...Sete de dezembro de dois mil e cinco....
A família Becker saiu de férias como todo ano, levando seus filhos Brian de nove anos e Ana Clara de 5 para as montanhas, seus pais fazem isso como forma de ter um tempo em família longe de estresse, tecnologia e trabalho em excesso, mas o que ninguém esperava era que esse ano uma grande tragédia pudesse mudar completamente o rumo da história dessa família .
Chegando as montanhas , Matias e Pandora vão levar as malas para dentro , enquanto Brian e Ana Clara aproveitam o tempo livre para brincar na neve, eles tentam fazer o maior boneco que conseguem , Brian disse que ele será um monstro que protegerá a casa, mas Ana Clara quer que ele seja fofinho para que não assuste os bichinhos da floresta, ela sempre gostou muito de animais, independente de qual seja, um cachorro gato, passarinho, borboleta até mesmo dos insetos que muitos achariam nojentos.
Mesmo tão pequena ela sempre dizia que todos tinham o mesmo direito de viver livremente, ela dizia a seus pais que seria uma médica, para cuidar dos bichinhos feridos , depois de montar o boneco, seu irmão decidi que precisam de outra coisa para fazer o nariz do boneco, Ana Clara da a ideia de pegar uma cenoura assim como ela via na tv , e seu irmão concorda, entrando para pedir a seus pais uma cenoura, Ana Clara fica no quintal ajeitando os galinhos que usaram para os braços do desajeitado boneco, é quando ela escuta um choramingar vindo da floresta onde sua mãe disse a ela para não entrar.
Mas para uma criança de 5 anos um simples aviso não supera a sua curiosidade, ela caminha com um pouco de dificuldade entre a neve que já se acumula no chão, na entrada da floresta ela vê o que a seus olhos parece um pequeno cachorrinho , ele está com a pata sangrando quando ela tenta se aproximar o mesmo começa a rosnar, ela se assusta na hora, mas depois tenta novamente se aproximar do pequeno cachorro.
Ana Clara
— Calma cachorrinho, eu não vou te machucar.
Quando Ana Clara dá um passo na direção do cachorrinho ele se afasta rosnando, mas com a dor ele finalmente cede deixando ela se aproximar, Ana Clara passa a mão no topo de sua cabeça o suposto cachorrinho que já é maior do que ela, com a dor se encolhe, é quando ela olha para a patinha dele tentando descobrir onde o machucado esta.
Mas no momento em que ela toca o suposto cachorro se irrita e acaba arranhando o ombro de Ana Clara com muita força, suas garras afiadas cortam com bastante facilidade o braço da menina que começa a chorar, com os gritos seu irmão e seus pais saem da casa correndo em direção a menina que está jogada na neve que começa a se manchar de sangue.
Desesperados os pais colocam a menina e o seu irmão no carro e vão a caminho do hospital que fica cerca de 8 km da cabana onde eles passam as férias, a menina não para de sangrar o que deixa seus pais principalmente a sua mãe muito nervosa que é segura no colo com bastante força pressionando o ferimento.
Em um dia qualquer seria um trajeto de 15 minutos no máximo, mas com as estradas cheias de Neve e o carro derrapando seu pai precisa andar com cautela e leva quase meia hora para chegar ao hospital, chegando a emergência com a menina nos braços eles correm em direção a uma maca gritando pela ajuda de um médico que chega rapidamente quando veem a profundidade dos cortes diz que a menina precisa ir para o centro cirúrgico a ferida precisa ser limpa e fechada , seus pais assustados tentam acompanhar a menina, mas são barrados.
Médico
— Vocês precisam ficar aqui sua filha está em boas mãos logo voltaremos com notícias.
Pandora
— Não, minha bebê como deixamos isso acontecer ?
Matias
— Calma querida , nossa menina é forte ela vai ficar bem .
Pandora
— Ela estava sangrando tanto, ela é tão pequena.
Brian
— É minha culpa, é minha culpa mamãe.
Pandora se abaixa ficando no nível de o seu filho e abraça o menino que não para de chorar gritando que a culpa é dele.
Pandora
— Não querido, a culpa não é sua, não chore tudo bem? Seu pai tem razão e sua irmã vai ficar bem.
Matias
— Em breve o médico vai voltar aqui e dizer que sua irmãzinha está bem e vamos voltar para casa e tudo isso não vai passar de um susto tudo bem meu filho?
Depois de conseguir acalmar um pouco o menino, seus pais se sentam esperando que o médico volte com notícias mesmo que assustados eles têm a esperança de que tudo corra bem, meia hora depois o médico volta trazendo em uma pequena sacolinha um pequeno objeto.
Médico
— Boa noite são os pais da paciente que acabou de entrar com os ferimentos no braço não é mesmo??
Pandora se levantar rapidamente e vai em direção ao médico.
— Somos nós, por favor, me diga como está a minha filha ela está bem não é mesmo?
Matias
— POR FAVOR DOUTOR DIZ QUE JÁ PODEMOS VER A NOSSA FILHA?
Médico
— Já suturamos o braço da sua filha isso foi retirado de dentro do ferimento, parece a garra de um lobo posso lhe dizer que se sua filha foi atacada por um, ela teve muita sorte um pouco mais acima e ela estaria morta.
Pandora leva a mão na boca perdendo a força nas pernas seu marido a segura apoiando para que ela permaneça de pé.
Médico
— Sua filha ainda está sedada, mas já foi levada para o quarto vocês podem ficar com ela, mas recomendo que um de vocês volte para casa aquele ali na cadeira cochilando é filho de vocês não é mesmo?
Com a preocupação com Ana Clara eles nem perceberam que Brian havia dormido sentado na cadeira, Matias pega seu filho no colo e eles vão em direção ao quarto o médico entregou a pequena garra aos pais da menina e ele a guarda no bolso.
Quando chegam no quarto Ana Clara está deitada tão quietinha como se estivesse dormindo, mas seu rosto está um pouco pálido o que deixa sua mãe muito nervosa, então ela se aproxima da cama de toca o rosto de sua filha gentilmente , beija sua testa e as lágrimas rolam por seu rosto.
Pandora
— Minha bebê, eu deveria ter protegido você , perdoa a mamãe, prometo que não deixarei mais ninguém te machucar .
Pandora não sai do lado da sua filha nem por um segundo sequer, Matias se sentou na cadeira já que o seu filho estava começando a ficar pesado no colo, as horas se passam, e durante a noite inteira e a madrugada alguns médicos vem até o quarto ver como a menina está, o dia já está amanhecendo quando Matias diz a Pandora que vai até a cabana porque o Brian precisa descansar e tomar um café da manhã decente para uma criança.
Pandora
— Tudo bem, leve ele para casa e cuide dele, eu vou ficar aqui com a nossa filha e quando ela ganhar alta eu te ligo para que venha nos buscar.
Matias
— Tem certeza ? Você parece esgotada Pandora , posso deixar você e o Brian em casa , e voltar para ficar com a Clarinha.
Pandora
— Não vou sair de perto dela agora Matias , não me peça para fazer isso, nossa menina quase morreu.
Matias
— Eu sei , me desculpa , eu não vou te pedir para sair de perto dela, eu só estou preocupado , quero que se cuide também querida , nossa menina vai ficar bem e vai precisar de você bem quando ela acordar .
Pandora
— Eu sei, estou bem, vai descansar um pouco e cuidar do nosso filho , nos vemos mais tarde .
Matias dá um beijo em sua esposa e outro em sua filha e vai em direção a saída , para levar seu filho a cabana , assim o menino pode descansar corretamente , e ele também para que depois ele volte ao hospital buscar sua esposa e sua filha, após chegar e colocar o seu filho na cama, Matias vai preparar algo para comer e para que seu filho coma também, Matias leva a mão no bolso onde ele guardou a garra entregue a ele pelo médico.
Ele olha aquele pequena garra que poderia ter matado a sua filha, justo ela que sempre foi a defensora dos animais sempre cuidava deles com tanto carinho quase foi morta por um, aquilo o deixava furioso, mas também muito triste pela sua filha , porque era possível ver no olhar dela o amor que a pequena tinha por qualquer animalzinho que ela encontrasse.
Ele segura aquela pequena garra na mão e aperta com força , depois vai em direção ao seu quarto onde guarda o mesmo sem nem saber o motivo, depois vai em direção ao banheiro tomar um banho e tentar descansar um pouco. No hospital Ana Clara começa a despertar e sua mãe estava cochilando a seu lado.
Ana Clara
— Mamãe?
Ao escutar a voz de sua filha, Pandora desperta rapidamente , com os olhos cheios de lágrimas novamente .
Pandora
— Querida ? Você está bem ? Graças a Deus você acordou , está sentindo dor ?
Ana Clara
— HUNRUM .
Pandora
— Espera aqui eu vou chamar o doutor tudo bem ? Não se mexe !
Pandora chega na porta e grita por uma enfermeira ou um médico , e ele vem correndo ver o que estava acontecendo , quando o médico chega e vê a menina acordada ele sorri .
Médico
— Oi , como você está pequena ?
Ana Clara
— Eu estou bem.
Médico
— Que bom , em breve uma enfermeira virá limpar o ferimento e fazer a troca do curativo e ela poderá tomar um banho antes disso se quiser.
Pandora
— Sim doutor, mas ela está sentindo dor! E o banho não pode prejudicar o ferimento ??
Médico
— É só evitar molhar demais o ferimento e ela não está sentindo dor por que o soro dela está com medicação e logo volto para prescrever a medicação que poderá dar ela em casa .
Pandora
— Então ela já terá alta ?
Médico
— Sim, até daqui a pouco pequena.
O médico sai e Pandora vai até sua filha a ajudando a se levantar para dar um banho nela , mas é um pouco difícil levar Ana Clara no colo com o soro, mas por sorte uma enfermeira chega e a ajuda, dão banho na menina com bastante cuidado e quando voltam para o quarto a menina é colocada na cama e quando a enfermeira começa a remover o esparadrapo Ana Clara começa a chorar e a mãe pede que a enfermeira pare .
Pandora
— Pare , não vê que está machucando ela ?
Enfermeira
— Sei que dói , mas preciso remover para fazer a troca do curativo não queremos que inflame .
Pandora
— Me dê as luvas , eu mesmo removo, você não é nenhum pouco delicada .
A pequena soluça , a mãe começa a remover as fitas e quando termina é sua mãe que chora ao ver os cortes suturados no ombro de sua filha , quase em seu pescoço , a enfermeira afasta a mãe e limpa o ferimento e fez outro curativo, depois de algum tempo o médico volta com a receita dos remédios , e explica sobre os cuidados com o ferimento dizendo que permitirá que eles voltem para casa já que Ana Clara é tão pequena fica no hospital não seria bom para ela.
Pandora então pega o celular e liga para seu esposo e diz que ele pode ir buscar ela e a Ana Clara assim que possível , seu esposo que estava descansando se levanta as pressas ao ouvir e fica bem feliz ao saber que sua filha poderá voltar para casa, mas as surpresas não param por aí e não é tão boa quanto ele pensa , quando ele se levanta e vai chamar por Brian não o encontra no quarto, o menino acordou antes do pai que procura por ele pela cabana, mas quando abre a porta da frente, vê pegadas pequenas indo em direção a floresta .
Matias
— Não... não! Brian ? Brian ? Volte aqui agora , Brian ?
Mas ele não obtém resposta , pega o seu casaco e corre em direção a floresta gritando pelo filho.
O menino se sentia culpado pelo que tinha acontecido a sua irmã, então ele queria achar o animal que a feriu, Brian achou que assim sua irmã melhoraria mais rápido , ele pegou uma faca na cozinha e uma lanterna e foi atrás do animal, a neve ainda estava fofa em algumas partes então ele tinha um pouco de dificuldade, mas para uma criança de 9 anos a floresta pode parecer um grande e assustador labirinto, ele começou a andar e quando a noite caiu ele fica completamente perdido, nem mesmo as suas pegadas ele consegue encontrar ja que nevou o dia todo e não a mais a luz do dia para auxiliá-lo.
Matias continua andando pelo lugar e gritando pelo seu filho, como a neve caiu durante todo o dia as pegadas dele se perderam, ele precisa ir buscar a sua esposa, mas antes precisa encontrar o menino, só que com a noite e a neve se torna completamente impossível , é quando ele escuta um uivo muito alto e depois outros uivos mais baixos seguindo aqueles , só que ainda sim assustadores , ele grita ainda mais alto pelo seu filho seu peito se aperta pelo ar frio e pelo medo dos lobos chegarem no menino antes dele .
No hospital cansada de esperar e um pouco irritada Pandora chama um táxi para levar a sua filha para casa, quando elas chegam a cabana a porta está aberta, ela chama por Matias e Brian, mas não tem resposta.
Ela pensa então que eles se desencontraram e tenta ligar para o seu marido, o telefone dele está dando fora da área de cobertura, ela então leva a sua filha até o quarto e decide preparar o jantar, pensando que se o Matias foi buscar ela e a Ana Clara no hospital chegando lá ele descobriria que elas já saíram e voltaria para cabana, só que as horas vão passando e nada dos dois voltarem então Pandora começa a ficar bem preocupada.
Ela serve o jantar para sua filha coloca o seu casaco e fica do lado de fora esperando o seu marido chegar, está muito frio, mesmo com um casaco muito grosso ela ainda treme seu rosto arde pelo vento frio , é quando ela escuta movimentação vindo da floresta ela fica assustada e está prestes a entrar,
mas então ela vê alguém caindo e ela corre até lá , seu marido está com os lábios arrochados e tremendo muito por ter andado na floresta como toda aquela neve .
Pandora
— Matias ? O que estava fazendo na floresta ? Onde está o Brian ?
Matias
— Eu o procurei, eu não vi ...
Pandora
— O que ? Cadê meu filho Matias ?
Ele diz batendo o queixo, Pandora se levanta rapidamente indo em direção a floresta gritando .
— Brian? Brian ?
Matias
— Não , Pandora , volta aqui é perigoso .
Matias tenta se levantar e parar a sua esposa, mas ele não consegue, ela rapidamente entrou na floresta e ele estava se sentindo fraco seus pulmões chegavam arder pelo ar frio, ele precisa ir atrás de Pandora, mas também precisa chamar uma equipe de resgate o mais rápido possível afinal estava muito frio e o seu filho era muito novo não saberia se virar na floresta sozinho ainda mais com lobos.
Ele então entra quase se arrastando e faz a ligação para o resgate, a Pandora entrou correndo na floresta sem ao menos esperar, óbvio que uma mãe preocupada agiria sem pensar e ele queria ir atrás e ajudar , mas ele não podia simplesmente largar Ana Clara sozinha em casa e ir atrás dos dois, mesmo que tudo nele gritasse para fazer isso , ir atrás dos dois naquele exato segundo largando uma criança de 5 anos machucada sozinha , era impossível.
Matias
— Vocês precisam vir o mais rápido possível o meu filho só tem 9 anos está muito frio e tem lobos na floresta , e a minha esposa entrou agora para ir atrás dele, e eu não posso fazer o mesmo porque tenho uma filha de apenas 4 anos que acabou de ganhar alta do hospital.
A equipe de resgate responde dizendo que estaria ali o mais rápido possível e que mais ninguém entrasse na floresta , para não dificultar a busca, Matias confirma, Só que mais uma vez enfatiza a importância deles chegarem o mais rápido possível, os gritos de Ana Clara chamando por sua mãe ecoam pela casa, Matias vai até o quarto e diz que sua mãe saiu , mas que voltaria logo..
Ana Clara
— Onde está o Brian papai ?
Matias com os olhos cheios de lágrimas, olha para sua filha que foi ferida anteriormente pelo lobo e agora o seu filho estava na floresta sozinho , sua esposa havia entrado também na floresta sem nada para se defender nem mesmo uma lanterna, seu coração angustiado com medo de que algo pudesse acontecer com os dois e ele ali sem poder fazer nada e tendo que mentir para sua filha .
Matias
— O seu irmão está bem ele está no quarto dele dormindo , você também precisa descansar querida para se recuperar, assim que sua mãe chegar ela vira aqui no quarto tudo bem?
Matias limpa o rosto e funga.
Ana Clara
— Por que está chorando papai ?
Matias
— Não é nada querida o papai só está com um pouco de frio, você precisa ficar aqui quietinha tudo bem? Não saia do quarto, pode fazer isso para o papai?
Ana Clara confirma, mas ainda não está entendendo o que está acontecendo , Por que o seu pai estava chorando e por que não queria que ela saísse do quarto? Mas ela faz o que foi pedido pois sua desobediência fez ela se machucar antes , e seu pai vai em direção à porta esperando a equipe de resgate chegar, a ansiedade e o medo estampado em sua face, na floresta Pandora andava sem direção gritando pelo seu filho, mas não obteve nenhuma resposta, até que ela tropeça em um galho seco e acaba caindo e encontra o cachecol de Brian que estava com as pontas sujas de sangue o desespero se instala em seu peito como se ela nem mesmo conseguisse respirar.
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