Uma neblina parecia cobrir os sentidos de Anastasia.
Pelo menos, era o que ela pensava. Algo pesado a puxava para baixo enquanto vozes rondavam sua cabeça. Era difícil ouvi-las, diferenciá-las. Oceano, ela imaginou que essa fosse a sensação de estar se afogando no oceano. Rodeada por apenas água. Uma mão a segurou firme, aliviando seus sentidos. Risadas ecoaram nos ouvidos de Annie, soando distantes. A voz parecia estar do outro lado da água, a atraindo como um ímã. Ela gostou desse som, inexplicavelmente a vez se sentir em casa. Como se tivesse finalmente lembrado de algo sem saber que estava tentando lembrar daquilo. Ela gostaria de poder agarrar esse som, o guardar em uma caixinha segura lá no fundo de sua cabeça para que pudesse ouvir sempre que quisesse.
— Foi por pouco — Uma voz masculina disse, ainda em meio aos risos.
Ao ouvir essa voz, foi como acordar de um sonho. Como se tivesse tirado a cabeça de dentro da água.
— Sabe o quão difícil é correr com tantas camadas de roupa?
Annie demorou para perceber que essas palavras saíram de seus lábios. Como? Ela não estava correndo...
— Posso lhe ajudar a tirá-las.
Ela sentiu suas bochechas corarem, o coração acelerar como se quisesse escapar do peito. Mas não parecia ser ela, era como se a garota fosse apenas uma espectadora e não tivesse controle do próprio corpo
– Canalha. — Ela mal reconheceu sua voz, parecia tão diferente.
O garoto a sua frente levantou as mãos de forma defensiva.
— Estou tentando testar o lance de ser um cavalheiro, sempre dizem que é preciso ajudar uma dama em apuros.
Ela encarou o rosto do garoto, tentando desvendar suas feições para saber se ele estava brincando, mas estranhamente não conseguia reconhecer o rosto dele, era como em um sonho quando você cria uma pessoa que não existe, porque seu cérebro é incapaz de inventar rostos que você nunca viu.
— Acredito que muitas damas ficariam encantadas com esse discurso.
— Só há uma que eu quero encantar — Mesmo não conseguindo formar uma imagem de seu rosto no cérebro, ela sentiu que ele estava sorrindo. Isso teve um efeito estranho em seu corpo. Ela virou de costas, indo até a beira do mar. Um vislumbre de algo vermelho chamou sua atenção, a surpreendendo quando ela percebeu que era seus cabelos. Era lindo, cachos rebeldes em um tom vermelho vivo. Em que momento seu cabelo deixou de ser preto? Ela não lembrava de ter pintado.
— Está dando certo? — perguntou Annie, retirando a atenção do cabelo.
— Não sei, está?
Esse garoto, Annie sentiu que correria direto para o abismo se ele mandasse.
Ele se aproximou, e mesmo sobre o tecido de suas roupas ela pode sentir o calor que irradiava do corpo dele assim que seus braços se roçaram. O calor só aumentou quando ele deslizou os dedos por sua mão enluvada, entrelaçando suas mãos. Aquela era a única parte que seus corpos se tocavam, mas Annie podia sentir faíscas por todo o corpo. Quando foi que o ar ficou tão pesado? Ela desejava arrancar o maldito espartilho.
— Gosto de observar o mar. — Ele disse. — É tão lindo, tão inconstante.
Ela amava o mar. Não sabia como, mas era isso que seu coração dizia. Por um minuto, ele ficou em silêncio, ainda próximo da garota, suas mãos entrelaçadas de uma forma que transmitia conforto.
— É como você. As vezes, parece tão incerto. Como se eu nunca fosse conseguir... Alcançá-lo. Distante. — Annie virou o rosto e flagrou a figura de um sorriso em seu rosto, mas não era o sorriso doce que mostrava suas covinhas. Ele tinha covinhas?
Suas palavras eram tão amargas que Annie bateu em seu ombro com o dela e tentou fazer a voz soar divertida
— Bom, eu não estou distante.
De repente a mão dele se soltou da dela e ambas as mãos dele seguraram seus ombros
— Somos como o Sol e a Lua, Romy. Talvez um dia o mundo presencie o nosso eclipse.
Romy? Quem diabos era Romy?
— Você precisa acordar.
— Gustav?
Ela o encarou confusa enquanto o mesmo a sacudia, e tudo pareceu se estilhaçar ao seu redor.
— O que você está desenhando?
A voz de Evie atingiu os sentidos de Anastasia, tirando a da névoa confusa de seus pensamentos. Ela ainda tentava compreender seu sonho, o que exatamente tinha acontecido. Era um sinal do universo? Ou algo bobo e trivial, como uma cena que ela viu ou assistiu e não se lembrava? Provavelmente, era isso. O universo não mandava sinais. Embora Anastasia fosse do tipo sonhadora, aquela que acreditava que até mesmo a forma como o clima estava tal dia fosse uma mensagem. Ela pegava qualquer coisa pequena e transformava em algo grande com sua imaginação. Talvez fosse por causa do tédio, a falta de experiências em sua vida. Será que ela estava enlouquecendo? Parecia algo bom, se uma cabeça "louca" fosse assim, tão longe da realidade. Quem gosta da realidade, pelo amor de deus?
— Eu, desenhando? — Ela bufou, se lembrando de que precisava responder. — Não conseguiria tal ato nem se minha vida dependesse disso.
Evie riu, a cabeça enfiada no guarda-roupa de Anastasia. A moça estava procurando um vestido apresentável para Anastasia usar a noite, já que a mãe não confiava no gosto de Anastasia. Quem saia perdendo eram todos eles, a garota tinha um senso de moda impecável.
— Se parece com um desenho, Annie. — Respondeu Evie.
Anastasia concentrou o olhar no papel, observando o desastre que tinha criado. Como ela não sabia desenhar, costumava rabiscar no papel para distrair a mente, era movida totalmente por impulso, um tique para se manter em movimento, provavelmente uma condição que os psicólogos pudessem dar um diagnóstico, talvez ansiedade. O fato é, os desenhos nunca ficavam coerentes, e hoje não foi diferente. Mas bem, se ela olhasse por ângulos...
— É uma constelação? — Evie perguntou, agora atrás de Anastasia. O rosto inclinado para observar o desenho.
— Parece uma, né? Ou a teoria das cordas.
— Teoria das cordas? Você tem tendências bdsm, Anastasia?
— Não seja boba. É a teoria que diz que o universo está conectado por filamentos de energia, que são essas cordas. Se você se aventurar e for pelo lado fictício, é basicamente que várias dimensões estão conectadas por cordas.
— Acho que meus neurônios fritaram.
Anastasia riu, voltando a observar o desenho. Era basicamente uma linha não muito complexa que se inclinava e dava a volta em si mesma várias vezes. A primeira vista todos os padrões eram iguais e repetidos, mas se você parasse para olhar notaria que um tem uma pequena diferença do outro, quase imperceptível. Uma linha torta, uma inclinação maior, a volta da linha para o lado oposto ou até mesmo uma parte que conectava a outra embaçada. Mas tinha um padrão que chamava atenção do resto, estava borrado e não se conectava com o resto da linha.
— Qual vestido você escolheu? — Ela perguntou, fechando o caderno e se virando para Eveline, o desenho agora esquecido.
O rosto de Evie se iluminou enquanto a garota caminhava animada até a cama, onde pousava o vestido.
— Esse, ele é lindo.
— Ele é azul. — Disse Anastasia.
Evie franziu as sobrancelhas.
— Você tem algum problema com azul?
— No momento? Eu tenho todos os problemas do mundo contra o azul.
— Não seja tão amargurada, garota. Desse jeito, logo você terá rugas.
— Eveline, eu estou no meio do maldito...
— A língua, Anastasia. A língua.
—... Oceano atlântico. Eu não preciso de mais azul.
Evie enrugou o nariz, olhando para o vestido com pesar. Ela estava claramente insatisfeita com a escolha de Anastasia. Veja bem, Anastasia odiava o oceano. Em um quadro geral, ela odiava qualquer coisa semelhante a isso, praias, piscinas, lagos. Nada iria mudar a cabeça dela em relação ao assunto, o oceano era assustador. Escuro. Sem vida. Imenso. Estar onde ela estava agora? Era uma tortura. Um castigo.
Ela tinha 21 ano e mesmo assim sua mãe ainda agia como se Anastasia fosse uma criança. Nadine ficou furiosa quando a filha decidiu fazer faculdade de história, aparentemente era algo inútil e sem futuro. Como se observar mato marinho fosse muito diferente.
Nadine era uma bióloga marinha de prestígio, até ganhou alguns prêmios por descobrir uma coisa ou outra sobre mato marinho — traduz-se, algas — ela também ganhou dinheiro, muito dinheiro. Junte isso ao fato da garota ter 21 anos e estar sem planos para o futuro, quão terrível, certo? Aos 16 todos devem estar com a vida traçada até os seus suspiros finais. Velha pomposa. Ela achou que seria uma boa ideia trancafiar a garota em uma caixa no meio do oceano, como se ela fosse criar algum gosto por biologia marinha. Sem chances. Anastasia não procurava o dinheiro em uma carreira, ela procurava algo que faria valer a pena levantar cedo, faça chuva ou sol, pois ela odiava acordar cedo. E ela não queria uma vida no centro das atenções como sua mãe, só de pensar nisso a garota ficava com preguiça. Anastasia viveria em algum lugar esquecido por todos e com uma casa extremamente antiga, para que ela pudesse passar sua vida desvendando todos os mistérios e criando teorias sobre os antigos moradores. Parece incrível, certo? A garota já podia sentir a brisa do lugar imaginado batendo em seu rosto, junto ao cheiro de várias flores silvestres e a grama. Se sobrasse tempo, ela encontraria o amor. Mas isso estava em último plano. Se parecia com um ótimo plano para o futuro, embora Nadine se recusasse a concordar.
— Acho que você deve usar o vestido, é bonito e vai acentuar suas curvas. — Evie balançou as sobrancelhas de modo insinuador. — Henry vai gostar.
— Sim! — Anastasia falou em uma voz exageradamente empolgada. — Então ele vai me prometer o mundo e pedir a minha mão para mamãe, iremos para faculdade estudar mato marinho juntos. Tão romântico, certo? Nos casaremos aos 22 anos, e aos 30, eu serei uma esposa rica às custas do dinheiro herdado do meu sogro, mas é claro que meu marido irá se vangloriar do seu sucesso como se tivesse conquistado tudo sozinho. Iremos morar em uma casa antiga em um bairro caro e ele vai ter inúmeras amantes com idade para ser suas filhas, e eu nem irei me importar pois já não vamos pra cama a anos, e gastar o dinheiro dele com balé e garotos enquanto nado em piscinas de champanhe parece mais interessante. Quando ele morrer prematuramente por seu vício em álcool e tudo o mais que não faz bem, serei considerada a esposa louca que matou seu marido por o estressar demais. Talvez eu até me apaixone pelo jardineiro gostoso e sombrio com passado difícil.
— Você é dramática. Deve convencer sua mãe a deixá-la estudar teatro.
— Perdão, eu ouvi recentemente the last great american dynasty.
— Taylor Swift não faz bem para a sua saúde mental.
— Não mesmo. Mas iremos ignorar o fato de você saber que a música é dela, certo? E fingir que a sua saúde mental está melhor que a minha.
Eveline riu.
— Isso mesmo.
Anastasia se levantou de onde estava sentada, em frente a sua escrivaninha, e caminhou até a cama para pegar o vestido. Era um vestido de cetim azul, com uma abertura na lateral. Simples e elegante.
— Tudo bem, vou usar.
— A sua garota está cada dia mais bonita, Nadine. Se parece muito com você. — Tobias disse, um sorriso cheio de dentes a encarando. Eca.
— Não acho. — Anastasia respondeu antes que a mãe tivesse a chance. — Sou o retrato exato do papai. Bem, exceto os olhos. E o cabelo.
Anastasia não se parecia nada com o seu pai, e ela sabia disso. Mas a ideia de ter algo em comum com sua mãe a irritava, malditos genes. Nadine era uma mulher nascida na Índia, e muito bonita. Ela tinha uma pele bronzeada e rebeldes cabelos pretos cacheados, e a cereja do bolo? Seus olhos eram dourados. Isso chamava a atenção de todos. Annie herdou tanto os olhos quanto todo o resto.
— Bobagem, Anastasia. A única coisa que você herdou dele foi a personalidade. — A voz de Nadine estava carregada de desdém.
Um sorriso se alargou no rosto da garota, ela amava seu pai. A mãe da garota pode ter falado isso como um insulto, mas para Anastasia era um elogio. Silas Rutherford era um grande homem, o maior exemplo para Anastasia. Ele tinha um grande coração, e era muito inteligente. Quando criança, ela o considerava o homem mais inteligente do mundo. Ninguém conseguia ganhar um diálogo contra ele. Por isso, ele foi um ótimo advogado. Silas defendeu inúmeras empresas e nomes importantes na indústria, e nunca perdeu um caso. Alguns costumavam falar que ele manipulava a verdade a sua própria vontade. Ele era amado por muitos e odiado por invejosos. E agora? O consideram louco. Falam que sua inteligência era demais para um ser humano e o enlouqueceu. Bobões. Estúpidos pomposos, todos eles. Até sua mãe, que aproveitou a glória e agora tinha dispensado o marido como um par de sapatos.
Silas não era maluco, as pessoas apenas eram extremamente ignorantes para entender a grandiosidade de sua mente.
— Pobrezinha. Espero que não siga o mesmo destino que o seu pai.
— Qual? Me tornar uma advogada de prestígio? Sim, seria um absurdo. Estudar mato marinho me parece uma ideia melhor.
Tobias sorriu, sem perceber a ironia. Ou preferindo ignorar. Sua mãe, por outro lado, a lançou um olhar ameaçador, claramente irritada.
— Querida, se chama algas marinhas. — Tobias respondeu. — Mas é bom ver que você pensa assim, Nadine finalmente conseguiu convencê-la.
Nem morta. Não havia nada no mundo que a faria estudar o mar. Absolutamente nada.
— Com licença, Sr. Tobias. Vou a...
Ela se retirou antes de terminar a frase, não sendo rápida o suficiente para criar uma desculpa. Sua mãe não encheria o seu saco agora, ela já tinha interagido e cessado qualquer rumor que poderia vir a existir de que estava enlouquecendo como o pai.
Quando percebeu, Anastasia estava no convés. Ela se virou, preparada para dar meia volta e sair dali, sem chances da garota estar tão perto da proa do navio durante a noite, toda aquela água agora em um tom escuro... Algo chamou sua atenção.
Havia um homem ali, em uma posição nada segura para sua vida. Pelo amor de Deus, ele planeava pular?
— Ahn... Moço? — Sua voz tremeu, provavelmente pelo fato de Anastasia estar prestes a fazer xixi nas calças. Ela puxou uma lufada de ar e tentou novamente. — Moço, não acredito que seja uma boa ideia.
Ele não se mexeu, nem demonstrou sinais de que a tinha ouvido. Maldição, ele nem parecia estar respirando de tão imóvel que seu corpo se encontrava. O pobre rapaz estava em um ângulo estranho, metade do corpo para fora, meio pendurado na grade e seus pés mal tocavam o chão. Um vento forte seria o suficiente para derruba-lo no oceano. As mãos de Anastasia começaram a tremer, sua cabeça traçando rotas para resolver essa situação. Ela não podia gritar por socorro, temia que isso fosse assustar o rapaz. Ah não ser que... Ele não poderia estar morto, poderia?
— Moço? — Ela o chamou, a voz cheia de medo. — Você está... Vivo? Tudo bem, é uma pergunta besta, os mortos nao respondem. Você não responderia se estivesse morto. O que você não está, certo? Veja bem, peço que reconsidere sua decisão. Isso não me parece uma morte agradável. Você vai se afogar, o que é uma situação terrível, acredite em mim, sei do que estou falando. E se for livrado disso, provavelmente será destroçado pelo motor do navio. E sinceramente? Deixar seu espírito confinado no fundo escuro do oceano é um destino terrível, tenho calafrios apenas de pensar.
Ela não planejava fazer todo um monólogo, mas estava preocupada e assustada! E tudo que ela falou eram coisas válidas.
— Os mortos respondem.
A respiração da garota trancou. Ele tinha respondido. Graças a deus, ele ainda estava vivo. Ela foi impelida a dar um passo em direção ao rapaz, se para garantir que nada o acontecesse ou atraída por algo, ela não sabia.
— Isso significa que você está morto?
— Depende da sua perspectiva.
— Ou você está morto ou não está. É bem simples. — Anastasia disse como se fosse uma resposta óbvia.
— Nossas almas são imortais, Anastasia. Então, tecnicamente, não moremos. Mas veja bem, nosso corpo morre. Nosso espírito pode morrer. A coisa mais frágil a existir, nosso coração? Ele também pode morrer.
Primeiro, ele sabia o nome dela. Segundo, sua saúde mental não parecia nada boa. Provavelmente tinham partido o coração do garoto. Mas o que a surpreendeu foi a voz do rapaz, tão profunda. Era como ouvir algo ecoando, aquelas vozes que acordam você de seus pesadelos em filmes de romance. A sensação de colocar o ouvido em uma concha. Ela deu outro passo em sua direção.
— Você sabe meu nome. Quem é você? Qual seu nome?
Ele permaneceu em silêncio por alguns minutos. Então, saiu da grade e se espreguiçou, parecendo um gato que se sentia o dono do local. Bom Deus, ele realmente estava em forma. Anastasia tinha percebido suas costas largas antes e os músculos por baixo da blusa, mas isso? Seu corpo parecia esculpido por deuses. Ou talvez fosse a queda dela por homens usando roupa social falando mais alto. E nesse momento, ele vestia calça e uma camisa social que não fazia muito para esconder todos os músculos. Anastasia desviou o olhar, sem querer ser pega encarando descaradamente seu corpo. Ele não parecia sofrer do mesmo sentimento, já que a estudava atentamente sem nenhuma vontade de disfarçar. Novamente, ele parecia um gato, julgando todos os pecados da garota com um olhar.
— É difícil de encontrá-la. — Ele disse, novamente naquele tom. Deus, mulheres deveriam fazer loucuras por esse cara.
— Eu? — Anastasia perguntou, ainda sem o encarar.
— Sim.
— Mas... Eu o encontrei. Não ao contrário.
— Foi? — Ele parecia divertido.
Finalmente, Anastasia o encarou. Agora focando em seu rosto para tentar ver se ele estava brincando. Não tinha nenhum vestígio do que o garoto estava pensando. Seus olhares se encontraram e mais uma vez a respiração de Anastasia falhou. Seus olhos eram de um tom tão forte de azul, que lembrava ao oceano, e pela primeira vez Anastasia viu algo de atraente no oceano. O encarar era como se perder em ondas agitadas e tempestuosas do mar, e era assustador o fato disso parecer uma ideia extremamente atraente. Ele era muito bonito para o seu próprio bem. E mesmo que estivesse de cabeça para baixo a apenas segundos atrás, seu cabelo castanho estava perfeitamente penteado, sem um fio fora do lugar.
— Você não me disse seu nome.
— James.
Uma sensação estranha passou pelo peito de Annie, como um sentimento de nostalgia. Ela provavelmente gostava desse nome.
— É um nome bonito.
Seus lábios se curvaram em um sorriso quase imperceptível. E isso o deixou tão mais atraente, talvez tudo sobre ele fosse atraente.
— Por que você estava de cabeça para baixo, James? — Ele piscou, parecendo sentir dor. Anastasia ficou tensa, estava invadindo sua privacidade? — Não é da minha conta...
— Procurando respostas.
As sobrancelhas de Anastasia se franziram.
— No oceano?
— Sim. O oceano pode lhe responder, se suas vontades forem tão cristalinas quanto a água. Mas ele estava se sentindo ranzinza hoje e decidiu zombar com a minha cara.
— Certo... E que respostas você procurava, James?
— Você continua repetindo meu nome. Me sinto em um interrogatório.
— Sério, James?
Ele riu.
— Sim, Anastasia.
— Como você sabe meu nome?
— Você é a filha da mulher que organizou essa viagem toda. Seria bem difícil não saber seu nome.
Anastasia acenou com a cabeça, ele estava certo. Embora fosse mais divertido imaginar que estava em um romance histórico, e o rapaz nutria uma obsessão pela garota, sabendo cada pequeno detalhe sobre ela mesma que nem ela sabia. Ele podia ter aproveitado para entrar de penetra no barco, usando essa chance para tomá-la para si e conquistar seu afeto.
— Anastasia?
Ela levantou o olhar para ele, voltando ao mundo real. Besta, o rapaz aqui não era o mesmo que ela fantasiava em suas histórias diárias antes de ir para cama ou via em sonhos. Era apenas um estranho que ela por acaso conversou e nunca mais veria na vida. E sinceramente, parecia uma traição ao senhor Sem Rosto fantasiar com outro cara. Estupida.
— Sim?
— Acho que tem alguém chamando por você.
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