Parei diante da escolinha dando um longo suspiro revigorante, o sol brilhava naquela manhã de primavera, os ventos assopravam sua brisa serena em meus fios de cabelo, a ansiedade me consumia para conhecer meus pequenos.
Era meu primeiro dia como professora, depois de longos anos de estudo eu havia conseguido a minha profissão dos sonhos. Sempre fui apaixonada com crianças, então como o esperado estava extremamente animada.
– Você vai dar aula para a salinha 1 do primário. - A diretora me acompanhava pelos corredores coloridos e repleto de desenhos de crianças brincando, de coleta seletiva e árvores. - Será a sala de crachá amarelo.
Assentia prestando atenção em todas as instruções dela.
– Você pode dar um nome para sua turma se assim desejar. No fim da aula teremos você terá uma reunião com os pais para mostrar seu plano de ensino. - Dizia parando na porta da salinha.
– Obrigada. - Assenti segurando a bolsa diante do corpo.
– Espero que goste de trabalhar conosco. - Sorriu docemente. - Vou deixar que comece sua organização.
Me inclinei agradecendo e entrei na salinha. Abri as janelas animada, afastei as cortinas e respirei fundo. A felicidade não cabia mais em mim.
A primeira aluna a aparecer foi uma loirinha de Maria Chiquinha. Estava com mochilinha rosa e parecia extremamente animada. Acompanhando ela estava uma mulher de terno, expressão seria.
Me olhou dos pés a cabeça e depois olhou dentro da sala.
– Prazer eu serei a professora da sua filha. - Me prontifiquei a me apresentar, me inclinando para frente.
– Você é jovem. Surpreendente. Sou Francis, mãe da Elizabeth. - Disse segurando a minha mão e a apertando forte. - A reunião é hoje?
– Sim, ao fim da aula. - Disse com tom doce costumei.
– Ótimo, eu e meu marido viremos. - Assentiu.
– Agradeço desde já a presença. - Sorri e me abaixei olhando a pequena. - Olá Elizabeth, serei a sua professora. - Segurei nas mãozinhas da loirinha. - Bem vinda a nossa salinha, porque não escolhe seu lugar?
Ela assentiu animada e correu para dentro da sala.
Francis deu um sorriso de lado. - Tenho a sensação de que minha menina pegou um boa professora esse ano. Nos vemos mais tarde. - Abanou a mão e saiu.
Sorri e me aproximei da mesa rosa onde a loirinha havia se sentado.
– Seu armário é o o primeiro. - Apontei. - Porque não começa a decorar ele do seu jeitinho? - Sorri guardando a mochilinha, peguei alguns papéis, lápis de cor, glitter e adesivos e coloquei na mesa diante dela. - Vamos esperar para conhecer seu coleguinha.
Ela concordou empolgada e começou a desenhar algumas flores para colocar em seu armário.
Logo um loiro com barba por fazer parou na porta, atrás das pernas dele havia um garotinho tímido o abraçando.
Me aproximei da porta sorrindo. - Bom dia, eu sou a professora nova.
O homem me olhou da cabeça aos pés, podia ver seu queixo cair.
– Sou Bardroy, pai do Finnian. - Apontou para baixo.
– Você é realmente muito bonita, meu filho tem sorte. - Sorriu de forma safada.
Então foi o começo das investidas, parecia que nem como professora eu escaparia delas.
Sorri timidamente me abaixando para escapar da investida. - Olá Finnian, vou ser sua professora. Espero que possamos ser amigos.
O loirinho me olhou com seus imensos olhos verdes e assentiu.
– Que bom, porque não escolhe seu lugar na sala e personaliza seu armário para começar o ano bem? - Me apoiava nos joelhos sorrindo.
Ele soltou as pernas do pai e entro na sala animado.
Me ergui olhando para o homem alto. - Ao fim da aula, teremos uma reunião sobre o plano de ensino. O senhor poderia participar?
– Com um professora tão bonita quanto você eu não perderia por nada. - Deu um sorriso safado.
Corei, assentindo. - Obrigada.
O vi sair e me aproximei de Finnian.
– Finny, você é tão fofinho. - Sorri para ele. - Posso ter um abraço?
O pequeno se aproximou de mim, abrindo os bracinhos. O abracei forte, beijando a bochecha dele.
– Meu Deus que fofura. - Beijava a bochecha dele várias vezes e ouvia o pequeno gargalhar.
Mais alguém havia se aproximado da porta, um homem loiro bem alto e forte, com densa barba expressão de malvado.
Me ergui rapidamente indo até e porta. - Já volto querido. - Parei diante do homem e nos braços dele, estava uma menininha linda, de olhos verdes e longos cabelos negros.
– Você é a professora? - Me olhou surpreso.
– Eu mesma. - Assenti olhando para ele.
– Você é maravi... Jovem. - Se corrigiu ficando com as bochechas vermelhas.
Sorri corando em seguida. - Obrigada.
– Sou Wolfram, pai da Sienglide. - Olhou para a filha no colo.
– Prazer. - Sorri me aproximando da pequena. - Olá Sienglide, serei sua professora. Espero que possamos ser amigas.
A pequena sorriu para mim.
Apoiei a mão no pequeno rosto. - Você é tão linda, parece uma bonequinha. O que acha de escolher seu lugar e personalizar seu armário até todos chegarem?
Assentiu animada e pai a colocou no chão. Logo ela correu para a mesinha de Lizzy.
– Hoje teremos uma reunião ao fim da aula... - Comecei a dizer.
– Eu sei, virei... Sienglide é tudo que tenho. Se algo afeta a ela eu devo saber. - Me olhou com ternura. - Mas acho que não teremos problemas professora...
– São só vocês? - Perguntei curiosa.
– Sim, minha esposa morreu no parto. Desde então... Somos só nós dois. - Assentiu com tristeza.
Ergui as sobrancelhas e o abracei como reconforto. - Meus pêsames.
Wolfram retribuiu o abraço, me dando tapinhas nas costas. - Obrigado.
Me afastei o olhando com ternura.
– Volto mais tarde então. - Balançou a cabeça saindo.
Abanei a mão e segui até Sienglide. Me abaixei sorrindo. - Já disse o quanto você é linda?
Ela sorriu e espontaneamente passo a mão por meu pescoço, beijando meu rosto.
– Awn! - A abracei beijando o pequeno rosto dezenas de vezes entre as gargalhadas.
Mais uma vez alguém se aproximou da porta. Uma mulher de longos fios branco, apoiava uma das mãos na cintura, enquanto com a outra mão segurava a mão do pequeno loirinho de olhos azuis que olhava para dentro da sala curioso.
– Bom dia, sou a nova professora! - Falei animada me aproximando da porta.
– Ótimo, sou Hannah, mãe do Alois. Tenham um excelente dia. - Saiu antes que eu tivesse a oportunidade de dizer qualquer outra coisa.
Revirei os olhos e me abaixei olhando para o menininho.
– Olá Alois, sou sua nova professora! Venha, vamos escolher uma mesa para você e personalizar o armário. - Sorria animada entrando na sala de mãos dadas com ele.
– Eu sou Alois, posso ficar na mesa azul? - Disse animado.
– Claro meu amor! - Sorri indo com ele até a mesa junto de Finnian. - Esse é o Finnian.
Os dois se cumprimentaram e logo fizeram amizade.
Olhei as horas no relógio e já eram oito e meia. Então provavelmente todos já javiam chegado.
Me aproximei da minha lista de presença olhando os nomes e marcando a presença. Faltava só um aluno. Ciel Phantomhive, ele não havia chegado.
Será que deveria esperar mais um pouco antes de iniciar a aula?
– Bom dia professora, desculpe o atraso do Ciel. - O homem com traços indianos e cabelos brancos disse ofegante, havia um garotinho de olhos azuis e cabelos de mesma cor com ele, usava um curativo em um dos olhos e andava de cabeça baixa.
– Eu estava achando que não viriam. - Sorri. - Você é o pai dele?
– O pai dele não pode vir, sou melhor amigo do pai dele. - Se ergueu e apertou a minha mão. - Agni.
Sorri apertando de volta. - Prazer. Pode dizer ao pai dele que teremos uma reunião hoje ao fim da aula?
– Sim, claro. Agora preciso ir estou atrasado. - Acenou. - Tchau Ciel, Sebastian te busca. - Saiu correndo outra vez.
O homem entregou o pequeno em meus braços e saiu acenando para nós.
– Olá Ciel! Sou sua nova professora, espero que possamos ser amigos. - O coloquei no chão.
Ele assentiu ainda com a expressão de tristeza.
Suspirei, o olhando. Apoiei as mãos sobre as dele. - Aconteceu alguma coisa?
O de cabelos azulados balançou a cabeça negativamente.
– Você é lindo sabia? - Sorri o olhando. - Onde você quer se sentar?
Apontou para a mesa junto de Alois e Finnian.
– Ótima escolha. Você quer algo de diferente para personalizar seu armário? - Acariciava as pequenas mãos.
– Adesivos. - Disse baixinho.
Sorri animada ao ouvir a voz dele. - De que? Venha escolher comigo! - Segui com ele até a minha mesa.
Ele pegou a cartela de adesivos de dinossauro.
– Ótima escolha. - Sorri o olhando. - Não vou mais te incomodar, pode se sentar.
Ciel assentiu e correu até a mesinha azul.
Olhava encantada para ele, como poderia se parecer tanto. Sorri e me levantei.
– Enquanto personalizamos nossos armários, vamos nos apresentar! Cada hora alguém vem aqui na frente, diz seu nome, seu brinquedo favorito e o que gosta de fazer. - Juntei as mãos dando um imenso sorriso. - Eu começo!
Todos me olhavam curiosos.
– Sou a professora de vocês. - Resolvi não dizer meu nome para não os confudir. - Meu brinquedo favorito é minha boneca de pano. Eu gosto de pintar é meu passatempo favorito. - Sorri. - Quem agora?
Vi algumas mãozinhas se erguerem.
Assim seguiu a aula, tranquila. No final do dia todos nós já tínhamos intimidade o bastante. Até o pequeno Ciel que era tímido já estava fazendo amizade e me respondendo com mais uma uma palavra.
No fim da aula todos os pais chegaram para a reunião, menos o de Ciel. Os pais sentavam com seus filhos no colo. Enquanto o de fios azuis ficava de cabeça baixa, repleto de tristeza.
– Ciel. - Chamei com a mão.
Ele se aproximou de mim, me olhando com curiosidade.
– Venha se sentar no meu colo, pode desenhar até seu pai chegar. - Sorri o olhando nos olhos.
O pequeno assentiu e se sentou sobre as minhas coxas.
Coloquei alguns giz de cera sobre a mesa e um papel. Imediatamente ele começou a desenhar.
Expliquei para os pais de forma paciente meu plano de ensino e todos pareceram gostar e aprovar. Não recebi nenhuma reclamação. Com fim da reunião só sobraram eu e Ciel na sala. Pai dele estava mais de quarenta e cinco minutos atrasado.
Peguei a ficha do meu pequeno favorito para ler. Mãe dele havia morrido em um acidente também, eram só ele e o pai, mas parecia que o pai dele era um homem terrivelmente ocupado.
Fechei a ficha e a coloquei de lado, acariciando os fios azulados que ainda estava no meu colo.
– Querido, você está com fome? Acho que seu pai se atrasou. - Olhei para ele de forma carinhosa.
– Ele não se atrasou... O motorista deve ter me esquecido. - Disse ainda colorindo.
– Isso acontece sempre? - Ergui as sobrancelhas.
– Sim. - Disse com tristeza.
Beijei a cabeça dele e puxei minha bolsa, peguei um sanduíche de dentro dela e entreguei para ele.
O pequeno me olhou e esboçou um gentil sorriso. Primeiro sorriso do dia. Abriu o sanduíche e começou a comer voltando a desenhar.
– Então você gosta de dinossauros e cozinha? - Sorria olhando para ele. - Eu adoro cozinha também.
Com o tempo, nos tornamos amigos, o motorista realmente se atrasava então ficavamos bom tempo juntos.
Com o passar dos dias, estávamos mais íntimos que qualquer coisa.
(づ。◕‿‿◕。)づ
Agni se aproximava da escolinha raio de sol segurando a mão de seu filho Soma e do pequeno Ciel, filho de seu melhor amigo, o pequeno indiano tem seus 7 anos, já o pequeno e fofo britânico seus 5.
– Bom dia professora. - O homem me cumprimentava na porta da sala de forma doce e meiga.
Me pus de pé para o atender. - Senhor Agni, e o meu aluno favorito.
Ciel sorriu correndo em minha direção, o peguei nos braços carregando, eu e aquele pequeno tínhamos um elo inabalável agora, eu passava mais tempo com ele do que com os outros aluno, os empregados do pai dele sempre se atrasavam para buscá-lo, mal conheço tal homem mas já não o suporto.
– A madame Red deve buscar o Ciel hoje. - O indiano acenou para menininho.
– Tchau Ciel! - Soma acenava para o melhor amigo.
– Tchau Soma! - O pequeno em meus braços acenou de volta.
Depois de alguns dias comigo ajudei ele a se tornar um menino mais aberto a todos.
Carreguei Ciel até sua mesa, me sentei ao lado dele. - Como foi seu dia meu bem?
– Mey fez bolo, eu comi tudo, mas o papai não teve tempo, ele nunca tem tempo. - Segurava na barra da camisa.
– Bem, eu estive pensando em levar a turma ao zoológico, o que você acha? - Sorri acariciando os cabelos azulados.
Os grandes olhos azuis que pareciam uma tempestade no oceano brilhavam. - Sim! - Levantou as mãos.
Me matava ver o quanto aquela criança maravilhosa não tinha atenção do pai, o pouco que eu sabia sobre a família dele era que sua mãe havia morrido em um acidente de carro, ela usou o próprio corpo como escudo para salvar o pequeno, que graças a ela sobreviveu, mesmo perdendo um dos olhos pelos estilhaços de vidro.
⊂(◉‿◉)つ
Agni caminhava irritado, Sebastian estava com o olhar focado na tela do Mac book finíssimo extremamente caro.
– Diga logo, está me irritando, som dos seus passos é tão alto que não consigo nem ouvir meus pensamentos. - O de cabelos negros encarou o melhor amigo inquieto.
– Você é um idiota Michaelis, um completo e perfeito idiota. - Agni bateu as mãos na mesa fazendo o outro se assustar.
– O que? - O britânico erguia as sobrancelhas surpreso.
– Você não nota? Desde a morte da Rachel você se tornou um viciado em trabalho, quando eu estava levando Soma e Ciel para a escola, eles estavam brincando sobre cores, então Soma disse: Minha cor favorita é a cor dos olhos do meu pai, azul acinzentado, e sabe o que o Ciel respondeu a ele? - O indiano dizia irritado.
– O que? - Perguntou curioso.
– "Eu nem sei a cor dos olhos do meu pai, porque eu nunca o vejo." - Agni encarou o melhor amigo nos olhos.
Sebastian sentiu seu coração se apertar, apoiou a mão no peito, como se tivesse recebido uma forte facada ali.
– Eu sei que sente falta da Rachel, sei que você está tentando lidar com a perda dela, mas Sebastian o Ciel também perdeu a mãe, ele precisa de você, evitar ele não vai fazer a dor de vocês passarem, já faz 2 anos amigo, está na hora de você apoiar seu filho e reconstruir a vida de vocês, ou você acha que a Rachel sempre sonhou do filho dela nem soubesse descrever que cor os olhos do pai dele tem? - O homem despejou as palavras em cima do amigo que foi atingido como espinhos.
O moreno apoiou os cotovelos na mesa e escondeu o rosto com as mãos, não havia se dado conta do quão tóxico era para o garotinho.
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Mais uma vez eu estava brincando com Ciel, família dele estava atrasada como de costume.
– Você sempre fica comigo... Você é quase uma mãe. - Sorria enquanto desenhava.
– Seu pai ficaria bravo se te ouvisse. - Gargalhei indo até a minha mesa, abri a gaveta e me inclinei para pegar a fita, ia pendurar o desenho que ele fazia.
Sebastian havia decidido mudar de postura depois da bronca de seu melhor amigo, usava um belo terno preto com sobretudo por cima, tentou sair o mais cedo possível da empresa para buscar o filho no lugar da avó.
Parou diante da porta, lá estava uma mulher belíssima com o traseiro inclinado, era espetacular, cada milimétrica curva, a forma como ela atirava o cabelo para o lado, ele não conteve o suspiro da mulher monumental que ali se encontrava.
Ao ouvir o suspiro me ergui para olhar em direção a porta, lá estava o homem mais belo que eu já havia visto, os cabelos negros e lisos sobre o rosto, a pele pálida, os ombros largos, a postura impecável, que homem era aquele? Ao mesmo tempo que parecia um fria escultura de mármore parecia exalar um fogo incendiário, me fazia corar sua densa presença.
– Posso ajudá-lo? - Me ergui colocando os fios atrás da orelha.
– Sim, vim buscar meu filho, Ciel. - Ele se sentiu forçado a afrouxar um pouco a gravata.
– Papai? - O pequeno se aproximou apoiando a mãozinha na perna da professora.
Sorri para ele. - Aquele é o seu pai meu bem? - Apontei para a personificação da perfeição que estava parado na porta da minha sala.
– Sim. - Pequeno sorriu de forma larga, e correu em direção a ele.
O moreno o pegou no colo. - Desculpe o atraso, desculpe os dois anos de atraso. - Apoiou a testa na do pequeno.
O jovem de cabelos azulados sorria de forma larga para o raro evento de ser buscado pelo pai em pessoa.
Juntei os itens de Ciel e entreguei para o homem a pequena mochila.
– Boa viagem meu querido, nos vemos amanhã. - Beijei o rosto dele com carinho.
– Tchauzinho. - Acenou sorrindo enquanto aquele homem saia com meu aluno favorito nos braços.
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Os dias se passaram e não vi o pai do meu pequeno favorito outra vez, estava junto com Ciel esperando por alguém que o viesse buscar.
– Professora? - Ciel puxou a barra da minha justa saia branca que ia até os joelhos, subi a alça fina da camiseta que caia em meu ombro.
– Sim? - Me abaixei para ficar da altura dele.
Segurava um anel de açúcar, inclinava a cabeça e dizia bem baixinho. - Se case comigo!
Gargalhei apoiando a mão sobre a boca. - Não deveria ser um pedido? Eu sou velha demais para você.
– Não é, você é incrível. - Corou desviando o olhar.
– Você é um amor. - Beijei o rosto dele com carinho, vi ele corar como um tomate maduro.
– Com essa atitude dificilmente ela vai aceitar, olhe bem nos olhos. - O homem parecia estar observando a um longo tempo.
– Senhor Michaelis, eu realmente desejava falar com o senhor. - Me levantei o olhando.
– O que houve? - Se aproximou da mesa.
Apontei para a cadeira com indicativo de que era para ele se sentar.
Sebastian imediatamente se sentou enquanto o filho corria pela sala.
– Creio que o Ciel seja um aluno acima da média, ele tem demonstrado uma inteligência descomunal. - Joguei os cabelos para trás.
– E isso é um problema? - Ergueu as sobrancelhas surpreso.
– Não, jamais, mas acho que a perda da mãe fez com que ele amadurecesse muito rapidamente, então... - Peguei alguns desenhos dele, todos eram iguais, ele sozinho.
O moreno olhou os desenhos.
– Todos os desenhos foi pedido coisas que ele amasse, a família dele, sua pessoa favorita. - Mostrei todos os desenhos onde ele se encontrava sozinho. - Tenho a sensação de que ele se sente no fundo está sozinho.
Sebastian suspirou, passou a mão pela boca. - O que me recomenda fazer sobre isso?
– Passar mais tempo com ele, fazer projetos em família, no final de semana eu e alguns pais vamos com as crianças ao zoológico, se quiser vir conosco com o Ciel. - Sorri de forma meiga.
– Sim, adoraríamos. - O homem sorriu
Sebastian estava impaciente na porta de casa, batia o pé a espera do filho.
– Ciel que demora. - O homem saiu em busca do filho.
– Já vou. - Disse do banheiro.
O inglês parou na porta para observar o que uma criança de só 5 anos poderia estar fazendo de tão demorado.
O pequeno estava com a cadeira diante da pia do banheiro, estava com o pente de cabelo, tentando de forma insistente colocar os cabelos para trás.
– O que está fazendo? - O pai do jovem segurou o riso.
– Estou tentando parecer mais adulto. - soltava o cabelo que voltava outra vez a cair em sua testa.
– Porquê? - Perguntou pegando o filho no colo.
– Para a professora casar comigo. - Suspirou se deixando cair nos braços do pai.
– Olha, todos tem uma queda por uma professora uma vez na vida, você deveria ficar satisfeito por ser o aluno favorito e procurar uma namorada da sua idade. - Ria segurando o filho que estava com os braços abertos se fingindo de desmaiado.
– Alguém da minha idade tipo a Lizzie? - Se ergueu rapidamente olhando para o pai.
– Não agora, espera porque quer tanto uma namorada? - Ergueu as sobrancelhas olhando para o menor.
– Porque eu não aguento mais ficar sozinho. - Voltou a se fazer de desmaiado.
– Você tem a mim, tem a sua avó, tem o tio, o Agni, o Soma seus coleguinhas. - Sebastian pegava as chaves do carro carregando o pequeno com o outro braço e saindo do apartamento.
– Mas nenhum de vocês é como a professora. - Suspirou deitando a cabeça no ombro do pai.
– Gostosa? - Riu olhando para o filho.
– Pai! - Escondeu o rosto no pescoço do pai. - Porque não casa com ela no meu lugar então?
O britânico sorriu para o filho. - Sabe que já tenho namorada.
– Você tem péssimo gosto pra mulher. - Pequeno mostrou língua.
– Você odeia tanto a Beast assim? - Sorriu prendendo o garotinho na cadeirinha.
– Sim, ela é fresca. - Olhou para o pai movendo os ombros.
– Você jogando lesmas nela também não é legal. - Riu olhando para o menor.
– Eu não queria jogar, eu ia cuidadosamente colocar no cabelo dela, mas eu tropecei e acabou caindo nela. - Pegou o suco da mão do pai. - E sinceramente nem acho que você goste dela de verdade.
– Não gosto, eu acho que é impossível eu gostar de alguém como gostei da sua mãe. - Seguiu até o banco da frente.
– Então termina logo com aquela chata. - Disse bebendo o suco pelo canudo.
– Você puxou meu gênio difícil, isso tem se tornado um problema. - Riu saindo com o carro da garagem.
Depois de alguns minutos chegaram ao zoológico, todos estavam na entrada esperando pela professora.
– Só tem homens? - Sebastian desceu pegando Ciel no colo.
De fato só haviam pais ali, nenhuma mãe.
O inglês parou perto do loiro. - Estão esperando a professora do primário?
– Sim. - Olhou para o moreno.
– Oi Ciel! - Finnian estava com o loiro acenando para o amigo.
– Oi Finny! - Ciel acenou para o amiguinho.
– Não veio nenhuma mãe? - Sebastian perguntou curioso.
– Não, todos os pais se ofereceram para vir no lugar das mãe pelo jeito, você deve saber o porquê. - Bard piscou para Sebastian.
– Homens casados, atrás de uma professora, isso é errado. - Balançou a cabeça.
– Se é errado o que faz aqui? - O americano disse sério.
– Eu sou viúvo. - Retribuiu o olhar sério.
– Desculpe, eu não sabia. - Apoiou a não no ombro do mais alto.
– Não tem problema. - Moveu os ombros.
Acabei por me atrasar graças ao ônibus, levava comigo uma imensa cesta de piquenique, usava um vestido azul claro, justo até a cintura, do quadril para baixo solto e rodado que ia até os joelhos, sapatilhas da mesma cor e um laço azul, me aproximei de todos um pouco ofegante, corri bastante para não piorar meu atraso.
– Desculpe a todos, meu meio de transporte me causou um atraso. - Sorri de forma meiga para todos.
Sebastian ergueu as sobrancelhas por alguns instantes, ela era realmente muito bonita, muito mais bonita do que ele se lembrava.
Lá estava ela cumprimentando todos os pais e alunos.
– Eu disse não disse? A Beast parece uma bruxa perto dela. - Ciel sorria ao ver o olhar do pai para a professora.
– Você é terrível, bocchan. - Começou a fazer cócegas nele arrancando a gostosa gargalhada do garotinho.
– Fiquei com medo que não viessem. - Sorri me aproximando de Sebastian e Ciel.
– Eu disse que viriamos. - O moreno sorriu.
– Estou feliz do meu favorito estar aqui. - Beijei o rosto do Ciel com carinho. - Está lindo hoje.
– Obrigado. - As bochechas dele coraram.
Finnian olhava maravilhado pela chaves de casa que eu carregava, havia um chaveiro com uma flor. - Quer levar para mim?
O pequeno assentiu, entreguei as chaves a ele.
– Então vamos nós, começaremos pela ala dos primatas. - Sorri empolgada, segurando a mão de Finnian e caminhando.
– Me desce. - Ciel virava o rosto do pai para si.
Sebastian colocava o filho no chão e o pequeno corria para segurar a outra não da professora.
O britânico cruzou os braços olhando a cena, o filho havia o recusado sem nem pestanejar.
Durante grande parte do passeio Sebastian ficou seguindo o filho e a professora, até a hora do almoço, todos se sentaram diante de uma grande mesa no jardim do zoológico.
Ciel olhou para a mesa e percebeu que seu pai estava sentado ao lado de sua professora, mas havia um pequeno espaço entre eles, provavelmente esperavam que ele se sentasse ali.
O pequeno se aproximou tocando no ombro de ambos.
– Preciso de colo, não dou altura a mesa. - Olhou para aqueles dois.
– Venha se sentar no meu colo. - Ofereci sorrindo.
Sebastian olhava desconfiado para o filho, ele nunca foi do tipo que pedia por colo, Ciel desde de muito novo era muito independente e maduro, então a atitude do filho lhe era suspeita.
– Não posso deixar meu pai sozinho, vocês sentam juntos, e eu sento no colo dos dois pode ser? - Olhou sorrindo.
Eu e Sebastian sentamos com nossos ombros colados, Ciel então sentou-se metade em minha coxa e outra metade no colo do pai.
Sebastian sentia o braço da moça contra o seu, a pele macia, um cheiro de primavera que ela exalava, os cabelos delicados, quanto mais próximo dela mais bela ela se tornava, que mulher, que curvas, que rosto... Ciel tinha razão, Beast não se igualaria a beleza e a doçura dela nem em um milhão de anos.
Os pensamentos do britânico foram preenchidos com um belo: "Eu a quero" e quando Sebastian Michaelis desejava alguém, ele tinha, sempre foi assim, as mulheres nunca resistiram a ele.
Eu acariciava os fios azulado de Ciel, a lembrança de Vincent nessa idade sempre me trazia nostalgia a olhar para ele.
Meu braço estava em contato com o de Sebastian, a pele pálida e forte do local me causava arrepios, ele era como eletricidade, eu sentia o choque me percorrer quando nos tocavamos, de certo modo era uma sensação excitante, me fazia fantasiar com aquele belo homem... Céus o que estou a pensar? Ele é pai do meu aluno favorito, eu não poderia de forma alguma.
O moreno se aproximou aspirando forte próximo ao meu pescoço. - Que perfume é o seu? O cheiro me agrada.
Corei, podia sentir minhas bochechas queimarem. - L-Lavanda...
– Gostoso. - Sorriu de forma safada.
Desviei meu olhar, não queria que ele notasse seu intenso efeito sobre mim.
– Vocês estão saindo? - Bard disse nos olhando.
Corei imediatamente. - Não. - Disse desviando o olhar para o outro lado.
– Não, porquê ela não quer, se quisesse já estaríamos. - Sorriu de forma safada em minha direção.
Ciel sorriu vitorioso, o pai havia notado tudo que ele havia falado e sem dúvidas entrou com tudo em seu plano.
Sebastian admirava cada centímetro da doce professora, ele gostaria de saber o sabor que ela tinha, a suavidade dos gestos delas e o principal e mais importante, qual som saía dos lábios delicados, enquanto ele se movimentasse sobre ela.
– Me beije. - Aquelas palavras o despertaram das fantasias.
– O que? - olhou surpreso.
– O docinho, se chama me beije, você aceita? - Ofereci o docinho.
– Sim, claro. - Pegou o doce em mãos e agradeceu.
Depois do fim do zoológico, todos já havia ido, Ciel abraçava minhas pernas. - Peça a ele, por favor.
Ri olhando o pequeno, o peguei no colo. - Tudo bem, vamos pedir.
Caminhamos até Sebastian que estava distraído olhando os felinos.
– Senhor Michaelis? - Toquei no braço dele com gentileza para atrair sua atenção.
O olhar castanho avermelhado se encontrou com o meu. - Sebastian, por favor.
– Desculpe, Sebastian... Posso dar um algodão doce para o Ciel? - Usei meu tom mais doce possível colocando o pequeno no chão.
O britânico sorriu maldoso para o filho. - Recorreu a professora seu trapaceiro?
O pequeno fez cara de inocente segurando minha mão.
– Tudo bem, eu vou com vocês. - Se aproximou segurando na outra mão do pequeno.
– Se eu soubesse que havia negado a ele eu não teria pedido permissão, me desculpe. - O olhei arrependida.
– Não se preocupe, ele sabe como jogar com adultos, mas é um viciado com açúcar, estou tentando o forçar a ter uma vida mais saudável. - Sorriu. - Um algodão doce não fará diferença.
Caminhavamos os três até o vendedor, comprei um grande algodão doce para ele.
– Melhor eu ir então. - Me abaixei e beijei o rosto do Ciel. - Até segunda meu bebê.
Ele sorriu acenando.
– Tchau senhor... Tchau Sebastian! - Acenei.
– Eu não ganho um beijo também? - Cruzou os braços dando um sorriso maldoso.
Corei como um tomate.
– Estou brincando com você. - Piscou para mim. - Tenha uma boa noite professora.
Acenei e acelerei meu passo, meu coração estava disparado, Sebastian não sabia o efeito que tinha sobre mim.
Ciel olhava para o pai com um largo sorriso.
– O que foi? - O britânico olhou sério para o pequeno.
– Você gosta dela. - Sorria caminhando na frente. - Você foi tão cara de pau.
– Eu estava brincando. - Caminhava atrás do filho.
– Devia era ter pedido o telefone dela, Alois disse que devemos pedir o telefone das pessoas que queremos namorar. - Ciel apontava o palito do algodão doce para o pai.
Sebastian parou, por alguns segundos ele cogitou a hipótese de correr atrás da moça e pedir seu número de telefone. - Não acredito que estou caindo nos seus truques.
O pequeno sorriu de forma larga para o pai. Ambos caminharam até a saída, pararam ao ver a professora falar ao telefone com semblante preocupado.
– Professora? - Ciel a chamou deitando a cabeça.
– Olá! - Tampei o celular e o respondi com doçura.
– Aconteceu alguma coisa? - O inglês se aproximou.
– Sim, Finny acabou levando minha chave do apartamento para casa, estou vendo com zelador se ele consegue pegar a reserva, mas pelo que entendi, a salinha dos fundos onde estão as chaves extras, não tem eletricidade. - Suspirei.
– Venha dormir em nossa casa, Ciel te adora, e eu não me importaria de uma ajuda para cuidar dele. - As palavras fugiram da boca dele o fazendo se assustar com o que havia dito.
– Jamais poderia te incomodar dessa forma. - Neguei. - Muito obrigada.
– Por favor. - O pequeno dizia apoiando as mãos na barra do meu vestido.
– Não posso querido, é exploração. - acariciei os fios azulados.
– Venha como babá do Ciel, seu pagamento será o que necessitar nessa noite que passar conosco. - Sebastian sorriu de lado.
– Conosco? - Corei imediatamente.
– Com ele. - O moreno corrigiu.
– Tudo bem, não tem como algo ruim acontecer né. - Sorri pegando pequeno no colo.
Caminhei até o carro com eles, e seguimos até a grande casa em que só os dois e alguns empregados viviam.
Sebastian abriu a porta, atirando as chaves na mesinha ao lado da entrada. - Sinta-se em casa.
– Obrigada. - Entrei segurando na mão do Ciel.
– A penúltima porta no corredor é o banheiro, vou pedir pra arrumarem um quarto e roupas limpas para você. - Tirou o celular do bolso discando.
– Não precisa de tanto, eu improviso. - Movi os ombros sorrindo com sutileza.
– Não seja boba, são só coisas banais. - Sorriu e saiu pelos corredores com o celular contra a orelha.
Eu estava sentada na sala, batendo os pés de nervosismo, não deveria ter aceitado o convite.
Ciel havia ido buscar brinquedos para que brincassemos juntos, Sebastian havia se retirado para o banho, eu estava sozinha na imensa sala.
– Ciel, onde fica o banheiro? - Disse alto para que ele pudesse ouvir.
– Perto do quarto do papai. - O pequeno disse alto.
Óbvio que uma criança de cinco anos não daria uma localização mais exata.
– Já volto então. - Disse alto me erguendo sobre os calcanhares e seguindo até o corredor longo e bem decorado.
O apartamento era em tons de cinza, preto e branco, no fim do extenso corredor tinha uma porta dupla, deve ser o quarto do senhor Michaelis, então uma dessas portas laterais deve ser o banheiro.
Soltei um longo suspiro e abri a porta da esquerda, era um imenso escritório.
– Que casa imensa! - Fechei a porta e olhei para a do lado direito, certeza era aquela.
Abri a porta do cômodo, sem dúvidas era o banheiro, meu imenso problema foi não ter batido, lá estava Sebastian de costas para o box se banhando, as mãos deslizavam pela pele pálida com sabonete, balançava a cabeça para trás para afastar os cabelos negros da face, a água fazia o árduo trabalho de contornar todas as curvas dele, os ombros largos, as costas definidas e o traseiro, jamais imaginei ver tal traseiro, tão redondo e definido, podia se ver as covinhas nas laterais se formarem com seus movimentos, meus olhos acompanhavam as mãos do monumental homem em direção ao seu...
A ficha havia caído, eu havia invadido o banho do pai do meu aluno favorito e eu parei agora observar invés de fugir.
– Oh... - Disse surpreso.
– M-me desculpe senhor Sebastian, eu achei que estaria se banhando n-no seu quarto, então eu entrei sem bater, juro que não vi nada. - Menti descaradamente, coloquei as mãos no rosto e fiquei vermelha, vermelha como um tomate.
– Não tem problema, não me envergonho disso, só gostaria que ou entrasse ou saísse, seria estranho meu filho nos ver nessa situação. - Disse meio de lado ainda limitando a visão do principal e do que eu mais desejava ver.
– Perdão! - Sai correndo fechando a porta atrás de mim, estava tão vermelha que sentia que iria explodir, meu rosto queimava.
– Professora? - O pequeno me olhou preocupado. - Está doente?
– Não, desculpe meu amor. - Forcei um sorriso.
– Venha então. - O pequeno segurou minha mão, me puxando até seu quarto para mostrar seus brinquedos.
Passamos alguns minutos no quarto dele brincando, foi o bastante para me distrair instantaneamente do constrangimento.
Sebastian surgiu na porta do quarto. - Está na hora!
Corei e imediatamente desviei o olhar.
– Você prometeu que assistiriamos meu filme antes. - Olhou sério para o pai.
O de cabelos negros ergueu as mãos como rendição. - Você tem razão, mas temos visita.
– Ela assiste com a gente. - O pequeno se levantou e estendeu as mãos para mim, oferecendo sua ajuda.
Segurei nas mãos dele e me levantei, sorri, ele era terrivelmente gentil para sua idade.
Ciel segurou minha mão até a porta do quarto de seu pai, pode sentir minhas bochechas esquentarem.
– Qual filme será? - Sebastian abriu as portas do seu quarto liberando a passagem.
O pequeno correu voltando com o filme como treinar o seu dragão.
– Pela milésima vez.- Disse brincalhão o pai do jovem.
– Venha. - A criança sentou na cama, batendo as mãos de seus lados.
Era constrangedor estar no quarto de Sebastian, principalmente depois do ocorrido no banheiro, mas com Ciel ali acredito que não haveria problema.
Me sentei ao lado esquerdo do pequeno e Sebastian fez o mesmo ao lado direito.
Em metade do filme nós três já estávamos deitados de forma confortável, Ciel obviamente havia caído no sono, e eu acariciava os fios azulados de seus cabelos enquanto o observava dormir.
– Como pode gostar tanto dele? - Sebastian se deitou de frente para nós dois.
– Achava que era porque ele lembrava meu irmão na infância... Mas agora eu acredito ter algum tipo de elo especial com ele... Seu filho é um menino maravilhoso. - Sorri para ele sem parar o carinho no cabelo do pequeno.
– Creio que sim, para uma mulher incrível como você dizer isso dele... Eu tive um par de namoradas depois da morte da mãe dele e sinceramente nenhuma o tratou da forma que você trata. - Me olhava com um sorriso de lado.
– Talvez porque eu seja formada para saber lidar com crianças? - Ri o olhando.
– Não, porque você gosta dele de verdade, não de mim. - Se apoiou em um dos cotovelos.
– De fato eu adoro ele. - Sorri beijando a testa do pequeno.
– A algo que quero lhe perguntar. - Se sentou na cama.
– Claro, qualquer coisa. - Afastei os fios de Ciel de seu delicado rosto.
– Você gostou? - Sorriu de forma maliciosa.
– Do que? - O olhei confusa.
– Do que viu no banheiro mais cedo. - O sorriso cínico preenchia eu rosto.
Escondi o rosto com as mãos.
– Você ficou uns trinta segundos me olhando antes de sair e fechar a porta. - Ria me olhando.
– Me desculpe por isso, eu me sinto péssima. - Estava vermelha a ponto de explodir.
– Não tem problema, eu só quero saber se gostou. - Sorriu. - Serei sincero com você, eu realmente acho você uma mulher linda e incrível, eu sinto atração por você.
Me virei de bruços afundando o rosto no travesseiro, meu coração estava disparado.
– Somos adultos, se vire vamos falar sobre isso. - Riu. - Se gostou de me ver sem roupa porque provavelmente também sente atração por mim não é?
– Você não é nada discreto. - Disse abafado pelo travesseiro.
– Eu sei, é um dos meus charmes. - Riu. - Se você me achar atraente podemos sair não podemos?
Virei o rosto para o olhar com as bochechas vermelhas. - Assim que você marca um encontro com alguém?
– Na verdade nunca precisei, sempre fizeram isso por mim. - Sorria. - Isso é um sim?
Me sentei colocando os fios atrás da orelha.
– Você gosta do meu filho, meu filho gosta de você, eu gosto de você, então não vejo porque não. - Dizia me olhando com um sexy sorriso nos lábios.
– Tudo bem. - Corei ainda mais acariciando uma mecha de cabelo.
– Legal, segunda rola para você? - Se deitava outra vez e eu o acompanhava, vendo o pequeno Ciel mantendo a distância segura entre nós dois.
– Sim. - Minhas bochechas queimavam como fogo pela vergonha.
– Eu busco você e o Ciel na escolinha e de lá nós três vamos, tudo bem? - Sorriu.
– Sim. - Eu quem sorri agora, a ideia me deixava vibrante e radiante.
Pela manhã peguei um táxi ao me despedir dos dois e voltei para meu apartamento, zelador me enviou mensagem bem cedinho dizendo que havia conseguido a chave reserva.
Durante todo o domingo preparei as aulas da semana e ansiei o encontro, era a primeira vez na vida que havia sido chamada para um encontro. Durante anos meus relacionamentos foram péssimos de inícios, meios e fins desastrosos, homens realmente negligentes e indelicados, estava ansiosa para saber como seria.
Na segunda decide me arrumar um pouco mais para o trabalho, vesti uma calça preta justa ao corpo e botas que iam até pouco abaixo dos joelhos, vesti uma camiseta preta e uma jaqueta, soltei os cabelos e peguei todo material para a aula e minha bolsa.
Eu fazia o mesmo percurso todos os dias caminhando, o salário de professora não era o mais alto da Inglaterra então nada de carros para mim.
Entrei na minha salinha, abri as cortinas e janelas deixando a luz preencher a sala repleta de desenhos e enfeites agora.
Arrumei os papéis sobre a mesa e foi questão de tempo até meus amados alunos chegarem.
Pude ver o Mercedes preto estacionar e dele descer Ciel correndo em minha direção, acenei para o motorista que era quase sempre quem o trazia e peguei meu pequeno amado no colo.
– Como foi o domingo meu amor? - Entrei na sala o carregando.
– Depois que você foi embora tudo ficou um tédio. - Dizia me olhando com uma careta.
Gargalhei o olhando. - Tão dramático esse meu favorito. - Beijei o rosto dele com carinho.
– Papai disse que hoje a noite você vai vir jantar conosco no restaurante! Eu estou animado, espero que vocês dois se casem. - Deu um largo sorriso.
Me abaixei o colocando no chão. - Nem saímos e já quer que nos casemos?
– Claro, vocês não podem perder tempo, Grelle disse que tempo é dinheiro. - O pequeno dizia sério.
Apoiei a mão na boca rindo. - Quem é Grelle?
– Esposa da minha vovó. - Sorria.
– Vamos começar a aula então. - Beijei o rosto dele e segui para a frente da turma.
Logo a aula se iniciou junto com o caos, o dia dos Namorados se aproximava, então o plano era que cada aluno fizesse cartões para seus amiguinhos favoritos para entregar no dia de São Valenti, mas o caos de instaurou quando todas as garotas começaram a discutir para dar seus cartões ao Ciel.
– Meninas, todas podem entregar seus cartões a ele, todas podem fazer o quanto quiserem. - Me abaixei perto da mesa delas.
Elas acabaram se entendendo no fim, todas dariam cartões a todos os meninos, mas Ciel ganharia dois no fim ninguém sairia triste por não receber e isso me alegrava, mesmo que eu tivesse feito para quem não recebesse.
Os meninos por sua vez entraram no senso de entregar entre eles, dariam para os amigos mais próximos, menos Ciel, ele insistia em dar o dele para mim.
– A aula está acabando, amanhã continuaremos os cartões, o dia dos namorados é na quinta, então preparem frases fofas para dizer quando forem entregar. - Sorri. - Vamos nos limpar para ir para casa.
Me abaixei e logo formaram uma fila diante de mim, limpei as mãozinhas sujas de tinta e glitter com um pano úmido.
Conforme os pais chegavam, levavam seus filhos, eu e Ciel esperávamos por Sebastian.
– Porque as garotas brigaram tanto hoje? - me perguntou curioso.
– Bem... Elas estavam querendo entregar seus cartões de dia dos namorados para você. - Sentei o pequeno na mesa enquanto amarrava os cadarços dele.
– Precisa brigar por isso? - Ele não via o problema nisso, como todos os garotos da idade dele.
– Bem, elas esperam que você retribue da que gostar. - Me ergui o olhando.
– São muito novas para namorar, elas não deviam pensar nisso agora. - Balançou a cabeça com reprovação.
– E você não? - Sorria apoiando a mão em minha cintura.
– Eu sou maduro. - Disse sério.
Ri o pegando no colo. - Claro senhor maduro.
– Perdão o atraso. - Sebastian chamava nossa atenção.
Nos viramos para olhar.
– Como sempre papai, já estamos acostumados. - O pequeno riu.
Ri apoiando uma das mãos na boca enquanto carregava o pequeno com a outra.
– Ha ha. - Sorriu. - Vamos?
Sebastian se aproximou estendendo os braços para Ciel.
O pequeno passou para os braços do pai. - Porque o colo dela é mais legal?
Sebastian sorriu e automaticamente dirigiu o olhar para os meus seios, coloquei as mãos na frente. - Sebastian!
– O que? Eu só estava buscando a resposta para a pergunta dele e acho que entendi. - Gargalhou andando na frente.
Corei, inflando as bochechas com ar e o seguindo.
O moreno prendeu o pequeno na cadeirinha, deu a volta no carro e abriu a porta para mim.
– Obrigada. - Entrei me sentando.
Ele contornou outra vez e entrou em seu lado.
O silêncio preenchia o carro durante o caminho.
– Então vocês vão se casar? - Ciel soltou no ar.
– Que ansiedade pra ter um casamento é essa? Estamos saindo pela primeira vez agora. - Sebastian ria enquanto apertava as mãos no volante.
– Precisa de mais? - Deitou a cabeça contra a cadeirinha. - Adultos são tão complicados.
Ri com a mão sobre a boca. - Ciel, um casal só se casa depois de se conhecerem bem para ter certeza que o casamento deles dará certo.
– O de vocês vai, eu tenho certeza. - Disse confiante segurando na ponta dos próprios pés. - Então moraremos juntos... Todos vão ter inveja de eu morar com a professora.
Ri olhando pela janela.
Sebastian simplesmente sorria não dizia mais nada.
Estacionou o carro em um belíssimo restaurante, era realmente muito fino e chique.
Me senti realmente desconfortável, era um lugar muito diferente dos que sempre frequentei, temi envergonhar por não ser fina o suficiente.
Sebastian desceu, tirou a Ciel da cadeirinha e abriu a porta para mim.
Desci junto com eles, caminhamos até a entrada do restaurante, Sebastian deu seu nome e disse sobre a reserva feita, ele realmente havia preparado tudo.
A moça nos guiou até uma sala privada.
Sentou Ciel na cadeira alta e dirigiu seu olhar na minha direção. - Espero que não de importe de ficarmos um pouco afastados.
– Não, muito pelo contrário me tirou de uma forte pressão, eu já não me lembro a ordem certa para garfos e facas, se eu errar não será tão vergonhoso. - Sorri me sentando conforme ele puxava a cadeira.
– Não se preocupe com isso, pedi a mesa afastada exatamente para Ciel não precisar se preocupar com isso, ele não se alimenta bem quando é forçado a esse tipo de etiqueta. - Sorriu.
Respirei aliviada, ele era um melhor pai do que aparentava.
Fomos servidos, até a comida Sebastian se deu o luxo de escolher, uma bela entrada chegou para nós.
– Então professora, você mora com seus pais? - Segurava uma taça de vinho enquanto me olhava nos olhos.
– Não, meu pai morreu quando eu era menina e minha mãe está em um asilo, ela tem Alzheimer. - Suspirei, colocando os fios atrás da orelha.
– Desculpe... Eu não sabia. - Apoiou a taça na mesa desconfortável.
– Tudo bem. - Forcei um sorriso. - Mas me diga, com o que você trabalha?
Imediatamente ele aceitou mudar de assunto. - Eu faço prédios como se diz o Ciel.
O pequeno comia fazendo uma sujeira em seu rosto. - Ele tem caminhões, tratores e uma porção de operários, como nos legos.
Sebastian sorriu para o pequeno. - E quando você tiver o meu tamanho tudo aquilo será seu.
Os olhos do pequeno brilharam. - Uou.
Sorri, eu adorava admirar a relação que eles tinham.
Sebastian puxou o guardanapo para limpar o rosto de Ciel.
– Pai, para, ela vai achar que sou um bebê. - Empurrou as mãos do pai.
– Mas você é. - O homem riu, me arrancando uma risada também.
O jantar foi realmente divertido, eu saí do restaurante cobrindo Ciel de beijos pelo rosto enquanto o abraçava, enchia ele de marcas de batom. - Você é tão fofo meu amor.
O pequeno gargalhava em meus braços.
– Estou começando a ficar com ciúmes, não ganho beijos também? - Se aproximou apoiando a mão no fim das minhas costas, senti uma arrepio me percorrer, era a primeira vez que nos tocavamos.
Corei e virei o rosto em direção a ele, beijei sua bochecha rapidamente e andei em direção ao carro.
Sebastian sorriu me seguindo, dessa vez fui eu quem prendeu Ciel a cadeirinha.
Sebastian se apoiava na porta observando.
Beijei o rosto do pequeno e me afastei para que ele pudesse fechar a porta.
Entramos no carro e ele seguiu em direção ao endereço da minha casa.
Sebastian estacionou o carro ao chegarmos, desceu, abriu a porta para mim.
– Obrigada por me trazer em casa, a noite foi realmente divertida. - Caminhei até a porta segurando a bolsa.
– Que bom, espero que seja um sinal para um segundo encontro. - Sorriu.
– Com certeza. - Sorri e apoiei a mão em sua bochecha para limpar a marca de batom que eu havia causado.
– Não tem problema. - Segurou a minha mão e a beijou.
Ciel rapidamente se soltou da cadeirinha e apoiou as mãos na janela do carro para olhar a cena. - Por favor um beijo, por favor um beijo. - Cruzava os dedos.
Sebastian apoiou as mãos em meu rosto. - Posso?
Assenti de forma positiva.
Ele agarrou minha cintura e roçou seus lábios aos meus, eu abri a boca com cuidado e ele me invadiu, nos beijamos de forma intensa, nossas línguas se envolviam, passei os braços por seu pescoço pressionando meus seios em seu rígido peitoral, enquanto ele descia as mãos por meu quadril o pressionando contra o dele, nosso beijo estava cada vez mais intenso, nossas cabeças se moviam ritmadas, logo ambos estávamos sem fôlego.
Afastamos pouco mais de um centímetros para pegar ar e começamos outra vez.
Ciel comemorava dentro do carro. - Isso aí.
Nos afastamos recuperando o fôlego. - Preciso entrar. - Disse corada.
– Tudo bem, eu te ligo. - Mordeu o lábio inferior.
Sorri o olhando. - Vou esperar ansiosa. - Segurei a bolsa e entrei dentro do prédio.
Sebastian retornou para o carro e Ciel rapidamente se sentou fechando a cadeirinha outra vez.
– E então... - Pequeno disse olhando para o pai colocar o cinto.
– O que? - O moreno ligava o carro.
– Vocês se beijaram isso significa que... - Dizia ansioso.
– Estava espiando? - O pai ergueu as sobrancelhas para o pequeno.
– Não, vocês fizeram isso bem na porta. - Disse se fazendo de santo.
– Nos beijamos, e isso significa que o seu pai quer mais. - Riu.
– Ótimo, vamos começar os preparativos do casamento. - Sorriu.
Durante todo o caminho de volta o pequeno falou sobre o casamento deles.
– Eu vou ser o padrinho do casamento de vocês. - Dizia ficando na ponta dos pés e abrindo a porta.
– Você não pode ser o padrinho, vai ser quem leva as alianças. - Riu ajudando o filho a abrir a porta.
– É um papel menor, mas eu aceito. - Sorriu entrando em casa, mas o sorriso desapareceu ao ver quem estava na sala.
– Fico feliz de ver que já estão planejando nosso casamento. - Beast dizia sentada no sofá com um sorriso no rosto.
– Boa noite pai. - Ciel acenou e correu para o quarto.
– Merda. - Sebastian sussurrou para si mesmo.
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