapatos.

               — Com aquele pobretão? O que foi que eu ensinei a você Emma? — Minha mãe responde.

              — Eu estou exausta, por favor, me poupem por um dia.

              Eu caminho pelos degraus debilitados e vou para o meu quarto. Não sei como vou dormir hoje de tanto pensar nele. Nos seus beijos e nos seus braços fortes em torno de mim.

               É realmente isso que eu quero? Ele não pode me dar o que eu quero, mas faz o meu coração bater como se não houvesse amanhã.

                     ****

                O trabalho está sendo melhor que os outros dias. O dia está sendo maravilhoso, bem diferente que os outros dias. Como é que eu soube apenas agora que sou tão sentimental? Eu não sabia que um jantar me deixaria assim.

               Saio um pouco mais cedo e levo um pouco de bolinhos para casa. Estou sendo boa de mais ou é o amor falando por mim? Definitivamente, a minha mãe e minha tia não merecem.

                Um homem de terno super caro desce de um Porshe e fecha a porta. Ele está brilhando da cabeça aos pés. E o brilho do relógio no seu pulso, ofusca a minha visão. Ele sorri e se aproxima de mim.

                  Encaro seus olhos azuis. — Eu preciso de ajuda. Combinei com alguém num restaurante, mas não sei onde fica. Eu apenas conheço restaurantes caros. — Ele ri. Esse é o tipo de homem por quem eu deveria me apaixonar? — Acho que o nome do restaurante é Bona Petit. Você conhece?

               — Sim. Fica ao virar da esquina. Você vai saber quando chegar. — Digo. Ele é tão rico que intimida.

              — Obrigado. — Ele continua olhando para mim. — Meu nome é Paul Freirefeller, e achei você interessante. — Ele sorri.

                — Sou a Emma. — Cruzo os braços.

                — Obrigado Emma. Tem um nome lindo. Espero que possamos nos ver de novo. — Ele agarra a minha mão e beija.

                Ele é lindo, tem um cheiro maravilhoso de perfume masculino muito caro, cheiro maravilhoso do seu xampú e seu terno parece ser de outro mundo. Rico é outra coisa mesmo!

                   Ele sorri e continua olhando para mim. Sou tão bonita assim? Primeiro Jonathan agora esse homem fantástico chamado Paul Freirefeller. Nome lindo para um homem lindo.

                 Ele tira um cartão do seu paletó e me entrega. — Liga para mim. — Seu celular toca e ele atende. Uau! Último grito do Iphone. Eu nem tenho celular!

                — Adeus Paul! — Digo e ele acena para mim.

               Caminho rápido até chegar na minha casa e alguém cobre os meus olhos com uma mão. Eu nem preciso de pensar para saber quem é.

                — Jonathan! — Digo e ele tira a mão do meu rosto.

                 — Pensou em mim? — Ele sorri.

                 — Você estava me esperando? — Eu também sorrio.  Claro que eu não parei de pensar na noite de ontem.

                  — Sim. Pensou em mim?

                 — Não posso mentir para você. Eu pensei sim.

                — Isso é o suficiente para eu ter uma bela noite.

               Olho para a minha bolsa. — A gente podia sair de novo.

               Ele passa a mão no cabelo feliz. — Isso seria maravilhoso Emma.

              — Então nos vemos por aí. — Digo. Ele se aproxima.

              — Eu não consigo evitar. A culpa é sua por ser tão irresistível! — Ele fala.

               — Evitar o quê?

               — Isso!

               Ele me beija contra a porta da minha casa. Não me importo se a porta vai cair atrás da gente, se tem alguém vendo, eu só quero saber do seu beijo. Ele  tinha que acrescentar os seus beijos a lista das coisas que eu gosto nele, juntamente com os seus olhos verdes.

                — Isso sim é um beijo de despedida. — Ele diz. — Mas nós não somos namorados. Isso não é certo.

               — No próximo encontro vamos descobrir o que somos. Eu prometo!

               — Confio em você!

               Ele se afasta lentamente e sopra um beijo para mim. Eu tenho a certeza que ele pensa que vou dizer sim. Mas agora que apareceu um homem rico dos meus sonhos. Depois da próxima saída vou saber o que quero para mim. 

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