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Um Casal Improvável

Capítulo 1

Meu nome é Johan Boyer, tenho 30 anos mesmo já passando da idade de tomar jeito, prefiro curtir a vida.

Tenho responsabilidades, consigo me sustentar e curtir a vida ao mesmo tempo sou o que muitos chamam de um típico "playboy", mas não se engane, meu pai nunca me deu nada de mão beijada, e eu o admiro muito por isso.

No momento, estou morando em Londres onde além de cuidar dos negócios da família ainda consigo trazer mais investidores, tudo isso graças ao meu jeito, não nego tenho a lábia necessária para conseguir qualquer negócio, e me orgulho muito disso.

Mas a única coisa que eu devo admitir que me tira dos eixos e me faz perder o rumo é a assistente dele, uma tal de Zoe.

Não a conheço pessoalmente, mas toda vez que ligo para o meu pai, é a garantia de alguma discussão.

Acho que ela deve ser uma dessas típicas pessoas que amam complicar a vida dos outros, e de preferência acabar com a calma e o estado de paz mental da outra, o que eu acho que deva ser esse o objetivo de sua vida.

Estou me lembrando disso porque preciso falar com o meu pai mas antes preciso falar com ela, já que ela é assistente dele e meu pai insiste em deixar o celular dele desligado, ele deve fazer isso de propósito só para me irritar porque não é possível.

Quando ela atende, até com uma voz gentil por sinal, eu tento ser educado:

— Por favor gostaria de falar com o senhor Isaac.

— No momento ele está na sala dele e pediu para não ser interrompido, gostaria de deixar recado?

Não posso deixar recado porque era pessoal e urgente, preciso voltar para os Estados Unidos e levar duas propostas que eu consegui fechar com duas empresas de ponta, mas eles só irão aceitar se eu for pessoalmente e se fizer a reunião comigo e meu pai via Skype.

E ainda preciso avisar ele para colocar alguém de confiança para cuidar das coisas por aqui na minha ausência.

Então, vou tentar de novo.

— Preciso falar com ele poderia dizer que é o seu filho que está na linha?

— Eu sei que é o filho dele, mas ele me pediu para não interromper.

— Ele está numa reunião?

— Ele não está numa reunião.

— Então, ele não vai se importar de passar a ligação e pode deixar que eu me responsabilizo.

Meu nível de estresse com essa mulher já está no limite.

— Já te expliquei que ele não quer...

— Eu sei o que você me explicou, mas eu me responsabilizo.

Agora eu senti pelo tom de voz dela que ela explodiu, ai ai... E lá vamos nós.

— Que parte você ainda não entendeu? não me importa se você se responsabiliza ou não, o seu chefe me pediu para não passar nenhuma ligação, se ele tivesse colocado o seu nome como exceção eu passaria.

— Escuta aqui, sua velha recalcada também sou filho dele você querendo ou não, e se algum dia ele decidir se aposentar o seu vai estar na reta.

— E quem te disse que eu vou trabalhar para você? Prefiro mendigar na porta de uma igreja do que trabalhar para um tirano como você, e quem você pensa que é pra me chamar de velha recalcada, seu... seu.... Meio centímetro.

Essa mulher só pode estar de brincadeira né...

Eu sei que ela está nesse serviço principalmente porque meu pai é amigo de infância do pai dela, e por isso ela acha que pode ter certos tipos de intimidade, mas meio centímetro??? Fala sério!!

Também sei que ela tem uma família de status, mas ela insiste em fazer tudo sem o apoio de sua família abastada, seria algo a admirar, se ela não fosse tão... Chata. Afff!

— Te garanto que meio centímetro passa bem longe, se quiser posso te mostrar quando for aí pessoalmente, mas ainda corre o risco de querer mais ...

— Aaah! Seu grosso.

— Isso, e grande também, mas foi você que começou, e além do mais até pra pedir esmola a pessoa tem que ter o mínimo de simpatia, algo que você não tem, talvez você consiga uma vaga pra assustar crianças numa casa mal assombrada.

Nem eu acredito que falei isso... Haha!

De repente, eu ouvi a voz do meu pai...

— É o Johan na linha?

— Sim, senhor Isaac, ele deseja falar com o senhor.

Nem parecia aquela surtada de agora a pouco.

— Tudo bem, Zoe, pode tranferir a ligação.

E depois só ouvi aquela musiquinha irritante de espera.

Assim que a música termina, meu pai já começa com a bronca.

— Qual é o seu problema hein?

— Como assim?

— A Zoe sempre foi a melhor funcionária que eu já tive, e você consegue tirar ela do sério.

— Como é? A culpa ainda é minha? Pai ela que começou...

— Quantos anos você tem hein? Parece criança.

Reconheço que perco as "estribeiras" quando falo com ela, mas não tem jeito.

— Agora você poderia considerar a possibilidade de ligar esse celular? pouparia qualquer constrangimento.

— Afff, tudo bem vamos mudar de assunto, o Kevin já falou comigo, então já estou a par do que está acontecendo.

O Kevin é meu amigo de infância e pelo visto o fofoqueiro fura olho de plantão, afinal o miserável já tinha contado pro meu pai, mas mesmo assim, ele não me contou só pra eu ligar e falar com aquela surtada.

— Então você concorda?

— Eles vão investir bilhões de Euros, como não concordaria? agora é só você me dizer quando virá pra cá.

— Irei daqui uma semana, vou colocar o Joseph no meu lugar aqui, mas pai...

— Fala!?

— Eu morei aí quando era criança, e nem era na Califórnia, não me lembro de nada, nem da época que eu morava em Nova York...

— Não se preocupa, vou pedir para alguém te guiar por aqui.

— Então, obrigado. Nos vemos daqui uns dias.

Agora, o negócio é correr com os preparativos.

Capítulo 2

Zoe Sabater

Tenho 24 anos, e me formei em administração com perícia contábil, sempre fui uma pessoa dedicada aos estudos, e determinada.

Determinada a não ter o meu sobrenome como âncora para uma carreira bem sucedida.

Não me entenda mal, não sou uma pessoa ingrata, reconheço tudo que a minha família fez pra mim, e sei da importância que o dinheiro que o meu pai investiu na minha educação é algo que eu tenho e preciso estar eternamente grata.

Mas não quero ser reconhecida como a filha de Joseph Sabater, Dono das Sabater & construções, com imóveis de luxo espalhados pelo mundo.

Sou a única que pensa assim, minhas irmãs aproveitam tudo que a vida de luxo pode oferecer, mas, sinceramente não me importo nem um pouco com isso.

Na época em que eu estudava no ensino médio, estava nos Estados Unidos e por isso podia estudar numa escola pública e foi isso o que eu fiz, queria provar a todos que conseguia sair daquela concha que é a família Sabater.

Sofri muito bullying por conta disso, já que minhas queridas irmãs faziam questão de ostentar a nossa riqueza na frente dos meus colegas de classe.

E por isso alguns achavam que eu tinha a obrigação de dar tudo o que eles queriam pra eles, e como eu sempre negava...

Sim, não me dou bem com as minhas irmãs, uma tem 20 e a outra 22.

São mimadas e desprezíveis pois se acham melhor que todos.

Talvez por isso tenha decidido sumir de lá, assim que me formei, vim para outra cidade.

Tenho um irmão mais velho de 32 anos, e esse sim é de outro mundo, meu amigo e companheiro de longa data.

Talvez pelo fato de termos a mesma mãe, que faleceu logo quando eu nasci.

Ela era uma das mulheres mais lindas que eu já vi, pelo menos , nas fotos e pelas palavras de muitos que a conheciam, e meu pai a amava muito.

Mas ele seguiu em frente, e se casou com a sua secretária que engravidou logo no primeiro encontro deles.

Sei o que pensam e acho o mesmo, mas ela nunca o traiu e o trata bem, então pra mim, é o que importa.

Eu e o meu irmão, moramos juntos num apartamento de classe média no centro da cidade, fica perto do metrô e de lá posso me locomover até o meu trabalho.

O CEO dessa empresa é um amigo de infância do meu pai, mas ele só soube quem eu era quando ele me entrevistou.

Fiquei feliz quando ele não se lembrou do meu sobrenome logo de cara e tinha me chamado para a entrevista porque se interessou pelas minhas qualificações.

Assim, eu consegui esse serviço com o meu esforço.

Mas confesso que me aproveito dessa amizade de anos entre os dois às vezes.

Principalmente quando preciso falar com aquele playboyzinho do filho dele.

O cara se acha o dono da bagaça e quer que as coisas aconteçam do jeito dele.

O Sr. Isaac, sempre deixa claro que a menos que ELE deixe o nome específico pra mim, eu não devo incomodá-lo em nenhuma hipótese, principalmente quando ele deixa o celular comigo.

Não sei exatamente o que ele faz lá na sala, mas ele fica sozinho e geralmente demora em torno de meia hora.

Mas é claro que o sem noção do filho dele acaba adivinhando a hora de ligar e o faz bem nessa hora.

Agora tenta explicar isso para aquele cérebro de minhoca que só enxerga o próprio umbigo?

Ele sempre fala que sou eu que não quero passar a ligação pro pai, mas quando vai falar com ele, finge que nada tá acontecendo.

E hoje foi um desses dias, fala sério, dá vontade de perguntar se a namorada dele tá dormindo de calça jeans esses dias, porque não consigo achar uma justificativa pra esse mau humor todo.

Assim que eu passei a ligação dele, continuei com os meus afazeres, mas antes tive que tomar uma água pra tentar me acalmar um pouco.

Quando já estava terminando um documento, o Sr. Isaac me chama, e assim que eu entro, ele começa:

— Sinto muito Zoe, eu pedi pra você não me incomodar e acabei esquecendo de te avisar que ele ia me ligar, foi erro meu.

— Tudo bem senhor Isaac, é muita coisa para processar e às vezes se esquece das coisas mesmo.

— O Johan é um excelente profissional, o melhor dos meus filhos, conseguiu dois contratos de peso na Inglaterra, e ele precisava resolver alguns assuntos antes de vir pra cá.

Tá legal! Por essa eu não esperava, mas estou precisando de férias, então já sei quando vou pedir.

— A última vez que ele esteve aqui comigo, ele só tinha 9 anos e ainda morávamos em Nova York, ficou por lá só dois anos, e agora aqui na Califórnia ele não conhece nada.

— Ele vai vir quando?

— Semana que vem, por isso estou te chamando aqui, preciso da sua ajuda.

Na minha ingenuidade ou lerdeza de pensamento, achei que ele iria me pedir pra ajudar aqui, enquanto ele fosse passar um tempo com o filho, mas não, eu não tenho tanta sorte.

— Preciso que você mostre a cidade pra ele, com direito a levar pra balada a noite e tudo mais, sabe, esse tipo de coisa que os jovens gostam.

— C-como é?

— Você é a funcionária mais nova que eu tenho e sei que você conhece os lugares pra se divertir, eu quero que ele fique a vontade por aqui, e eu confio em você que vai fazer o melhor pra ele se sentir em casa.

— O Senhor está ciente do que me pede? Não tem uma vez que a gente não briga.

— Mas é por telefone, quando vocês se verem pessoalmente, você vai se sentir melhor, meu filho é uma boa pessoa, acredite.

Não duvido que ele seja uma boa pessoa, mas o cara é insuportável.

— E esses dias será um extra pra você, por favor faça isso por mim.

Caramba! Como posso negar esse pedido, também não posso esquecer que ele é bem tolerante comigo quando se trata do modo como trato o filho dele.

— Tudo bem, eu concordo, mas não vou me responsabilizar se a terceira guerra mundial acontecer.

— haha! Vou me preparar.

Depois disso conversamos mais um pouco e saí de sua sala, com sangue nos olhos.

Preciso relaxar, mas sei que essa noite vai ser impossível , mas o quanto antes, melhor.

Capítulo 3

...Zoe Sabater...

Dois dias depois

O que eu uso pra relaxar é algo que muitos também usam, ou seja, dançar, e muito.

Tem um lugar que serve uma bebida divina e é um lugar onde podemos fazer o que quiser.

O bar se chama :"mysterious mask" como o nome diz, pra entrar lá você precisa usar uma máscara.

Seu objetivo principal é que você pode ser o que quiser e fazer o que bem entender, sabemos que tem muita gente de prestígio que aparece por lá, o que torna o bar mais disputado da cidade.

Embora esse mistério seja sim uma grande vantagem, para mim, nem tanto, sou uma paranóica por natureza, por isso não vou lá pra outra coisa a não ser dançar ou quem sabe dar uns pega em alguém.

Mas o cara tem que ter muita lábia pra conseguir isso, e sim só fica nisso.

Embora me divirta nesse lugar, ainda não sou uma adepta do sexo casual.

Assim que saí da sala do Sr. Isaac, já peguei meu celular e entrei no grupo dos amigos. Tá mais pra grupo das baladas mas tudo bem.

São poucos que fazer parte dele, tem o meu irmão o Jonathan, a Beatriz, uma brasileira com quem fiz o intercâmbio pra aprender o português e o Francis.

Meu irmão é louco pela Beatriz, e eu sei que eles se pegam muito, mas ele finge que não se conhecem muito bem e a gente finge que não sabe de nada hehe.

O motivo é claro, é o fato de que a Bia depois do meu intercâmbio na casa dela, ela veio trabalhar na nossa casa como empregada, e meu pai teria um mini surto se descobrisse.

Então, ela mesma decidiu se formar numa faculdade daqui, e conseguir uma boa profissão, para se sentir a altura do meu irmão.

É claro que isso é mais da cabeça dela, já que eu conheço o meu irmão o suficiente pra saber que ele não se importa.

Enfim, Comecei a digitar no grupo

Fala povo, belezinha?

Estou mega estressada, e preciso de um tempo naquele bar perfeito que a gente sempre vai, quem topa????

Depois de alguns segundos...

Francis: Opa! Só falar o horário que eu vou levar a minha amada, ela quer esfriar a cabeça também.

Beatriz: Não sei se eu vou poder ir, estou com uns negócios pra fazer...

Na verdade, eu sei exatamente esses "negócios" pra fazer que ela fala.

E por falar nesses negócios...

Jonathan: Vou poder ir sim, nos encontramos lá.

Segundos depois

Beatriz: No horário de sempre? Então nos vemos lá.

AFF mas nem pra disfarçarem, mas beleza já que o Francis vai levar a sua love, com certeza eu ficaria de vela, então preciso aproveitar enquanto meu irmão não assume e curtir com eles.

Como hoje envolve o dia do pagamento, tenho que ficar até mais tarde para a verificação, e também para me certificar que todos os funcionários terão o seu dia feliz do mês porque afinal, nem relógio trabalha de graça.

Como uma viciada em compras, aproveitei a oportunidade e fui na Gucy (escrita proposital) para comprar algo para usar hoje.

Escolhi uma roupa justa, pra valorizar a minha cintura e curta para valorizar as minhas pernas, adoro usar mini saia, tenho que aproveitar e usar o que tenho de melhor.

Fiz uma make mais simples, já que vou usar máscara, então só caprichei no batom.

E já estava preparada com meu scarpin que eu tanto amo e pronta para uma noite perfeita.

E não é que com essa minha empolgação toda, eu até esqueci daquele cretino.

Nossa! Fazer compras é mesmo uma boa terapia, só não é muito barata, haha.

Nos encontramos na entrada do lugar, e entramos como sempre, o lugar é mesmo de tirar o fôlego.

Fora que o fato de se usar uma máscara, se faz jus ao seu objetivo, muitos já estavam bem a vontade.

A única coisa que é proibida por lá é justamente tirar a máscara. Já fui chegando com toda aquela empolgação de sempre, ou seja pra relaxar mesmo.

Entrei na pista de dança junto com meus amigos, estávamos dançando pra caramba.

De repente, apareceu um homem na minha frente, claro que não consegui distinguir quem era, ele usava uma camiseta preta e calça da mesma cor assim como a sua máscara, só com um risco vermelho nela, seus braços mostravam que estavam em boa forma.

Ele começou a dançar na minha frente, e eu aproveitei e dancei junto, era só uma dança, nada de mais.

Mas não dava pra ficar só na dança, então depois de umas três dessas, ele me chamou pra sentar um pouco.

Aceitei porque estava cansada.

Pedimos uma bebida, e começamos a conversar.

Eu comecei a conversa...

— Ufa! Acho que deu pra relaxar bem com isso, você não acha.

— A sim! Dançar é bem relaxante, eu não sou daqui, mas de onde eu moro, as pessoas costumam ser mais reservadas.

— Ah! Sério? Que pena, então como você se diverte.

— Sinceramente? Eu faço algumas festas na minha casa e então eu me divirto bem.

Percebi que ele tinha um sotaque britânico, eu poderia perguntar pra ele, mas aí seria pessoal demais e essa não é a proposta do lugar.

Fora que por ele não ser daqui não vamos no ver mais.

— Está gostando da sua estadia por aqui?

— Mais do que pensei, principalmente agora!

Uau, esse é direto hein, como eu disse, preciso relaxar.

— Que tal mais uma dança?

— Perfeito pra mim.

E lá fomos nós dançar de novo, no meio da dança, sua mão já estava um pouco abaixo da minha cintura, e tudo que eu pude pensar foi

"O cara tem uma senhora pegada"

Sem preliminares então, se ele é ousado assim, também sei ser, então tomei a iniciativa.

No começo, percebo que ele se assustou mas depois ele liderou o beijo, assim que eu abri a boca começamos o nosso "duelo" o cara sabe mesmo o que estava fazendo.

Quando me dei conta, já estávamos em outra música.

E com isso tive a certeza que noite estava longe de terminar.

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