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Você Me Deve Duas Vidas.

01

Lia Ambrósio é mais uma garota que se muda para um novo país, tendo o desafio de falar uma nova língua, junto com sua melhor amiga, Valentina.

Em meio a uma brincadeira, surgiu a idéia de se mudar do Canadá e ir para Londres, numa viagem que seria inesquecível e a melhor de suas vidas. De início o receio se fazia presente nas duas, mas depois foi se tornando aceitável, até que arrumaram as malas e viajaram até Londres.

Lia era a mais animada das duas, falando a todo instante como seria magnífico morar em Londres e com sua melhor amiga. As festas que as duas poderiam ir juntas, os tantos garotos e pessoas que conheceriam.

Mal ela sabia, que se tornaria em algo terrível, que marcaria sua vida para todo o sempre.

Início de tudo:

—Tina, acho que não estou me sentindo bem.—Diz a mais baixinha, tentando se manter de pé, sentindo leves tonturas. Os saltos não ajudam muito.—Eu vou indo pra casa, eu encontro você lá, pode ser?

—Claro. Quer que eu peça um táxi pra você? Não me parece nada bem mesmo.—A mais velha faz uma careta enquanto olha a situação que a amiga se encontra. —Você exagerou na bebida.

—Eu posso pegar um sozinha. E eu não bebi tanto assim.

—Então nos vemos em casa.

Se despediram ali, e Lia caminha para fora da festa, se afastando da multidão de pessoas que se remexem ao som da música eletrônica alta que toca. Mesmo cambaleando, se encostando nas paredes, Lia consegue chegar do lado de fora.

Olhando pra rua e quase na enxergando nada, ela caminha alguns metros, tentando avistar algo que pareça ser um carro.

Antes que possa obter êxito na missão que parecia simples demais, se vê cercada por três homens altos, fortes e que usam uma clava no rosto pra não ser identificado.

Antes que aqueles homens se aproximem mais da garota franzina, amedrontada e bêbada, encostada na parede de um beco, sentada ao chão, chega o homem que ela viria a chamar de 'meu salvador'.

Eram gângsters, ela sabia disso, pelas tatuagens que possuíam no corpo. Nunca havia sentindo tanto medo quanto agora. Fazendo ameaças, e exibindo o que parecia ser o corregedor de uma arma, tocaram o terror com a garota. Se divertiam vendo o desespero dela. O medo servia como um combustível para os três homens.

O que uma mulher poderia fazer, num lugar escuro como esse, cercada por três homens grandes? Lia só rezava mentalmente pra que nada de tão aterrorizante pudesse acontecer com ela. Tão jovem, merece viver e aproveitar o que há de melhor na vida.

Mas tudo parece melhorar, com a chegada de Juan, um garoto aparentemente gentil e muito valente. Conhecido de Lia. Já frequentaram os mesmos ambientes e já se encontravam algumas vezes em algumas festas e bares.

O alívio percorreu o corpo frágil e trêmulo, quando Juan com voz firme e uma postura ameaçadora e protetora, espantou os três homens. Usando como arma uma barra de ferro que havia encontrado jogada no chão. Depois da atitude heróica de Juan, Lia pôde perceber que o que pensava ser um carregador, na verdade era outro objeto de plástico que não a machucaria em nada.

Depois de preferir e exigir que os homens fossem embora, Juan se aproxima da jovem, estendendo a mão e dando um sorriso maroto, que aquece o coração da jovem.

—Oi, meu nome é Juan, nos vimos na festa, você lembra?—O homem pergunta a moça, a erguendo do chão e servindo com apoio, enquanto os dois caminham para um lugar com luminosidade maior.—Sei que é a amiga da Valentina, sei onde moram, eu posso te levar em casa? Tudo bem pra você? Não se preocupe, aqueles homens jamais voltarão a te perturbar. Mas também, depois da surra que levaram.

—Se não fosse por você, aqueles homens teriam abusado de mim.—Lia cambaleia um pouco, quase batendo na lataria do carro vinho estacionado próximo ao meio fio.—Serei eternamente grata a você. Muito obrigada Juan. Salvou a minha vida.

—Não precisa agradecer, eu faria isso por qualquer pessoa, agora vamos.

Depois do salvamento, os dois passaram a sair juntos. Em algumas das vezes acompanhados por Tina, que aparentava super apoiar o recém casal. Os olhares apaixonados, sorrisos que iluminavam a alma um do outro. Tudo parecia perfeito até demais.

Lia não demorou muito tempo para se apaixonar cegamente por Juan. Como não se apaixonar por algume tão gentil, tão bonito, bondoso e amoroso? Qualquer mulher se apaixonaria e entregaria seu coração, para um homem galante e conquistador como ele.

Juan já fora a paixão de muitas mulheres. Mas como com Lia, o romance não durará muito. Juan sempre acaba revelando seu verdadeiro eu.

—Juan, estou grávida.—A garota deslumbrada, conta feliz ao namorado, enquanto toca a barriga que ainda não apresenta nenhum sinal de uma gravidez.

—Está falando sério?—O rapaz sorri, abraçando a mulher que carrega seu filho.—Seremos uma família muito feliz meu amor.

—Sim amor, nós seremos.

Os meses foram se passando, e agora Lia já não morava com sua melhor amiga. Morava com o namorado, que já chamava de marido. Estava feliz, sua filha crescia no seu ventre, mexia e parecia estar ansiosa para nascer e conhecer o mundo.

Juan não parecia tão feliz com a idéia, a deixando um pouco chateada. Mas também não fazia tanta diferença pra ela. A ansiedade e alegria de ter sua filha em menos de três meses, supria toda a tristeza que sentia ao ver que o pai do bebê não estava tão feliz quanto ela.

—Amor, cheguei.—Do quarto, Lia pôde escutar a voz de Juan, que chegava após um dia de trabalho.—Precisamos ir pra clínica agora, você esqueceu?

—Claro que não esqueci. Só achei um pouco estranho irmos em um outro ginecologista.

—Não há o que questionar. Só vamos ter certeza que a neném tá bem.

Sem questionar, Lia segue para a clínica, junto que Juan que se mantém calado durante todo o percurso. A bebê na barriga se agita quando chegam perto do hospital e ela desce, ajeitando o vestido estampado que usa.

Lia é lavada até uma sala, sendo amparada por um médico todo equipado, usando a máscara e as luvas. Se surpreende quando percebe que Tinha também está presente. Tudo parecia tão estranho pra ela: Juan parecia estar mais frio em relação aos dois, uma nova consulta no início da noite e num lugar um pouco afastado, e agora Tina que estava ali exibindo uma barriga um pouco saliente.

O que estava acontecendo ali?

02

—O que está fazendo aqui Tina? Eu nem sabia que estaria aqui também.—Diz Lia surpresa, indo abraçar rapidamente a amiga.—E essa barriguinha? Comeu demais ou está esperando um filho assim como eu? Não me diga que engravidou e não contou pra sua melhor amiga.

—Em breve você vai saber.—A mais velha da um sorriso para a amiga. Lia não conseguiu identificar os sentimentos que a outra deixou transparecer.—E Juan me convidou para ver seu bebê e eu não resisti em aceitar. Sabe como eu amo a minha sobrinha.

—Eu sei que será uma ótima tia pra ela.—Lia sorri, nem imaginando o real motivo de estar ali, com aquelas três pessoas.—Os presentinhos que nos deu estão todos guardados em casa, uma fofura só. Juan elogiou bastante e amou os presentes.

—Vamos agilizar a consulta, não é mamãe?—O médico se pronuncia pela primeira vez, apontando para a cama. Lia se senta e logo se deita, deixando a barriga ainda mais em evidência.—Essa mocinha já está enorme não é? Será uma pena...

—O que será uma pena?—Lia quis saber, tentando se levantar da cama mas sendo impedida por Tina, que fica próxima a sua cabeça, sorrindo.

—Fica quieta Lia, deixa que o médico faça o seu trabalho, não?—Juan se posiciona ao lado de Valentina.—Não é doutor?

—Não posso ter interrupções, para que o trabalho seja feito com perfeição e que nada saia fora do que foi combinado.—O médico olha para o contratante, Juan, e sua cúmplice Valentina.

Antes que Lia possa pensar em mais alguma coisa, sente um tecido no nariz e boca e apaga, para a alegria do casal cúmplice. Enquanto está apagada, é amarrada na cama, os dois braços e as duas pernas, para que seja impossível de mover. Acima da barriga grande de seis meses, um cinto é amarrado, a deixando ainda mais imóvel.

Antes que possa acordar, Lia recebe diversas bofetadas no rosto, da mulher que chamava de melhor amiga. Foi pega de surpresa com os golpes.

—Ordinária!—Valentina não para, desconta a raiva que guardou nos últimos meses. O nariz de Lia estala com a força de um soco, e em segundos o líquido vermelho escorre, e Lia acorda assustada, sentindo dor por toda a face ,principalmente no nariz.

—O que está acontecendo? —Se desespera quando tenta se mexer mas não consegue. Olha aterrorizada para as amarras que a mantém presa na cama.—Juan, por que eu estou presa nessa cama? Minha barriga dói. Nossa filha está reclamando pelo incômodo, me solte por favor. Em nenhuma das consultas que eu fui, precisava ser amarrada desse jeito.

—Como é burra.—Valentina fala e revira os olhos, dando em seguida uma risada sarcástica para a amiga.—Ainda não percebeu que não está numa consulta?

—O quê? Então o que eu estou fazendo aqui?—Lia está com medo, mais uma vez em sua vida. Internamente espera que Juan possa vir ao seu socorro, como quando foi com aqueles gângsters que quiseram fazer mal a ela.

—Simples Lia. Essa aberração que você carrega não vai nascer.—Juan fala enquanto abraça Valentina pelos ombros.—Pode nascer, mas com vida não vai ficar. Isso eu garanto a você. Não quero essa merdinha que você ainda carrega na barriga.

—Já sabe o que tem que fazer doutor.—É Valentina quem fala.—Não quero que saia nada fora do planejado. Ou você também sofrerá as consequências. E garanto que não será algo que vá gostar.

O médico arregala os olhos, e engole em seco.

—Tina? Por que está abraçando Juan desse jeito?—A mulher amarrada na cama pergunta, ao ver que os dois estão abraçados como se fossem um casal.

—Não é óbvio? —Valentina pergunta e solta uma gargalhada. —Estamos juntos Lia. A muito tempo.

—Tudo foi planejado pra que eu conseguisse ir pra cama com você. Estava morrendo de vontade de saber como você era na cama, e pra isso eu tive que até contratar três atores pra te amedrontar naquele beco nojento. E você caiu como se fosse uma patinha.—Juan explica, achando tudo muito engraçado. O olhar de puro horror e dor de Lia parece divertir as três pessoas perversas que estão na sala.—Foi um descuido você ter engravidado. Mas agora vamos dá um jeito nisso. Valentina está grávida, é com ela que eu vou ter um filho.

Descendo o olhar para a barriga da até então melhor amiga, Lia constata que Valentina estava realmente grávida. A barriga estava estufada não por comida, mas sim por um bebê.

—Pode tirar doutor.—Juan dá a ordem.

—Não! Não! Não! Minha filha não.—Lia tenta se debater, mas é em vão. Mais três pessoas entram na sala, uma delas empurrando um carrinho repleto de objetos cirúrgicos.—Por favor Juan, não permita que tirem minha filha de mim.

Enquanto de debatia, Lia assisti ao seu próprio parto prematuro. Sente toda a dor crua, quando o bisturi corta a carne, as camadas do abdômen até chegar no tecido do útero.

'Eu juro. Que em outra vida eu farei vingança. Farei que cada um pague por todo o sofrimento que estou sentindo agora: o médico, Juan e Valentina. Todos irão me pagar. Pela minha morte e pela morte da minha filha.'

Lia jura para si mesma, enquanto vai apagando aos poucos, perdendo sangue e tendo a bebê retirada de dentro da sua barriga. Lia morre na mesa, ali mesmo, sendo assistida pela pequena platéia.

—Vamos colocar o corpo dela em qualquer esquina. Ninguém vai querer esse lixo mesmo.—Juan cospe no rosto da mulher que jurou amar.

E assim fazem. Pegam o corpo sem vida e desovam num beco, tendo a precaução de ninguém ver. Um crime perfeito.

Lia fica ali, com o vestido abaixado e cobrindo o corpo grande e profundo, por onde saiu a bebê. O sangue ainda escorre, mas é quase imperceptível. A bebê não foi desovada no mesmo lugar. Logo após nascer, foi morta também.

Juan sem remorso nenhum, com uma frieza, viu a filha morrer aos poucos e não faz nada. Valentina, com o instrumento afiado, matou a pequena, com um único golpe certeiro no coração.

03

Lia tem um sobressalto, ficando um pouco tonta. Leva a mão na testa e esfrega os olhos, tentando se situar. Ao olhar pra frente, vê os mesmos três homens, a olhando, com os rostos cobertos.

'Então eu voltei para oito meses atrás? Como isso foi possível? Será tudo força da minha imaginação ou eu estou delirando?'

Pensou Lia. Estava no mesmo beco onde quase foi abusada por aqueles homens, onde depois Juan apareceria como salvador da pátria, fazendo todo o espetáculo funcionar e ela cair. Mas agora é tudo muito diferente. Ela não vai deixar que esse circo todo funcione.

—Resolveu abrir os olhos boneca?—Um deles fala, sorrindo e sendo acompanhado pelos outros.—O álcool já não está fazendo tanto efeito?

—A gente quer se divertir um pouco com você.—O loiro fala.—E garanto que você também irá gostar bastante das nossas brincadeiras.

—Com toda certeza.—O terceiro fala, e ambos começam a gargalhar.

Lia tateia no chão e a mão bate no que parece ser um paralelepípedo que havia se soltando da rua. Segura o objeto pesado e o puxa pra perto de si, se preparando para o golpe.

'Não vou esperar que eles continuem me assediando até Juan chegar. Eu sairei na frente dessa vez.'—Pensou Lia, agarrando a pedra com a mão fechada.

—Ei rapazes, o que estão fazendo nesse lugar escuro?—Um quarto homem se aproxima. Mas ele é diferente, Lia sente. Todo vestido de preto, roupas sociais e sapatos tão brilhantes que parecem ter sido banhados na purpurina.

'Quem é esse homem? Tenho certeza que não é Juan. Ele tem uma aura tão diferente, leve, se não fosse loucura, diria até que nem é humano.'

—Não se meta. O assunto aqui é de interesse privado. Se apresse e saia.—O homem loiro fala, tentando espantar o quarto homem que acabou de chegar.

—Isso mesmo. Não vai querer mexer com a gente.

—Acalmem-se rapazes. Eu não vou atrapalhar vocês em nada. Só quero conversar dois segundos com a garotinha assustada, será que eu posso?—O homem vai se aproximando de Lia, que levanta um pouco a pedra.

—Quem é você e o que quer? Eu nem te conheço.

—Calma, não vou te fazer nenhum mal, te dou a minha palavra.—Ele se abaixa e fica na altura do rosto dela.—Usar uma pedra como arma tento três oponentes e sendo visivelmente mais fraca não vai adiantar de muita coisa. Eles vão ter a chance de te machucar ainda mais.

—E o que você sugere?

—Use isso.—Ele me entregou um objeto prateado. Um canivete.—Ataque um e os outros ficarão com medo.

—Por que está fazendo isso?—Seguro o instrumento.

—Gosto de mulheres corajosas.—O homem pisca pra Lia e se levanta, ajeitando o terno.—Pronto rapazes, podem continuar, não vou mais atrapalhar.

—O que será que ele conversou com ela?—Um deles pergunta.—Será que gostar de assistir machucando mulheres?

—Deixa pra lá, agora vamos começar.—Olham pra Lia que agora já está de pé.

—Vamos nos divertir boneca.—Um deles caminha todo saliente até Lia, que de maneira discreta abre o canivete.

Quando o homem já estava próximo de Lia, a mulher ergue o canivete o atinge na altura o ombro. Mais da metade da lâmina entra na carne do homem, fazendo o sangue espirrar e o homem gritar de dor.

—Vá para o inferno.—Ela diz segurando o canivete sujo de sangue, assim como as mãos.—E saia de perto de mim.

'De onde essa mulher tirou essa faca?'—Pensou um deles, morrendo de medo.

—Você queria se divertir comigo? Ótimo, vamos nos divertir agora.—Lia se aproxima do homem caído, com um sorriso no rosto.—Vou realizar o seu desejo.

—Por favor não me mate. Não me mate. Eu não queria fazer nada com você. Fui contratado por Juan, para te dá um susto.—O homem suplica, colocando a mão no local que não para de sair sangue.

—É verdade. Nós fomos contratados. Foi Juan que nos pagou. Ele não vai demorar pra aparecer, pode acreditar.—Um deles fala.—Por favor, não nos mate.

'Juan pensa que vai conseguir me dobrar mais uma vez. Foi assim que aconteceu. Eu fiquei agradecida e ele conseguiu o que queria. E foi assim que eu entrei num inferno.'

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