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APOSTANDO EM NÓS Vol. 2

1

Entrar naquele ônibus me pareceu a escolha errada desde o momento em que James retirou as malas da Elisa do bagageiro do seu carro.

Girei os meus calcanhares e encostei o violão no portão do Colégio, começando a andar para o lado oposto.

Eu ia embora, pois eu acabei de ter uma prévia do que aconteceria durante toda aquela viagem, Elisa e James estavam juntos, ela havia optado ficar com ele que fez a escola inteira acreditar que ela sabia como usar um halls durante o sexo oral, a me ouvir, não que houvesse grande diferença entre nós dois... Se é que havia alguma.

— Dani, onde você vai?!

— Embora.

Respondi controlando meu nervosismo.

— Não vai, não!

Carlos segurou o meu braço, tentando me puxar de volta, o empurrei sem muito esforço e olhei para ele de maneira que parecesse ameaçador.

— Eu vou.

— Você quer parar de ser chato?

O seu tom de voz me fez respirar fundo

— Você vai embora e vai mostrar para ela que ela conseguiu o que queria?

— Eu mereço, não é como se ela estivesse errada!

Olhei para o lado, tentando esconder do meu amigo as lágrimas que tentavam a todo custo umedecer meus olhos.

— Dani, você já tem se auto castigado por muito tempo, vê se relaxa!

Disse Carlos, agora de maneira mais calma.

— É sério, você tem sofrido tanto, e para quê? Para Elisa chegar aqui, pisar em você e te afundar ainda mais? Se ela fosse tão madura quanto ela diz ser, veria que está sendo ridícula.

Respirei fundo e coloquei as minhas mãos nos bolsos da calça jeans.

— Vocês vão ou não rapaz?

— Eu vou.

Miguel gritou ainda me olhando, depois virou-se e começou a fazer o seu caminho.

Olhei para o ônibus e novamente para meus amigos, Miguel e Maurício olhavam de mim para Carlos, que deu de ombros e entrou na fila.

Os três tornaram a me olhar com aquela cara de decepção, estávamos esperando por aquela viagem desde o ano passado, planejamos tantas coisas e agora eu iria dar para trás por uma garota? Não, eu não faria isso com os meus amigos e também não deixaria James levar essa vitória para casa.

Se ele queria Elisa pra si, ele teria que disputar comigo, e eu sei que tenho pontos a mais... Sempre tive.

Corri em direção à eles que logo começaram a comemorar, sorri sem jeito e peguei o violão, ajeitando a alça no meu ombro, eu devolveria assim que tivesse a oportunidade.

Entramos no ônibus e fomos logo caminhando para o fundo, como de costume.

Deixei a minha mochila e o violão no compartimento acima das poltronas e me sentei ao lado de Carlos, Miguel e Maurício à nossa frente, Mônica e Camila ao nosso lado, e atrás delas, James e Elisa.

Fingi não vê-los continuei a olhar pela janela onde Miguel e Maurício gritavam e batiam na lataria para acelerar a viagem.

— Cara, você vai ficar assim?

Carlos resmungou e eu suspirei alto, sem abrir os olhos.

— Você sabe que eu não queria ter vindo desde o início.

Murmurei entredentes, sem me mover.

— E eu prometi à sua mãe que não deixaria você acabar com a sua vida por causa de uma garota.

Respondeu ele, bufei e abri os olhos devagar.

— Cara, você não vai deixá-la estragar a sua viagem.

Sussurrou, certificando-se de que eles não iriam escutar.

— Eles não vão estragar nada, está estragada desde que se tornou a minha viagem.

2

Tornei a fechar os meus olhos, só queria acordar na minha cama e descobrir que perdi o ônibus.

— Para, James.

Ouvi a sua de Elisa voz murmurar, abri os meus olhos lentamente, encarando o banco à minha frente.

— Para, aqui não.

Trinquei os meus dentes e aos poucos fui cerrando os meus punhos.

— É sério, James.

Peguei o meu celular e coloquei os meus fones nos meus ouvidos, vasculhei um pouco as pastas e deixei à música tocar no máximo que os meus ouvidos aguentariam e voltei a fechar os meus olhos.

Não podia ser que Elisa estivesse realmente com ele, era inacreditável para mim, ela mesma me disse que não o suportava, então o que estava fazendo ao lado dele? Com aquelas roupas e aquela expressão arrogante?

Ela ainda seria a doce e ingênua Elisa se eu não tivesse me metido na sua vida e fodido com tudo, parabéns para mim, o Óscar de otário do ano vai para: Daniel Olivares.

— Dani...

Abri os olhos sem vontade, percebi que estive dormindo nas últimas horas.

— Vamos descer.

Carlos disse em pé no corredor, notei que o ônibus reduzindo a velocidade enquanto direcionava-se ao posto.

— Vamos aproveitar para ir ao banheiro!

Enquanto ríamos e nos levantávamos, olhei uma vez pra trás, Elisa desviou os seus olhos rapidamente e eu voltei a seguir os garotos para fora.

Entrei em uma das cabines do banheiro e por um momento cogitei a ideia de ficar lá, eu poderia deixar que eles me esquecessem, então eu ligaria pra a minha mãe, ocultaria a parte de que eu armei tudo e voltaria pra a minha casa sem me sentir tão culpado por não ter ido com os caras, mas Carlos tocou insistentemente até eu sair.

Elisa e James estavam sentados num banco do lado de fora enquanto ele falava sem parar, ela parecia nem mesmo escutá-lo, disperça a tudo, até mesmo à fumaça do cigarro dele, que fazia caminho direto ao rosto dela, respirei fundo controlando a minha raiva.

Elisa pareceu me reconhecer de alguma forma, então ergueu ligeiramente o seu rosto, os nossos olhares se cruzaram e o meu coração esteve novamente vivo, eu não o sentia daquela maneira há pelo menos três semanas.

Mas como se eu fosse algum tipo de conteúdo impróprio, ela virou-se rapidamente olhando para os próprios pés.

Mal entramos na lanchonete e Maurício nos avisou com todo o entusiasmo que havia conseguido "batizar" duas garrafas de refrigerante com vodka, e que estava voltando para o ônibus. 

"Mais 2 horas de viagem, 2 horas pra ficar bêbado e nem ver o tempo passar", pensei quando entornei o meu primeiro copo, mas 7 copos depois e nada havia acontecido, nada além de um pouco de moleza nas pernas e dormência dos lábios.

Eu havia bebido muito mais que meus amigos, e eles estavam passeando pelo ônibus, contando piadas sem sentido e rindo histéricamente. Qual o meu problema afinal? Minha visão nem mesmo estava turva, até dei uma volta pelo ônibus pra quem sabe a porra do álcool se alastrar, mas certamente havia uma praga muito forte sobre mim.

3

O ônibus em que estávamos foi estacionado logo ao lado de outro, num gramado enorme, também haviam alguns carros.

Chacoalhei os meus amigos por alguns minutos até fazê-los levantar e caminhar pra fora do ônibus, completamente bêbados.

O nosso professor começou a fazer a chamada separando em duas filas, ele junto com a nossa outra professora era responsáveis por todos os alunos durante a nossa estadia no resort.

Eu ainda não vi Paloma, até o seu nome ser chamado, eu não sabia qual seria minha reação ao vê-la novamente depois daquela noite, mas não foi diferente, os meus músculos se contraíram junto aos meus punhos, cerrados.

Os professores nos explicava que cada apartamento tinha 2 quartos, e suportava quatro pessoas, ficou decidido assim, mulheres com mulheres, homens com homens.

Olhei para meus amigos que nem mesmo sabiam do que eles estavam falando, então fiz o meu papel de amigo e coloquei Miguel, Maurício e Carlos no mesmo apartamento que eu.

Por um momento me questionei com quem Elisa ficaria, ela não tinha amigas na escola, virei o meu rosto pra trás e a vi caminhar ao lado de Paloma, Camila e Mônica.

Um dos funcionários nos guiou até a porta do nosso apartamento, assim que o mesmo empurrou as malas pra dentro ele me entregou a chave e se despediu de nós.

— Isso é o que eu chamo de paraíso.

Concordei silenciosamente com o meu amigo Miguel, enquanto Carlos subiu correndo para escolher a sua cama enquanto Maurício procurava algo entre as malas.

Miguel já havia sentado na cadeira de balanço, ouvimos um grito de Carlos, rapidamente nos direcionamos para o andar superior, não antes de ter crises de riso por conta do escorregão de Miguel.

Motivo do grito era que havia apenas uma cama de casal em cada quarto.

— E agora?

Miguel perguntou com a expressão apavorada, o olhei de lado e comecei a rir.

— Calma, ainda temos sofás, podemos revezar.

Dei de ombros.

— Boa ideia!

Eu fiquei com o sofá na primeira noite e Maurício também, os sofás me pareciam confortáveis, e estaríamos cansados o suficiente caso não fosse.

Eu queria dormir o resto da manhã, mas Miguel só faltava chorar pra irmos comer e aproveitar o sol.

Trocamos as nossas roupas por uma de tecido mais leve, assim que saímos do nosso apartamento pude ver James sair do apartamento ao lado com Mateus, Vinicius e Luís.

James acenou com um sorriso irônico, fingi não vê-lo, apenas coloquei o meu óculos de sol e segui os meus amigos para o lado oposto.

Entre brincadeiras e crises de risos conseguimos chegar onde seria servido o café da manhã, almoço e café da tarde.

— Bom dia, alunos.

Disse o professor num microfone, ao que parecia, improvisado.

— Como vocês já devem ter ouvido falar, todo o ano fazemos uma gincana que dura a semana toda.

Voltei a atenção para meu prato, igual a todos os outros alunos.

— Nos dividiremos em quatro grupo, a divisão e a primeira tarefa será dita hoje, às seis horas, no quiosque entre os apartamentos onde vocês estão hospedados.

Suspirei remexendo na minha comida com o garfo.

— Alguma pergunta?

Vi Maurício se manifestar.

— Diga, Maurício.

— Podemos descer na praia?

— Claro que sim, cuidado para não se perder.

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