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Um Grande Mal Entendido

Engano

Uma viagem pode mudar para sempre a vida de alguém. Tudo o que uma pessoa nunca imaginou passar um dia, pode acontecer sem ela receber nem mesmo um pequeno sinal.

Uma mentira pode custar mais caro do que alguém possa pensar. Na hora, parece uma boa ideia, mas o preço pago por ela pode ser alto demais.

O amor desperta no coração sem pedir licença ou explicação. Esse sentimento forte e poderoso controla sua vida e ações, mudando destinos, enchendo a alma de esperança.

1

Meu nome é Isabela Magalhães, nasci em Itacaré, uma cidade no interior da Bahia onde morei a vida toda. Amo suas praias, a tranquilidade, a natureza exuberante e bem preservada, gosto muito da comida, do sol o ano todo. Sempre cheia de turistas é frequentada desde os anos 80 por surfistas profissionais e amadores.

Nunca viajei para fora do estado como vou fazer agora. Essa novidade se deve a minha melhor amiga Elisa Mota, que hoje, é apresentadora de um programa de variedades numa famosa emissora de TV.

Eu e ela crescemos juntas, éramos vizinhas, cursamos mesma escola, vivíamos grudadas uma na outra.

Quando completamos dezenove anos, ela decidiu ir embora de Itacaré, tentar fazer a vida no Rio de Janeiro. O destino foi a seu favor, em seis anos ficou conhecida nacionalmente, com uma gorda conta bancária.

O dinheiro e fama não fizeram sua cabeça, ela continuou a ser a mesma Elisa de sempre.

Com a ajuda da tecnologia continuamos em contato, nos víamos uma vez por ano quando ela aparecia na cidade para visitar alguns parentes e nos encontrar pessoalmente.

Foi em uma dessas ocasiões que lhe contei sobre meu grande desejo de conhecer o ambiente e tudo o que envolve uma emissora de TV. Queria ver por trás das câmeras, entender o que acontecia nos bastidores.

Ela prontamente me convidou para passar alguns dias na sua casa no Rio de Janeiro. Prometeu me levar pessoalmente para conhecer a empresa na qual estava trabalhando, a ZNA, emissora muito antiga e famosa.

Fiquei radiante, minha vontade foi de ir correndo,mas, por conta do meu trabalho não pude ceder ao meu desejo. Eu era gerente numa pousada. Ganhava bem, mas, como pagava aluguel estava sempre economizando para não passar aperto.

Elisa pediu para eu ir nas minhas férias que seriam no mês de outrubro, logo concordei. Era maio, fiquei ansiosa esperando os sete meses passar rápido.

Tudo mudou quando Danilo, filho do dono do lugar, começou a me assediar de uma forma vil e abusada. Fui relevando as cantadas baixas, as palavras de duplo sentido, os sorrisos maliciosos. Um dia não aguentei, estava de TPM, dei o maior soco no nariz dele. Ele sangrou na hora, parecia um porco, sinto nojo só de me lembrar.

Errada eu não estava, ele agiu contra a lei do assédio no trabalho, mas, sabe como é, cidade pequena, eu sendo pobre, a corda arrebenta para o lado mais fraco. Foi O que aconteceu.

Fui mandada embora por justa causa. Precisei entregar a casa onde morava porque sem emprego não conseguiria pagar o aluguel. Voltei a morar com os meus pais, isso me chateou muito, fiquei deprimida. Meus familiares são ótimos, mas, quando saí da casa deles esperava continuar independente, cuidando da minha própria vida.

Me frustrou retroceder na minha decisão de me virar sozinha.

Coloquei currículos em vários locais, procurei diferentes empregos fora da minha área, nada. O tempo ia passando, eu sendo sustentada pelos meus pais, estava aflita com isso, impaciente.

Ao conversar com a Elisa pelo celular, me intimou a fazer uma viagem com ela, não para o Rio de Janeiro como combinamos antes, mas, para São Paulo.

Fiquei surpresa, ela me explicou que foi convidada a participar de uma entrevista numa emissora concorrente a do Rio de Janeiro em que trabalhava, aceitou. Queria expandir suas relações e contatos, visando um futuro mais garantido, promissor. Me levaria junto como sua amiga, disse que eu teria a oportunidade de conhecer o que eu tanto queria, sem precisar esperar outubro chegar.

No início, tive um pouco de receio, a realidade dela e difentente da minha. Estou desempregada, o que economize venho gastando aos poucos com objetos pessoais, não sobrou muita coisa.

Meu temor passou quando ela deixou claro que pagaria todas as despesas, que não precisava me preocupar com nada.

Concordei, precisava mesmo viver coisas diferentes, estaria realizando meu sonho.

Quando me despedi dos meus pais foi um momento doloroso, nunca fiquei distante deles desde que nasci. Meu pai, Breno e minha mãe, Roberta Magalhães me encheram de conselhos. Insistiram para tomar cuidado, que o índice de violência em São Paulo é absurdo. Entendo o medo deles, na TV só mostra assassinatos, sequestros, estupros, etc. Me fizeram prometer que manteria contato.

Meu irmão Rafael e minha irmã Renata se emocionaram com minha partida. Meu coração ficou apertado quando nos abracamos.

Não deixei que me acompanhassem até Ilhéus, que fica a 75 km de São Paulo onde vou embarcar, para evitar mais lágrimas. Um enorme medo de nunca mais voltar a ve-los, passou pela minha cabeça, me arrepiei toda.

Entao, hoje dia 27 de julho de 2025 estou entrando no aeroporto, feliz, nervosa. Sinto que essa pode ser a oportunidade que precisava para mudar minha vida.

Respiro fundo, sigo rumo a fila de embarque pedindo a Deus que me proteja de qualquer contratempo.

A viagem é tranquila, quando chego, o motorista particular da Elisa me espera no aeroporto de Guarulhos. Seguimos para o hotel onde vou enconta-la.

_________//_________//__________

No dia do seu compromisso, tomamos café cedo, ela precisava estar lá ao meio dia. Passaria a manhã se arrumando, enquanto ela estivesse na entrevista, eu faria um tour pelo local para conhecer tudo.

Ela me deu um vestido para vestir lindo. Ele é de textura leve, azul clarinho, tem alças finas, marca minha cintura, sua saia chega aos meus pés. Fica visível que a peça é exclusiva, deve ter custado caro. Aceitei o presente. Uso uma sandália sem salto, branca, tem tiras delicadas, a marca é boa, comprei numa liquidação. Escolhi uma bolsa cinza de couro cru, que ela me deu há alguns anos atrás, sua qualidade é admiravel.

_ Elisa, me sinto muito contente de ir com você conhecer a emissora PLM aqui de São Paulo _ comento sorrindo para minha amiga. Uma profissional faz sua maquiagem, seu cabelo está pronto, impecável.

_ Estou feliz por estamos juntas _ afirma. _ Esperei anos para ter um momento assim, nós duas perto uma da outra de novo. Como nos velhos tempos, lembra?

_ Como poderia esquecer? Somos mais que melhores amigas, você é minha irmã do coração _ me olha sorrindo.

O trajeto até a PLM demora mais de uma hora, vamos com seu motorista particular, tem um segurança ao seu lado no banco da frente. Acho isso muito chique!

Ao chegar lá, me impressiono com a grande movimentação na portaria do prédio. Os portões de ferro estão abertos, pessoas entram e saem usando um cartão eletrônico, passam por uma espécie de catraca. Conto seis porteiros em cada aparelho, mais adiante há outros só monitorando a área. Parecem seguranças, vestidos de roupa preta com uma identificação na altura do peito, usando óculos escuros.

_ Vamos Isabela, precisa aproveitar cada minuto _ Eliza sorri da minha cara de espanto, pega meu braço, me puxa.

Ela não precisa se identificar, todos no país a conhecem, recebemos um crachá, o meu de visitante, entramos.

Andamos menos de trinta metros, aparece um funcionário, reconhece Elisa, pede que ela o siga.

_ Espera! _ ela interrompe o homem. _ Minha amiga quer conhecer os bastidores.

_ Claro, claro _ me olha complacente, afinal a famosa é Eliza, não eu. _ Segue por aquele caminho, entre na porta esquerda, mostra seu crachá. Vão te encaminhar para um grupo com outros visitantes para dar uma volta coletiva pelas dependências daqui.

Olho para onde fala, vejo o lugar que tenho que ir, mesmo assim, fico apreensiva por me afastar da minha amiga.

Sei que parece bobagem, no entanto, Eliza está acostumada, essa agitação toda me deixa completamente perdida, intimidada.

_ Precisamos ir Elisa Mota _ a apressa.

_ Nos encontramos mais tarde Isabela. Aproveite bastante, tira muitas fotos _ me abraça, segue o funcionário.

Respiro fundo, vou para o local indicado me recriminando por estar com medo com se fosse um criancinha.

Acorda Isabela, você é uma mulher de 25 anos, não tem cabimento ficar apreensiva. Zombo mentalmente de mim mesma para me encorajar.

Sigo pelo corredor devagar, olhando tudo em volta impressionada pelo ambiente luxuoso e bonito. As pessoas passam por mim, apressadas de um jeito que nem me notam, com celulares na mão envolvidas por uma vida virtual que quase sempre é fora da realidade. Nos tornamos escravos da tecnologia! Acho que é por isso que o índice de depressão está homérico. É inquietante pensar que dependemos tanto de um simples aparelho. Não largo meu celular nem para ir ao banheiro. Sorrio. Já aconteceu de estar com ele na mão e ficar procurando onde o deixei. Uma loucura, sem dúvida.!

Chegamos num tempo em que, o ser humano dá mais valor as coisas materiais do que aos sentimentos.

Abano a cabeça para me livrar desses devaneios. Quero conhecer a emissora, por esse motivo estou aqui, é o meu momento.

Vou me manter focada nisso para não perder nenhum detalhe.

Distraída, esbarro em alguém.

_ Desculpe _ peço para uma mulher alta, de cabelos pretos, curtos com corte sofisticado. Linda! Olho, admiro seu belo conjunto de roupa combinando perfeitamente com sua maquiagem.

_ Não foi nada _ Me sorri simpática, olha para meu crachá _ Você é a Isabella?

_ Sim _ devolvo o sorriso, essa morena deve ser uma das responsáveis para fazer o tuor por aqui.

_ Estava lhe esperando, me chamo Ângela Torres. Vamos! Vou te levar para conhecer um lugar especial _ abre mais seu sorriso, me sinto acolhida.

_ Claro, vamos sim _ concordo seguindo ao seu lado indo no sentido oposto a porta que o rapaz me pediu para entrar.

Agora que a encontro, fico tranquila, pelo que o rapaz me falou, o passeio seria coletivo, mas, pelo jeito ela vai me acompanhar o tempo todo. Não deixará que me perca ou que deixe de ver coisas interessantes.

Tudo passa a acontecer muito rápido. Ângela segue apressada na frente, me esforço para alcança-la, as pernas dela são maiores que as minhas.

Sobe num carrinho de apoio, me chama para sentar junto com ela. Faço isso. Um jovem rapaz, uniformizado com a logomarca da empresa, funciona o mini automóvel.

Seguimos comigo calada, não tenho palavras para descrever a emoção que sinto. Solto um longo suspiro assombrada pelo tamanho desse lugar.

Passamos por muitas pessoas, vejo artistas famosos, apressados. Não me controlo, balanço a mãos em cumprimentos, eufórica. Alguns respondem, outros nem me notam. Ângela ri alegre pelo meu comportamento.

Ficamos dando voltas, estranho que ela não me apresenta um lugar sequer. Não deixou específico para onde está me levando. Seguimos sem parar, percebo que pelo tempo que passou, estamos longe da entrada. Que chato! Assim, não vou ver nada direito.

Continuamos por um corredor de prédios de ambos os lados, paramos no final, de frente a porta de um é difícil gigante.

Graças a Deus parece que chegamos!

Descemos do carrinho, ela agradece o rapaz que em seguida retorma rapidamente, se afastando.

_ Vamos? _ me olha, aceno com a cabeça concordando, a acompanho.

Entramos, olho em volta, parece uma recepção de consultórios.

_ Me aguarde aqui Isabella _ diz, observo ela passar por uma porta lateral.

Fico sem saber o que fazer, pessoas estão sentadas trabalhando nos computadores, não me dão um pingo de atenção. Mesmo assim, dou um boa tarde geral, minha mãe me deu educação, justifico mentalmente. Apenas duas me respondem, me sento numa cadeira preta próxima para ficar aguardando. Não tenho escolha, andamos bastante, nem tenho ideia de onde estamos.

Olho em volta, tem vários quadros com estilos de lutas diferentes. Acho isso confuso.

Demora um tempo considerável para Ângela voltar, quando acontece, me sinto irritada com sua demora. Pelo tempo que passou, estou no prejuízo sem ter conhecido nada ainda. Suspiro sem paciência.

Me levanto pronta para reclamar, ela não me dá chance.

_ Tudo certo! Fique com esses rádios comunicadores _ Me entrega dois aparelhos bem pequenos. _ Vou guardar sua bolsa. Vamos!

Entrego o objeto sem pensar direito, entramos pela porta que ela saiu antes. Noto algumas pessoas ocupadas trabalhando em telas de plasma grandes. Parecem que estão monitorando câmeras. Que confuso!

O que estou fazendo neste lugar?

_ É aqui _ Ela abre uma porta de ferro, faz sinal para que eu entre. Assim que passo, a fecha atrás de mim me prendendo não sei onde.

2

Olho ao redor, parece que estou numa floresta escura. Dou um passo para frente, escorrego, deslizo por uma grama sintética baixa, meu corpo vai rolando, paro no final de uma pequena montanha toda verde.

Fico deitada no chão. Não estou entendendo nada. Olho para trás, não identifico a porta por onde entrei, vejo grades grandes. A claridade é pouca.

Porque me prenderam aqui? Não sei responder.

Me levanto sem saber o que fazer, olho para frente, uma mulher está vindo em minha direção cheia de fúria nos olhos. Ela me empurra, caio sentada, o baque causa dor na minha bunda.

Tento me aprumar, ela levanta um bastão na mão para me atingir, inclino desesperada, a empurro. Recua um pouco, volta para tentar me atacar de novo, reuno força, chuto sua perna a mesma se solta do corpo.

_ Ah _ grito, isso não é uma pessoa e sim um robô, por sinal, muito bem feito. Sem um dos membros, solta faíscas, apita, fecha os olhos, cai na grama.

Apavorada, olhos para as pessoas andando do lado de fora da grade.

_ Socorro! _ Berro. _ Alguém me ajuda por favor.

Elas me olham sem expressão, algumas abanam a cabeça, meu desespero aumenta.

Porque estou nesse lugar? O que está acontecendo? O que eles querem de mim? São perguntas sem respostas.

Mal consigo respirar direito de tanto medo, preciso sair daqui.

Deveria ter ouvido a voz interior que me avisou, ainda em Itacaré, que algo de errado ia acontecer.

Nervosa corro agitando as mãos para o alto tentando chamar a atenção de alguém que possa me ajudar. Não adianta.

Onde estão os rádios comunicadores que a cobra da Ângela me entregou? Procuro, não acho. Devem ter caído das minhas mãos quando escorreguei na grama ou no momento em que aquela mulher robô me empurrou.

Antes que possa ter alguma ideia, outra mulher se aproxima, está com uma espada na mão. Meu coração salta no peito, prendo a respiração.

O que faço agora meu Deus?

Ela ataca, tento me defender como posso, desvio rápido dos seus golpes.

Por milagre consigo tomar o objeto dela, fecho os olhos, dou vários golpes nela sem saber nem se estão acertando.

Tomo coragem para ver, cortei sua cabeça, os dois braços, ela cai, comprovo ser mais um robô.

Onde eu fui me meter meu senhor? Estou horrorizada, não sei onde Eliza está, nem como vou sair daqui para me encontrar com ela.

Olho para o lado, a floresta é toda coberta por uma espécie de lona, alta demais. Analiso minuciosamente, encontro câmeras em vários pontos.

_ Porque estou nesse lugar? Porque me deixaram aqui, sozinha, sendo atacada por esses robôs?

Tenho que sair daqui. Sigo em frente, passo por arbustos, árvores imensas. Adentro na floresta, meu medo aumenta. Preciso achar uma saída, urgente.

Ouço um barulho a minha direta, viro, encontro um homem de mais de dois metros de altura, sem camisa, usa uma calça jeans rasgada, suja, parece um.gigante. Horrorizada noto que vem em minha direção, sua expressão raivosa é nítida.

Isso só pode ser um pesadelo Deus! Bem nitido, mas apenas um delírio noturno.

_ Ah _ grito em pânico. Corro para longe, ele me segue, sinto que vai me alcançar em alguns segundos.

Lágrimas de desespero descem pelo meu rosto. Sigo com todas as minhas forças, minhas pernas doem, o suor acumula na minha testa.

Quem me odeia a tal ponto para fazer uma coisa dessas comigo? Não sei! Sinceramente não entendo nada!

Não tenho vigor para apressar mais meus passos, o vestido me atrapalha bastante, ele me alcança, segura meus braços. Tento me soltar, ele é mais forte, prende meus.pulsos como algemas, contra isso, não tenho chance.

Ele vai me matar!

Quase desmaiando, não penso em mais nada, chuto sua canela. Ele tenta manter o equilíbrio depois do meu golpe, me aproveito, puxo meus braços.

Fujo com a máxima velocidade que consigo, subo uma colina de grama ao meu lado esquerdo. Não sei para onde estou indo, olho para trás, ele não desiste, me persegue. Chorando, aumento os meus passos, depois, verifico que continua em meu encalço.

Com grande esforço coloco o máximo de distância entre nós, respiro aliviada. Inexplicavelmente aparecem na minha frente vários bichos coloridos, parecem do tamanho de uma bola de futebol.

Paro de correr, encaro esses seres de olhos enormes, sem boca, balanço minha cabeça seguidas vezes para confirmar que estou vendo isso mesmo.

Não dá para acreditar! Parece um sonho, o que estou vendo são fatos ilusórios.

Isabela, é um pesadelo! Apenas um pesadelo, tento me convencer, mas o cansaço, dores pelo meu corpo, a exautao que sinto, minha respiração descompassada, a falta de fôlego, me diz que é tudo real, provam que não estou dormindo.

Se aproximam de um jeito nada agradável, constato. Vão me atacar!

Quase perdendo os sentidos de pavor, rasgo a saia do vestido, saio em disparada para o lado direito. Passo da parte em que as paredes centrais são azuis, chego nas vermelhas.

Estranho, essas cores me lembram um tipo de jogo. Não tenho tempo para analisar com calma, raciocinar o significado disso tudo, estou sendo perseguida.

Só quero sair daqui! Sinto dores por todo corpo, as lágrimas estão grudadas no meu rosto, minha garganta arde seca, nao desisto, continuo em frente.

Saio da área vermelha, chego na verde. Não paro! Persisto, chego na amarela. Enquanto passo por essas coisas, concluo que estou num jogo de muito mal gosto. Querem me matar nesse lugar!

Cálculo que estou andando em círculos, ajo por impulso, vou para o centro de tudo vejo um túnel. Fico indecisa se entro ou não. Olho para trás, o gigante se aproxima, os bichinhos o acompanham, não penso mais.

Dentro do túnel minha cabeça fica zonza, tenho vontade de vomitar, meu único alívio é que a criatura enorme não cabe aqui dentro.

Sem alternativa, sigo em frente, não corro mais, minhas pernas estão fracas, cansadas. Quase chegando na saída me deparo com criaturas redondas, pequenas, parecidas com os bichinhos coloridos de antes. Esses são gosmentos, tem bocas que fazem barulhos agudos horriveis. Enlouquecida de angustia, quase desistindo, dou meia volta. O gigante está na outra ponta esperando o menor deslize meu para me pegar.

Vencida, sem esperança, me apoio na parede do túnel, ela é elástica, cede ao meu peso. Tento e consigo abrir, com as mãos, um buraco nela, me preparo para fugir pelo pequeno vão. Me aproveito dessa oportunidade, saio deixando os bichos para trás.

Suspiro me apoio nos meus joelhos muito cansada, mas, consegui.

Meu alívio dura pouco, mal me situo onde estou, aparecem muitos robôs de forma humana vindo atrás de mim.

Meu pranto volta com força, nao aguento mais correr, começo a rezar, imploro a Deus que tudo isso não passe de um pesadelo.

As dores que sinto mostram que é tudo verdade. Estou acabada! Não tenho como escapar!

Desisto! Respiro fundo, entrego os pontos, não vou conseguir me livrar, os robôs são muitos, estão armados.

Desanimada e sem esperanças, olho para o alto, encontro um buraco, parece uma saída para fora desse lugar. Rápido procuro por alguma espécie de escada ou algo que eu possa subir até lá. Não acho nada.

Cálculo mais ou menos a distância, se correr e pular, pode dar certo. Se eu fosse mais alta, seria fácil.

Não penso duas vezes, disparo rumo a parede amarela, miro num gancho que tem nela. A única chance que tenho é conseguir me agarrar nesse objeto. Apelando para as últimas forças que tenho, salto.

Impressionantemente seguro nele, meu corpo balança para frente e para trás. Inclino, pego novo impulso, me jogo pela abertura que quando estava lá embaixo, achei ser um buraco.

Fecho os olhos, sinto meus corpo se rasgando ao passar por ele. É pequeno demais! Agradeço pelo meu físico e estatura, se fossem maior, não caberiam nele.

Caio do lado de fora, fico no chão, preciso recuperer minha completa consciência. Não sei dizer quanto tempo passa.

Tomo coragem de abrir meus olhos, estou encima de uma marquise de laje que ladeia um imenso prédio, verdadeiro arranha céu.

Olho para baixo, a altura é considerável. Penso, não há outro jeito, tenho que descer daqui.

Com muita delicadeza, me dependuro na estrutura de concreto, sinto dores nos braços, não consigo me segurar, sem poder fazer nada me vejo esborrachando no chao.

_ Ah, ahhhhhh _ grito de dor, parece que quebrei meu braço, esfolei minha perna inteira.

Olho para minhas mãos, estão cheias de sangue, volto a chorar.

Quem nesse mundo, foi capaz de armar algo assim para mim? O que estou passando é desumano!

Desajeitada, me levanto usando somente um braço, o outro está muito machucado.

Estou fraca, enjoada, com a cabeça girando. Com dificuldade cálculo que para chegar a entrada da emissora tenho que dar a volta no quarteirão.

Sentido dor pelo corpo todo, principalmente no braço, tento manter ele parado, começo a caminhar para encontrar Elisa. A dificuldade é grande por isso, peço ajuda a algumas pessoas, elas desviam como se eu tivesse uma doenca contagiosa.

Olho para mim, estou completamente suja de sangue, minha roupa está rasgada, as pernas arranhadas, perdi as sandálias nem me lembro onde, ando visivelmente mancando.

Esse povo deve estar pensando que sou uma moradora de rua, uma drogada qualquer que se envolveu em alguma briga.

Me arrasto pelas ruas, o tempo passa, nao encontro os portões da PLM.

Estou perdida, admito.

Não sei que horas são, estou sem bolsa, documentos, celular, tudo ficou com Ângela, aquela maldita mulher. Que ódio! Como fui ingênua! Acredito que me prenderam num teste humano para assistirem minha morte.

_ Boa tarde senhor _ falo para um homem que passa por mim. _ Por favor, poderia me ajudar? _ Ele nem mesmo me olha.

Vai ser difícil conseguir socorro, noto que meu braco começa a inchar.

Meu estômago ronca, me mostra que as coisas sempre podem piorar. Não tenho dinheiro para comprar algo para comer, na verdade tenho, ficou na bolsa que não está comigo.

Continuo a andar sem ser percebida pela sociedade, tento entrar num restaurante, um funcionário me espanta. Me xinga de tudo quanto é nome. Senhor, estou com sangue seco por todo corpo, ninguém liga.

Sem alternativa, continuo andando lentamente, talvez encontre um hospital para que possa receber os primeiros socorros. Meu braço inchado incomoda, a dor é grande mesmo eu tentando não movimenta-lo.

Me arrependo por ter vindo para São Paulo, se estivesse na minha velha e pacata cidade, nada disso aconteceria.

Suspiro alto. Sinto outra tontura, o clima abafado aumenta o suor que escorre pelos meus machucados, eles ardem com o sal. Não sei se aguento mais tempo perambulando sem destino. Meus pés, descalços, doem como nunca imaginei ser possível.

Minha fome aumenta consideravelmente ,entendo porque quem vive nas ruas procuram comida nas lixeiras. É instinto de sobrevivência .

Meu desgaste físico é grande, não sei o que pensar, é como se estivesse delirando.

Passo horas com sede e fome, ninguém me ajuda, não encontro um hospital. Persistente, sigo na direção de uma passarela de pedestres, começo a subir.

_ Isabela Magalhães? _ Ouço o grito de uma voz masculina me chamando. Paro de andar, devo estar imaginando coisas. Continuo subindo a rampa. _ Isabela Magalhães? _ Repete a mesma voz.

Giro meu corpo devagar, meu coração bate forte, sinto medo de ter que voltar para o inferno daquela floresta, com aqueles robôs horríveis.

Encontro um homem alto, bonito, vem apressado na minha direção.

_ Graças a Deus te encontrei _ fala entusiasmado.

Tento me lembrar de onde o conheço, não consigo. Não me esqueceria de um cara com uma aparência dessa nunca, ele é um pecado de gostoso. Isso prova que realmente é um desconhecido.

De repente, um pânico toma conta de mim quando entendo que ele pode está por trás de tudo que me aconteceu.

Dou as costas para ele, começo a correr do jeito que dá, minhas pernas estão muito danificadas, observo que não me obedecem.

Perco o equilíbrio, meu corpo avança sobre a grade de proteção com toda força, o impulso me faz passar por cima dela. Tento segurar, meu braço quebrado não funciona, observo o chão se aproximar, é meu fim, tenho certeza. Vou morrer!

A última coisa que escuto é o estranho gritar meu nome.

_ Isabelaaaaaaaa.

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