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Ligada À Você

Capítulo 1 - Ousadia

Praia de Las Teresitas,

Tenerife (Espanha). Maio 2013

Emma

Estou sufocando!

Fernando me beija e eu fico sem ar.

Não é por seu beijo, é pelo tremendo calor que faz dentro do carro.

Eu gosto que me beije, mas estou com tanto calor que a angustia começa a tomar conta.

Movo minha mão procurando o botão para baixar o vidro da janela e ele ao perceber me pergunta:

— O que você está fazendo?

Suando a ponto de desmaiar eu respondo:

— Eu preciso de ar. Baixe os vidros das janelas, não vê que estamos suando?

Fernando, meu namorado há seis meses, me olha e beijando meu pescoço, murmura:

— Há muitos carros ao redor e nos verão.

— E daí?

Pergunto, pingando de suor.

Meu belo acompanhante, um morenaço do qual eu gosto, diz excitado e ansioso para continuar:

— Verão que você está sem camisa e, em seguida, as pessoas vão falar.

Isso toca minha moral.

Pouco me importa o que as pessoas pensem e assim eu digo:

O que falem, pensem ou imaginem essas pessoas não me importa.

— Eu me importo.

O julgamento de sempre.

Vou começar a protestar, mas sua boca cobre a minha, de modo que não posso falar.

Sua respiração acelera e noto que tateia minhas costas para abrir o fecho do sutiã.

Arqueio levemente para facilitar, mas nada. Parece... Parece que... Não acerta. É um pouco lerdo, para quê eu vou negar.

— Não quero que vá trabalhar amanhã nesse hotel.

Me disse.

Desejando que desabotoe o sutiã de uma vez sussurro:

— Não comece com isso.

— Emma.

Insiste.

- Os homens vão olhar para você e...

— Não me venha com ciúmes, sabe que não sou dessas.

Uma coisa é certa para mim, não sou ciumenta e não quero causar ciúme. Não acredito no amor ou em casais. Por quê?

Emma

Porque quando eu tinha vinte anos, um neozelandês que veio de férias para Tenerife quebrou meu coração, depois de sofrer a decepção da minha vida, me blindei a prova de namoricos e bobagens românticas.

Passo deles!

Não sou uma princesa à procura de seu príncipe encantado, especialmente porque acho que os príncipes não existem e se existirem, é claro, que eu não os vejo.

Quando fui demitida da creche, decidi tentar realizar meu sonho, que é ser uma cantora.

E para minha sorte, o Grand Hotel Mencey me contratou como a garota da banda para as apresentações noturnas.

Mas como sempre, o que me faz feliz, mas este tonto que acredita ser meu noivo não gosta e insiste:

— Prefiro que continue trabalhando na loja de seus pais.

— Bem eu não.

Ofego

— Eu preferiria continuar trabalhando na creche, mas infelizmente me demitiram. Portanto, cantar, que é o que gosto, dizem que eu faço bem e agora posso me dedicar.

Decido.

Por alguns minutos a luta continua com o fecho do meu sutiã enquanto eu ainda estou suando e suando.

Quando não posso mais, retiro-me e grito com tanta raiva que as lentes de contato quase saltam:

— Dei...!

Mas sua boca vai direta a minha e não posso dizer nada.

A respiração fica mais rápida enquanto me beija e lentamente, tateia novamente o fecho do sutiã tentando abri-lo.

Espero que desta vez acerte. Mas isso não acontece...

Será desajeitado?

Durante vários minutos segue em sua luta, enquanto eu suo e esquento ainda mais, até que, farta, o afasto empurrando e insisto:

— Abra a janela, por favor...

— Não.

— Estou morrendo de calor!

— Eu disse que não.

Eu tento entender.

Entender tudo que se possa imaginar, mas quando sinto que vou desmaiar, eu exijo:

— Ou você abre as janelas ou eu saio do carro.

Ele me olha atordoado e eu levanto as sobrancelhas.

Fernando é meu último namorado.

É o irmão mais velho de um amigo de meus irmãos gêmeos.

Lembro-me de quando veio buscar o rapaz em casa, eu pensei.

Que cara mais interessante!

– Mas cada dia que passamos juntos, fica claro que não somos feitos um para o outro.

Sempre me atraíram os homens mais velhos.

Eu amo sua personalidade, enquanto os da minha idade me aborrecem extremamente.

Eu não sou uma devoradora de homens, mas tão pouco uma freira de clausura.

Aprendi que na vida tenho que tentar pegar o que eu gosto e sexo é uma das coisas que me atrai e desfruto.

Capítulo 2 - Reclamação

Emma

Felizmente tenho uma família muito liberal que não se assusta com as fofocas da vizinhança.

Papai e mamãe tiveram que sofrer sua própria cota de falatórios quando se conheceram e se apaixonaram, e hoje a única coisa que se importam é que os seus filhos sejam boas pessoas e felizes... O resto é indiferente.

A verdade é que Fernando é uma excelente pessoa, mas seu caráter e o meu são muito diferentes. Desagrada-me que seja tão controlador, tão pouco aventureiro e tão medroso.

Não se come em seu carro.

Não se fuma em seu carro.

Não se coloca música alta em seu carro.

Se eu volto da praia com a prancha de surf, não posso ir em seu carro porque ele ficará cheio de areia.

O que no começo pareceu engraçado e me fez rir agora não suporto.

Normalmente, não me escondo atrás dos problemas e tenho mil ideias para resolvê-los, mas com ele todas as minhas iniciativas têm falhado.

É quadrado!

E para finalizar, agora não se abre as janelas do carro porque os outros podem ver o que estamos fazendo.

Por que não se solta de uma vez e simplesmente aproveita a vida?

Sem se mover, me olha e diz:

— Se quer abrir as janelas, coloque sua camiseta.

Louco!

Ele vê que estou chateada e suando como uma galinha e a única coisa que importa é que eu coloque a camiseta?

Sem deixar de olhá-lo, aperto o botão de vidro do meu lado, mas vejo que está bloqueado.

Meu mau humor cresce, olho para Fernando e sussurro:

— Estou encharcada de suor, quer fazer o favor de abrir a maldita janela?!

Meu tom de voz parece que o faz pensar, porque ele se afasta e franzindo a testa, aperta um dos botões e a janela ao meu lado abre um pouco.

— Mais.

Exijo.

Ele pensa e volta a apertar o botão até que a janela abre até a metade.

Porém preciso de ar ou terei algo e insisto:

— Fernando, por Deus, abra todas as janelas, não vê que os vidros estão embaçados?

Mas ele é teimoso e mudando o tom de voz repete:

— Coloque sua camiseta. Não quero que ninguém a veja assim.

Uso um sutiã preto que parece um biquíni, mas mesmo assim, Fernando continua:

— Temos família e...

— Mas que diabos você está dizendo?

— Digo simplesmente que sua família tem negócios na ilha e eu trabalho para uma corretora de seguros e todo mundo nos conhece. Quer que falem de nós?

Esse cara, às vezes, me deixa sem palavras, mas tentando me acalmar, consigo dizer:

— Estou com calor, Fernando. E todo mundo que está aqui no estacionamento da praia de Las Teresitas, veio para o mesmo...

— Você tem vinte e cinco anos, Emma, e eu trinta e três.

— E?

Mas antes de responder, grunhe e eu falo de uma vez por todas.

— Olha, Fernando, isso não funciona! E, perdoe-me por dizer isso, mas não é uma questão de idade.

De duas uma, ou esse cara é um tonto ou tem cera nos ouvidos, porque insiste:

-Todos a verão e, em seguida, as pessoas falarão, você não pensa nisso?

Bufo, bufo e bufo. Na minha casa, para zombar de mim me chamam de

‘Bufadorazinha’.

Capítulo 3 - Atitude

Emma

Minha paciência atinge o limite ao ver seus olhares de reprovação.

Levanto a voz indignada:

— Mas você acha que alguém vai nos observar? Dane-se, Fernando, todos estamos aqui para estar com nossos parceiros. Para desfrutar do se*o e meter a mão! Gostaria de parar e olhar para o que eles fazem no carro ao lado?

Ao dizer isso, olho para a direita e fico de boca aberta.

A poucos metros do nosso carro, um casal que está em seu veículo com as janelas abertas tendo um grande momento, sem se importar com o que dirão.

Viva para eles!

Vejo como ela sobe e desce sobre ele sem qualquer pudor, enquanto se beijam apaixonadamente e desfrutam o momento sem pensar em nada. Isso é exatamente o que eu quero.

Ao perceber que eu estou observando, Fernando rapidamente sobe a janela e me alfineta:

— Por que está olhando para o que eles fazem?

De repente, começo a gargalhar, o que é comum para mim e que parece frustrar os que me rodeiam. Dane-se... Se antes de alguém dizer: ‘olhe o que os outros estão fazendo’... Se eu sou a primeira a fazê-lo!

Suspiro e ouço Fernando dizer:

— Acho que é melhor irmos.

Irritada, eu respiro fundo. Estou prestes a explodir!

Vendo-me assim, ele muda de ideia e finalmente diz:

­Ok. Tirarei o carro e levarei para a parte de trás do estacionamento.

Lá parece não haver ninguém. Precisamos conversar.

Bom... Bom... Bom... Esse "precisamos conversar” soa interessante.

Ainda que tenha que dizer que não estou preocupada nem inquieta.

O pobre cada dia mais me entedia com seu medo. E isso que estamos juntos há alguns meses.

Não quero imaginar o que poderia ser um futuro com ele.

Fernando para de novo o carro e, de fato, nessa parte do estacionamento não há ninguém; também, o único poste que tem está quebrado.

No escuro e com raiva pelo que aconteceu, saio do carro. Ele sai atrás de mim.

— Emma, isso não pode continuar assim.

Concordo. Ele está certo.

— Oh, não... Não pode continuar assim.

Por pelo menos meia hora, dizemos tudo o que temos que dizer e sem interromper. Se ele fala, eu respondo. Se eu falo, ele responde.

Ambos nos enchemos de censura e uma vez que temos conseguido falar tudo o que temos guardado, ficamos algum tempo calados, nos olhamos em silêncio. Está claro que acabou.

Quando nos acalmamos, acendo um cigarro. Eu apenas fumo, nesses momentos eu preciso.

E, em seguida, contra todas as expectativas, Fernando pega meu cigarro, pisa, me pega contra o carro e começa a me beijar.

Ah, sim... Sim, isto!

Esta sua paixão foi pelo que me apaixonei, o que me cativou.

O que me fez querer estar com ele. Deixo que me beije. Eu adoro quando se mostra exigente e ousado.

A brisa da praia bate em meu rosto e sinto que recupero as forças.

Viva a brisa do mar e o se*o!

Fernando coloca as mãos debaixo da camiseta e começa a lutar novamente com fecho do sutiã.

Definitivamente é desajeitado. Sorrio e eu mesma desabotoo.

Então eu tiro as alças pelas mangas, tiro o sutiã debaixo da blusa e mostrando-o, digo:

— Obstáculos fora.

Fernando olha para ambos os lados e quando vê que ninguém está nos observando, sorri e eu me atiro em sua boca.

Enquanto nos beijamos, toca meus seios e eu ansiosa para continuar a cena doentia após nossa acalorada discussão, me movo até ficar sentada do lado do capô do carro.

Continuamos nos beijando e, com o tempo, eu tiro a camisa e fico nua da cintura para cima.

Fernando se afasta, olha para mim e rosna:

— O que está fazendo?

Vamos começar outra vez!

Mais carinhosa, toco o botão da calça e digo em voz baixa e sensual:

— Fique tranquilo, está escuro e ninguém nos vê. Você não quer que a gente faça isso no capô do carro? Vamos... Dê-me o que eu te peço.

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