Ágata Campbell, 22 anos, voltou do banheiro do avião em que viajava para a sua casa em Nova York e encontrou sobre a mesinha sobressalente do seu assento, um suco de laranja e um sanduíche de queijo.

Ela sorriu pelo gesto da sua acompanhante de viagem.

A mulher ao seu lado, era sua segurança particular, Lisa. Ela sorriu de volta para Ágata.

— Obrigada, Lisa.

O avião pousou às 9:00 da manhã.

Ao saírem do avião, Ágata acompanhada de Lisa, foram para o estacionamento, pegaram o carro que havia ficado lá antes da viagem e seguiram para a empresa do seu marido, o CEO Aiden Campbell, 30 anos, um dos homens mais cobiçado pelas mulheres da cidade e até mesmo do país. 

Antes de assumir a empresa da família, ele era considerado um playboy, mas tornou-se um empresário muito respeitado por todos. Ela se orgulhava dele.

Ágata ficou uma semana fora, pois foi visitar e dar a notícia pessoalmente aos seus pais que estava grávida de quase quatro meses de gêmeos, porém eles discutiram e ela voltou mais cedo. Por isso, pensou em fazer uma surpresa ao seu amado marido.

Quando chegou na empresa, como tinha passe livre para adentrar ao local, subiu pelo elevador executivo até a sala da presidência.

A mesa da sua secretária estava vazia, sendo assim, caminhou direto até à porta. Ao segurar a maçaneta, ela ouviu um gemido em alto tom.

As suas pernas fraquejaram, o seu corpo tremia, não sabia se enfrentava o que suponha acontecer dentro daquela sala ou iria embora para ser consumida pela dúvida.

Mais um gemido foi ouvido.

Ela respirou fundo e abriu bem devagar a porta.

Lá estava a origem dos gemidos. Como imaginara, era o seu marido com outra mulher.

Aiden estava sentado na sua cadeira com a calça aberta, de olhos fechados curtindo a sua secretária fazer sexo oral nele.

O seu mundo despencou, mas algo muito forte, talvez fosse a presença dos seus bebês no seu ventre que lhe deram forças.

Ela respirou fundo, bateu pequenas palmas e disse: 

— Então, é assim que o meu marido trabalha.

Aiden abriu os olhos, empurrou a secretária que caiu sentada no chão e fechou a calça.

— Não precisa apavorar. Podem continuar o que estavam fazendo. Já vi tudo que precisava ver e saber. Tenho nojo de um dia ter sido tocada pelas suas mãos. Esqueça a nossa existência. Você… quebrou… a sua… promessa, mas eu vou cumprir a minha. Isso aqui é seu, não quero nada de você.

Ela tirou a aliança do dedo, jogou nele e saiu apressadamente da sala, não dando tempo para que Aiden reagisse.

Quando chegou ao térreo do prédio e caminhou alguns passos pelas calçadas da famosa Wall Street, os seus olhos estavam nublados pelas lágrimas, de repente começou a sentir-se mal. Uma dor insuportável e incessante na barriga começou a se formar e a sua visão escureceu, percebeu que esbarrou em alguém e antes de cair, sentiu os braços dessa pessoa segurá-la…

— Um hospital… Salve os meus…— Conseguiu dizer antes de desmaiar.

Enquanto isso, na sala da presidência, Aiden quebrava tudo que estava à sua frente. 

— Que droga! Por que eu fraquejei? — Ele estava indignado consigo mesmo.

— Aiden, calma. Talvez a Sra. Campbell reconsidere. — A secretária falou com extrema falsidade. 

— Aiden? Agora, acha que sou seu homem, sua vadia? Suma da minha frente. Você está demitida. 

A mulher ficou parada sem reação, tomada pela surpresa.

— Se não sair agora, vou chamar os seguranças. SAIA. — Ele esbravejou.

Ela começou a chorar e saiu quase correndo.

Aiden estava inconformado por ter cedido à tentação, logo na sua empresa.

Revoltado consigo mesmo devido ao que aconteceu e por saber que todo o amor e cumplicidade que havia conquistado e desenvolvido em três anos, havia sido jogado fora por um momento de bobeira.

Naquela manhã, antes de ir trabalhar, ele acordou após sonhar que estava numa das suas sessões sexuais com Ágata, estava louco saudades dela. Até se arrependeu de não tê-la acompanhado para visitar os seus sogros, mesmo que não gostasse deles, pois eram sanguessugas,  totalmente diferentes da filha.

Quando chegou ao escritório, pouco depois que a nova secretária passou toda a sua agenda do dia, ela começou a se insinuar para ele. 

Primeiro inclinou na sua mesa e o decote aberto da camisa mostrou o seu volume envolto a uma peça branca de renda.

Aiden deixou passar e foi trabalhar. 

A mulher já  havia se insinuado outras vezes para ele, mas era mais discreta. 

Depois, ela veio até a sua sala para trazer documentos para ele assinar. Sentou à sua frente, com pernas cruzadas, onde a fenda da sua saia mostrava a sua coxa bronzeada. Além de passar os dedos no seu colo rumo aos seios.

Mais uma vez ignorou, pois, quanto ao serviço era muito eficiente… E no momento não poderia se dar ao luxo de ficar sem uma secretária. Porém, se ela continuasse se comportando daquela maneira, ele colocaria um limite.

Minutos depois, a mulher trouxe café e serviu para ele. Mas acabou derrubando um pouco do líquido quente sobre a sua calça. 

Ela fingiu estar preocupada e passou a mão com movimentos de vai e vem sobre o tecido por cima da região pélvica dele, o que o excitou automaticamente. 

Eles entreolharam-se.

A mulher não pensou duas vezes e começou a abrir o seu zíper.

— O que pensa que vai fazer? 

Ele segurou o pulso dela.

— Lhe dar o que você quer, mas está evitando há meses. 

Quando terminou de falar, ela empurrou a mão dele com força, acabou de abrir a sua roupa com extrema destreza e rapidez e abocanhou todo o seu membro. Ele gemeu muito alto. 

A mulher era uma profissional no que fazia. Aiden estava tão surpreso e o ato era tão prazeroso que resolveu deixá-la terminar. Ele precisava daquilo, estava dias sem sexo. Prometeu a si mesmo que só receberia o ato, não encostaria um dedo naquela mulher que o ch*pava … Deixaria claro que não daria nada em troca, e que não se repetiria no futuro. 

Tentou se convencer que era só um momento de alívio para aguardar a sua mulher voltar de viagem.

Só depois de ouvir e ver o rosto de decepção de Ágata que ele percebeu o grande erro que cometeu.

Ele foi atrás dela assim que despediu a secretária, porém não a encontrou mais. Ligou no seu celular, porém sem sucesso.

Voltou para sua sala e ligou para a segurança que acompanhava a sua esposa, porém o telefone de Lisa estava fora de serviço. Discou o ramal do seu assistente e primo:

— Robert, encontre Ágata. Ela veio ao escritório e flagrou-me num momento íntimo com a nova secretária. Saiu daqui extremamente nervosa. Preciso encontrá-la ou vou perdê-la e os meus filhos, também.

" Que ódio! Que idiota, eu sou! Eu não posso perder a minha esposa.". — Ele pensou ao desligar.

Fotos aleatórias retiradas da ‘internet’, apenas para fins meramente ilustrativos.

Ágata Leclerc

Aiden Campbell

Enquanto Aiden esperava por notícias da sua esposa, ligou em casa e pediu à funcionária que lhe avisasse assim que Ágata chegasse. 

Ele a amava muito mais do que pensou que poderia amar alguém.  

"Foi tão difícil conquistá-la e ganhar a confiança dela… Desta vez será um pouco mais difícil, mas não é impossível conseguir novamente, pois nos amamos." — Pensou.

Em seguida relembrou como se conheceram.

Há três anos e meio, ele participou de um evento em homenagem aos melhores empresários do ano. 

Desde quando entrou no local, viu uma garota que parecia ter uns 18 anos, ou talvez um pouco mais. Ela era incrivelmente linda, cabelos longos, olhos e sorrisos encantadores, além de um corpo curvilíneo na proporção certa. Extremamente sexy! 

Ela trabalhava naquela noite na recepção dos convidados. 

Todas as recepcionistas e demais mulheres olharam para ele com olhar de desejo ou admiração quando adentrou ao salão. Bem! Quase todas. Havia uma única exceção, a recepcionista linda e sexy, não lhe deu sequer um olhar de soslaio.

Durante toda a noite, os olhares de Aiden iam e vinham em direção à entrada.

A garota não olhou para ele nenhuma vez. Continuava sorrindo e orientando os convidados.

"Totalmente profissional." — Ele constatou.

Como tinha fama de playboy antes de virar um CEO respeitado, porém o seu lado mulherengo nunca foi extinto, logo, uma modelo famosa apareceu e grudou nele, sendo assim, teve que desviar um pouco a sua atenção de uma certa jovem.

Ao sair para levar a modelo para um hotel mais próximo, a garota não estava mais na portaria.

Ele pediu um momento para a mulher ao seu lado, foi até uma das funcionárias do local e perguntou pela pessoa ausente. 

— Ela não trabalha aqui. Foi contratada somente para esse evento. — A recepcionista informou.

— Poderia me fazer um favor?  — Aiden falou, sorriu e piscou de maneira sedutora para a mulher. 

Ela sorriu de volta e em transe disse que sim.

— Qual o nome dela e o telefone? 

A mulher gaguejou ao falar: 

— A-Ágata Leclerc, infelizmente não tem o registro do telefone dela.

Ele agradeceu e saiu com a modelo que o esperava ansiosa por uma noite sexo com o solteiro mais cobiçado da cidade.

Dias depois, a imagem e o sorriso da pessoa que o ignorou no evento não saía dos seus pensamentos. 

"Se ela pensa que pode me esnobar, está muito enganada, garotinha. Basta apenas um encontro e estará na minha cama." — Pensou confiante.

Sendo assim, pediu ao Assistente Robert que a investigasse.

As informações chegaram no dia seguinte: 

Ágata Leclerc

19 Anos

Caloura da New York University, ou NYU

Bolsista do curso de Artes Cênicas 

Família de classe média

Seus pais Benedict Leclerc e Ella Leclerc, são da cidade San Diego (Califórnia)

Onde ela nasceu e viveu até se mudar no semestre passado

Faz trabalhos de meio período à noite para se manter.

Através desses dados e com os contatos certos na Universidade, ele descobriu os horários das aulas de Ágata e quando saía para trabalhar. Sempre armava um encontro, mas ela mostrou-se totalmente indiferente a ele. 

Aiden estava indignado, pois, não corria atrás de mulheres. Elas vinham até ele. Geralmente bastava corresponder ao olhar delas que em seguida já estavam derretidas nos seus braços.

Resolveu esperar um pouco mais, pois tinha o entendimento que era mais fácil descartá-las se o primeiro passo fosse dado por elas.

Depois de meses, sem chamar a atenção da linda garota e obcecado por ela, resolveu que se Ágata o aceitasse como o seu namorado, ele pararia de se envolver com várias mulheres.

Ela era tão diferente das outras que passaram por sua vida…

Nunca esteve tão interessado por uma mulher daquele jeito. Já sentiu algo parecido no passado, mas não na mesma intensidade e também não foi preciso esforço algum, na época.

Ele dormia e acordava pensando em Ágata Leclerc.

A primeira vez que conversaram foi numa terça-feira, tarde da noite, quando ela deixou o trabalho numa loja do shopping. 

Havia uma chuva torrencial lá fora.

Disposto a conquistá-la de qualquer maneira, Aiden desceu do carro que parou na frente da entrada principal do local, se aproximou dela com um guarda-chuva.

— Ágata, eu vou te levar para casa.

Ela olhou para ele, com dúvidas:

— Como você sabe o meu nome, Sr. Campbell? 

— Você também sabe o nome, pelo jeito. — Ele sorriu por ela saber que ele era.

— E quem não conhece a fama e o rosto do maior playboy da cidade? Ah! Desculpe-me, dizem que agora é um CEO respeitável. — Ágata falou com desdém.

"Olha só! É Atrevida! Gostei!" — Ele pensou e sorriu.

Levantou uma das sobrancelhas e disse: 

— A gama de playboy que um dia tive vai ser esquecida em breve. Venha, eu vou te levar para a Universidade. Ou prefere ficar aqui a noite toda.

— Então me diz, como sabe o meu nome e que vou para a Universidade? 

— Descobri o seu nome no evento Os Melhores Empresários do Ano e não foi difícil saber que era uma universitária.

Como Ágata estava atrasada para voltar para o dormitório da Universidade e tinha vinte minutos de tolerância, ainda hesitando, aceitou, pois, a chuva parecia não querer acabar mais.

— Ok. Vou aceitar, mas vou deixar algo claro para você. Não tente "gracinhas" comigo, pois não sou como as mulheres à sua volta.

Aiden sabia muito bem disso. Ela era única. 

Depois desse dia, outros encontros surgiram e Ágata já estava um pouco menos séria. 

Foi então, que ele resolveu ser sincero com ela:

— Ágata, desde o dia que te vi pela primeira vez, eu não consigo tirar você da minha cabeça. Estou disposto a ficar só com você. Dê-me uma chance.

— Desculpe-me. Mas não tenho a intenção de me envolver com você. 

— Sou tão ruim assim? 

— Não é isso. Somos de mundos diferentes. Não daríamos certo depois de um tempo. Aceitar ficar com você é um risco, pois não estou afim de ser usada e descartada depois. Sinceramente, acho que você não é confiável 

— Nem tentamos, como pode ter tanta certeza? Dê-me a oportunidade de te provar que pode confiar em mim.

— É melhor não insistir. O seu mundo é grande demais para mim e o meu pequeno demais para você. Nenhum relacionamento resiste quando as diferenças são maiores que os sentimentos. E tem mais motivos… Você não é homem de uma mulher só, todos e todas sabem disso. Tenho certeza que a sua família não me aceitaria de bom grado e a minha… — Ela riu sem graça e continuou: —- Os meus pais não perderão a oportunidade de extorquir você. Eu os conheço, é uma vergonha para mim dizer isso deles, mas essa é a triste verdade. Então, é melhor seguir a sua vida e eu, a minha.. Não quero ser taxada de interesseira ou golpista por me envolver com você.

Essas conversas curtas e encontros duraram por seis meses.

Aiden mantinha os seus casos o mais escondido possível, precisava conquistá-la e assim que ela dissesse sim, ele deixaria de vez aquela vida. 

Até que uma noite ao levá-la para casa, parou o carro há quatro quarteirões da Universidade.

— Ágata, preciso de algo. Não aguento mais me segurar. 

Ele soltou o volante e virou rapidamente para o assento do passageiro. 

Levou uma das suas mãos na nuca dela e a outra no seu braço do lado oposto e puxou para um beijo.

No início, ela não correspondeu, tentou empurrá-lo, mas sem sucesso. No fim cedeu e a mágica aconteceu. Estrelas piscavam ao redor deles. 

O beijo foi ficando cada vez mais intenso, ele já estava louco de desejo, porém ela parou tudo. 

— Ágata, você não pode mais negar. Quer estar comigo, assim como eu quero estar com você. Eu prometo estar só com você, vou me dedicar somente a nós dois. Eu te amo! 

Até Aiden foi pego de surpresa pela confissão dos seus sentimentos.

Ele a amava de verdade com uma intensidade não esperada, bem mais que o seu primeiro amor que durou anos… até ver Ágata naquela noite.

Ágata sorriu e uma lágrima solitária desceu por seu rosto. Ela fechou os olhos disse:

— Aiden, estou com medo. Não suporto a ideia de ser apenas mais uma da sua ampla lista.

Enxugando a lágrima dela com o dedo e acariciando o seu rosto, ele disse:

— Minha Pequena, não precisa ficar com medo, você tem a minha palavra que ficarei só com você. Essa é a promessa mais verdadeira que já fiz a uma mulher. Namora comigo?

— Se um dia você me trair, nunca mais eu te perdoarei. Não adiantará nenhuma tentativa de obter o meu perdão, porque eu não o consentirei. Prefiro sofrer sozinha do que voltar nas minhas palavras. Essa também é a minha promessa.

Ironia do destino? A promessa de Aiden foi em vão e o desespero tomou dele por lembrar da promessa da mulher que mais amava.

Ele enviou uma mensagem pelo aplicativo do celular:

[Minha Pequena, eu te amo. Eu sei que errei. Saiba que não  toquei naquela mulher, foi só o que você viu, nada mais. Fraquejei, mas prometo que nunca mais acontecerá de novo. Ela foi demitida. Diga-me onde está que vou até você.] 

Ele segurou firme o celular e pela primeira vez na sua vida, Aiden derramou uma lágrima por uma mulher.

Robert, o assistente, não localizou a esposa de Aiden nos principais lugares que frequentava.

O telefone da profissional de segurança estava desligado, assim como, o de Ágata, não sendo possível rastreá-lo. Sendo assim, conseguiu com vários estabelecimentos de Wall Street as filmagens daquela manhã das suas câmeras de segurança.

Ele e Aiden visualizaram todos os vídeos com muita atenção.

Conseguiram ver claramente que Ágata desmaiou na rua e um homem vestido de roupas esportivas, de boné, amparou-lhe. Não foi possível ver o seu rosto, no entanto o seu porte físico era familiar. Em seguida, outros dois homens vestidos de preto, pareciam ser seguranças do primeiro homem da cena, aproximaram-se. E foi ele próprio que carregou a esposa de Aiden no colo. Entraram num carro de luxo, um Bentley. 

A placa do carro era de uma concessionária de locação de veículos de luxo. E era sigilosa a identidade do locatário.

Robert acionou um contato da Secretária de Trânsito e conseguiram localizar o veículo nas filmagens do trânsito da cidade.

Conforme câmeras do órgão municipal, o carro foi até o Hospital mais próximo. 

Assim que Aiden teve essa informação já era início da noite. Ele correu até o local. No entanto, Ágata já havia recebido alta pouco tempo antes.

Ele conversou com o médico que atendeu-a e, por ser marido de Ágata, recebeu informação do prontuário dela. 

— Ágata sofreu um aborto e fez curetagem. Ficou em observação por seis horas e foi embora. Pelo caso dela, deveria ficar internada no mínimo 24 horas, porém ela assinou um termo de responsabilidade e foi embora. Sinto muito por sua perda. — Foram as falas do médico. — Desculpe-me, tenho uma emergência agora. — Disse e saiu.

Aiden ficou em choque por alguns minutos.

A culpa tomou conta dele. 

"Se ela não tivesse presenciado aquela cena…" — Aiden estava inconsolável, chorou pela perda dos filhos e pelo sumiço da mulher.

Robert se aproximou e colocou a mão no seu ombro.

Ele foi para casa, mas Ágata não voltou.

Ligou para os seus colegas de faculdade e ninguém sabia nada sobre ela.

Verificou os extratos dos cartões de crédito dela para tentar descobrir  onde ela se hospedou, porém não havia gastos.

Só restava um lugar para procurar. A casa dos seus sogros. 

"Será que ela estava bem para fazer uma viagem de quase cinco horas e meia de voo?" — Aiden pensou se Ágata aguentaria a viagem.

Na mesma noite, ele entrou num avião e voou até a casa deles.

— Sr. e Sra Leclerc, boa noite! Desculpe-me por incomodá-los tão tarde.

— Você nunca incomoda, meu genro. — Falou a senhora.

— Onde está a minha esposa? Eu vim buscá-la.

— A Ágata? — A sogra perguntou assustada.

— Lógico. Eu tenho outra esposa? — Aiden perguntou sem paciência.

— Aiden, você parece nervoso. Entre primeiro. — O Sr. Leclerc falou.

Ele adentrou olhando para os lados e para o interior do lugar, perguntando em seguida:

— Ela está aqui?

— Ágata foi embora hoje de madrugada. — A mulher falou com convicção.

— Ela ainda não chegou em casa? — O sogro perguntou.

— Ágata tinha intenção de ficar dez dias, por que voltou antes?

— Nós discutimos, sabe como ela é. Estamos muito apertados financeiramente… — A Sra. Ella Leclerc começou a falar.

Aiden interrompeu a fala dela dizendo:

—  E os senhores queriam dinheiro. Ágata deve ter dado tudo que tinha na bolsa e vocês acharam pouco, estou certo? 

Eles abaixaram a cabeça.

— É só dinheiro que vocês querem  de nós? Saibam nunca mais verão um centavo meu e que por causa da ganância de vocês, eu perdi a minha esposa. — Ele disse em alto tom de voz.

 Saiu sem olhar para trás. 

Ele os culpava pela volta repentina da esposa, mesmo ele sendo o errado.

"Se Ágata não tivesse voltado mais cedo…" — Ele pensou injuriado e suspirou.

Os dias foram passando… 

Aiden contratou um detetive para encontrá-la. 

Ágata tinha desaparecido completamente após deixar o Hospital. 

Aliás, ela sequer apareceu nas câmeras de vídeos da porta de saída ou do estacionamento. 

Para onde Ágata teria ido? Só havia uma possibilidade: o heliporto do hospital. 

Ela não tinha dinheiro já que havia dado tudo para os pais e não usou nenhum dos seus cartões. 

"Aquele homem que a levou para o hospital deve tê-la ajudado.. Quem é ele? Por que me parece tão familiar? Com certeza reparou como minha esposa é linda…" — Pensou enciumado.

Horas depois, Robert chegou com a notícia de que uma mulher com as características físicas de Ágata havia pulado de uma ponte no mesmo dia do desaparecimento dela.

O resgate foi acionado e o corpo não foi encontrado.

— Não é ela. Ágata nunca tiraria a sua vida. Mesmo com todo esse sofrimento. Preciso descobrir para onde ela foi. 

Aiden e o detetive chegaram a conclusão que a pessoa que a ajudou era muito poderosa, pois não ficou nenhuma pista para onde ela teria ido. 

Os dias viraram semanas. As semanas se tornaram anos e esses pareciam uma eternidade sem notícias de Ágata.

No fim do primeiro ano, Aiden dispensou os serviços do profissional.

Inconformado e revoltado por ter sido deixado pela mulher que amava, perdeu a cabeça completamente e voltou à sua vida de antes.

Um Dom Juan à noite e durante o dia um CEO implacável.

Bebidas, noitadas e muitas mulheres não faltavam à sua volta.

Quando completaram os três anos sem a esposa que não conseguia esquecer, a sua fama de mulherengo era nada em vista da sua nova fase.

Se no passado era visto com uma só mulher, ele passou a ser fotografado pelos paparazzis com duas e até três mulheres ao mesmo tempo numa única noite.

— Aiden, se um dia, você manteve esperanças de reatar com a sua esposa, pode ter certeza que com todo esse material na internet, você perdeu todas as suas chances. E com certeza aquela outra pessoa também deve ter visto, apesar dela não se importar, você não acha que esse o seu comportamento está sendo excessivo? Você acabou com a sua reputação e isso já está interferindo nos negócios. Vê se toma jeito, você perdeu Ágata, não tem mais volta. — Robert falou cansado de ver a autodestruição de Aiden.

Aiden pensou em Ágata e na sua promessa… Depois de ouvir as palavras de Robert, a ficha caiu e até que enfim concordou internamente que nunca seria perdoado.

Depois, lembrou um pouco da outra pessoa mencionada, Lina July, o seu primeiro amor.

Como ele pôde ser um cafajeste com as duas mulheres que mais o amou e que ele amou de volta? Mesmo sendo cada uma de uma forma diferente? 

Por uma, ele sentiu o amor doce da juventude e pela a outra, o amor avassalador, poderoso que o consumiu por inteiro e sobrepôs ao primeiro. Porém, ele mesmo destruiu esse segundo tipo de amor.

Após considerar as falas de Robert e depois de ouvir as críticas incessantes da sua família que nunca aceitou o seu casamento com Ágata, pegou o acordo de divórcio assinado por ela há três anos, mantido todos esses anos na sua gaveta e o assinou com grande pesar.

— Robert, leve para o advogado de Ágata. Veja se terá que refazer devido a data. Depois, ligue para o meu tio no Fórum. 

Como o seu tio era um renomado juiz da Vara de Família, a certidão foi emitida com rapidez, menos de um mês após a entrada dos documentos.

Enquanto isso na Inglaterra, Ágata recebeu o telefonema da secretária do seu advogado:

— Ágata, aqui é a Kate, a secretária do Dr. Johan. 

Ela respondeu à mulher com o coração acelerado.

— Estou ligando para avisar que o seu divórcio saiu.