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Zaira - Me Voliv Tu

Zaira a cigana

Essa semana será de festas, muitas músicas e danças em volta da fogueira, pois sou de uma família de ciganos e temos nossos costumes e tudo está preparado para o casamento da minha irmã mais nova, Sarita.

Eu me chamo Zaira, tenho vinte e um anos e para os padrões do meu povo já estou passando da hora de me casar e ter filhos, pelos nossos costumes somos prometidas ainda crianças e somente no dia do casamento conhecemos o nosso noivo.

Os ciganos são livres, detestam serem mandados e gostam de seguir seus próprios costumes e tradições, a família é sagrada e os filhos são bençãos. Nas festas, todos da aldeia se reúnem e dançam em volta de uma fogueira durante três dias e antes da cerimônia na igreja, as duas famílias se reúnem para ser tratado os detalhes e selarem o pacto de venda simbólica da noiva. É neste momento que sabemos quem é o noivo. Por isso tanto movimento nas tendas. Não vimos a família do noivo ainda e não sabemos Qual dos irmãos será o compromissado. Tudo indica que seja mais velho, isso me dá esperança de que o meu noivo seja o Edgar

É uma festa bonita e tradicional onde predominam as cores e a alegria. É uma questão de honra, para qualquer família cigana, casar os filhos de acordo com a tradição do seu povo.

Eu e minha irmã Sarita fomos prometidas para dois irmãos, e por um motivo que desconheço um dos noivos não poderá comparecer a cerimônia e apenas uma de nós será a noiva da vez. O meu casamento foi adiado e estou decepcionada, por que tudo que eu queria hoje e estar me casando com Edgar. Passei toda minha infância e adolescência esperando por este momento, fui treinada e ensinada para ser uma excelente esposa e mãe, apesar de desejar um voo mais alto que para as mulheres ciganas é quase impossível.

Eu sempre acreditei que o meu pretendente fosse Edgar. Um dos ciganos mais cobiçados das etnias. Ele sempre me cortejou e eu espero que ele seja o meu noivo.

Crescemos no mesmo acampamento e brincávamos juntos até chegarmos a adolescência. Seu irmão mais velho não ficava com seus pais, ele ajudava os avós com a venda de cavalos de raça, então não sei quem ele é, mas eu o vi poucas vezes. Edgar é o meu primeiro e único amor. Estou com pena da minha irmã, ela é muito nova e não queria se casar com uma pessoa que não conhece. Mas este é o nosso destino, sermos submissas e aceitarmos o que nossos pais acharem que é o melhor para nós.

Lembro-me como se fosse hoje o dia em que Edgar me roubou um beijo atrás da tenda e a Sarita minha irmã viu e correu para contar para os meus pais, por esse motivo nos mudamos do acampamento e eu nunca mais o vi. Estou ansiosa aguardando o momento de nos encontrarmos e vivermos esse amor e sei que logo após o casamento deles será marcado o meu.

Eu tenho outros sonhos que aos olhos do meu povo é impossível para uma mulher cigana, mas minha prioridade é me casar e ter filhos com esse homem que é a minha paixão.

Os convidados começam a chegar e a festa será em um clube onde foi alugado pela família do noivo. As expectativas é de muita alegria e festejos.

As mulheres mais velhas levam Sarita para se arrumar na tenda preparada para o casal, elas dão conselhos e conversam a respeito de como tratar o marido e a importância de se comprovar a virgindade.

__Se você não sangrar no momento da relação, seu noivo poderá te devolver e seus pais terão que pagar uma grande indenização aos pais do noivo.

Uma das senhoras falam e Sarita se sente constrangida.

Meu nome é Sarita, tenho dezoito anos, estou me preparando para me casar com uma pessoa que eu não conheço, eu estudei apenas o básico e não tive muitas oportunidades a não ser me preparar para ser esposa e mãe. Daqui para frente vou pertencer a família do meu esposo e o máximo que irei conquistar na minha vida, são meus filhos.

Estou me sentindo ultrajada e se eu pudesse fugiria para bem longe daqui.

Eu sei que minha irmã gosta do Edgar, mas se ao menos ele fosse o noivo eu me sentiria mais tranquila, eu também gosto dele, além de lindo é um homem educado. Eu sempre fui apaixonada por ele, mas ele só tinha olhos para Zaira, eu os vi beijando uma vez e senti meu coração dilacerado por conta desse amor.

Eu não tive outra opção a não ser contar para os meus pais, a mulher não pode ser tocada por um homem antes do casamento, e não sabemos qual de nós duas era a sua prometida.

Por causa desse episódio, meus pais tomaram a difícil decisão em mudarmos e não nos encontrarmos até o casamento. Agora não sabemos qual dos dois irmãos é o noivo.

Chega o tão esperado momento, os pais conversam a respeito do combinado e o noivo já está presente, daqui a pouco eu serei chamada juntamente com as outras mulheres. Meu coração está disparado, Zaira segura em minha mão me dando forças:

__ Tenha coragem, minha irmã. Você é forte e destemida, não se preocupe, o seu noivo saberá ser carinhoso com você e vai te dar valor em ouro por sua beleza e lealdade.

Ela fala e mais nervosa eu fico, pois se não for Edgar será um outro homem mais velho que eu não conheço e muito menos sei como é.

De repente um porta-voz vem nos chamar até a tenda dos homens, onde eles bebem e festejam o sucesso da aquisição.

Meu coração dispara e minhas pernas tremem, sou como uma ovelha indo para o matadouro. Minha sorte está lançada.Que Devel Me acompanhe...

Edgar e o destino

Nas tradições ciganas, o compromisso de casamento é firmado na infância, os pais fazem todos os acertos e as meninas são prometidas para o noivo e quando os ciganos entram para o mundo dos adultos os noivos não podem ter nenhum tipo de intimidade. Esse foi o meu grande delito, eu beijei Zaira atrás da tenda e foi a melhor experiência que tive em toda minha vida. Ela tremia em meus braços e seus lábios eram doces como o mel.

Meu nome é Edgar tenho 26 anos e sou prometido a uma das filhas de Benjamin, desde os meus sete para oito anos de idade.

Me resguardei para esse momento, apenas não me casando, é claro.

Tive outras mulheres e aproveitei muito a vida mas agora eu vou dedicar a minha esposa e espero que essa seja Zaira, pois eu a amo muito e todos os dias da minha vida foram na expectativa de tê-la em meus braços e fazê-la minha esposa. As mulheres que tive foram pensando nela, os meus desejos foram todos na lembrança do sabor da sua boca e se tornando para mim uma obsessão.

__ E se não for ela a sua prometida?

Fala meu amigo Igor colocando caraminholas na minha cabeça. Ele cresceu junto comigo e meu irmão depois que seus pais morreram em um acidente, é como um irmão e meu confidente.

__ Eu sempre fui apaixonado por Zaira e tenho certeza que ela por mim, mas, ela tem uma irmã que também é prometida, acredito e espero, que seja a noiva do meu irmão e não a minha. Eu não sei se suportaria ficar casado com uma pessoa que eu não amo.

__ Mas o destino traça caminhos que não conhecemos, meu amigo! E nossas linhas da vida se cruzam com quem menos esperamos.

Igor sempre falando de destino e que somos prédestinados a vivermos o que está escrito para nós. Apesar de ser cigano, eu acredito que traçamos o nosso destino e vivemos o amor e a vida que escolhemos.

__ Estou me preparando para esse momento especial, onde devo me reencontrar com aquela, que procurei durante anos e como uma fumaça desapareceu no ar, então não venha me desiludir, meu amigo, se você acredita no destino, então peça a ele que a coloque em meus braços.

__ Você sabe que eles sumiram de diante dos nossos olhos e o destino de vocês foram separados, talvez, não era para ser esse casamento.

__ Não acredito, pois eu acho que o destino preparou todas as coisas, até há poucos dias não sabíamos o paradeiro deles e nossos pais se encontraram em um leilão de cavalos. Festejaram durante dois dias e duas noites e nesse encontro, selaram o pacto dos filhos. Como a palavra não se perde no ar, o que foi tratado será cumprido em nossas vidas. Um acordo, um dote e o acerto dos preparativos foram fáceis de resolver, o difícil é saber quem é minha noiva prometida.

__ Você tem uma pequena chance de ser Zaira a sua noiva, se eles seguirem os costumes, onde a filha mais velha deva se casar primeiro. Mas é difícil saber o que se passa na cabeça dos homens mais velhos e o que pensam ser melhor para nós.

Meu irmão é mais velho que eu, todos o conhecem por Cigano Moreno, era para ele ter se casado primeiro, mas ele também é prometido a uma das filhas de Benjamin, era para ele estar se casando hoje, seria um casamento duplo, mas está viajando há mais de dois anos para fora do país. Ele foi buscar nossas raízes e resgatar nossas tradições e costumes em nosso berço ancestral. O trato era que sua volta só ocorreria quando encontrasse a prometida. Mas ele não conseguiu retornar a tempo do casamento.

Chegamos ao acampamento montado para a grande festa, é um clube lindíssimo e tudo está no estilo cigano. Cores, músicas e uma enorme fogueira, estou proibido de sair da tenda até conhecer a noiva. Os convidados já estão chegando para participar dessa grande festa, eu ligo para o Cigano e pergunto onde ele está e o mesmo diz que não vai chegar a tempo, parece que ele está fugindo do compromisso e por algum motivo não quer assumir o compromisso firmado por nossos pais.

Meu pai informa que os pais da noiva já chegaram e que a mesma está sendo preparada na tenda próxima de onde estamos. Meu coração acelera e minhas pernas estão bambas, minha ansiedade é muita. Igor me olha com um sorriso amigo e bate suas mãos em meus ombros:

__ Boa sorte, irmão!

Ele sai da tenda onde ficará primeiro os pais com o noivo e em seguida será apresentada a noiva. Um acordo será firmado, a palavra será cumprida e a responsabilidade assumida diante de toda a sociedade cigana.

Os pais se sentam diante de mim e vejo os acordos, eles trocam moedas de ouro e selam o pacto. Meu pai diz que ela é muito formosa e preparada para ser esposa. Aconselham-me nos deveres e obrigações, sem pensar em outras possibilidades, eu concordo com tudo e aceito as exigências.

__ Entre, a noiva!

Meu pai ordena e a porta da tenda se abre, um corpo lindo caminha em minha direção e seu rosto coberto por um lenço. Sua mãe com carinho retira-lhe o fino tecido e apesar da sua beleza eu me constranjo diante da decepção...

Casamento conturbado

O caminho da tenda onde eu estava, até a tenda onde se encontra o noivo e os nossos pais, pareciam quilômetros, por causa do nervosismo que me assola.

Zaira está ao meu lado mas ao entrar na tenda ela me deixa e eu entro apenas com minha mãe. Olho para a família do noivo e o busco entre os homens presente.

Quando meus olhos cruzam com o do jovem barbudo e cabelos grandes, eu não o reconheço por ter se passado longos oito anos sem o ver.

Seu olhar ainda é o mesmo e seu rosto sério sem me reconhecer. Parece buscar em mim alguém que ele não encontra.

Minha mãe retira o véu que cobre meu rosto e a decepção é notória, ele parece não acreditar ou gostar de quem vê a sua frente. No mesmo instante Zaira entra no ambiente e seu olhar é sobre ela.

Sinto um sentimento de revolta e ao mesmo tempo frustrante. Mas apesar desse sentimento, a vitória é minha, pois o destino me deu de presente o homem que eu queria e será uma questão de tempo para fazê-lo esquecê-la.

As lágrimas correm pelo rosto da minha irmã, a decepção para ela foi maior. Agora ela tem a certeza de que perdeu de vez o seu amor de infância.

Ele a olha o tempo todo e percebe o quanto ela está constrangida e triste. Eu dou um passo a frente e meu pai tece elogios a meu respeito como se eu fosse uma mercadoria para ser adquirida.

Meu coração está disparado e feliz por ele ser o noivo.

Ele não me dirige a palavra, saímos da tenda rumo a igreja onde será celebrado o casamento. O povo cigano tem uma diversidade religiosa e nós somos cristãos.

Entro no carro com meus pais e eles me perguntam o que achei do noivo e eu digo que é o que eu sempre sonhei. Meus pais ficam felizes e acreditam ter feito uma boa escolha.

__ Onde está Zaira?

Eu pergunto dando falta dela e não vendo o carro dela atrás de nós, meu pai e minha mãe olham para trás e não a vê. Eles ficam preocupados e minha mãe liga para seu celular que não atende.

Todos estão na igreja a minha espera e por um instante sinto um friozinho na espinha e meu estômago começa a doer.

__ Filha, fica calma eu vou entrar e ver se está tudo certo, seu pai lhe fará companhia.

Minha mãe fala e eu estou muito nervosa. Aurora é minha melhor amiga, ela vem até o carro e me fala que o noivo ainda não chegou, eu fico desesperada.

__ Ele não gostou de mim, ele não vem.

__ Não diga besteira, minha filha! Aurora, não a deixe nervosa. Veja, os pais dele já chegaram.

Eu olho a família do noivo entrando na igreja, sinto um alívio, mas não vejo o noivo.

__ Não se preocupe, eu vou conversar com Ramiro, ele me dirá por onde anda seu filho.

Meu pai fala saindo do carro indo em direção aos pais do noivo. Eles conversam e vejo meu pai alterado e minha mãe o tenta acalmá-lo.

Aurora pega nas minhas mãos e estão suadas. Zaira também não chegou. Para completar meu sofrimento minha amiga sem um pingo de noção, diz:

__ Será que eles fugiram, juntos?

__ Aurora! Já não falei para você não deixar minha filha nervosa?

__ Desculpa-me senhor Benjamin, mas eu também estou preocupada, Zaira também é minha amiga e todos nós sabemos que ela é apaixonada por Edgar.

Olho para meu pai que está furioso e Aurora não mentiu, mas me deixou mais nervosa e preocupada.

__ Eu vou lá dentro da igreja, ver se alguém sabe de alguma coisa.

Ela sai às pressas e meu pai está ao telefone, ele conversa com alguém, está exaltado e se corroendo de raiva.

__ Com quem o senhor estava falando?

__ Com seu tio Moisés. Ele está no acampamento e viu quando o noivo saiu em seu carro, ele parecia tranquilo. Deve ter acontecido alguma coisa, vamos aguardar mais um pouco e se ele não chegar te levarei para casa.

Eu começo a chorar, estou envergonhada e me sentindo humilhada. Todos que se aproximam do carro sentem pena de mim.

Vejo o senhor Ramiro se aproximando e com um sorriso sem graça diz:

__ Consegui falar com ele, o pneu do carro furou e ele acabou se atrasando, ele já está vindo. Fica calma minha filha, o meu filho é um homem de palavra e se ele falar, você pode ter certeza que irá cumprir.

Eu respiro fundo e solto o ar dos pulmões, vejo Zaira chegando, ela não vem até o carro e vai até minha mãe. Ela está triste e abatida, beija seu rosto e sai novamente, não ficará para o casamento.

Minha mãe se aproxima e me diz que houve um imprevisto com o buffet e Zaira irá resolver antes que os convidados cheguem.

Depois de mais de uma hora esperando o noivo, minha maquiagem toda pregando e muito calor dentro do carro, seu pai avisa que ele me espera na igreja.

Entro pelo enorme corredor em um tapete vermelho, meu pai está ao meu lado sentindo o dever cumprido. O noivo não comunica com o olhar e está o tempo todo sério. Tenho vontade de desistir, mas não tenho esse direito de escolha.

Será que o meu amor por ele será o suficiente para nós dois?

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