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Meu Veterinário Favorito

Capítulo 1 - Prólogo

Arthur

– Nunca se esqueça, Arthur: Não ouça mais nada. Desligue-se de tudo e concentre-se no animal.

— Fiquei atento a cada palavra que o meu tio Santiago dizia, pois era a primeira vez que montaria um touro adulto e isso estava fazendo minhas pernas tremerem.

Concordei com tudo, pois ele entendia do assunto.

— Durante oito segundos você e o touro serão apenas um. Respeite-o, mas não o deixe sentir seu medo. Jogue seu corpo na direção contrária aos saltos e nunca...

Ele estava de frente para mim, com as mãos pesadas em meus ombros, me fazendo encará-lo.

— Nunca desista. Aconteça o que acontecer. O rodeio é como a vida: mesmo quase caindo e derrotado, você ainda pode se reerguer. Enquanto seu corpo não tocar o chão, você ainda não terá perdido.

Assenti com a cabeça, deixando claro que entendia tudo o que ele me ensinava. Subi na grade do lembrete e Santiago entregou meu capacete.

O último item de segurança. O que me salvaria caso eu falhasse. Olhei para os lados e observei a imensidão da fazenda. De onde eu estava conseguia ver o campo de girassóis, o que me fazia lembrar dos meus pais. Por alguns segundos me perdi entre as memórias, e meu tio percebeu.

— Concentre-se, Arthur.

Sua voz me trouxe de volta à Terra. Olhei para o corredor e vi o touro que ele escolhera. Raiz era o seu nome. Enquanto o animal era trazido até mim, eu sentia sua determinação. As narinas inflavam e os músculos moviam a pele que cobria seu corpo.

“Me ferrei!”

Foi tudo o que pensei quando o animal se aproximou e eu realmente pude notar quão grande era.

Ouvi gargalhadas e alguns gritos. Sabia que eram os funcionários da fazenda, por isso não me preocupei em olhar.

Apesar do medo, não pensei duas vezes quando percebi que era o momento. Passei uma das pernas sobre o Raiz e senti meu corpo trepidar.

Cerrei os olhos, concentrando-me na porteira que seria aberta. Ela abre. O touro sai. Por um momento eu me senti em uma montanha-russa. Meu corpo era jogado de um lado para outro violentamente.

Quase caí, mas não desisti, pois ainda não tinha tocado o chão. Permaneci sobre o animal, embora fosse sacudido com uma intensidade cada vez maior, até que senti as costas baterem no solo.

Quando percebi que havia caído, levantei o mais rápido possível e subi na cerca. Não sabia quantos segundos tinha permanecido no touro, mas um sorriso idiota estampava meu rosto.

— Esse é meu garoto!

Tio Santiago se aproximou, subiu na cerca e se sentou ao meu lado. Encaramos o touro, já mais calmo, como se soubesse que não estava mais sendo desafiado.

— Quantos segundos? — perguntei.

— Cinco.

Meu sorriso morreu, mas ele continuou:

— Nada mau para um moleque de 15 anos.

Olhei para o touro novamente, analisei seu porte e seu tamanho, e o animal me encarava de volta, avisando-me que sempre faria parte da minha vida.

Um calafrio tomou conta de mim. Tinha certeza de que, de qualquer forma, sendo aquele touro ou outro, eu estava diante do maior desafio da minha vida.

— Um dia chegarei a Burnsville e terei milhares de pessoas gritando meu nome.

E eu cheguei!

Capítulo 2 - Castigo

Amália

Olhei para os lados e sabem o que vi? Mato!

Isso mesmo, muito mato! Tá! Exagerei um pouco, a fazenda Cata Vento até tinha uma fachada bonita!

Uma bela cerca e...

-AAAAAAAAA!

Berrei quando percebi que havia afundando o pé numa montanha de cocô de cavalo.

Meus saltos de grife! Estavam completamente arruinados!

Tudo aquilo era culpa do meu pai! Um homem que supostamente me amava e que escolheu afastar-me da "cidade grande" para o meu próprio bem!

Tudo isso porque eu estou quatro cartões de crédito e perdi quinze por cento das ações que tinha num jogo de apostas!

No dia em que o último cartão foi recusado as vendi para um empresário qualquer.. o problema foi quando ele quase assumiu a empresa por completo!

E vocês devem estar se perguntando como?

Simplesmente a bobona aqui, assinou um contrato tem ler!

E é por isso que nesse exato momento não estou comendo um grande e suculento croissant na Torre Eiffel.

Respirei fundo e tentei puxar em pé, sem que o salto se soltasse.

O que fora em vão, pois fiz tanta força que o salto voou para longe.

Ótimo! Agora teria de entrar na fazenda com um dos pés descalços.

-Me*da!

Bufei. Continuei andando até o portão principal e por ironia do destino trombei com um homem.

-Aii..

Berrei!

-Por quê não olha para onde anda? E

Comecei a reclamar até que os meus olhos se encontraram com os seus.

O corpo daquele homem, parecia irresistível!

Os músculos dos braços e das pernas e..

Ele estralou os dedos na frente do meu rosto, despertando-me dos questionamentos que passavam pela minha mente.

-Precisa de... Que bosta hein?

Ele começou a gargalhar e tapou o nariz.

Naquele momento me senti muito humilhada.

Um.. um caipira pobretão zombando de mim?

Logo de mim..

— Sai da frente!

O empurrei e puxei minha mala.

-Moça?

Suspirei fundo e virei-me.

-O que?

-Seu sapato está com bosta de cavalo!

O homem que até então eu achava gostoso, acabara de perdeu seu encanto.

Olhei para o salto no meu pé e o arremessei longe.

O homem reclamou dizendo que eu estava poluindo o meio ambiente e blá, blá, blá..

De fato a única coisa que eu queria naquele momento era tomar um belo banho.

Encontrei o caseiro, que me mostrou onde ficava o meu quarto.

Acho que seu nome era Jairo, Caio, sei lá... Santiago?

Não fazia diferença! Já instalada no meu quarto, corri direto para o banheiro.

Tomei um longo e demorado banho. Precisei de um tempo para tirar aquela inhaca braba.

Meia hora depois estava cheirosa e vestida.

O perfume do dia foi o Givenchy. Amparo e Guilhermina, as secretárias do lar da fazenda trouxeram o almoço no quarto.

Comi quase tudo. A única coisa que não mexi foi na polenta, pois nunca havia comido antes e não sabia se era bom.

Voltei ao banheiro e escovei os dentes. Estava curiosa para explorar a fazenda.. talvez mais tarde!

Ou amanhã! Peguei meu celular e o sinal da Internet estava horrível!

-Era só o que me faltava!

Revirei os olhos e afundei o rosto no travesseiro.

De fato, só de estar nesse lugar sinto o cheiro das consequências dos meus atos!

O acordo era ficar apenas um mês! E nada mais que isso!

De repente, aquela homem que trombou comigo veio em minha mente...

-Amália, Amália.. apaga esse fogo!

Mordi os lábios e abracei o travesseiro.

Capítulo 3 - Primeira Impressão

Arthur

Meu celular tocou e eu tentei me desvencilhar dos braços da Clarissa sem acordá-la.

📱

— Alô?

Falei em um tom de voz baixo. Era o meu tio Santiago, provavelmente querendo que eu fosse até a fazenda do Braga.

— Tita está parindo e, pelo que vejo, não conseguirá sem você!

Ele disse e, antes de ele terminar a frase, eu já estava à procura das minhas roupas.

— Estou indo!

📱

Respondi enquanto vestia meu jeans. Joguei a camisa no ombro e peguei meu chapéu na mesa de cabeceira ao lado da cama, onde Clarissa dormia profundamente.

Também, depois da noite passada...

Eu e Clarissa tínhamos uma relação nada convencional. Ela é dona do melhor bar da pequena cidade onde moro.

Uma mulher decidida e que sabe o que quer, e ela quer o mesmo que eu: se*o sem amarras.

Clarissa foi casada e não estava disposta a se jogar em um novo relacionamento. E eu? Era um cara da estrada e não me apaixonava.

Não porque não gostasse de relacionamentos.

Acontece que não podia me prender a ninguém se quisesse participar do circuito nacional de rodeio.

Eu ficaria muito tempo fora de casa e não acreditava que uma relação, fosse ela como fosse, pudesse sobreviver a distância.

E o rodeio é minha paixão desde que me entendo por gente. Não deixaria essa oportunidade passar.

Tranquei a porta e passei a chave por baixo dela. Clarissa saberia o que fazer quando acordasse. Ela sempre sabia.

Entrei na minha caminhonete e parti em direção à fazenda da qual meu tio é caseiro há muitos anos.

Não ficava longe da cidade, eram poucos quilômetros, e minha jabiraca estava pronta para enfrentar a estrada.

Ela era azul, antiga. Nada de tração nas rodas, painel digital e todas essas me*das que destroem os clássicos. Eu era adepto das coisas mais simples e em sua forma real, por isso não abria mão da minha caminhonete.

Cheguei e vi que meu tio tinha razão: Tita necessitava de uma cesariana de emergência, ou ela e o filhote não sobreviveriam.

Preparei-me para realizar o meu trabalho: verifiquei se todo o instrumental que usaria estava devidamente esterilizado e, após confirmar, coloquei as luvas e o retirei das embalagens.

Contei com a ajuda de dois funcionários, além do meu tio, que chegou com o isopor em que estava a anestesia.

— Valeu, tio.

— Acho que o filhote é grande demais para Tita.

Concordei com ele enquanto observava a anestesia descer pelo vidro e encher a seringa. Encaixei a agulha e procurei o local adequado para aplicá-la.

— Calma, garota.

Acariciei o animal quando ele tentou se mexer.

Tita ficou imóvel e terminei de anestesiá-la com segurança. Todos os materiais necessários estavam à mão.

Fiz uma pequena incisão em sua pele para encontrar o útero e retirar o feto.

Então, troquei o bisturi pela tesoura e fiz a abertura, tomando todo o cuidado possível para não haver a entrada de líquidos fetais na cavidade abdominal.

— Aí está você!

Murmurei, vendo claramente um bezerro enorme.

Meu tio tinha razão. Abri a incisão um pouco mais, para poder fazer a retirada. Além de estar com as patas amarradas e esticadas, Tita tinha todos os funcionários monitorando-a.

Encontrei o local exato para me apoiar, então fui puxando o filhote com cada vez mais força. E o milagre mais uma vez aconteceu!

Uma hora e meia depois, meu trabalho estava concluído. O bezerro nasceu, e ambos, filhote e mãe, passavam bem.

Deus me livre perder aquela vaca, ela valia mais do que eu ganhava em seis meses.

Passei as instruções que os funcionários da fazenda deveriam seguir e resolvi selar o Ventania para dar uma volta. Além de montá-lo desde moleque, cuidei de sua pata ferida semanas antes e queria ter certeza de que ele estava curado. Puxei o Ventania até o galpão mais próximo e o selei.

— Bom garoto.

Disse, acariciando sua testa. Um dos cavalos mais lindos em que tive a chance de montar. Ele era negro como a noite e tinha somente uma mancha branca entre os olhos.

Voltei ao galpão para buscar meu chapéu e, quando caminhava em direção ao Ventania, pensei ter ouvido uma voz.

O sol atrapalhava a minha visão, então não conseguia enxergar nada.

Deve ter sido impressão. Já estava com um pé no estribo, preparado para montar, quando escutei novamente.

— AAAAAA!

Um Berro. Corri em direção a entrada da fazenda e avistei uma moça.

Que usava apenas um salto alto. O outro pé descalço denunciava que algo acontecera.

Para que passei correndo mesmo? Ela veio pisando forte, nos trombamos feio e nossos olhares se cruzaram.

Até o cheiro subir. Cocô de cavalo. Não me segurei e debochei.

A mesma me empurrou e irritada atirou o salto alto longe.

Disse a ela que não deveria poluir o meio ambiente mas a mimadinha não deu bola.

Sabia quem era. A filha do dono! E nossa como era bonita!

Maldição, ela é linda!

Realmente, ela era linda... mas com a boca fechada.

Enquanto ela caminhava em direção à casa, eu não aguentei e comecei a rir baixinho. Seu salto alto afundava na terra, o cheiro do cocô estava bem fraco.

Sua bunda requebrava de um lado para outro, e por várias vezes ela quase caiu estatelada no chão.

Voltei minha atenção ao cavalo que parecia muito melhor, forcei um pouco mais, galopando até chegar à casa onde o meu tio morava.

Madelaine saiu do quarto assim que escutou o barulho das minhas botas tocando o chão. Minha prima era linda, seus cabelos negros desciam até sua cintura, e seus olhos eram castanhos, iguais aos do pai.

Os dois eram a única família que eu tinha. Perdi meus pais em um assalto, e minha tia abandonou Madelaine quando ela nasceu e nunca mais deu notícias.

Maddie sempre foi minha pequena, mas há algum tempo eu vinha percebendo que ela era alvo dos olhares de quase todos os homens da redondeza, principalmente do Boyce.

Eu tinha que ter uma longa conversa com meu amigo. Ai dele se tocasse em um fio de cabelo da minha princesa. Sou muito ciumento, mas nunca olhei para Maddie com outros olhos e também tinha certeza de que ela me via somente como irmão.

— Maddie, cadê o tio?

Ela deu de ombros.

— Não sei, mano, achei que estava com você.

Ela se aproximou, mas logo parou e fez uma careta.

— Arthur, você está fedendo.

Ela fez cara de nojo. Sorri. Pela segunda vez no dia, uma mulher reclamava do meu cheiro.

Isso era comum. Por causa do meu trabalho eu vivia na companhia de porcos, vacas, ovelhas e até coelhos. Normal de vez em quando cheirar como eles.

— Até você, pequena?

Comecei a correr atrás dela. Maddie odiava que eu fizesse cócegas em sua barriga, e eu adorava torturá-la. Joguei minha prima no sofá e comecei o ataque.

Quanto mais ela pedia para parar, mais eu continuava, rindo das caretas que ela fazia.

— Sorte sua que estou de bom humor hoje. Te deixar em paz vai ser minha segunda boa ação do dia.

Eu disse, me afastando.

— Ah, é? E qual foi a primeira? Ajudou uma vaca a atravessar a estrada?

Mesmo com a respiração falha pelo ataque de cócegas, Maddie conseguia fazer piada.

— Não, ajudei com as malas da sua pupila.

Ela arregalou os olhos e pulou do sofá rapidamente.

— Me*da! A garota não chegaria só amanhã?

Perguntou enquanto entrava em seu quarto. Caminhei até a cozinha e peguei uma banana da fruteira.

— Acho que o pai resolveu despachá-la antes!

Gritei para que Maddie pudesse me ouvir do seu quarto, enquanto descascava a fruta. Voltei para a sala e aguardei.

— E como ela é?

Enquanto perguntava, sua cabeça apareceu na porta.

Comecei a me lembrar da garota mimada.

Fechei os olhos e era como se a visse em minha frente novamente. Seus cabelos estavam molhados de suor, e alguns fios grudavam no rosto.

Ela estava com as bochechas vermelhas pelo esforço e tinha uma boca que me fazia pensar em coisas.

Senti algo endurecendo dentro da calça. Não acredito que estou ficando excitado por aquela nojentinha.

— E então?

Me assustei com a voz da Maddie.

Ela estava sentada embaixo do batente da porta, calçando as botas.

— E então o quê? — perguntei, pois os pensamentos que estavam em minha cabeça tinham me feito esquecer a Madelaine

— Como ela é, Arthur?

— Ah!

Eu disse, tentando ganhar tempo para uma resposta.

— Ela é como um cristal.

— Como assim?

— Maddie perguntou, sem entender.

— Nada. Agora anda logo, tenho que ir até o Boyce antes de voltar para a cidade.

Maddie deve ter achado que eu estava ficando doido, pois me olhou de um jeito estranho, mas logo percebeu que se ficasse para discutir comigo se atrasaria ainda mais para receber a princesinha, então não perguntou mais nada.

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