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Amor com Hora Marcada

Não sou de ninguém

Marina era uma mulher linda, dessas que chamam a atenção por onde passam. Era pequena, mas com uma presença gigante, causando impacto aonde chegava.

Tinha apenas 1,55 de altura e 48 quilos, bem distribuídos. Pele bem clara, olhos grandes, verdes esmeralda, enigmáticos. A boca rosada que parecia estar sempre de batom, acompanhada das bochechas coradas, uma covinha no canto da boca que era um charme. O seu cabelo castanho-claro liso e encaracolado nas pontas, se estendia até o quadril. O nariz delicado, bem feminino.

Tinha seios perfeitos e uma bunda redonda e arrebitada, pernas bem desenhadas e o que chamam de "cintura violão". A natureza realmente tinha sido generosa com ela.

Longe de parecer um anjo, Marina exalava sensualidade. Era a personificação do pecado!

Tinha 3 tatuagens, a primeira era uma borboleta na parte de cima do seu pé, pegando uma parte do tornozelo, que fez assim que saiu do orfanato, para simbolizar a sua transformação. A segunda ficava no dedo anelar da mão esquerda, no local aonde deveria ter uma aliança, um símbolo do infinito, para simbolizar a sua liberdade. A mais recente, simbolizando a sua personalidade, no osso do seu quadril, perto da virilha, um desenho delicado de uma auréola seguida por um rabinho de diabinha. Ela gostava delas. Não sabia se faria mais, normalmente ela resolvia tatuar quando queria eternizar algo em relação a si própria.

Tinha 25 anos, mas parecia ter 20. Era escritora de uma famosa revista gastronômica, o seu trabalho exigia que viajasse constantemente, o que ela fazia com muito prazer.

Tinha reserva nos melhores restaurantes, com os melhores chefes. As vezes precisava cobrir algum evento culinário. A sua visita era tão temida quanto a de um crítico gastronômico, pois a sua opinião influenciava muito a ascensão ou a queda de um profissional, ou estabelecimento. Ela gostava daquele poder.

Fazia o tipo misteriosa, sempre muito educada e polida, escolhia a dedo os que se aproximavam. Mas era simpática, procurava tratar a todos com muito respeito e sorrindo. Raras vezes descia do salto, mas também quando fazia parecia um furacão!

Não tinha uma religião. Não tinha uma orientação sexual. Não tinha família. Não tinha regras. Era um espírito livre. Não se importava com o que outros falavam ou pensavam, ela fazia o que queria, quando queria e do jeito que queria.

Ela cresceu num orfanato. Nunca quis saber da sua família, se eles não a queriam, ela também não os queria. Marina era assim. Não fazia nada só para agradar alguém, o que dificultou encontrar um lar adotivo. E ela não se importava.

O orfanato administrado por freiras, não era ruim. Tirando as aulas de religião e as missas obrigatórias, que ela achava uma tremenda baboseira, até que gostava da vida que tinha lá.

Por ser a mais velha do lugar, tinha se tornado uma espécie de monitora das novatas. Tinha um quarto só seu, que apenas dividia com as meninas que eventualmente chegavam, não eram tantas, ficavam com ela apenas a primeira semana, e depois eram encaminhadas por faixa etária para outro dormitório. Não se apegava a nenhuma delas, pois sabia ser questão de tempo para ter que se despedir.

Ela sabia que as freiras tinham pena por ela não ter sido adotada, e se aproveitava um pouco da situação. Assim ela conseguia muitos privilégios. Logo cedo demonstrou interesse na cozinha, dando logo um jeitinho de se tornar ajudante. Quando acabavam de servir as refeições, as cozinheiras deixavam ela testar receitas com todos os ingredientes que sobravam.

Aos 15 anos, Marina já cozinhava muito bem, e ficava na equipe da cozinha em todos os eventos beneficentes que promoviam.

Seu tempo livre, passava na biblioteca, sempre estudando sobre culinária e cultura gastronômica dos locais.

No seu aniversário de 17 anos, ganhou das freiras um celular. Logo tratou de tirar fotos de todas as suas receitas e montou um “blog” que virou febre, conseguiu muitos seguidores em pouco tempo.

Aos 18 anos, ela teria que sair do lar adotivo. Ofereceram emprego para ficar, mas Alice recusou. Ela queria ganhar o mundo, e já tinha como se virar graças ao “blog”.

Assim começou a documentar tudo o que comia, cada carrinho de cachorro-quente, marmita, receita própria, restaurantes... Não demorou muito para receber uma proposta de trabalho para uma revista turística que indicava aonde ir e comer.

Aos 20 anos, foi contratada pela maior revista do ramo, emprego em que permaneceu até hoje.

Não tinha um parceiro romântico fixo, pois vivia viajando, e simplesmente não aceitava receber ordens de ninguém. E não suportava cenas de ciúmes, em algum momento, alguém se apaixonava, e começavam as cobranças, o ciúme, e pronto... Marina pulava fora. Simplesmente falava: "Não sou de ninguém"!

Seguia em frente, sem lágrimas, sem se apegar, sem drama. Focada no trabalho que lhe proporcionava uma vida glamourosa! Para ela, era o que importava, trabalho!

Cuidado

Uma noite, recebeu um convite para um jantar de gala, organizado por um chefe famoso, com duas estrelas Michelin, George Tallute. Não era trabalho, a resenha foi postada no seu “blog”, e aparentemente não agradou o chefe, quando disse que os pratos servidos foram medianos.

Nessa semana, sentada no seu café favorito, sofreu um assalto. Assalto esse, que Marina teve a sensação de ter sido encomendado, pois, durante o ato, um dos caras mascarados que apontavam uma arma para ela, comentou algo sobre prestar atenção no que se escreve por aí.

Mesmo relutante com a idéia, Marina começou a pensar que de fato corria riscos, pois as pessoas poderiam não aceitar bem o que ela escrevia sobre elas.

Resolveu contratar um guarda-costas. Queria alguém discreto, que a acompanhasse como um amigo, então teria que ser um homem educado, fino. Não queria um gorila uniformizado que a ficasse seguindo por aí. Não seria fácil. Publicou um anúncio anônimo sobre a vaga. Foram muitos interessados, mas ninguém se encaixava no perfil. Estava quase desistindo da idéia.

Marina não tinha casa, não valia a pena manter um imóvel já que não parava muito tempo em canto nenhum, quando uma de suas colegas, Patrícia, foi transferida para uma filial nos Estados Unidos, fizeram um acordo, ela manteria todos os custos do apartamento, e quando ela precisasse vir para o Brasil, ficaria em sua suíte, sem precisar se instalar em hotel.

O apartamento era grande, tinha 3 suítes, a de Patrícia, Alice mantinha fechada, do jeito que ela deixou. Escolheu uma, e a outra ficaria livre.

Como de costume, Marina se serviu de uma taça de vinho, e sentou-se na varanda com seu notebook. Quando ia acender seu cigarro, o celular tocou.

— Oi, foi aí que pediram um homem bonito, bem vestido, culto, educado, com habilidades em defesa pessoal?

Marina sorriu. Era ele! Pediu que ele a encontrasse em seu apartamento. Não costumava dar seu endereço de cara, mas era noite, estava cansada para sair, e ele seria sua última tentativa.

Não demorou muito para o interfone anunciar que tinha visita. Abriu a porta, e deu de cara com um homem lindo, másculo, desses de novela turca de tirar o fôlego! Vestia uma camisa preta, com a gola aberta, deixando a vista um pedacinho de um peitoral deslumbrante, braços musculosos. Estava com um perfume que praticamente a convidava para cheirar. Era grande, largo, mas longe de parecer um brutamontes. Era muito elegante. Ele ficou parado uns instantes, então abriu um sorriso de pasta de dentes, estendendo a mão.

— Sou Enrico, me candidatando para a vaga de homem perfeito. Não imaginei que serviria uma mulher tão bonita, e espero não ter confundido a vaga, pois não faço programa.

Ela se deu conta de que o recebeu de camisola. Corou, e toda desajeitada apanhou seu robe e se enrolou.

- Nossa, desculpe. Não procuro um garoto de programa, não se preocupe. Estou tão cansada que nem me dei conta. Me da uns instantes? Entra, fica a vontade.

Saiu correndo para seu quarto. Colocou um vestido azul claro, apertado em cima e soltinho em baixo. E descalça voltou para a sala.

Enrico tinha realmente ficado a vontade. Se serviu de um pouco de vinho, e a esperava na sala. Ele não fazia tipo de fato, falava o que pensava, não tinha rodeios, era muito brincalhão. Trabalhou como guarda costas praticamente toda a vida. Seu primeiro patrão era político, ele odiava o serviço, praticamente ficava o dia todo em pé, engravatado, seguindo um cara corrupto que se fazia de vítima, e ainda levou um tiro por ele! Decidiu que só trabalharia para pessoas que o tratassem como igual.

— Então Enrico... me fala um pouco de você... sabe quem eu sou?

— Sei quem você é, de nome, não esperava que fosse tão bonita quanto eu... brincadeira a parte, eu trabalho como guarda costas, mas não faz meu estilo ficar seguindo meu patrão feito um cachorrinho de terno. Aqui estão minhas qualificações e recomendações. Estou parado porque a pessoa para quem eu trabalhava se mudou para a Itália e eu não quis ir junto, apesar de ter sido convidado. Se você procura alguém no entanto, para ter uma relação "eu mando, você obedece", devo adiantar que não sirvo para o cargo. Eu não sigo ordens, mas sou impecável em meu trabalho.

— Enrico, eu procuro justamente o oposto disso, quero alguém que me acompanhe como um amigo, sofri um atentado semana passada por conta do meu trabalho e não me sinto segura por aí sozinha, desagradando algumas pessoas influentes com a minha escrita, mas não pretendo mudar o que escrevo para agradar. Por isso preciso que a pessoa que vá me acompanhar se vista bem, seja educada, culta, etc... são eventos de alto padrão normalmente, elite gastronômica. Preciso de alguém que entenda um pouco desse universo e me proteja, me fazendo companhia. Acha que se encaixa?

— Isso é você quem vai dizer anjo. Podemos fazer um teste o que acha? Se ambos estivermos satisfeitos, fazemos um contrato.

— Perfeito. O teste começa amanhã. Aqui está a chave do carro, pode ficar com ele e me pegar amanhã as 10h? Temos uma inauguração de um clube de golfe. Tem roupa para a ocasião?

— Tenho sim! Combinado então.

— Mais uma coisa, você tem disponibilidade para viajar? Viajar bastante?

— Sim! Sou sozinho. Nada me prende.

Enrico ocultava uma história triste, tinha sido casado, mas perdeu a esposa, dois anos após seu casamento. Não pensava muito sobre o assunto. Foi uma fatalidade, devido ao emprego de ambos, que gerou um grande trauma. Depois disso não conseguiu manter nenhum relacionamento por muito tempo, ele não queria se apegar, para não sofrer a perda novamente.

— Ótimo! Não faz meu feitio prender ninguém, mas se der certo, você passará a viver comigo, ok?

— Por mim tudo bem. Até amanhã anjo.

— Até amanhã...

Marina ficou espantada pela forte atração que sentiu por Enrico, seria uma verdadeira batalha estar com ele diariamente e resistir ao impulso que teve se jogar naqueles braços.

É ele!

Enrico esperava por Marina pontualmente as 10h. Estava lindo com as suas roupas esporte fino, parado encostado ao carro. Quando a viu, abriu a porta e com um sorriso encantador disse "madame".

Marina foi se maquiando no carro, ao mesmo tempo, em que descrevia o evento para Enrico.

Quando chegaram, Enrico deu o braço para Marina e entraram debaixo de uma chuva de “flashes”. Com certeza sairia alguma nota sobre o romance de Marina Peirgot. Enrico já foi avisado sobre isso, e parecia muito a vontade com tudo.

Sentaram-se na mesa indicada. Marina apresentava Enrico como o seu amigo. Sentia muitos olhares curiosos. Não sabia ao certo se era pelo fato de estar acompanhada, ou, porque ele era de fato um pedaço de mau caminho.

Eles conversavam descontraídos, mas ela estava prestando atenção em como ele se comportava na mesa, e para seu alívio, ele era um Lord, e conhecia a etiqueta. Mais relaxada, tomou algumas notas sobre o que estavam servindo e sobre o serviço. Tudo estava impecável, a comida estava excelente e muito bem harmonizadas com as bebidas. Ela ficava com brilho nos olhos quando estava satisfeita.

Foram conduzidos para o campo de golfe, e sua inauguração, aonde todos deveriam dar uma tacada. Foi surpreendida, pois, Enrico sabia jogar golfe! "De onde saiu esse homem? Tem que ter algum defeito muito grave!"

A verdade é que Enri era muito parecido com Marina, mas não por ser livre como ela, ele não se permitia amar de novo. E costumava ser bem possessivo em relação ao que considerava seu. No sexo era dominador, gostava de submeter a parceira aos seus desejos.

No caminho de volta, ela quis parar em uma doceria que amava. Escolheu uma torta de morango, ele quis levar uma mousse de chocolate.

Quando se preparava para entrar no carro, Marina sentiu um empurrão, caindo de bruços no banco de trás, por cima dos doces. Sem entender nada e aborrecida, se virou, e viu dois caras no chão, rendidos por Enrico em um piscar de olhos. Eram apenas batedores de carteira. Ele entregou os marginais para a polícia, ajeitou a roupa com a maior calma do mundo, e entrou no carro como se nada tivesse acontecido.

Ela estava impressionada. Não abriu a boca o caminho todo, mas lamentou a perda dos doces, seria ótimo poder devorar a sua torta depois de uma situação dessas.

Na porta do apartamento, ia entrar, quando foi parada por Enrico. Instintivamente ele puxou-a pela cintura e passou a sua frente. Fez uma ronda pelo apartamento e sinal para ela passar. Marina sentiu o toque na sua cintura como se tivesse levado um choque, mas disfarçou bem.

— Desculpe, força do hábito. Se vou fazer a sua segurança, antes de entrar em qualquer lugar, espere o meu sinal de que está tudo ok, por favor.

— Tudo bem Sr. Mandão! Me permite tomar uma ducha?

— Eu recomendo anjo, as formigas podem te atacar!

Ela tinha doce no cabelo e o seu rosto estava melado. Ela fez uma cara de brava, mas foi rindo para o banho.

Enrico tentou disfarçar com um sorriso, mas ele era mesmo mandão. Ela não poderia pensar isso ou o descartaria, tentou parecer o mais profissional possível, mas no seu íntimo, ele desejava Marina, e saiu do apartamento no dia anterior imaginando Marina obedecendo as suas ordens na sua cama.

Ela também o desejava. Passou por ele direto para uma ducha gelada, para se recompor da sensação na sua cintura. Ele era perfeito para o trabalho, não queria estragar tudo por uma atração.

Saiu do quarto vestindo uma camiseta larga e um shortinho apertado minúsculo.

Percebendo o olhar de lobo mau de Enrico, disparou:

— É melhor se acostumar a me ver mais a vontade, porque vamos dividir o apartamento. Vai buscar as suas coisas, o quarto já está limpo te esperando. Enquanto isso vou ficar aqui, fazendo o contrato. A senha da porta é 6660. Já avisei a portaria que o senhor Enrico Salmer está se mudando para cá. Gosta de pizza de quê?

— Peperoni. Eu... eu... bom... eu já volto, senhora mandona. Tente ficar fora de perigo por uns quinze minutos.

Enrico saiu feliz, tinha conseguido impressionar Alice. Foi o mais rápido que conseguiu até a pousada que estava instalado. Pegou seus poucos pertences e chegou antes da pizza.

Marina já estava com o contrato pronto. O acompanhou até a suite que seria dele, e notando uma única mala nas suas mãos, avisou que iriam fazer compras. Percebendo a cara de Enrico, completou ser necessário para o trabalho. Ele logo desfez a sobrancelha enrugada e abriu um sorriso, fazendo sinal positivo com a cabeça.

Ela deixou que ele se organizasse, recebeu a pizza. Quando ele saiu, a mesa estava posta.

Estava sem camisa, vestindo apenas um short tipo samba canção percebendo o olhar de Marina, dispara:

— É bom se acostumar a me ver mais a vontade anjo, afinal vamos dividir o apartamento.

Marina adorava o jeito de Enri, não perdia a oportunidade de devolver o troco, e ela gostava disso.

— Vamos comer, depois analisamos o contrato juntos, ok?

— Tudo bem, estou faminto!

Eles quase acabaram com as duas pizza que ela pediu.

Ela rapidamente recolheu a mesa depois que comeram e sentou-se no sofá com o contrato na mão. Discutiram algumas questões, e alinhados, assinaram. Era oficial, seriam parceiros.

Marina abriu sua habitual garrafa de vinho e foi para a varanda. Ofereceu a Enrico, mas ele estava exausto e negou. Acabou cochilando no sofá. Marina fez seu trabalho e quando terminou, ficou uns instantes admirando aquele homem lindo e gostoso esparramado em seu sofá, imaginando qual defeito ele escondia. Reparou que ele tinha algumas tatuagens, que ficou tentando decifrar, mas não conseguia ver direito de onde estava.

Saindo de seu devaneio, resolveu acorda-lo, pois teriam um dia cheio.

Marina estava próxima do sofá, e quando foi tocar em seu braço, por força do hábito, em um movimento segurou seu braço e a imobilizou, fazendo com que ela caísse em cima dele.

Seus rostos estavam tão próximos que podiam sentir a respiração um do outro. Ela travou respirando seu hálito.

Percebendo que era ela, ele a soltou pediu desculpa. Ela permaneceu ali alguns segundos, e não conseguiu deixar de notar que ela causava o mesmo impacto nele, pois sentia seu membro pulsando.

— Desculpa, eu só ia te acordar, estou indo para a cama.

— Anjo, estou sempre em alerta mesmo dormindo, durma bem. Temos alguma programação amanhã?

— Por enquanto não, pode descansar.

Marina se levantou devagar, respirou fundo e foi para seu quarto. Demorou para pegar no sono, ainda sentia seu cheiro, seu corpo, sua vontade no momento era arrancar sua roupa e pular nele, mas não podia.

Enrico teve que se controlar muito para não agarrar Marina, percebeu que mexia com ela. Ele foi para seu quarto e se aliviou pensando nela, apagando em seguida, estava muito cansado.

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