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Um Alfa Um Segredo

Não sou eu!

Após a morte dos nossos pais a minha irmã se afastou, por sermos menor de idade ainda a nossa guarda ficou com o meu tio que apenas nos mandou não ser presa, ele vinha sempre no começo do mês trazer comida e pegar as contas de água e luz, do resto tínhamos que nos virar.

Como faltava apenas dois meses para completar dezesseis anos eu consegui um emprego numa loja de produtos esotéricos, era a melhor parte do meu dia, foi onde consegui encontrar a minha própria personalidade e a me diferenciar da minha irmã principalmente.

Já usei várias cores no meu cabelo que é um loiro bem claro, mas nada se compara com o rosa, tanto que estou o usando já faz nove anos, às vezes deixo ele com colorido, mas o fundo sempre é rosa, já virou a minha marca, ou era o que pensava.

Este já é o terceiro condomínio que sou expulsa aqui de Maringá, mesmo mostrando o óbvio eles não aceitam que não tenho nada a ver com a conduta da minha irmã, tanto que ela está fora do Brasil já tem sete anos.

Da mesma forma que me encontrei naquela loja esotérica com os artefatos de bruxaria, ela se juntou a péssimas companhias, o que resultou um vídeo dela tr@nsando com seis caras ao mesmo tempo.

Claro ela estava completamente drogada, mas tenho as minhas dúvidas se ela realmente não queria aquilo, mas por conta das suas ações quem paga até hoje sou eu. Estou agora tentando explicar pela milésima vez para a idosa síndica do meu prédio que não sou eu no vídeo.

— Não quero p*ta em contato dos meus netos, aqui você não pisa mais.

— Mas Dona Clarissa, não sou eu, olhe bem para o vídeo, é a minha irmã.

— Você quer que eu fique vendo essa pouca vergonha, saia da minha frente antes que resolva transformar o meu prédio num bordel.

Ela foi me empurrando para fora da portaria, era oficial, não tinha mais onde morar nem onde passar a noite. Dona Clarissa além de síndica, tinha a procuração da maioria dos proprietários deste prédio, com isso ela mandava e desmandava como bem entendia.

Hoje realmente não é um bom dia, além dos palhaços da faculdade que me fizeram passar vergonha perto do gringo, agora essa, ser expulsa… Será que falta alguma coisa?

Entro no primeiro PUB que vejo, mas infelizmente aqueles cretinos também resolveram entrar e mesmo não vindo a minha mesa escuto eles falarem de mim, sempre a mesma coisa, ninguém acredita que tenho uma irmã que é ela no vídeo e se eu ainda sabia sentar como estava sentando naqueles caras.

— Poha, não sou eu — viro a... Décima? Não sei mais quantas doses de tequila já tinha tomado.

Depois que Zana foi embora, eu consegui terminar o ensino médio, com a ajuda da dona loja, mas ela não poderia me esconder o resto da vida. Demorei para entrar na faculdade para dar tempo de as pessoas esquecerem de mim e deu certo por muitos anos.

Mas meu tormento voltou neste último ano, tanto na faculdade como nos prédios que eu morava, parece que todos os anos que conviveram comigo, foi esquecido por um vídeo de quinze minutos.

— Roz, não deveria estar aqui.

— Me deixa — a minha voz já estava arrastada pela bebida.

— Depois não reclama — Nala era a única que ainda falava comigo, nunca foi minha amiga, mas pelo menos não deixou de falar comigo a vendo indo embora a minha mente me trouxe para onde eu sempre corri.

“Você ficou louca Zana, como pode fazer aquilo?”

“Fiz e vou fazer quantas vezes me pagarem, como pensa que consegui dinheiro para ir embora dessa merda toda?”

“Como assim ir embora?”

“Vai chorar Roz? Deixa de ser babaca e aproveita essa b*ceta que você tem no meio das suas pernas..."

Acabo acertando um tapa na cara de Zana, nunca brigamos dessa forma, apenas discutimos diversas vezes, mas nunca nos agredimos até esta data. Lembro dela me olhar com tanta raiva e vir para cima de mim tentando me bater, mas para não fugir do seu costume ela estava um pouco bêbada, então consegui tirar de perto de mim.

“Você está morta para mim Roz”

Assim ela saiu por aquela porta me deixando com toda a sua merda para limpar, merda essa que não consegui limpar apenas sobreviver até hoje. Estava com tanta raiva que coloquei mais força do que deveria no copo, o fazendo quebrar na minha mão.

Ninguém se aproximava da minha mesa e agradecia por isso, até porque não sei para aonde vou depois que me levantar daqui, sinto a ardência na minha mão e agora que a percebi sangrando.

— Idiota, como não iria sangrar?

Ergo o meu olhar, mas minha visão já estava bem embaçada por conta do álcool, mas ainda consigo ver aquele monumento ruivo, como pode ser tão gostoso… Espera ele aqui? Veio terminar de me ver passar vergonha?

Não consegui mais tirar os meus olhos dos seus movimentos, ainda mais quando ele se virou para pagar a conta me dando a visa daquela bunda… Parecia uma lua, não estava mais parecendo um pão. Sem perceber, estendo as minhas mãos como se fosse apertar.

Por conta da grande quantidade de álcool no meu sangue, não consegui perceber ele se aproximando, apenas quando ele pegou a minha mão e a enrolou num pano.

Sem falar nada, apenas olhando diretamente nos meus olhos ele me puxou, me segurando pela cintura e assim saímos do PUB, não conseguia ir contra ele, a minha atenção estava toda naqueles olhos verdes que mais pareciam ser de vidro ou um quartzo.

Um passado dolorido

Ver aquelas casas pegando fogo e ainda ouvir os gritos das crianças lá dentro da sede fez meu corpo cair de joelhos, as mulheres todas amarradas umas nas outras enquanto alguns lobisomens transformados abusavam de algumas delas.

Minhas mãos estavam presas nas minhas costas, mesmo transformado perdi completamente as forças quando via aquela cena a minha frente, meus homens já foram mortos em um ataque surpresa comandado por Trada.

Ele era o alfa da alcateia que sempre nos desafiava, mas desistia sempre no meio da luta com medo de perder, mas desta vez estava diferente ela estava com ele, Esec que até onde eu sabia era a minha companheira a marcada por mim na frente de todos.

Ela prendeu as crianças e colocou fogo para que morressem… Esec tinha me traído, mas a dor que senti quando ela chegou na minha frente e me rejeitou me fez cair no chão.

Meu lobo gritava de dor dentro de mim, me fazendo voltar ao normal e ali jogado no chão vejo os dois sorrindo, ela me rejeitou para ficar com Trada, não apenas me traiu, traiu a nossa alcateia e ajudou a matar todos.

Trada vem na minha direção com uma tocha de fogo e assim que ele se aproxima do meu corpo eu pulo assustado na cama, estava completamente suado, meu corpo dolorido e minha cabeça explodindo de tanta dor.

Me levanto mesmo contra os resmungos do meu lobo, toda vez era isso, sempre que minha memória voltava pelos sonhos ele choramingava pela dor, mesmo já tendo se passado duzentos anos.

Foi por isso que fugi do sobrenatural, me escondo entre os humanos me mudando com frequência, mas meu lugar preferido é em Grindelwald, aqui mesmo sendo um ponto turístico dos Alpes Suíços me sinto protegido.

Minha casa fica dentro de uma das montanhas e a estrada da vila até aqui é a mais perigosa, então eram raros os humanos que se atreviam a vir me incomodar. Às vezes aparecia umas loucas, principalmente na época da lua cheia, demorei para descobrir que meu cheiro nessa época também fazia efeito nos humanos.

Já tentei me deitar com algumas, mas não me saciava, foi nesta época que escolhi me isolar e assim fui reconstruindo a minha vida, hoje essas lembranças não me deixam mais de cama como antigamente.

Tanto que já estou pronto para ir ao Brasil, uma das minhas empresas comprou a maioria das ações de uma universidade e não sei o motivo, mas quero ir pessoalmente conduzir a inspeção.

Todo o caminho recebo olhares e atenção dos humanos, no começo me sentia desconfortáveis, mas agora consigo até mesmo não os ouvir e sinceramente essa é a melhor parte, pois eles falam muita besteira.

Sou recebido pelo reitor que me parecia muito preocupado, mas estava conseguindo disfarçar bem, paraliso no meio do caminho quando sinto um cheiro diferente, fazia muito tempo que não sentia um cheiro tão agradável como esse.

Um cheiro de rosas extremamente suave que me trouxe uma calmaria tão grande que por alguns momentos perco as forças me apoiando na parede para não cair. O reitor, quando percebe que não estou o acompanhando, volta a passos rápidos ao meu encontro.

— Senhor Fotiá, está tudo bem? — ele me ajuda a fica em pé novamente e percebo que o cheiro está desaparecendo.

— Sim, apenas uma tontura não é nada, podemos continuar.

Ele me leva até a sua sala para me apresentar os documentos que preciso levar de volta, essa parte burocrática já me irritou diversas vezes, mas com o passar dos anos eu até acho divertido, não elas e sim a reação irritada de todos.

— O senhor já fez sucesso e não está aqui nem cinco minutos — a voz do reitor me fez voltar a realidade e agora que percebi que meu lobo está a procura daquele cheiro.

— Infelizmente não tenho interesse.

— Desculpa, mas o senhor é...

— Não, apenas não tenho paciência para aguentar o drama dessa idade — o interrompo já sabendo que ele iria questionar a minha orientação sexual.

— Quem dera eu ter essa atenção toda — escuto ele resmungar baixo, mas pela minha audição consigo entender perfeitamente.

Ao chegarmos a sua sala já vamos direto para a papelada, vou olhando sem pressa cada um dos documentos, como disse aprendi a gostar dessa parte. Após algumas horas conferindo e embalando de forma correta os documentos, saímos para conhecer as instalações.

Meu lobo se agita no momento que passo pela porta, lá estava ele novamente procurando aquele cheiro, ele estava ficando desesperado querendo assumir o controle para encontrar o portador desse cheiro.

Estava tão concentrado em controlar o meu lobo que paro de ouvir o reitor falar ao meu lado, o cheiro aumentava e diminuía conforme ele ia me mostrando as salas, umas vazias e outras ocupadas com as aulas em andamento.

Consigo sentir o seu orgulho em cada palavra, que era direcionada aquela instituição me deixando feliz, afinal ele amava o que fazia e sinceramente é exatamente isso que importa.

— Senhor Fotiá, logo o almoço…

— Podemos almoçar aqui mesmo, assim já conheço as instalações — mentira… eu quero saber de quem é esse cheiro e quem sabe dou sorte da pessoa ainda estar por aqui.

Sorrindo ele confirma e assim vamos direto, muitos não se aproximaram por ele ser o reitor, mas o cheiro que tanto quero ainda não está aqui, proponho continuarmos antes que ele resolva falar outra coisa e assim saímos dali acompanhados pelos olhares de todos.

Então é você que cheira rosas

Conforme vamos nos aproximamos de mais um dos prédios começo a sentir o cheiro novamente, por pouco não perco o controle e saio como um animal a origem. O problema foi os insultos que estava escutando pela audição.

Essa pessoa realmente deve ser odiada por muitos, afinal as palavras ofensivas que estavam falando nem mesmo eu tinha coragem de repetir. Logo um ser de cabelo rosa vira o corredor de cabeça baixa.

Ela parecia uma fada, pela sua respiração ela estava quase chorando. Logo um grupo até grande de tanto de homens como mulheres viraram a chamando novamente com termos pejorativos, mas pararam no mesmo instante que nos viram.

— Senhorita Agapó — o reitor a chama a fazendo olhar para cima e com esse movimento o cheiro preencheu as minhas narinas causando uma calmaria ao meu lobo.

— Boa tarde — sua voz era tão doce quando o seu rosto — No que posso ajudar?

— Pode acompanhar o Senhor Fotiá, ele precisa conhecer as instalações e eu preciso resolver novamente o mesmo assunto — ela abaixa a cabeça envergonhada, mas ao toque do reitor ao seu ombro ela acaba sorrindo fraco.

— Posso, sim, podemos ir Senhor Fotiá?

— Lykos — a respondo já andando ao seu lado.

— Desculpa — ela me olhava atentamente com aqueles olhos acinzentados que me hipnotizam a cada segundo.

— Me chame de Lykos.

— Muito prazer Lykos, me chame de Roz por favor.

— Claro — forço a minha voz sair, pois, novamente começo a ouvir os mesmos insultos, mas eles estavam sendo direcionados a ela? Por quê?

— Você fala muito bem o português, apesar de não ser daqui.

— O que te faz afirmar que não sou?

— O seu cabelo e barba ruiva — ela evitava olhar, mas quando toco no seu braço sinto o meu corpo inteiro vibrar, ela pelo jeito sentiu alguma coisa, pois me olhou intensamente — Além dos seus olhos, nunca vi olhos verdes tão claros, tem certeza que são de verdade? — não consigo segurar a risada baixa com o seu comentário — Me desculpe não queria ser…

— Sim, são de verdade e sim não sou daqui, com relação a minha fluência consegui através do tempo e treino — a interrompo assim que a senti desconfortável.

Continuamos o caminho conversando coisas como o tempo e sobre onde moro, ela me confidenciou que nunca saiu do Brasil, senti uma tristeza muito grande nela assim que terminamos o nosso tour.

Se me perguntar por onde passei não faço a menor ideia, a minha atenção estava completamente voltada para a fada rosada a minha frente. A sua tristeza e angustia só aumentava quando ela foi se afastando.

— Ela é uma boa moça, mas a irmã arruinou o seu futuro — a voz do reitor me trouxe de volta.

— Me conte o que aconteceu.

Aos suspiros ele me conduziu novamente para a sua sala fechando a porta em seguida, cada palavra que saia da sua boca uma revolta enorme crescia no meu peito, não somente no meu como também do meu lobo.

Como pretendia passar uma semana aqui para conhecer a rotina e matar o meu tempo, decido utilizar para me aproximar de Roz Agapó, a sua história era mais que parecida com a minha.

Eu senti na pele o que é ser acusado de algo que você não fez, mas com ela isso estava causando muito mais problemas do que eu poderia imaginar. Agora ciente que esse cheiro é dela e que ela mora aqui próximo, vou me manter em alerta.

Ao sairmos a faculdade pela audição escuto ela se defender argumentando que não era ela naquele vídeo, não preciso ver para saber que ela está falando a verdade e quando escuto aquela mulher a difamando o meu sangue ferve.

Após muito tempo sem nenhum propósito, ali estava o meu maior desejo nesse momento, proteger a fada rosa agora era minha prioridade. Com isso desisto de ir para o hotel e vou atrás dela.

A ver sentada no fundo daquele bar me fez lembrar da minha pior fase, se não fosse a persistência de Destin eu estaria morto agora e ela vai estar assim que sair daquela mesa.

Aqueles imprestáveis estão combinando de reproduzir o vídeo com ela, mas com a quantidade de droga que estão juntando, ela morre antes do primeiro encostar nela.

As lembranças estão bem tão amargas e doloridas que Roz nem percebeu que cortou a mão, melhor é pagar a conta e sair daqui antes que eu resolvo fazer com esses moleques tudo que estão planejando.

Escuto o meu lobo começar a rir ao me virar a vejo com as mãos levantadas, ela está tão bêbada que está fazendo várias caretas e entregando os seus pensamentos, pego o lenço que sempre anda comigo e enrolo a sua mão com ela completamente em choque.

A levanto ajudando a sair daquele lugar, não era o certo levar ela para o hotel, mas devido às circunstâncias, o hotel ainda é o lugar mais seguro, pelo menos não vou deixar ninguém se aproximar.

De acordo com que vamos andando, ela não para de olhar diretamente nos meus olhos, se estivesse falando certamente estaria implicando com os meus olhos, mas quando retribuo o olhar consigo me ver dentro deles e não era um reflexo disso, eu tenho certeza.

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