...Bruna...
Ai, ai... Eu não aguento mais notícia ruim desse menino...
Chris: -Não fica assim, doutorazinha... Nem eu que tô doente tô assim! -ele sorri, dando de ombros.
Não me tranquiliza.
Otávio: -Dona do meu coração, agora é hora do almoço!
Bruna: -Pare com isso, Otávio. Seja bem menos. Enfim, vamos...
Eu deixo Chris e vamos em direção ao refeitório.
Otávio: -Se o Chris já está quase recuperado da cirurgia, por que ele ainda tá aqui?
Bruna: -Porque ele não tá recuperado... Eu tava agora justamente analisando os exames dele. Tô muito preocupada.
Otávio: -E...?
Bruna: -Tumor.
Ele assente tristemente como quem entendeu a gravidade do problema.
Bruna: -Por que você está me encarando desse jeito?
Otávio: -Ui, dona da atenção!
Bruna: -Não mesmo...
Otávio: -Você gosta de atenção.
Bruna: -Todo mundo gosta, mas não é sobre isso. Eu poderia te denunciar por assédio, você sabia?
Otávio: -Não é assédio, eu gosto de você.
Bruna: -É assédio porque eu já disse que não quero e você continua insistindo. Nós somos amigos e isso é bem chato.
Otávio: -Sabe quem também é chato? Doutor Diego Lascurain, o galanteador do Royal, dono dos flertes para estagiárias!
Bruna: -O que você está insinuando?
Otávio: -Que ele veio todo de asinha aberta pro seu lado! Esse cara se acha, fala sério.
Bruna: -Fala sério você! Ele é marrento, ele é meio arrogante as vezes... Mas ele não é o egocêntrico que você tá falando!
Otávio: -Por que a gente não prova isso com os próprios olhos?
Bruna: -Como?
Otávio: -Indo ver como ele se porta nos intervalos...
Bruna: -Otávio, não...
Otávio: -Para de me dizer não e me diz sim uma vez na vida!
Umpf...
Bruna: -Tudo bem, só hoje.
Ele sorri e se levanta, me puxando pra ir com ele.
Ficamos plantados perto da sala do Diego e, quando ele sai, o seguimos vagarosamente.
Faz uns 3 minutos que estamos seguindo ele e nada aconteceu...
Otávio: -Ei, eu acabei de receber uma mensagem... Precisam de mim pra um paciente pós-cirurgia... Termina a missão por mim, depois você me conta, ok?
Eu reviro os olhos.
Bruna: -Ok.
Ele dá um beijo em meu rosto e sai.
Então eu continuo seguindo.
Katherine: -Diego!
O jeito que ela se joga em cima dele me embrulha o estômago.
Diego: -Doutor Lascurain pra você, senhorita. Eu estou indo ver um paciente agora.
Katherine: -Eu posso ir com vo... Com o senhor.
Diego: -Você está no intervalo do almoço, por que não vai almoçar com seus colegas?
Katherine: -Nah! Prefiro ir com você.
Diego: -Olha, estamos trabalhando, Katherine. Podemos traçar a linha de limite entre a minha vida profissional e a vida pessoal?
Katherine: -Mas não tem ninguém olhando...
Diego: -Isso é desconfortável e descabido. Eu sou seu superior, você é uma subordinada do hospital. Não me faça te lembrar a posição de hierarquia aqui.
Ele sai para longe e ela fica com cara de tacho.
Uu, não vou mentir que gostei disso.
...🏥🏥🏥🏥🏥...
Um novo caso...
Bruna: -Hm, bem... A ficha diz que... Ela apareceu com um corrimento acinzentado e espumoso com mau cheiro forte, além de vermelhidão, muita coceira, inchaço nos órgãos genitais... Tá com febre e dorme por mais de 10 horas... Uau... Que complexo...
Diego: -É... Os casos mais complexos sobram pra mim. -ele sorri, dando de ombros. -Agora é seu caso... O nome dela é Fernanda, tem 19 anos. Quem a trouxe foi seu namorado, de 20. Eles estão juntos há dois meses.
Mas o que isso tem a ver com isso quadro dela?
Bruna: -Hm... É bom fazer uma ressonância magnética.
Diego: -Certo.
...🏥🏥🏥🏥🏥...
Os relatórios finalmente chegaram... Não são muito bons...
Otávio: -O que você acha que é?
Bruna: -Tricomoníase...
André: -O que é isso?
Otávio: -É uma doença sexualmente transmissível que provoca corrimento vaginal de odor desagradável, coceira genital e dor ao urinar nas mulheres.
André: -Uma IST? Então eu não deveria ter também?
Bruna: -Você já fez exames?
André: -Não...
Bruna: -Então é melhor fazer. Os homens costumam ser assintomáticos diante desse problema.
André: -Então... Er... É grave?
Bruna: -Tecnicamente. Se não for tratado, sua mulher tem maior risco de adquirir doenças como HIV, gonorreia e vaginose bacteriana.
André: -Uff... Enfim, ela vai fazer tratamento, né?
Bruna: -Bom... É necessário que vocês dois façam o tratamento ao mesmo tempo.
André: -Tudo bem...
Bruna: -Como agora ela está dormindo, eu vou injetar o medicamento e você vai tomar na mesma hora. Para garantir que o antibiótico tenha o efeito desejado, certifique-se que ela não consuma bebidas alcoólicas até 24 horas, após tomar o Metronidazol.
André: -Tá bem doutora... E quando os sintomas vão desaparecer?
Bruna: -Normalmente 1 semana após o início do tratamento.
André: -Ok.
...Bruna...
Diego: -E o caso de ontem?
Bruna: -Diagnóstico de tricomoníase. Eu já mediquei ela e o companheiro, estão em tratamento por alguns dias.
Diego: -Hm... Eu já sabia.
Bruna: -Você o quê? Por que não a tratou antes? Meu Deus, ela poderia ter o quadro clínico agravado, sabia?
Diego: -Eu sei, mas você precisa aprender sozinha. Não estarei sempre ao seu lado pra lhe dar um diagnóstico.
Uff...
Eu reviro os olhos e saio de perto dele.
Eu sei que ele não pode sempre dizer o que tenho que fazer, mas ele não pode arriscar a vida de um paciente assim... A menos que ele tenha certeza de que não corre perigo.
...🏥Dois meses depois...🏥...
Otávio: -Veja bem... -ele levanta e me abraça de lado. -Não somos o casal perfeito?
Julie: -Um casal perfeito nem existe, Otávio... Larga de ser besta! Bruna já disse milhões de vezes que vocês são só amigos!
Bruna: -Você era bem mais legal em 2 minutos que pisamos no hospital, quando você ainda não tinha usado a audácia pra falar com a gente.
Então chega uma mensagem no celular... Um convite? Do... Diego?
Otávio: -Vocês também receberam?
Bruna: -Aham... Uma festa do Diego! Festa de aniversário...
Julie: -Na mansão dele, uau!
Otávio: -Pra quê comemorar o aniversário dele? Eu queria que ele nem tivesse nascido.
Julie: -Não seja ridículo, Otávio. Se você perdeu a Bruna antes mesmo de ter pro Diego, a culpa não é dele.
Bruna: -Uou! Pega leve, Julie... Enfim, a festa vai ser hoje...
Julie: -Já sabe com que roupa vai?
Otávio: -O que? Bruna, você vai pra festa?
Julie: -É claro que ela vai! Eu ouvi dizer que, se ele tiver uma boa impressão nossa, a gente pode conseguir casos melhores... É a nossa chance de despertar o interesse do marrentinho...
Ela sorri.
Sobre interesse... Então, né?!
...🏥🏥🏥🏥🏥...
Nós quase matamos o Otávio e ele aceitou ir com a gente.
Enfim, nos enfiamos no carro de Otávio rumo à mansão de Diego Lascurain.
Otávio: -Meu Deus, que exagero... Só podia ser Diego.
Bruna: -Ah fala sério, quem não gosta de um pouco de luxo que o dinheiro pode proporcionar?
Julie: -É verdade, mas isso é só recalque porque você vai morar aqui quando casar com o Diego.
Bruna: -Julie! Eu não vou me casar com ele. Para de ser louca.
Ela ri e entramos para a festa.
Quando eu olho para a parte de cima da escada, vejo Diego me encarando, mas ele logo desvia isso olhar.
Seu look está... Impecável.
Julie: -Eu vi isso DE NOVO, hein?
A gente ri.
Otávio: -Eu vou beber e dançar, aproveitar que sou solteiro!! -ele meio que grita.
Julie: -Ok, a tentativa de ciúmes dele causou 0% de cócegas em Bruna.
Bruna: -Que malvada!
Diego: -Boa noite, senhoritas... Obrigado por virem...
Julie: -Obrigado por nos convidar.
Bruna: -É uma honra estar aqui.
Diego: -É mesmo... Eu não convidei todos.
Ele ri com a volta de sua soberba.
Diego: -Bem, sintam-se à vontade.
Ele sai.
Julie: -Nossa, como ele foi diferente agora, meio rude... Ugh... Mas ok, você não precisa disso.
Bruna: -Exagerada. Eu vou lá falar com ele.
Julie: -Você não...
Eu a deixo com uma piscadinha e vou até o Diego.
Diego: -Quer uma bebida?
Bruna: -Quero uma conversa.
Diego: -Uu... É claro. Eu amo conversar com minha estagiária preferida.
Bruna: -Oi? Não sou Katherine.
Diego: -Eu sei, estou falando de Bruna Wiley mesmo. -ele sorri.
Bruna: -Uu...
Diego: -Ai... Eu não sou muito de festas, sabe?
Bruna: -Então por que realiza?
Diego: -Hm... As pessoas se matando para me impressionar me divertem...
Bruna: -O quê? Isso soa tão... Autoritário... Você é chefe desse pessoal!
Diego: -É exatamente por isso não posso ser amigo de todos. Enfim... Vamos tomar um ar? Tá meio quente aqui...
Eu sorrio.
Bruna: -Claro... Vamos...
Saímos andando calmamente.
Bruna: -Sua casa é... Fascinante.
Diego: -Obrigado. Eu trabalhei muito para conquista-la. Inclusive, eu sempre trabalho muito pelo que eu quero...
Ele me encara profundamente e eu sinto um arrepio pelo corpo.
Bruna: -Hm... Claro...
Diego: -Eu adoro o meu trabalho. Primeiro porque sempre quis ser médico, e segundo porque é uma distração... Eu não tenho ninguém a me esperar em casa mesmo...
Bruna: -Não se sente sozinho?
Diego: -Estou sozinho, mas não me sinto sozinho. -ele sorri. -É uma paz. Embora eu saiba que um dia vou adorar, chegar e encontrar alguém me esperando, isso se o turno dela acabar primeiro que o meu... Agora me fala de você... O que busca no Royal?
Bruna: -Experiência. Sempre. Quero me destacar no que estou fazendo.
Diego: -Pelo que já vi de você, é uma das que possui uma alto potencial, do ponto de vista profissional. Mas não só isso, você é a mais... Linda.
Bruna: -Você está flertando comigo?
Diego: -Você quer que eu esteja?
Ele sorri e se aproxima de mim.
Katherine: -Com licença... Atrapalho?
Sim.
Diego: -O que foi, Katherine?
Katherine: -Houve um caso de epidemia... Achei que você deveria saber.
Diego: -É claro.
Ele me olha como quem diz "foi mal por isso" e sai para resolver o problema.
Mas cara.. Olha isso... Ele chegou tão perto de mim que eu... Pude sentir seu cheiro de hortelã...
...Bruna...
...🏥Duas semanas depois...🏥...
O Diego tem estado estranho ultimamente...
E hoje eu não o vi o dia inteiro... Isso é tão estranho! O que será que está acontecendo?
Valentina: -Doutora Bruna, você ouviu os rumores?
Bruna: -De...?
Valentina: -Doutor Diego perdeu um paciente.
Bruna: -O quê??
Michael: -E lá se vai o seu histórico limpo.
Valentina: -Não fale assim, Michael. Ele nunca perdeu um paciente, isso deve ter mexido pra caramba com ele.
Bruna: -Meu Deus...
Então eu saio de perto dos dois.
Katherine: -Dia difícil, doutora Bruna? -eu reviro os olhos e não respondo. -Tua mãe não te deu educação, garota?
Bruna: -Olha aqui, Katherine, você já me encheu o saco! Será que você não tem algo melhor pra fazer do que me infernizar? Vai cuidar de um paciente pra não fazer como da última vez que você deixou uma mulher aparentemente estável morrer! Garota estúpida!
Eu saio de perto dela, se não ia dar briga.
...🏥🏥🏥🏥🏥...
Mais uma semana se passou e Diego não voltou para o hospital.
Quando o meu expediente acaba, eu passo em casa para tomar um banho e trocar de roupa. Pronta, decido ir até a casa dele.
Chamou um táxi e vou até lá. Eu desço e bato na porta.
Bruna: -Diego, você está aí? Sou eu, Bruna!
Depois de alguns segundos, ele vem e abre a porta. Sua aparência é de alguém cansado.
Diego: -Vai embora, Bruna.
Bruna: -Diego, eu...
Diego: -Vai embora!
Bruna: -Não fale assim comigo, abaixe o seu tom de voz! Quer dizer que um dia você é um anjo e no outro é o demônio?
Ele respira fundo.
Eu me viro para sair, mas ele me puxa pelo braço.
Diego: -Me desculpe. Eu... Não estou nos melhores dias.
Bruna: -Tudo bem... Eu sei.
Diego: -Entra...
Ele abre um pequeno sorriso e a porta para que eu entre.
Nos sentamos no sofá.
Diego: -Me desculpa por isso, sério...
Bruna: -Tá tudo bem. Eu vim aqui porque me preocupo com você.
Diego: -Obrigado por isso... Eu... Tô me sentindo um nada...
Ele se deita em meu colo, para minha surpresa.
Bruna: -Diego, a culpa não foi sua...
Diego: -Eu meio que sei, mas... Eu nunca tinha perdido um paciente antes, Bruna... Isso é o pago pelo meu orgulho, pela minha vaidade... Por me gabar tanto por ter um histórico limpo.
Bruna: -Não é isso e você sabe. Todo mundo tem direito de se orgulhar por um feito como o seu. Foi um acidente. Um em meio à milhões de acertos. Você não pode esquecer isso. O que você poderia fazer contra um câncer terminal?
Diego: -Ele não era só um paciente... Era meu amigo de infância... Ele foi diagnosticado por mim, há 10 anos, com um câncer de pulmão que se espalhou e deu nisso. Eu prometi à mãe dele que não iria deixar ele morrer, mas... Eu deixei.
Bruna: -Não... Não deixou. O câncer quem ceifou a vida dele, não você.
Diego: -Eu fui incompetente... Eu falhei.
Bruna: -Todo mundo errado, garotão... Você não é perfeito. Não seja tão duro com você mesmo.
Diego: -Eu só... Não sei se tô pronto pra voltar pro hospital e ter essa experiência de novo.
Bruna: -Você consegue sim.
Diego: -As pessoas vão me julgar.
Bruna: -As pessoas nos julgam fazendo o certo ou o errado. Você não pode desistir agora, você é um médico renomado com uma carreira brilhante, sr. Lascurain. Não deixe um erro abalar isso.
Ele se senta e eu o puxo para um abraço forte.
Diego: -Obrigado por isso, Bruna.
Bruna: -Conta comigo pro que precisar, seu marrento. Não adianta querer passar por isso sozinho.
Nos separamos do abraço, mas ele não se afasta e me encara profundamente. Eu me perco em seus olhos azuis.
Ele sorri e acaricia meu rosto.
Diego: -Bruna...
Bruna: -Eu... Ahm... Eu...
Então ele me puxa e me beija delicadamente. Docemente. Suavemente. Apaixonadamente.
...🏥🏥🏥🏥🏥...
...Narrador...
Katherine: -Hm... Um táxi estacionado aqui? Quem será que está com Diego?
Katherine desce do carro e passa pelo portão, indo espiar pela janela de vidro.
Ela fica abismada com a cena que vê. Consumida pela inveja, ela pega o celular e tira uma foto dos dois.
Katherine: -Agora sim... Você está na minha mão, doutorazinha. -ela sorri de forma maléfica e vai embora.
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