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O Último Virgem

Desperdício

Maria estava com os olhos fixos na linda paisagem da praia, na ilha do amor.

Precisava esparecer um pouco, após fazer algumas entrevistas frustradas de emprego.

Abrigada num quiosque, sugava com avidez o canudo por onde percorria a agua de coco e aliviava sua sede.

Distraía-se observando algumas pessoas que se aventuravam num divertido banho de mar em plena quinta-feira.

Após saciar sua sede, pegou o celular e no Instagram foi em busca de outras oportunidades de emprego.

Recém-formada como médica veterinária, pesava-lhe não ter experiência na profissão, mas não ia desistir facilmente.

Com um clique, colocou no aplicativo, surgindo diante dos seus olhos um TBT* postado pela amiga *Jane, que estava casada a muito tempo com o fazendeiro *Miguel na ilha de Marajó, ao norte do Brasil.

Eles tinham cinco lindos filhos.

Empolgada, passou a curtir as fotos dela. Havia umas da viagem ao Caribe com o marido e da festa de bodas do casamento. Isso tudo foi a um ano atrás.

Sentiu uma certa tristeza. Que pena que não pôde ir às bodas de dez anos da amiga , pois na época, coincidiu com um congresso de estudantes de veterinária que estava participando em seu Campus.

Curiosa, procurou por mais posts da festa de Jane. Foi então que deu de cara com a imagem de um homem muito charmoso, o que fez com que suspirasse, fascinada.

"Que diabo de homem lindo era aquele? "

Procurou por outras imagens dele, mas em vão.

Quem era aquele gostosão?

Era casado? Divorciado? Viúvo?

Ou, melhor... Solteiro?

O abalo foi tão grande que acabou exclamando em voz alta:

— Ai, que calor da peste!

A vendedora de coco, perguntou, intrigada:

— O quê, moça?

Constrangida, fez uma careta. Havia literalmente perdido a noção de onde estava:

— Nada, não! Tô sentindo tanto calor! Deve ser menopausa precoce!

A vendedora se benzeu.

— Vixie, nossa senhora! Cuidado que pode ser virose, pois com uma brisa dessa vinda do mar, como é possível sentir calor? Se cuida, mulher!

"Doida!" Maria pensou da vendedora. E com olhos furtivos, suspirou de novo ao ver aquele homem no post. Definitivamente o mais bonito daquela festa.

"Ah, pera aí!" Precisava falar imediatamente com a amiga Jane. Num impulso buscou a chamada de vídeo.

Ligou. Depois de alguns toques a amiga atendeu. Logo, a imagem dela apareceu na tela. Linda era um adjetivo ideal para Jane.

— Maria! Quanto tempo, sumida! Esqueceu de mim, foi?! Faz mês que a gente não se fala!

— Oh, Jane, tenha dó de mim! Jamais esqueceria de você! Eu estava enrolada com defesa de TCC, depois foi formatura... Aff!

— Tá certo! Dessa vez passa!— Jane riu, divertindo-se do desconforto dela. — Tá na ilha, ainda?

— Sim, veja que lindeza! —E mostrou a imagem da bela praia.

— Ai que saudade! Vida boa amiga!

Maria voltou a tela para si, novamente.

— Quem dera! Estou aqui pra descansar as pernas e a mente. Não consegui nenhum emprego ainda. Se continuar assim, vou ter que voltar pra Barreirinhas, nossa terra maravilhosa. O dinheiro aqui já está acabando... Na sua fazenda não estão precisando de veterinária não?

— Vixie, amiga! Pior que não, mas posso ver se tem alguma fazenda aqui de Marajó que esteja recrutando. O problema é que nas fazendas, normalmente contratam homens e ... Bem, tem que ter experiência.

Maria suspirou, desanimada.

— Tô sabendo. Como vou ter experiência se nem dão chance!

— Isso é verdade, mas tenha fé, você vai conseguir.

Maria abriu um sorriso de gratidão e Jane correspondeu.

Lembrando do Instagram, agora queria saber do "Misterioso e lindo convidado ".

— Mudando de assunto, Jane... Tenho uma pergunta .... Quem era aquele "pedaço de mau caminho" que estava na sua festa de Bodas no ano passado?

Jane franziu o cenho.

— Além do meu marido? Não vi nenhum. Maria deu uma gargalhada com o bom humor da amiga.

— Fala sério, Jane! Você postou uma foto que ele aparece, vou dizer as características.

Após Jane ouvi a descrição, falou:

— Ah, esse aí deve ser o esquisito, amigo de Miguel...O nome dele é Francisco, nosso vizinho fazendeiro. É bonitinho mesmo, mas...

Maria interrompeu.

— Bonitinho? Miga, acho que acabei de me apaixonar aqui! É lindo pra caramba!

Jane riu à vontade.

— Maria, pára do teu exagero! Ninguém se apaixona assim... Você é acesa, piquena!

— Ah, mas o que posso fazer? Você sabe que faz tempo que tô sem ninguém...

— Por que quer, né? Você é a maior namoradeira que conheço!

— Passado, Jane, passado. Não tenho mais tempo nem pra dançar um reggae! Meu foco agora é arranjar um emprego, pois ter só o diploma na mão, não vai encher minha barriga.

— Passado? Du-vi-do! — A amiga silabou. — Bom, sobre o amigo de Miguel, é melhor deixar quieto esse aí, pois não dá pra o seu fogo todo não.

Maria estranhou aquele comentário.

— É casado?

— Que nada! Já disse: É um cabra muito esquisito!

—Esquisito? Posso saber por quê?

Jane hesitou.

—Ahn...Bem, ninguém da região ouviu dizer que tivesse alguma namorada ou coisa do tipo algum dia. Recusa todas que aparecem. O que eu sei é que quase virou padre, mas teve que deixar tudo pra tomar de conta da fazenda... Mas ...

— Ô, Jane, não me mata de curiosidade, mulher!

— As más línguas dizem por aí que ele é...Como posso dizer...

Maria tentou ajudar:

— Um garanhăo que age em segredo?

Agora Jane apresentava um risinho irônico:

— Seria bom que fosse isso mesmo, porém, não é nada disso não... O povo daqui acha que ele é...Gay!

Maria teve a sensação semelhante a de alguém que quebra um espelho e fica com sete anos de azar.

— Oh, céus! Não pode ser!

A imagem do homem bonito passou pela sua cabeça.

"Que desperdício!"

*O #tbt é um acrônimo para Throwback Thursday, que é utilizada na publicação de fotos e textos que relembrem situações do passado.

* Jane e Miguel são os protagonistas da obra 'Forçada a casar por acaso', disponível na plataforma.

Uma Visita Esquisita

(Um mês depois...)

Era uma noite tranquila em Soure, um dos municípios da grande ilha de Marajó.

Na fazenda Monteiro, tudo era paz.

Jane e Miguel estavam na varanda, abraçados, contemplando a noite repleta de estrelas e, entre afagos e carinhos, conversavam sobre os assuntos do dia a dia.

Os três filhos deles (Lauany, Samuel e Benício) brincavam no terreiro. As bebês gêmeas, Amanda e Aline, de três meses, dormiam tranquilamente em seus respectivos berços portáteis.

O casal estava prestes a selar um beijo, enquanto as crianças estavam distraídas, quando de longe notaram uma belíssima hilux surgir da escuridão.

— Quem pode ser numa hora dessas, Miguel?

Ele estreitou os olhos, ofuscados pela luz dos faróis.

Dspois, mirando bem, reconheceu o veículo. O sorriso repuxado para um canto dos lábios mostrou que o fazendeiro sabia quem vinha.

Só podia ser uma pessoa. O nome dele? Francisco Valporto.

Ele era o fazendeiro mais rico da cidade e seu amigo de infância. Com quarenta anos, ainda preservava traços marcantes por uma beleza misteriosa, que chamava a atenção das jovens até as mais idosas da região.

Francisco tinha cabelos castanhos, olhos verdes e corpo de fazer inveja aos charmosos amantes de academia, entretanto, era solteiro invicto e Miguel jamais o viu com alguma namorada.

Apesar de serem vizinhos, praticamente não se viam, a menos que houvesse uma emergência. A cidade o considerava um anti-social.

Exagero do povo.

Ele era apenas...Seletivo.

— Creio que deve ser Francisco, meu bem!

— Éeeguas! Alguma alma vai se salvar! — Jane disse com ironia. — O que o traz aqui? Faz mais de ano que seu amigo esquisito não vem... Tomara que não venha com problema de novo!

Ela se referia a um evento de anos atrás sobre o sumiço de búfalos e Francisco foi uma das vítimas. Tudo solucionado, graças à união de todos os fazendeiros de Soure.

— Não fala assim, amor! Ele é gente boa e você sabe disso... Deve ter um bom motivo. — Enquanto defendia o amigo, Miguel mudou a fisionomia e gritou em direção aos filhos que corriam próximo ao veículo que ainda estava em movimento. —Olhem o carro, crianças! Saem daí!

Jane se espertou:

— Ô pequenos atentados*! Vocês tão cegos, tão? Já pra dentro!

Os meninos, que corriam antes sem se preocupar com a situação, encolheram imediatamente os ombros e ao passar pela mãe que mantinha o olhar duro neles, evitavam passar muito perto para não pegarem "um esticão de orelha".

Francisco desceu da Hilux. Sempre cauteloso, pôs devagar os pés no chão. Antes de seguir em frente, olhou para todos os lados como se estivesse sendo perseguido e depois foi em direção ao casal, rápido.

— Boa noite, Francisco! Faz tempo que não aparece por essas bandas!

Miguel o cumprimentou e ele respondeu, meio sem jeito.

— Boa noite, Monteiro !( Ele chamava o amigo pelo sobrenome)! Precisamente treze meses e quatro dias, né? Você sabe que não gosto de incomodar. É isso.

O rapaz tirou o chapéu de couro, respeitosamente e olhou em direção à Jane.

— Boa noite, Dona Jane!

— Boa noite, Seu Francisco!

Objetivo como era, o rapaz voltou-se para Miguel:

— Amigo, desculpe aí seu momento de descanso, mas preciso ter uma prosa com você...Coisa rápida.

— Claro! Siga-me! Jane, coloca as meninas no quarto delas.

— Tá bom, amor!

Francisco olhou as bebês de Miguel por um instante. Umas fofuras, mas não teceu comentário.

Os dois seguiram para o escritório. Sentaram-se.

Francisco começou:

— Bom, não vou tomar o seu tempo. Estou com dois problemas e peço a sua ajuda, Monteiro.

— Pode sempre contar com seu amigo aqui.

— Obrigado! A primeira situação é encontrar um veterinário para substituir o anterior que se aposentou. Preciso de uma pessoa que não se preocupe com horário, que dê conta da minha imensa manada de búfalos e que seja honesto.

— Não estou lembrando de ninguém em especial. Talvez Jane conheça ... Você sabe, ela é uma pessoa muito extrovertida, conversa com muitas pessoas...

— Sei. Para mim está ótimo. Eu aguardo.

Miguel pulou para o assunto seguinte.

— E o outro problema, amigo?

Francisco hesitou. Não era acostumado a falar de seus assuntos pessoais.

— Ah... Bom...Esse é mais delicado e por favor, que fique só entre nós.

— Oh, claro, tenha calma! O que o afringe, amigo?

— Estou tendo pesadelos constantes com minha mãe... Antes de morrer, ela me pediu para abandonar o seminário, lembra?

— Lembro, amigo! Na época você queria ser padre, mas desistiu para assumir a fazenda.

— Sim... Mais ou menos... Na verdade fui forçado a entrar no seminário por questões ... Ahn...Muito pessoais... É uma longa história e preciso de uma opinião sua sobre isso também, mas antes, quero dizer amigo, é que o desejo da minha mãe era que eu casasse e tivesse filhos...

— Ah, se é isso, não se preocupe que nesse caso sou especialista! Tenho cinco filhos e escolhi uma esposa que é fogo na roupa, se me entende!

Francisco coçou o queixo. Miguel riu com gosto e ele, sem graça, tentou imitá-lo.

Depois, confessou:

— Bom, mas aí é que tá o problema: Não tenho mulher ... E nem quero.

Miguel ficou pasmo.

— Como não, mano? Você é vistoso, rico, saudável! Precisa de uma companheira!

Na teoria, até que o amigo tinha razão. Era bíblico, porém sabia das implicações de casar-se. Teria que fazer sexo, ter filhos e aquilo não estava nos seus planos.

— Bom... É que não tenho experiência suficiente para agradar uma mulher...Na cama e já estou ficando velho pra essas coisas. Estou pensando em não cumprir com a promessa e ficar sozinho mesmo...

— Que brincadeira é essa? Você é mais velho que eu só alguns meses! É jovem ainda! Quarenta anos com cara de trinta! Nem cabelo branco tem! Depois vai me dizer que é virgem... Só ia faltar me dizer um absurdo desse!

O amigo gargalhou alto.

Dessa vez Francisco não o acompanhou. Ficou quieto.

Miguel estranhou.

— Amigo? Que cara é essa?

— Na verdade... É isso que quero dizer, Monteiro... Sou virgem mesmo!

Miguel estava de queixo caído.

— Você nunca...

Francisco balançou a cabeça em negativa. Miguel murmurou, assombrado:

—Eita, diacho!

* Levados, endiabrados

Um Equívoco

Dias depois, o tempo em Soure era outro.Havia naquele início de noite uma chuva torrencial.

Justo no dia da entrevista de emprego de Maria na Fazenda São Francisco.

Ela, no entanto, não se importava.

Achava incrível que em poucos minutos estaria face a face com aquele fazendeiro bonitão.

Se o Divino permitisse, seria seu chefe também. Boa oportunidade para saber se era ou não hétero.

Independente disso, estava feliz por aquela possibilidade de emprego. Lembrou-se que quando Jane falou sobre a vaga e Miguel agendou uma entrevista , jogou suas coisas numa bagagem e saiu do Maranhão com destino à Soure, na ilha de Marajó.

Foi tudo muito rápido, mas estava empolgada. Mesmo com a chuva forte, não se abalava.

Naquele instante, por exemplo estava de carona com Miguel, chegando na fazenda imponente de Francisco.

Com um friozinho na barriga, notou o portão automático se abrir e admirou o luxuoso casarão triplex à sua frente.

Miguel parou o carro e perguntou:

— Tem certeza que não quer esperar a chuva passar? Posso ligar e ele vai entender.

Maria ficou apreensiva. Recordou que Jane lhe disse que Francisco tinha fixação por horário.

— Obrigada, Miguel! Prefiro chegar no horário marcado mesmo com essa chuva toda e além disso, eu trouxe a sombrinha de Jane.

O rapaz ficou mais aliviado. Disse, então:

— Vou buzinar aqui. Assim que alguém abrir a porta, você vai rápido.

— Tá bom.

Após o som da buzina se espalhar no lugar, um homem surgiu em poucos segundos.

Maria se despediu e saiu rápido do carro.

Só que não conseguiu evitar que se molhasse, pois ao fugir do aguaceiro, veio um vento forte, que virou a sombrinha, quebrando-a.

Com a roupa molhando e os sapatos encharcados , ficou desolada.

"Como causaria uma boa impressão, molhada daquele jeito?"

De imediato, o funcionário a alcançou com um enorme guarda-chuva e seguiram até

entrarem no casarão.

Minutos depois, estendendo uma toalha de banho, o homem fez um sinal:

—Acompanhe-me, senhorita...

— Maria... Maria da Graça. Boa noite!

— Boa noite! Pois bem, Maria, meu nome é Alfredo. Não sabia que o senhor Francisco teria uma visita agora, já que ele está aguardado um candidato para uma entrevista de emprego.

Maria se enxugando vigorosamente, explicou:

— Sou eu... Eu vim por causa da vaga para médica veterinária.

O homem levou um susto.

— Que coisa mais estranha...Ele não costuma contratar mulheres...Quem indicou você?

— Miguel agendou com seu patrão. Veja!

Maria mostrou o papel todo molhado. O homem reconheceu a folha e suspirou.

— Bem... Ainda assim é estranho.... Desejo-lhe sorte. — Ele a olhou dos pés à cabeça, como se estivesse penalizado com a situação dela. — Enxugue-se rápido, pois o patrão detesta atrasos. É no segundo andar. Vamos pelo elevador.

" Elevador? Aquilo sim era estranho, mas o homem era rico, então ostentação devia ser o sobrenome do patrão". Divertiu-se no íntimo.

Subiram.

Nesse intervalo, Francisco estava sentado no seu organizadíssimo e enorme escritório, com uma meia luz do abajur. Tinha sensibilidade a lugares muito claros e então, enquanto o próximo entrevistado não chegasse, preferia ficar assim.

A perna esquerda batia repetidamente, enquanto movimentava os dedos na mesa, fazendo um barulho rítmico.

Estava agoniado.

O candidato à vaga de veterinário estava atrasado. Outro que teria que dispensar.

Novamente consultou o relógio no pulso esquerdo. 20: 00h. Perdeu a esperança. O candidato não viria com aquele "toró"* todo.

Pegou a ficha de entrevista sem ler o nome do candidato.

Escreveu a seguinte observação:

" Sem pontualidade. "

"Dispensado. "

Onde encontraria mesmo um candidato que se encaixaria em seus padrões?

Leves batidas na porta, fizeram com que recobrasse o ânimo.

Finalmente!

Encorpou a voz grave:

— Pode entrar.

Para sua surpresa, não era um veterinário como imaginou. Lembrou -se que o amigo Miguel lhe dissera que tinha conseguido uma pessoa para o cargo de veterinário . Só não imaginava que fosse uma mulher.

E molhada dos pés à cabeça.

Certamente o amigo estava de brincadeira após a revelação de sua virgindade e o motivo de querer permanecer naquela condição desconfortável.

No entanto, precisava mesmo era de um veterinário para cuidar dos seus búfalos. Nada mais.

Miguel cometeu um equívoco.

Enquanto aguardava alguma instrução do homem que a olhava com espanto, Maria ficou imóvel. Estava envergonhada por estar tão molhada.

O outro motivo de estar sem graça era porque estava tentando se recompor do enorme impacto ao pôr os olhos no enigmático Francisco. Ele era mais bonito pessoalmente. Suspirou deslumbrada.

"Ai, se eu te pego, delícia! "

Francisco, por sua vez, também estava impactado. A moça à sua frente chamou a sua atenção de imediato. Aprovou os olhos pretos e misteriosos, além do rosto bem feito. O cabelo molhado, impedia-o de ver se era preto ou castanho escuro. O corpo estava perfeitamente colado num conjunto de blazer e saia cinza.

Por baixo, a blusa branca molhada, ficou transparente e podia ver as ondulações dos seios dela, num sutiã rendado!

Desviando o olhar para a testa da moça, falou trêmulo:

— Por favor, ... Ahn...Sente-se, senhorita...

— Maria da Graça!

— Oh, certo!

A mulher atravessou o recinto. O andar harmonioso fez com que ficasse com sede.

"Onde estava mesmo o seu licor de menta?" Precisava dele e rapidamente.

Ela sentou.

Cruzou as pernas.

Que pernas!

Procurou se policiar.

" Que é isso, Francisco?! Estou desconhecendo você! "

Indiferente ao conflito interior do rapaz, Maria continuava encantada, porém, lembrou- se das orientações da amiga Jane.

Teria que conter-se. Não era um encontro às cegas. Era o emprego que precisava, afinal com seus 35 anos, era inconcebível não ter uma carteira profissional assinada.

Aquele era o seu primeiro emprego de verdade e não podia correr o risco de seduzir logo de "cara" o seu patrão.

"Primeiro o emprego, depois... Bem... Se tivesse sorte, ele seria seu próximo alvo."

Não tinha certeza ainda, mas do jeito que a olhou detidamente, não parecia ser gay. Menos mal.

Maria estava com olhos pretos brilhando.

Não resistia a homem misterioso." Ah, Francisco, você faz o meu tipo!"

Sorriu, discretamente.

* Toró- Chuva

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