NovelToon NovelToon

O Desaparecimento De Clarice

1 - Única Pista

             **imaginem ilustrativa** ~~ autora.

            Estava um dia lindo, o sol estava se pondo, enquanto tomava uma xícara de chá olhando pela janela da biblioteca, ela percebeu que havia uma pessoa a encarando, virou o olhar e perguntou:

- Quer informação sobre algum livro?

- Na verdade não... Meu nome é André – ele se apresentou oferecendo a mão para um cumprimento.

- Bom... – ela disse trocando o aperto de mão – Como está no crachá, meu nome é Catherine.

- Será que podemos conversar em particular? – ele perguntou um pouco apreensivo.

- Eu não faço mais favores – ela explicou virando de costas – Mas se quiser falar sobre algum livro, estarei na bancada.

- Espere! – ele pediu um pouco alto, notou ao redor que os alunos o encarou, envergonhado sussurrou – Você sabe onde está Clarice?

- Clarice é uma aluna? – ela perguntou tentando se lembrar se algum aluno pediu para avisar sobre alguma mesa reservada para os estudos.

- Por que está agindo como se não a conhecesse? Ela me passou seu nome com o endereço daqui – ele disse tirando o celular do bolso.

- Eu não conheço nenhuma Clarice, há outros funcionários aqui, deve estar confundindo – ela disse preocupada pelas mãos tremulas de André.

- Por favor, ao menos veja a foto dela – ele insistiu se aproximando.

- Certo – ela disse parando perto de uma estante de livros, olhou ao redor para ver se não tinha alguém por perto.

            Ele apertou a foto de perfil dela, era uma mulher loira, olhos claros, pele rosada, estava de uniforme do time de vôlei, ela aumentou a foto e perguntou tirando o celular do bolso para mostra uma foto de um número:

- Essa pessoa pode ser a mesma?

            Ele ampliou a foto, era ela, mas estava de peruca preta, a reconheceu pela aliança de namoro e seus olhos

claros, respirou fundo e perguntou:

- Por que ela usaria essa peruca? Que aplicativo é esse?

- Eu não sei... Mas ela se apresentou como Gabriela – ela contou tentando entender o aflição dele – Bom por que está procurando ela? Ela também te deve uma grana?

- Ela é minha namorada, está desaparecida há 5 dias.

- Ah eu não... Eu sinto muito...

- Me ajude, o que sabe dela?

- Eu não sei muito, ela me adicionou nesse chat, porque eu precisava de uma grana e aceitei o trabalho que ela me pediu, era para descriptografar um arquivo enorme, levou três dias, ela pegou os arquivos quando deu a entrada no pagamento, mas a segunda parte do dinheiro nunca chegou – ela respondeu pensando se era devido ao sumiço.

- O que mais sabe, há quanto tempo ela veio aqui?

- A última vez foi quando nos falamos pelo chat, dia 05/02... Acho que veio três vezes, a primeira para explicar o trabalho, segunda para me acelerar e a terceira para pegar...

- O que tinha nos arquivos? Você pode me dar, preciso levar para a polícia, pode ser provas.

- Os arquivos somente copiei para o HD dela, não me lembro muito, mas tinha muitas fotos, de casas, lugares, países, alguns textos que não tive interesse de ler e documentos dela como RG, CPF, Carteira de vacinação.... É o que me lembro mais.

- Ela não me parecia ter problemas, por que pediria algo assim? Por que teria arquivos criptografados?

- Em minha constante experiência, os arquivos não eram dela, deveriam ser roubados...

- Por que não recusou? Invasão de privacidade é crime.

- Bom... Eu disse que precisava de grana, tenho dois alugueis atrasados e o salário daqui por ser meio período, é péssimo... Sei que foi errado, me desculpe, vou entender se quiser levar essas informações para a polícia.

- Não, acho que não, acho que os policiais estão muito acostumados com sumiço de garotas de 23 anos e não se preocupam tanto em procura-las. Acham que ela quis sumir ou algo assim, talvez isso só te colocaria em problemas – ele disse um pouco chateado, o olhar de esperança no início de conversa que ele tinha, agora era o olhar um pouco mais frio e calculista.

- Eu agradeço...

- Pode ao menos me dar seu número, só para trocarmos notícias... – ele pediu ficando corado.

- Pode ser... – ela disse pensando que já teria dado seu número para tantas pessoas, por que não para mais uma?

            Ela pegou o celular dele, colocou seu número e ele salvou como “Catherine Biblioteca” e mandou um “Oi” por WhatsApp, ela salvou o número dele como “André Investigador”, os dois trocaram olhares tensos e ele foi embora.

            Catherine olhou para sua caneca, notou que seu chá esfriou, seu expediente estava acabando, assinou seu ponto a caneta, começou a solicitar que os alunos saíssem para fechar as portas de vidro, a faculdade ainda continuava aberta, mas a biblioteca fechava mais cedo, no meio das aulas do período noturno. Ela apressada foi para a estação de metrô, seu sentido era ao contrário da maioria das pessoas, por isso sempre podia escolher algum lugar para sentar, escolhia sempre um dos últimos para poder ficar sozinha. Seu celular, começou a vibrar sem parar, ela queria ler seu livro que estava pela metade, mas seu celular não parava, pensou em colocá-lo no silencioso, porém não resistiu ao ver que tinha mensagens de números desconhecidos.

            Ao abrir as mensagens, notou que era um grupo chamado “Resgate C”, ela leu as mensagens:

📱- Gente acabei de ligar para cada um de vocês para explicar, que essa pessoa que estou add foi o André que achou, talvez ela possa nos ajudar com o caso da minha irmã.

📱- Qual é o nome dela? – perguntou um deles.

📱- Catherine – respondeu o único número que Catherine tinha salvo, era André.

📱- Precisamos de mais pistas, por favor, nos ajude Catherine.

📱- Catherine?

            Catherine desacreditou no que estava vendo, ficou com medo de responder e tomou coragem para chamar André no particular:

📱- O que você fez?

📱- Oi, me desculpe, quem add você foi minha cunhada, ela é a irmã mais nova de Clarice, não aguentou guardar segredo dos outros... Eu vou entender se quiser sair do grupo.

📱- Certo.

            Ela realmente pensou em sair do grupo, mas pareciam tão desesperados por ajuda, que resolveu responder no grupo:

📱- Olá, eu sou Catherine, não sei como posso ajudar vocês...

📱- Acho que pode nos ajudar a achar minha irmã, eu sou Iasmin.

📱- Eu sou Kaio.

📱- Eu sou Louise, a melhor amiga de Lari... Ela nunca ia para algum lugar sem me contar.

📱- Meu nome é Roberta.

📱- Peterson.

📱- Como pensam que eu sou útil? André deve ter contato que praticamente não sei de nada.

📱- Sim, mas... É suspeita, é a última mensagem que minha irmã mandou para André.

📱- Gente como vamos ter ajuda se estamos já a colocando como culpada? – perguntou Kaio.

📱- Obrigada Kaio por de certa forma me defender, eu sinto muito pelo que aconteceu com a amiga de vocês... Estou no metrô o sinal é ruim... Até logo.

            Catherine tentou ignorar o grupo, desativou a internet, tentou ler seu livro até chegar à sua estação, mas não saiu da primeira linha, o caso dessa garota misteriosa estava a intrigando, ao chegar em casa, ligou seu notebook enquanto deixou sua sopa requentar, sentada no sofá, reparou que a tela do seu notebook estava mudando de cor, curiosa foi até lá e seu e-mail estava aberto, havia um link de vídeo, pensou que poderia ser um hacker, mas era como se ela mesma tivesse a enviado aquele arquivo.

            Não se aguentando de curiosidade, clicou no vídeo, era uma pessoa em um quarto branco, estava de capuz preto e seu rosto não aparecia, sua voz estava computadorizada e contava a história:

- Oi, eu sou, alguém que se importa muito com Clarice. Soube que André te achou e agora eu te achei, pesquisei sobre você e pelo seu histórico sei que é excelente com descriptografia, eu tenho muitos arquivos que Clarice compartilhava comigo, a maioria deve estar criptografado, posso fazer isso, mas quatro mãos são melhores que duas, te peço sua ajuda, já está sendo paga por isso. Seus dois alugueis atrasados foram pagos, junto ao desse mês, sei que precisa de dinheiro, me deixe ser seu último cliente.

            O vídeo desligou, o seu computador recebeu outro e-mail que estava passando um arquivo tão pesado que quase ocupou toda a memória do seu HD, tremula perguntou para si mesma:

- Que porra é essa?

            Fechou a tela do notebook, foi até o fogão, sua sopa quase queimou, rápida colocou no prato, a caminho da sala, seu telefone começou a tocar, tremula, colocou o prato sobre a mesa de centro, pegou o telefone e atendeu, preferiu dizer nada, mas ouviu a mesma voz robótica, idêntica ao do vídeo:

- Olá Catherine, sei que viu meus e-mails.

- Você hackeou meu e-mail?

- Foi fácil, eu só associei seu telefone aquela conta, pelo visto ela é só sobre suas dívidas, com bancos e faculdades...

- Ok estou ficando assustada, pode parar, por favor.

- Não desligue! Eu não vou te fazer mal! – disse um pouco desesperado.

- O que você quer?

- Ajuda! Faça o que te mando, você está recebendo por isso.

- Eu não disse que aceitava esse “trabalho”.

- Acho que não quer que uma garota fique desaparecida para sempre, estou em busca de justiça e imagino que talvez você se importe ou não teria dado atenção para André.

- Eu não sei como agir, eu não sei se me importo, você é uma das pessoas do grupo?

- Talvez sim ou não, pretendo manter minha imagem em segurança, até porque te considero suspeita.

- Então por que me enviou aqueles arquivos?

- Quero que prove que posso confiar em você.

- E quando vai me provar que eu posso confiar em você?

- Não sei... Talvez nunca ou talvez semana que vem... – e desligou.

            Catherine tremia, até mesmo pensou em ir para a polícia, mas o que estava acontecendo parecia muito louco para contar, como um ima olhava para seu notebook, não demorou muito para ter coragem de prender seu cabelo, sentar na frente do notebook e abrir os arquivos, todos com códigos que pareciam, levariam dias para descodificar.

2 - Novas pistas

            Ela acabou dormindo ao lado do notebook, seu celular despertou e ela se assustou, olhou para a mesa, sentiu dor nas costas, não queria se arrumar para encontrar seu pai, entretanto ele já tinha enviado uma mensagem avisando que tinha saído de casa e a esperaria no restaurante preferido.

            Ela se arrumou com sua melhor roupa, estava a caminho da estação e a voz que fez seu coração saltar pela boca a chamou:

- Ei Cat!

- Sandro! – ela se virou para olhá-lo.

- Tão arrumada, está indo ver seu pai?

- Sim e não posso me atrasar!

- Você poderia parar de me evitar e passar na oficina – ele insistiu em chamar sua atenção.

- Acho que não – ela negou saindo correndo pelas escadas rolantes.

            Sandro ficou a observando até a perder de vista, suspirou e foi embora, Catherine estava sorrindo, até ler o celular, alguém a chamou no WhatsApp, o número não era identificado, não havia foto e tinha uma pergunta:

📱- Teve algum progresso essa noite com os arquivos que te enviei?

📱- Não – ela respondeu pensando no que dizer – São códigos confusos e parecem que são pessoais...

📱- Como assim?

📱- Está relacionado a cor favorita, sobrenome, animal preferido, nome do primeiro animal.

📱- Por que não me disse antes? Se estiver relacionado a Clarice posso te ajudar.

📱- Bom... Agora não estou em casa, vou chegar somente a noite.

😊- Me avise!

📱- OK “chefe” – provocou humorada.

            Seu pai estava impecável, arrumado em seu terno cinza, de óculos escuro, tomava água com gás com limão, antes de entrar ela respirou fundo, sentou em sua frente com um sorriso tímido o cumprimentou:

- Oi pai.

- Oi – ele fez o silencio ficar constrangedor de propósito, até ela conseguir lhe dizer algo.

- Eu consegui pagar os alugueis.

- Como você conseguiu? Por acaso vazou algum documento pela internet que te deu dinheiro? – ele perguntou provocativo.

- Não! – o sangue lhe subiu – Eu te prometi que não faria mais isso!

- Então dá onde saiu o dinheiro? Foi aquele seu namorado ladrão de carros?

- Eu só estou ajudando uma investigação criminal – ela respondeu fingindo ser algo importante.

- Está me dizendo que a polícia te procurou?

- Sim, para ser mais exata um investigador.

- E o que está fazendo para ele?

- Não posso te contar, é sigiloso, mas são só papeladas administrativas – ela respondeu contente pelo sorriso nos lábios do pai, fazia tempo que ele não lhe sorria.

- Espero que não sejam mais suas mentiras, caso seja, sabe que pode voltar para casa e seguir minhas regras... Pelo menos elas não vão te levar a expulsão, prisão ou algo do tipo.

- Pai confie em mim.

- Já confiei muitas vezes, está na hora de amadurecer, já tem 20 anos.

- Certo... Então vamos comer?

- Vamos!

            Depois do almoço, seu pai a deixou na faculdade, ela pegou o avental e foi direto para a biblioteca, encontrava com o bondoso Tom que sorriu ao vê-la:

- Olá princesa.

- Olá príncipe.

- Eu arrumei todos os livros, espero que mantenha em seu turno.

- Está me dando uma bronca?

- Agora eu posso, sou o supervisor – ele disse contando sobre sua promoção.

- Ai que máximo – ela disse pulando e o abraçou.

- Shh... – fizeram alguns alunos.

- Shhh – repetiu Tom em seu ouvido – Eu estou com sorte, ganhei ingressos para a peça do Fantasma da Opera, quer ir comigo?

- Que dia?

- Sexta, posso trocar seu dia para ir comigo a noite.

- Será ótimo, estou precisando sair.

- Bom, meu expediente acabou, se comporte.

- Até mais chefe.

            Catherine sentou na cadeira atrás do balcão, ficou mexendo em seu celular, juntando as pistas para a criptografia, se assustou quando André parou a sua frente e ela perguntou:

- O que faz aqui?

 Você disse que estava no metro ontem no grupo e depois sumiu, eu estava passando por aqui e decidi ver se não sumiu de fato.

- Que horror... Eu estou bem!

- Estou com medo depois do sumiço de Clarice.

- Eu não quis te preocupar.

- Tem uma pessoa que fica ameaçando quem está ligado a Clarice, tipo um hacker... Eu só pensei no pior.

- Você me parece um pouco exausto... – comentou reparando em suas olheiras e fala acelerada.

- Eu estou, passei a noite procurando por Clarice e parei somente agora que vim falar com você.

- Não está trabalhando?

- Às vezes, quero dizer... Estou de licença médica – disse girando o indicador perto da cabeça insinuando que é louco.

- Entendo...

- Bom... Se não está desaparecida, só quer dizer que não quer falar no grupo... Certo?

- Eu ainda não sei, me desculpe é tudo novo para mim.

- Para nós qualquer ajuda é bem-vinda – ele disse como um mendigo pedindo moeda.

- Quer mesmo uma misera ajuda?

- Quero! – ele respondeu animado se apoiando no balcão.

- É muito pouco o que posso fazer por você, não sei nada de Clarice ou Gabriela, mas se quer procura-la, precisa estar bem, fazer a barba, ter algumas horas de sono, tomar um banho, está com a mesma calça de ontem, você comeu?

- Nossa pareceu minha mãe agora.

- Sinal que ela se importa com você.

- Pensando bem nem sei se escovei os dentes.

- Eca, minha pausa é daqui a pouco, podemos tomar um café na cantina, talvez isso te faça melhor ou... não...

- Pode ser, eu vou ler uma revista, enquanto isso.

- Sim.

            Depois de vinte minutos, ela tirou o avental e o chamou:

- Vamos?

            Ele a seguiu, foram para a cantina, ela pediu dois cafés fortes, sentou à sua frente e perguntou:

- Como realmente se sente?

- Você não se importa, não precisa perguntar.

- Já que está bem na minha frente, eu me importo agora.

- Estou igual a minha aparência, um lixo.

- Beba um pouco, eu pedi pão de queijo.

- Obrigado, não precisa gastar comigo, eu pago.

- Já pedi para colocarem na minha conta.

- Entendo... Já que estamos aqui, veja as fotos da Lari, quem sabe você não se lembre de algo do tempo que ela te procurou.

            Ele mostrou a foto dela tomando café da manhã, sentada na porta dele, na sacada, deitada na quadra de vôlei, tomando chuva, sentada ao seu lado no carro, entre algumas árvores, os dois de frente a um rio e ele estendendo a mão para ela.

            O que chamou atenção de Lari era que os arquivos vinham de uma de uma pasta escrita “Lari” e tinha um arquivo de áudio curiosa ela especulou:

- Fez uma pasta para as coisas delas?

- São as coisas mais recentes.

- E esse áudio? É ela dizendo que te ama.

- Não – ele respondeu, agora sério e tenso, comeu o pão de queijo primeiro e depois contou – Lembra que eu te falei de um tal hacker?

- Sim.

- Escute.

            Era uma voz computadorizada que dizia “algo aconteceu com Clarice, eu vi”. Catherine analisou aquela frequência, não era a mesma do telefone, mas achou suspeito, não era possível ter duas pessoas misteriosas ou será que era?

- E esse hacker falou algo mais com você?

- Não, era de um número descartável, os policiais pensam que foi trote.

- Que bosta.

- É uma grande bosta.

- Essa situação toda é horrível, acho que deve ir para casa e descansar.

- Se lembrar de alguma coisa, qualquer coisa me avise e volte para o grupo...

- Até mais André.

            Ela não tinha muito tempo de pausa, por dever muitas horas, rápida voltou para a biblioteca, sentou atrás do balcão e mandou uma mensagem para o hacker:

📱- Foi você que mandou um áudio para André?

📱- Não, estou tentando descobrir quem foi já que a polícia é inútil.

📱- Como sabe do áudio?

📱- Eu espio todo aquele grupo.

📱- Você tem que parar de agir assim.

📱- Só sei que não foi eu e você tem alguma descoberta nova?

📱- Não, ainda estou no trabalho.

📱- Ok, me fala o que conversou com André, sei que ele foi aí.

📱- Você podia ser menos assustador... Ele só precisa de ajuda, está um bagaço... Acho que mal comeu, disse passou a noite até agora procurando por Clarice, ele vai acabar se matando.

📱- Não fale isso, ele tem depressão... Ou algo assim, quero que se aproveite dessa vulnerabilidade, se aproxime do grupo e descubra tudo que conseguir.

📱- Eu não posso usar da vulnerabilidade das pessoas para me aproximar.

📱- Só quero achar Clarice e ainda acho que alguém do grupo é o responsável pelo desaparecimento.

📱- Que seja... Por que você não se aproxima do grupo?

📱- Porque você será minha porta voz, enquanto eu faço o resto de forma distante.

📱- Que loucura.

📱- Estou te pagando para isso, não me decepcione.

📱- Você pagou três alugueis, não é grande coisa.

- Me dê algo útil que te darei mais dinheiro, agora só me chame quando for importante.

            Ela respirou fundo e foi para o chat do grupo:

📱- Me desculpem pelo “sumiço”.

📱- Estava agora contando para eles que fui te ver – contou André.

📱- Seria bom se todos nós te víssemos – disse Peterson.

📱- Pode ser – concordou Catherine.

📱- Sexta-feira? – perguntou Roberta.

📱- Sexta-feira eu tenho compromisso.

📱- Droga, não vou poder ir nos outros dias – avisou Roberta.

📱- Mas o resto de nós pode, sábado tá bom pra você? – perguntou Louise.

📱- Onde? – perguntou Catherine pensando o quanto parecia maluca.

📱- Rodizio de Pizza? – perguntou Iasmin e mandou a localização.

📱- Às 18h00 – disse Catherine.

📱- Ok – concordou André.

            Quando chegou em casa, Catherine ficou trabalhando por horas no sofá com o som da televisão de fundo, conseguiu descodificar uma receita médica, era compra de um teste de gravidez, a foto de um gato e a página de um texto, de dois anos atrás, quando André a pediu em namoro, foi em um parque com buquê e um urso na mão, ela estava completamente apaixonada pelo que parece. Ela enviou todos os arquivos de uma vez para o hacker e foi dormir.

            O hacker viu os documentos pela manhã e perguntou por mensagem:

📱- Como pode ser? Será que ela estava grávida?

📱- Me perguntei a mesma coisa e depois quando pesquisei no google sobre mulheres gravidas que desaparecem é por causa de algum aborto clandestino.

📱- Ela não faria isso!

📱- Só estou deduzindo!

📱- Tá, continue trabalhando.

3 - Conhecendo Catherine

            Catherine durante aquela semana trabalhou sem parar, estava destinada a conseguir descriptografar mais coisas, mas não conseguiu, iniciou um bloco de anotações sobre as coisas que enviou ao hacker, mas nenhuma luz veio a sua cabeça.

            Sexta-feira à noite, ouviu-se uma buzina, Catherine desceu, estava esperando Tom, ele estava dentro do carro e ficou boquiaberto quando a viu entrar no carro, ela estava muito bonita no vestido preto.

                                                  

            Os dois foram para o teatro, Catherine começou a analisar a peça ao invés de admirar, Tom gostou um pouco da peça, mas estava mais interessado em observar Catherine, que parecia estar prestando tanta atenção que mal piscava. No intervalo da peça Tom queria puxar assunto, entretanto Catherine se esquivou e foi ao banheiro, queria mandar uma mensagem para o hacker:

📱- E se ela traiu André e o amante desapareceu com ela?

📱- Por que acha que ela traiu o André?

📱- Só foi um palpite.

📱- Primeiro gravidez, aborto e agora traição... Precisamos achar algo congruente! Está cuidando dos arquivos?

📱- Não estou em casa, mas logo vou.

📱- Se concentre Catherine.

📱- Vou ter uma longa madrugada para me concentrar.

📱- Assim espero.

            Quando ela saiu do banheiro, estava perto de iniciar a segunda parte, Tom sem graça de perguntar o motivo da demora perguntou:

- Você está bem?

- Estou! – ela respondeu rapidamente virando para frente, para voltar a prestar atenção na história.

            Assim que a peça terminou, Catherine lhe deu um sorriso largo e caloroso dizendo:

- Foi incrível!

- Foi um clássico e tanto, estou feliz que você curtiu!

- Obrigada pela noite.

- Me agradeça depois do jantar.

- Jantar? – ela perguntou agora ficando totalmente séria.

- Eu estou com fome, ainda são 21h00, pensei em te levar para algum restaurante.

- Isso seria ótimo... – demorou alguns segundos para pensar em alguma desculpa – Estou com muita dor de cabeça... Me desculpa, tudo bem se dessa vez me levar para casa?

- Ah eu não sabia, claro... – ele disse a guiando para o para o estacionamento, ele ficou totalmente inseguro, ficou muito claro que a dor de cabeça era uma desculpa, ainda mais pelo caminho ela ter ficado calada o tempo todo olhando para a janela.

- Obrigada, eu amei a peça, desculpe ter que recusar o jantar – ela disse soltando o cinto.

- Talvez em uma próxima vez.

- Sim, isso seria ótimo.

- Como está seu final de semana? – ele perguntou reparando que ela tinha aberto a porta, talvez ela fosse sair correndo, ele pensou.

- Vou encontrar alguns amigos, podemos pensar algo para a semana que vem? – ela perguntou agora com um pé do lado de fora.

- Claro... – ele respondeu sem saber se ela tinha ouvido, foi ao mesmo tempo ela saiu batendo a porta. Tom ficou pensando na desculpa da dor de cabeça e depois dela sair com amigos que poderia ser uma desculpa, ou verdade, mas se for verdade, ela também não pensou em convidá-lo, nem mesmo para o apresentar como um amigo, foi então que percebeu que estava se apegando demais a ela e que ficou estranhamente chateado.

            Ela chegou em seu apartamento, pediu pizza e voltou a mexer nos arquivos, conseguiu descriptografar uma pasta, nela continha várias memorias dos 5 anos de namoro com André, será tudo separado organizadamente, o dia que ele a pediu em namoro tinha oito documentos, na sequencia foi registrado os doze meses de namoro, depois em uma única pasta o registro de dois anos, o registro de três anos, o registro de quatro anos e por último no quinto ano somente tinha quatro fotos, todas eram fotos dele distante, como se tivesse o seguido.

            O sol já estava nascendo quando ela enviou os arquivos, em seguida, seu telefone tocou, era a voz robotizado do hacker:

- Que história romântica que me mandou, não sei como vai me ajudar a achar Clarice.

- Sabe eu amaria que usasse uma voz mais dócil, talvez feminina, essa me assusta – ela disse sentindo muito sono – E não use o senso comum, sei que é mais capaz do que isso, no início ela fez um tipo de diário, de cada coisas que eles viveram, tem nudes ali, então não veja com tanta atenção, com o passar do tempo as fotos,

prints e planos para os futuros diminuíram, o que é bem natural quando a paixão acaba e o casal entra em uma rotina, se acomodaram, só que os textos dela aumentam no terceiro e quarto ano, no quinto, que é o ano atual e já estamos no mês cinco, só tem quatro fotos dele a distância.

- Espere... Eu não tinha aberto tudo, me desculpe – ele disse abrindo as quatro fotos – Eu conheço esses lugares em que ele está.

- Compartilhe comigo.

- A primeira foto é na porta da Igreja em que a mãe de Louise é pastora.

- Ele frequenta lá?

- Pelo que sei, ele não é religioso.

- A oficina do seu ex namorado.

- Epa... Como tem essa informação?

- Eu sei quem você é Catherine.

- Bar do Pássaro Negro, é o bar que o Peterson trabalha, e a casa assombrada do bairro.

- Eu não gosto de casas assombradas, falar com você já me perturba o suficiente.

- Para alguém que lida com cálculos, até que é bem supersticiosa Catherine.

- Você realmente não tem senso de humor.

- Não temos tempo para humor, eu vou ver o que me mandou, assim que voltar do encontro do grupo de amigos da Clarice, quero que me envie um e-mail para eu te ligar.

- Ok.

            Ela adormeceu até o meio dia, reparou que tinha mensagens do Tom de bom dia e agradecendo por sua companhia, também tinha mensagens no grupo dos amigos de Clarice:

📱- Está confirmado hoje? – perguntou Louise.

📱- Por mim, sim  – respondeu Kaio.

📱- Catherine? Podemos contar com você? – perguntou André.

            Seu desejo era responder Tom, mas seus dedos mais curiosos responderam o grupo

📱- Estarei lá como o combinado.

          Ficou tensa e acabou se esquecendo da mensagem do Tom, ela comeu lanche que improvisou com quase tudo que viu na geladeira e voltou a trabalhar nos arquivos, mas não teve tanto sentido e quase perdeu o horário de conhece-los.

             Ao chegar na pizzaria, ficou constrangida quando André apontou para ela e avisou:

- Olha ela ali!

- Ela é pontual.

- E nós adiantados – disse Louise a encarando.

            Ela sentou na ponta reparando que ninguém a receberia calorosamente, entre André e Kaio, sem jeito comentou:

- Eu reconheço vocês pelas fotos, Peterson e Iasmin vão vir?

- Peterson foi buscá-la – avisou Kaio notando que ela estava tensa e se esforçou para ser gentil – Você está bem?

- Não diria que é um dos melhores dias, não costumo fazer parte de investigações.

- Por que não aceitou meus convites em suas redes sociais? – perguntou Louise com um leve sorriso, tentava disfarçar que não a achava suspeita.

- Eu não entro nas minhas redes sociais desde quando sai da faculdade.

- Se formou em que? – perguntou Kaio querendo descontrair.

- Eu não me formei, tive que parar por motivos pessoais.

- O que são motivos pessoais? – perguntou a voz antipática de Iasmin chegando por trás de Catherine.

- Eu sair da faculdade – respondeu Catherine se virando para a encarar.

            As duas trocaram olhares um pouco ameaçadores, Peterson trocou aperto de mão dizendo:

- Então bem-vinda ao grupo.

            Catherine ficou surpresa, ele aparentava ser mais velho, ter quase trinta anos, era o estranho no ninho dos jovens de vinte e poucos anos, se destoava além da aparência, como também sua vestimenta de metaleiro, Iasmin quebrou a análise de Catherine com seu comentário nada acolhedor:

- Espere aí! Não pode dar boas-vindas ainda não a aceitamos no grupo!

- Já comentei que ela não vai nos ajudar se ainda a tratar como uma criminosa – disse Kaio sussurrando.

- Bom eu já estou aqui e estou com fome, posso pedir meu hambúrguer ou vamos ficar discutindo o quanto sou suspeita? – perguntou Catherine revirando os olhos.

- Viemos a pizzaria e vai pedir hambúrguer? – julgou Louise.

- Desculpe eu comi pizza ontem.

- Foi para algum lugar ontem comer pizza? – questionou Iasmin a deixando desconfortável.

- Sim, eu disse no grupo que tinha um compromisso – ela respondeu encarando o garçom que estava se aproximando.

            Eles falaram os seus pedidos e assim que ele se retirou, Iasmin perguntou:

- Para onde foi ontem?

- Te conheço há cinco minutos e já está sendo inconveniente demais – respondeu Catherine tentando manter a calma – Eu fui ao teatro, para seu espanto eu gosto de arte e já que me fez uma pergunta, por que não me conta qual foi a última vez que viu sua irmã?

- Foi há 11 dias e não tente bancar a policial comigo.

- Ei! Relaxem! – mandou André tentando acalmar os nervos – Estamos todos aqui para nos ajudar e não para incriminar uns aos outros.

- Vamos ser francos, vocês não confiam em mim, acham que sou suspeita do desaparecimento ou seja lá o que aconteceu com Clarice que conheci como Gabriela, de fato essa é a coisa mais bizarra que me aconteceu, então vamos aproveitar esse jantar para vocês me encherem de perguntas enquanto eu como meu lanche.

- Nossa Iasmin você realmente a chateou – comentou Kaio tentando amenizar.

- A cale a boca! Todo mundo está chateado, ela é de menos, nem conhecia Clarice.

            Durante o jantar Iasmin disparou uma série de perguntas, perguntas até repetidas já feitas por André sobre como a irmã dela estava nos encontros e nas mensagens que elas trocaram, tudo foi em vão, estava frustrada porque Catherine realmente não parecia culpada e frustração dela aumentou quando André deixando algumas lagrimas escorrerem pediu:

- Pelo amor de Deus Iasmin, pare! Você fala de um jeito como se nunca fossemos encontrar Lari e ainda quer levar a nossa única pista para cadeia... Não é desse jeito que vamos conseguir algo.

- Ei... – disse Catherine segurando a sua mão, o que surpreendeu a todos, aquela atitude foi mais acolhedora do que todos já fizeram por ele, ninguém lhe deu a mão, um abraço ou algo do tipo, ninguém, reparou que ele estava sofrendo muito, o viam como uma pessoa forte que ficava a procurando para cima e para baixo

– Eu entendo que Iasmin esteja com raiva, ela quer justiça e quer prender o vilão que tirou Clarice de vocês, eu já lidei com muitas coisas ruim na minha vida, posso aguentar as palavras duras da sua amiga, não se preocupe.

- Tenho certeza que vai desaparecer depois desse jantar horrível de recepção que nos te demos – ele disse enxugando as lagrimas.

- Eu não vou desaparecer e vocês sabem onde eu trabalho – ela garantiu reparando que segurava a mão dele tempo demais e a soltou.

- Olha se você não é a culpada, alguma vantagem você tem para nos ajudar, para estar aqui, eu quero entender tudo – disse Iasmin cruzando os braços.

- Sendo bem sincera não quero meu nome na polícia, mas nada me garante que não vai até eles depois que sair daqui – ela disse colocando o dinheiro sobre a mesa.

- Você vai embora? – perguntou Louise desesperada.

- Eu dormi pouco e toda essa pressão está me deixando constrangida, é melhor eu ir – ela respondeu levantando.

- Você veio a pé? – perguntou Kaio preocupado, reparou que já era tarde e a rua estava escura.

- Vim, a estação é daqui duas quadras, tchau pessoal – ela respondeu virando rapidamente de costa.

- Eu estou de carro, me deixa te levar – disse Kaio ficando de pé.

- O deixe te levar, com o desaparecimento de Clarice decidimos que nenhum de nós anda sozinho, quero dizer o teimoso do André faz isso direto – disse Louise a encarando.

- Está bem... – ela confiou em Kaio.

            Enquanto ele também deixou o dinheiro sobre a mesa, a seguiu e a ouviu comentar:

- Espero que você não seja o sequestrador.

- Que piada horrível – ele disse colocando as mãos no bolso – Bom e eu também espero que você não seja.

- Nossa que corda bamba estamos – ela comentou o seguindo até o carro.

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!