No primeiro momento que a encontrei não pensei que o nosso futuro seria tão belo. Os seus olhos encantaram-me em primeiro instante, no momento que olhei para sua estrutura e pensei: "Como poderia existir pessoa tão perfeita?" Trazendo confiança e serenidade aos seus passos, vejo-lhe inquieta e já me sinto como único para ti. Aquele segundo que apenas eu acompanhei da pequena lágrima escorrer na sua face, e a raiva que me tomou, querendo saber o responsável.
— Obrigado por vir, tio. - a voz distante de Dylan ecoando no meu ouvido. Poderia ser infantil e pedir-lhe algo em troca?
— Dylan, a menina. - ele pergunta-me qual. - Cabelos escuros, olhos castanhos escuros, lábios carnudos, nariz pequeno, rosto redondo, quadris largos... A menina sentada ao lado da pilastra.
— Tio, seja lá o que queira saber, garotas que eu conheço não são para seu bico, velhote.
Dou-lhe um cascudo. Afinal, estou aqui por ele arranjar confusão.
— Estamos em período de jogos, olhe atrás da camisa dela.
— Assim que ela chegou eu olhei. Está escrito "Zoro". Fofa... - deixo escapar o mais profundo sentimento ao observar a jovem.
— A Laila!? - ele diz extremamente surpreso.
— Esse é o nome dela!? - não deixo o meu entusiasmo retido.
- Minha princesa gordinha, não senhor! Fique longe da minha menina. Ela está a passar por um processo de saída de depressão, recuperando-se do tratamento dos remédios. Não mexa com a minha menina.
Não consigo esconder o quão irritado fico, ouvindo ele dizer que a garota é "dele". Primeiro, esse garoto é um playboy, impossível ele ter algo com a menina sem a ter traído ontem. Segundo, ela é minha, não dele.
— Tio, Laila nem é seu tipo. Deixe a minha garotinha.
— Fala minha, em referência a ela novamente, eu mato-lhe. Eu não quero saber sobre você e ela, eu quero saber dela.
— Laila, como eu disse, está num período pós-traumático. Devido à depressão ela desenvolveu obesidade e, está com a saúde em risco. Ela estuda de manhã né, óbvio, o meio que usa é uma bicicleta, para exatamente tudo. Ao sair da escola, treina numa academia barata da cidade que mora para ver se recupera pelo menos a saúde dela. Trabalhadora independente até as duas e vem para escola as cinco. Tudo que ela menos precisa é de um velho a iludindo.
— Nem de um playboy na cola dela. - refuto.
Constato o olhar do meu sobrinho incrédulo.
— Eu não tenho nada com a Laila, ela é minha amiga. E eu já falei para deixá-la.
— Tá, tá. - digo sem paciência, indo até onde a menina estava.
— Tio. - Dylan interrompe-me.
O olho com súplica e ele nega.
— Um oi? - ele nega. - Ela gosta de animes? - ele assente.
Aproximo da garota, vendo ela fazendo jus ao nome nas suas costas, dormindo escorada na pilastra. Um sorriso genuíno me toma a face.
— Posso ajudá-lo? - ouço a voz rouca da menina, é leve e grave.
— Então, Laila... - surpresa ela recua um pouco - Quero saber mais sobre você, mas Dylan não deixa.
Deixei escapar.
— Por que o senhor teria que saber sobre mim?
Com um belo sorriso branco desgastado, seus pequenos olhos fechados, e as suas bochechas gordinhas ao ponto de poder apertar com covinhas. Essa garota é um paraíso.
— E-e-eu... - ela tomba a cabeça para lado confusa e o meu sobrinho bate contra a própria testa, que mico.
— O senhor? - ela começa para que eu termine.
— Sou Alexandre, tio de Dylan. Vim no lugar do meu irmão para saber sobre a encrenca que ele se meteu no futebol, pode dizer-me se isso é frequente?
— Não. - ela secamente responde e eu perco todas as esperanças sendo zoado por um filhinho de papai. - Não deseja saber sobre mim, sim, sobre Dylan. Por que não o perguntou diretamente?
Vaiado por meu sobrinho mais uma vez.
— E você cala a boca. - Dylan se aquieta, e surpreende-me. - Eu avisei a você que iria para disciplinar, deu sorte de que não foi expulso, e tudo foi interpretado apenas como uma rixa.
Com um semblante franzido, uma coisinha mais linda, ela terminar o seu pequeno sermão. Já posso levar ela para casa?
Admiro a garota sem um olhar invasivo, para que ela não recuse a minha presença. Vou em direção ao meu sobrinho.
- Vai levar ela lá em casa. - ele nega imediatamente. - Vai sim. Quer que eu conte ao seu pai que vim aqui?
Logo eu constato a garota com a sua pouca altura, ao meu lado encarando Dylan. Ela alcança no meu abdômen, meu Deus, eu vou morrer de emoção, que mina linda. Ela diminui a distância com Dylan, me deixando enciumado, entretanto, não posso fazer nada sem que eu a assuste.
— E sério que o seu pai não sabe? Que merda tem na cabeça, Dylan? A Tayane engoliu o seu cérebro ao invés do seu p*u? Pega a mina de outro cara, se ferra, e ainda não conta para seu pai!? - ele abaixou a cabeça.
— Laila fica calma. - trêmulo ele diz. A garota de fato tem voz de poder na vida dele. Perfeita para ser tia.
— E o senhor? Como acoberta o seu sobrinho nessa presepada!? - e sobrou para mim...
Eu não consigo a responder, o castanho profundo dos seus olhos diz-me que eu devo ter um argumento muito bem elaborado para poder vencer. Algo que no momento eu não tenho, pois, a única coisa que eu penso é qual seria a sensação de beijar a sua boca.
Imagino-me abraçado a esta pequena menina. Com o seu corpo encolhido aos meus braços e o cheiro dos seus cabelos encantando-me.
— Senhor! - ela me traz a realidade.
— Diga, linda. - percebo o que falei e ela ficando em guarda. Porcaria...- Ele ligou para mim, pensei que ele ja tinha falado com o pai dele.
Laila desconfiada, lança-me um olhar penetrante, eu involuntariamente mordo o lábio inferior.
- Ela está me seduzindo, ela poderia culpar-me se eu a coloco no ombro e a levo para minha casa? - sussurro para Dylan, que me olha com desprezo.
Fazer o que? Eu me apaixonei por essa menina no momento que a vi. Bendito seja aquele que a rejeitou. Tenho que fazer como cebolinha, iniciar meus planos infalíveis. Terei ela.
Sendo a melhor amiga do meu sobrinho, põem-me numa enrascada. Laila, Laila... Seu nome ecoando na minha mente, mas a única coisa que sinto é que irei chama-la de meu amor assim que a for convocar.
A garota de pouco mais de um metro e meio, para com os seus braços cruzados, indícios de alguém em processo de emagrecimento, um rosto mais flácido, pernas mais finas que o tronco. Tudo que para alguns sem noção alguma do que procurar em mulher despreza.
— Menina, não me olhe assim. - ela permanece imponente como se eu houvesse cometido um crime. Bem... Não naquele momento. - Eu vou falar com o pai de Dylan.
A menina fica satisfeita e o meu sobrinho reclama.
— Mas... - vagamente continuo.
— Sempre tem um mas. - ela revira os olhos e a minha mente suja não pode evitar imaginar, essa situação em prazer.
— Vão almoçar na minha casa. - os dois arqueia a sobrancelha. - O que foi? Quero saber mais sobre o envolvimento dos dois, sou quase um pai para Dylan e nunca o vi abaixar a cabeça dessa forma.
Eles não refutam. Minha fofura vai na minha casa!
— Desculpe, adoraria ir, mas,... - ela diz e eu travo. - Não tenho tempo.
A minha moral se rompe na hora. Como assim!? Busco na minha mente os horários da pequena segundo as informações de Dylan é... Fato, ela não tem tempo. Nunca odiei tanto rotinas e poréns como agora!
O meu espírito chora nesse momento.
— Domingo? - insisto.
Resposta negativa.
— Eu vou. - Dylan fala.
— Eu não ligo. - meu tique nervoso se faz presente.
Só estou usando Dylan como transporte para chegar até Laila naturalmente. Naturalmente? Dane-se "No pain, no gain". Ele tá comigo quase 24 horas, como eu não sabia dessa garota?
Caso bem me recordo, coisas preciosas a esse playboyzinho não são de meu conhecimento. Ele esconde a existência. Uma maneira de autodefesa que eu mesmo o ensinei, sem fraquezas para seus inimigos. Parando para pensar... Esse moleque ver-me como uma ameaça!? Por mais que eu seja alguém que cobiça a amiga dele no momento, isso é inaceitável! Eu cuido para que ele não se ferre com o pai dele todos os dias.
— Eu busco-te. - tento solucionar o problema.
Ela fica um pouco relutante, mas aceita. Algo que ela não abriu mão foi de treinar após a escola. Parece que a questão do peso a incomoda bastante. Não estou mentindo, ela é linda, ver ela incomodada com isso, para mim é besteira. O sorriso dela... Além de ter covinhas discretas ela sorri com vontade ao ponto de fechar os olhos, a sinceridade que essa menina transmite, deixa-me aos pés dela.
— Combinado. Que horas? - não dou brecha para recusa. Perdi demais a minha pose natural.
— As 13:30, já devo ter acabado.
Nossa, que símbolo de independência. Não é o horário que eu desejo, e sim, o que ela pode e que não a atrapalhe. A sua frieza com a minha insistência faz com que eu continue interessado. Como será a menina por baixo dessa casca?
— Eu vou com Dylan. Ele deve saber o local. - Ela me olha com o se aquilo fosse óbvio.
Ah, claro, ela não sabe que o motivo é que eu, um velho, estou interessado nela. Havia esquecido este detalhe.
— Vai embora. - Dylan empurra-me e eu acabo me despedindo da garota. - Não vai contar para meu pai? - eu nego. - Mas prometeu. Laila, odeia pessoas que não cumpre com a própria palavra.
— Pensa em me ajudar? - um pingo de esperança me resta.
— Não. - ele diz e me irrito.
— Contarei para Patrick. - ele resmunga. - Eu só quero que faça propaganda de mim.
— Desiste, tio. Laila não é uma princesa delicada. Ela é bruta em alguns momentos, ríspida e até mesmo ignorante.
— Como pode falar assim? Você mesmo a defendeu por estar num período pós-traumático e ainda assim não consegue reconhecer ações defensivas emocionais? Tem problema, Dylan!? - repreendo.
— Cure as suas feridas para não sangrar em quem não tem nada a ver. - ele quebra o meu argumento.
— Eu não sei, talvez, ela seja uma garotinha mimada que precisa de atenção. Por saber que não pode oferecer conforto e dividir com ela o fardo, considerar os seus sentimentos é inútil, afinal, você não pode ajudá-la e nem deseja. Não use a sua exclusão na lista de pessoas de confiança dela, como se o problema fosse ela. O problema é você por ser um péssimo amigo e não transmitir a confiança que ela precisa. Ela tem uma vida cheia e tem que ficar cuidando de você e monitorando as merdas que está fazendo! Vira homem, porra. - perco o controle.
— Conheceu ela hoje, é crê que a conhece?
— Prefiro não a conhecer agora, pois tenho uma desculpa de pouco tempo que a conheci. Mas quanto a você? Não a entende, mesmo que ela seja alguém da sua vida há tanto tempo? - ele dá um passo a frente me desafiando. - Abaixa a tua bola. - aponto o dedo no seu peito e ele recua.
Entro no meu carro e deixo o garoto com o punho cerrado. Mesmo que perca créditos com Laila, não vou falar nada com o pai dele. Parece que ele se envolveu com a marmita do filho de traficante, Patrick o mataria.
Infelizmente ele tem o mesmo temperamento que o nosso pai, pouca eficiência e muita violência. O garoto completamente oposto, ama rir da cara do perigo.
— Jamilly. - ela finge não acordar - Arrumei uma cunhada para você.
Ela pula do banco de trás para o da frente me enchendo de perguntas sobre Laila. Estou me emocionando? Talvez, porém como eu disse ela vai ser minha mulher e acabou o papo.
— É a Vanessa!? - entusiasmada a minha irmã fala da sua amiga.
Só pode ser brincadeira... Vanessa, uma padrão, alta, magra, beldade, típica modelo. Todavia, eu Alexandre, prefiro mulheres mais corpudas à comprida. Do que adianta ser uma vara e não ter nada de corpo? Claro, essa é uma preferência minha.
Mulheres, não se baseie em pensamentos masculinos, cada um tem o seu próprio gosto. Ou seja, todas são lindas, só não me interesso. O meu irmão prefere mulheres com Vanessa e despreza como Laila. Isso são exemplos, infelizmente é a realidade.
- Não. - Ela não desanima. - Ela vem na minha casa, pode tentar conhecê-la? - ela assente.
Pronto.
Logo depois que Dylan forçou o tio dele a ir, solto um grande suspiro. Havia visto ele, percebi que sua atenção estava em mim o que me atrapalhou chorar. Fiquei triste, pois Sara estava de panelinha e me excluindo com Fabíola. Não podia falar nada que achava que era drama, nas eu percebia que aos poucos minha amizade com ela ia perdendo importância. Isso me magoava muito, me dedico, e nunca obtenha o resultado que desejo.
Dylan, só pensa em garotas. Absolutamente tudo que ele se dedica são a meninas que não acrescentam nada na vida dele. Sinto medo de me abrir com ele e parecer que estou com ciúmes, e ele se afastar. Anjo mundo de escola. Tiquin mudou de sala, não estamos no mesmo nível de proximidade. Milo é mais próximo de Sara e Dylan.
Sinto que, mesmo com tantas pessoas dizendo que são meus amigos, estou sozinha. Não vou ficar me remoendo, não é como se fosse a primeira vez ou última. As pessoas sempre agem por conveniência, independente da era.
- Laila! - Sara me grita e logo ao seu lado vem Fabíola.
Elas são as típicas adolescentes padrões, mesmo que Fabíola seja gordinha como eu, as duas possuem atitudes de patricinhas. Gostam de coisas delicadas, eu acabo ficando de lado. Por que ninguém me pergunta se eu estou bem, para eles eu sempre sou assim. Uma garota ríspida e fútil, bruta. Sendo que eu apenas cansei de tentar me expressar e continuar no mesmo lugar. Sempre espero e sou abandonada.
Quando isso vai acabar? A sua menina está tão cansada, Deus. Tudo que ela gostaria era que tivesse alguém para abraça-la e ama-la como ela realmente é.
Sem porém, apenas me tomar nos braços e dizer que está ao meu lado. Ignorar o fato de eu ser quebrada dos pés a cabeça, psicológico ferrado, rotina miserável. Um lugar para descansar, chorar sem segurar, uma mão para me puxar da beira do abismo.
Eu não estou suportando mais. Eu não queria descontar neles, mas, eu não sei o que fazer. Ninguém pode me ajudar ou pensa em fazer. Só querem-me quando precisam de algo. Eu também tenho sentimentos, eu também amo, eu também tenho desejos infantis. O problema é que eu não posso me permitir ser quem eu sou. Meu eu verdadeiro é fraco demais para esse mundo cruel, e se eu não cuidar para que a minha menininha interior deixe se sofrer, que o fará?
A voz de Sara está distante. Tudo que eu queria agora era uma abraço. A verdade é que eu não sou ignorante, eu sou mimada, é diferente. Não sei como expressar.
Minhas mãos treme, minha respiração se limita, meu corpo desfalece. Escuto as vozes desesperadas, estou tendo uma crise de ansiedade...
Enfermaria
- Ela está melhor. - ouço a enfermeira falar e as meninas aliviarem. - Já pensou em voltar os remédios? - eu nego.
Não desejo voltar ao mundo de ficar dopada o tempo todo, perdi 2 anos de memórias por causa de remédios anti-depressivos. Está quase na hora de ir embora, eu tenho treino e o almoço com o tio de Dylan.
Levanto da maca. E logo sou interrompida.
- Repouso gatinha. - a enfermeira diz.
- Mas... Eu tenho compromissos.
- Eles vêem até você. Já avisei seu amigo.
O que será que ela quis dizer que vêem até mim?
Vejo o garoto que brigou com Dylan entrar com o nariz sangrando e logo atrás Dylan com as mãos feridas. Meu chão desaba ali, e me levanto bruscamente indo aos loiro e avaliando seu estado.
- Está parecendo minha mãe. - ele diz sorrindo e meu olhos lacrimejam.
- Cara, olha o que tu tá fazendo da tua vida por mina piranha, mano! - digo passando a mão na minha cabeça tentando não chorar. Esse garoto ainda vai me matar de preocupação. - Porra, Dylan! - ele abaixa a cabeça arrependido.
- Tem namorada e fica mexendo com a dos outros? Eu sei que ela é feia-
Dylan o interrompe com um soco. Sobe em cima do garoto e a enfermeira entra em desespero e vai chamar os professores, eu só sabia gritar Dylan mandando-o sair de cima do moleque.
Sinto meu corpo abraçado, é meu olhos são tampados. E escuto uma voz rouca e máscula gritar Dylan. Enquanto uma doce voz feminina, ecoa em meu ouvindo me pedindo calma.
- Ficou louco? - reconheço a voz. É o tio de Dylan, parece estar muito bravo.
A voz que primeiro soou em meu ouvindo está manhã, ela calma e calorosa, o tom frívolo e furioso fez com que meus ossos gelarem.
- Ele veio falar merda da Laila, feia é a prostituta que ele come. Não fala da minha menina! - escuto um grunhido parece que ele golpeou o menino novamente. - Está vendo aquela ali!? Ela vale bem mais que a puta da tua marmita, ter um rosto bonito não vale de nada se não tem caráter. Fora que a garota mais bonita dessa escola aos meus olhos, a única que não tenho dignidade o suficiente para poder comer.
- Dylan, entendo sua intenção. Mesmo assim, menos. - escuto a mulher. A voz carregada de asco, pelas palavras de meu amigo.
- Só assim para ele entender, tia. - diz convencido de sua linguagem nada legal.
Solto-me e olho para mulher, que me dá um sorriso tão belo e carinhoso.
- Está bem, princesa? - assenti com vergonha. Ela é linda. - Coisa gostosa! - ela me aperta em um abraço.
Como eu estava precisando disso... Ué? Vou perder a consciência de novo?
Não posso, tenho que saber mais sobre a moça bonita. Desfrutar de seu abraço, ver como estar o garoto e Dylan. Convencer o senhor Alexandre chamar o pai de Dylan.
São tantas coisas... Não posso me dar o luxo de colapsar novamente.
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