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Meu Telepata

O início de tudo...

"Não entendo como tudo foi acontecer, como cheguei até aqui. Apenas sei que não consigo controlar nada, nem mesmo meus pensamentos. Acabo de perder a mulher que amo por contar o meu segredo, este era o meu medo, perdê-la. Agora estou aqui, chorando na sala da casa que seria nossa, porque ela me deixou quando eu disse a verdade. Ela me chamou de monstro, porque sou um telepata. Não faço as coisas levitarem com o poder da mente, não, induzo ninguém a fazer o que quero... eu leio mentes. Recentemente, descobri que consigo me comunicar através dela, mas minha noiva achou que isso era demais para ela. Ela acreditou que a manipulei, apenas porque sabia de tudo o que ela pensava, consequentemente, o que ela queria também, mas isso não é verdade. Eu não tenho controle, posso apenas ter usufruído disso, apenas um pouco. Mas não quero ser um, ou eu sou um monstro de verdade?"

**Anos antes...**

*(Sendo Castiel)*

Ela caminhou pela escola inteira à minha procura, e a cada passo que ela dava, eu já sabia. Sabia porque ela não fazia nada por impulso, tudo era pensado. Seu único impulso era a mente que não parava de trabalhar, a cada segundo, onde praticamente gritava comigo, mesmo sem abrir a boca para proferir alguma palavra.

"Onde você se meteu, seu moleque?" — ela caminhou por entre as estantes de livros.

"Quando eu por as mãos em você, sua mãe terá pena... ah, Castiel!"

Lisandra pensava em mil maneiras diferentes de me matar, e eu, eu só sabia que a mente humana é a mais improvável de tudo que acontece; ela é involuntária, mesmo ajudando, maquinando algo diabólico, é pior ainda para todos.

Tinha vontade de espirrar pela poeira daquele lugar, que mais cheirava a mofo do que armazenava a própria poeira.

"Castiel!" ela pensou.

Parou para pensar onde poderia estar.

"Espera, ele pode estar no banheiro, claro! Ele é muito esperto, ou se acha esperto. Vou tirá-lo de lá agora!"

saiu pisando duro.

Seus pensamentos se tornaram mais baixos à medida que ela se afastava, e minha segurança aumentava.

— Ufa! — suspirei, passando as costas da mão direita pela testa.

Levantei daquele chão frio da última estante e pus-me a pensar no tamanho da encrenca em que me meti.

"Por que, Castiel? Por que foi aprontar com a coordenadora da escola? Idiota!" quase bati minha testa na estante à frente. Minha burrice afeta até os sentidos!

Saí normalmente da biblioteca, com a intenção de pegar minha bolsa dentro da sala de aula e sair daqui, pois se aquela louca me pega, ela pode me esganar, como tanto pensou, ou me mandar para detenção por dias a fio.

Para minha sorte, a sala estava vazia, ninguém no corredor suspeitou do que eu estava prestes a fazer.

"O que ele está fazendo?" uma garota se perguntou.

Ela estava no fundo da sala, seu pensamento chamou minha atenção, fazendo-me olhar para ela imediatamente.

Automaticamente respondi, sem perceber que ela acharia estranho.

— Não estou me sentindo bem! — respondi.

Ela apenas arqueou uma sobrancelha me mirando. Sua pele era clara, seus lábios carnudos, seu nariz afilado, seus olhos cativantes, sobrancelhas grossas sem serem feias, ou a deixariam feia, eram lindas em seu rosto, aliás, ele todo.

Seus cabelos castanhos escuros caíam acima dos ombros, num corte repicado, combinando exatamente com o formato de seu rosto, esculpido sem ser grosseiro, suave e bem feminino.

Ela me encarou, esperando que eu fosse embora, e percebi que tinha passado minutos a observando, mesmo tendo memória fotográfica. Ah, é que eu gosto de apreciar as coisas, mas ela não é uma coisa, ela é uma garota, uma garota muito linda, por sinal.

A deixei no mesmo lugar, sentadinha em sua cadeira, como ela se encontrava, e segui caminho até a saída, sempre prestando atenção nos pensamentos de todos, para me certificar se Lisandra não estava me vendo ou se seria informada depois.

Caminhei normalmente até minha casa, já que não ficava muito longe da escola. Teria que inventar algo bom para minha mãe ou apenas dizer que não me sentia bem, por isso ficaria no quarto estudando biologia?

Assim que pus os pés dentro de casa, minha mãe, que estava sentada no sofá da sala de estar, virou a cabeça na minha direção, o que me assustou com a possibilidade de que ela poderia ter feito como uma coruja e virado 360°, ou seriam 180°?

— O que faz aqui a esta hora? — ela perguntou, me analisando.

Minha mãe era uma mulher conservadora, eu diria, suas características eram muito semelhantes às minhas. Uma mulher com cabelos pretos, bem lisos, um liso fino e longo... rosto meio oval, olhos compridos e brilhantes, apesar de serem negros como a noite, nariz fino, lábios finos e sobrancelha igualmente estreita, comportada.

A senhora Catarina era considerada uma mulher alta, com um metro e setenta de altura, um corpo esbelto, sempre usando roupas comportadas.

Ela me mirou séria, ainda esperando minha resposta.

— O professor de Economia não compareceu à escola, então, voltei cedo para estudar Biologia! — menti calmamente.

Dona Catarina apenas balbuciou para demonstrar que acreditava.

"Por que o senhor Mackai não deu minha folga ainda?" pensou, nada preocupada comigo.

Então subi as escadas, disposto a sustentar a minha pequena mentira. Como será que Lisandra está a esta hora, recebendo a notícia de que salvei minha própria pele vindo para casa? Sorri com o pensamento, graças a Deus ela não tem o número da mamãe.

Joguei minha mochila preta na cadeira em frente ao computador, encostei a porta e retirei aquela camisa chata da escola, uma branca de mangas longas, com um pequeno emblema da escola no bolso esquerdo, uma espécie de águia branca com outras coisas ao seu redor. Retirei a calça de malha preta assim que tirei o tênis branco. Me dirigi ao banheiro apenas com minha cueca box preta e minha toalha branca sobre o ombro.

A ducha estava das melhores, o que me fez demorar mais do que o previsto no banho. Amarrei a toalha na cintura e saí do banheiro... vesti uma bermuda de algodão e peguei meu livro de Biologia na estante de livros, ao lado de um pôster da série Teen Wolf, uma das minhas preferidas na época em que fez sucesso. Hoje em dia, qualquer uma está valendo.

Não estava fazendo frio hoje, então era só relaxar neste dia de sol, no Canadá, mais precisamente em Toronto, a maior cidade do país.

Que está localizada às margens do Lago Ontário.

Ela é famosa pela sua vida noturna agitada, boas atrações turísticas e incríveis restaurantes.

Um passeio pela CN Tower é demais, um observatório a 553 metros de altura, com uma vista incrível de toda a cidade e arredores. Almoçar no restaurante giratório da torre. São 360º em 73 minutos.

Nós canadenses amamos baseball, então assistir um jogo no Rogers Centre, o mais famoso estádio da cidade, e casa do Toronto Blue Jays Baseball Club, é genial.

Ainda tem o Royal Ontario Museum, o maior museu de culturas mundiais e da história do Canadá. Sua fachada já é uma atração à parte. Um design moderno e cheio de espelhos.

Para quem gosta de fazer compras... por que não fazer na Yonge-Dundas Square? Uma espécie de Times Square de Toronto. A região conta com lojas, shoppings, restaurantes e bares.

Ah, você precisa conhecer a Casa Loma, um castelo medieval com 98 cômodos e um jardim com 20 mil metros quadrados. Tudo é incrível.

Minha cidade é linda mesmo, mas vamos para o meu estudo de Biologia. Antes de começar a leitura, fui interrompido pelo som do meu celular, ainda na bolsa.

Assim que o peguei, já neguei com a cabeça, vendo a cara que apareceu no visor: era Iago, meu melhor amigo.

— Oi, mano, escapou da detenção, hein?! — Iago sorri do outro lado da linha.

— Como escapei? — apenas fui direto.

— Lisandra ia te matar se o professor de Economia não tivesse faltado. Como sabia? — Iago pergunta, sabendo do meu dom. Aliás, ele é o único que sabe.

— Foi sorte, cara! — falei aliviado.

— Você é sortudo mesmo, em...! — Iago diz.

— Obrigado por me avisar! — agradeço mais leve.

— Mas tá sabendo que ela vai te marcar, não é? Por que foi pintar os pelos da Amora de verde? — Iago tenta segurar o riso, assim que pergunta pela gata da coordenadora.

— Foi uma brincadeira, não era pra gata estar na sala dela quando eu ia pichar a mesa dela. Queria ver se ela namorava com o diretor em uma mesa pichada. — sorrio

— É... a Amora te salvou da detenção também. Vamos jogar baseball no Blue Jays Baseball Club? — Iago pergunta, ansioso para nos pôr em encrenca.

— Deixa para a próxima, disse para minha mãe que ia estudar Biologia. Estou péssimo na matéria. — me saio logo da roubada.

— Tá bom, então até amanhã, e não esquece da festa na casa do Jônatas! — Iago me relembra da festa para a qual fomos convidados há semanas. Não somos nerds, nem populares, somos do meio. E Jônatas, ele é dos populares, então temos que ir.

— Beleza, até lá! — confirmo.

Assim que desligo, volto para a cama. Nada que uma nota A não resolva.

Ela namora.

  Fui acordado por meu celular vibrando sobre a mesinha. Me sentei na borda da cama, verifiquei o que piscava na tela, "parabéns pra mim!" 

   — Espera, hoje é meu aniversário de dezessete anos? — confiri a data no visor.

— Ohh! Uma festa no meu aniversário... que sorte! — sorrir comigo mesmo.

  Me dirigi ao banheiro para tomar minha ducha maravilhosa, e logo depois já estava enfrente ao espelho, preso no guarda-roupa, de aproximadamente, um metro e meio.

  Analisei meus cabelos negros altos, que sempre deixo caídos dos lados da testa, minhas sobrancelhas meio grossas e bem negras, também chamam atenção para os fios quase em cima delas, tenho olhos castanhos escuros, cílios quase longos, um nariz comportado e fino, "comportado é o que eu acho" lábios médios, e rosto fino, quase semelhante aqueles rostos dos coreanos e tailandeses, com a diferença que tenho um queixo um pouco mais quadrado, e covinhas aparecem próximos dele quando sorrio.

  Mantenho meu rosto ainda limpo, sem sobra de barba, apesar delas já aparecerem de vez em quando, mantendo minha pele branca sempre igual.

Minha escolha hoje, foi uma camisa preta, e uma calça moletom da mesma cor, chinelos brancos nos pés, já que ficarei em casa o dia todo.

  Desço para tomar meu café da manhã. A única pessoa que encontro na cozinha é Luíza, minha antiga babá e agora cozinheira da minha mãe.

  — Bom dia Cast! — ela me cumprimenta assim que sento, beijo seu rosto.

  — Bom dia Luíza! Cadê a mamãe? — perguntou.

  — A dona Catarina saiu cedo, foi trabalhar, o senhor Mackai ligou ontem à noite, dizendo que queria ela hoje cedo na empresa.

Minha mãe quase nunca vivencia meus aniversários, já que é sempre a mesma data que acontecem eventos na empresa, ao qual ela é secretária do dono, o senhor Mackai, dono de uma grande empresa de marketing, telecomunicação, que trabalha vendendo imagens de empresas de cosméticos, e caras em si.

  — Como sempre! — falo.

  — Não fica assim não filho, ela vai trazer presentes como sempre! — Luíza tenta me confortar.

  — Eu sei, ela sempre trais! — falo, pondo meu suco no copo.

  — Eu tenho um presente agora mesmo, quer? — Luíza pergunta sorridente.

   — Claro! É o que? Bolo? — perguntou animado.

   — Bolo de chocolate! — fala, trazendo um bolo enorme nas mãos.

  — Luíza, eu te amo sabia? — sorrio me levantando para abraçá-la. Ela apenas sorrir concordando, enquanto corta meu primeiro pedaço.

Antes que ela ponha em meu prato, paro sua mão e devolvou o pedaço sorridente.

  — O primeiro pedaço hoje é seu! — ela fica espantada, mais feliz.

  — Mas... — antes que ela continuase, a interrompo.

  — Luíza, você foi minha babá por doze anos, trabalha à dezessete anos aqui, e merece esse pedaço mais que qualquer um, afinal, você está aqui agora! — assim que termino, Luíza me abraça emocionada, com seu pedaço na mão esquerda.

  ____

Assim que terminei o meu delicioso bolo de chocolate, fui direto para meu computador, estudar um pouco, já que quero finanças, terei que dá duro nas áreas de cálculo.

Minutos depois, o celular apita com uma mensagem do Iago, me lembrando da festa que não irei perder.

  Sorri ao lembrar da galera que pode aparecer lá... em minha mente vem a imagem da garota da sala, a linda garota. Me pergunto se se ela vai.

  O dia transcorreu bem, Iago resolveu me tirar dos estudos na parte da tarde, para jogar videogame, como sempre faz, quando quer tirar meu foco de alguma coisa.

  Olho para o celular em cima da cama, puxo ele para mim, pondo o controle no chão onde estou.

  — Cara! Que horas a festa começa? — pergunto, fazendo cara de espanto, deixando Iago em alerta.

  — Sete! — Iago responde, desligando a TV rapidamente.

  — São cinco e meia! — respondo,

Iago me empurra chateado, enquanto apenas riu da cara dele.

  — Se me dê um susto desses outra vez, eu te mato cara! — Iago ameaça.

  — Ué?! Ainda tem que ir pra sua casa, procurar sua roupa de gala, cara! — começo, o zuando.

  — Olha quem fala! — Iago reclama.

— Ei mano! — ele senta na minha cama, enquanto organizo o quarto, para ajudar a Luíza.

— Tá lembrando do nosso lance, né?

  — Que lance, tá doido? — tiro onda dele, sabendo do que se trata.

  — De ler as mentes das gatinhas, cara! — Iago responde, puxando o celular do bolso.

  — Você é sujo cara. Não consegui nada sem trapassa! — reclamo.

  — Qual é cara, sabe que hoje em dia tá difícil de entender as mentes das garotas! — Iago se defende, guardando o celular de novo.

  — E quando foi fácil? Nem mesmo lendo as mentes delas, se torna fácil, é pior ainda! — falo separando meu tênis branco preferido.

  — Se você não entende, imagine eu, um pobre mortal! — Iago faz drama.

   — E eu sou o que? Imortal? Sobrenatural? Vai nessa! — bufo.

  Ele sorrir se levantando da minha cama.

   — Até as sete! — Iago se despedi.

   — Até! — olho ao redor, me perguntando se falta algo, concluindo que apenas falta grana.

   — Tudo pronto! — falo indo me sentar em frente ao computador de novo, desta vez para olhar o que se passa nas minhas redes sociais.

___⌚___

Hora marcada. Estava novamente em frente ao espelho, vendo se a minha imagem se encaixava com o que pretendia naquela noite.

Vesti uma camisa branca de manga curta, junto à uma calça preta, jeans, meu tênis preferido e uma jaqueta, jeans azul, com mangas de algodão, cor cinza.

   Escuto a voz de Iago conversando com Luíza na sala, pego meu celular, carteira e chaves (incluindo chave de casa) e logo deixo o quarto.

   — Vamos lá? — pergunto, dando um beijo em Luíza.

   — Vamos! — Iago responde, me vendo passar pela porta em seguida, se despede de Luíza antes.

   — Ei! Para que vai levando a chave da sua moto, vamos no meu carro! — Iago me relembra.

   — Poxa, verdade! — volto correndo para devolver minhas chaves, para minha segunda mãe.

   — Pronto! — falo sorrindo, assim que entro na sua caminhonete prata.

____

A casa do mauricinho ficava bem no centro, um pouco longe devido ao trânsito, então chegamos as exatas oito e trinta. Estava cheio, muita gente desconhecida e outras até semelhantes, todas se divertindo.

  Assim que começo à passar pelos primeiros grupos, já começo à escutar os pensamentos de todos ao mesmo tempo, o que me lembra que devo focar em uma pessoa por vez, para não ouvir tudo e causar um tipo de descarga no meu cérebro.

  Foco em um garoto à minha frente, rodeado de garotos, pele morena.

  "Olha o amigo do Jonatas, acaba de chegar, tava demorando!" — ele pensa nos olhando

Foco em uma loira de olhos verdes um pouco à frente dele, enquanto continuamos nos aproximando da mansão.

  "Ual, olha como os dois são lindos, até queria uma noite com o Cast!" — ela morde o lábio inferior.

"Quê? Ela tem pelo menos quinze anos?" — penso comigo mesmo

Tiro o foco dela e ponho em um grupinho de quatro garotas, duas loiras, uma morena e outra branquinha, do cabelo negro.

  "Meu sonho chegou!" — a loira de vestido verde, pensa e logo cochicha para suas amigas, que olham na nossa direção.

— O Iago é lindo! — ela continua.

  "Até que ele é bonitinho!" — a morena fala me olhando.

   "Eu pegava!" — a outra loira de olhos claros, fala olhando para Iago.

  "Credo linda, o que vocês vêem em homens?" — a branquinha de cabelos negros, pensa, depois de nos olhar e voltar para elas

  "Poxa cara, ela era até bonita!" — penso derrotado.

  Deixo Iago me aproximar e falo baixinho.

  — Ali. — olho na direção delas.

— A primeira loira, te chama de sonho, a segunda quer o mesmo, e a morena provável, agora a mais gata... Essa pode esquecer, torce pro timi errado, pelo menos errado para nós! — falo, vendo ele ser discreto, enquanto analisa a situação.

  — É cara. Acho que vou ficar com a loira de lá. — se refere a mais pecaminosa.

— Não tô afim de casar hoje, isso eu deixo pra você! — Iago toca no meu ombro, já me deixando sozinho.

  Fico um pouco à observar, como ele dá em cima da loira, que não demora cinco segundos para já sair com ele, e é claro que a primeira loirinha ficou destruida, com a traição da amiga, que segundo seus pensamentos, já sabia do interesse dela por ele.

É a vida, continuo minha jornada a procura de algo para beber, no caminho alguém esbarra em mim sem querer, por sorte ela não tinha bebida em mãos.

 — Desculpe! — ela olha para cima, era ela, a garota da classe de história.

   Como não reconheci antes, seus lábios carnudos desenharam um sorriso sem mostrar os dentes.

  "Por que ele não diz nada? Vai ficar só me olhando como se tivesse perdido algo aqui? Espera, será se tem algo no meu rosto?" — ela pensa, e logo passa a mão na bochecha discretamente.

  — Eu que peço desculpas, estava distraido procurando o dono da festa, sabe onde ele está? — pergunto mudando de assunto.

Seus olhos castanhos claros quase vermelhos se estreitam.

  "Claro que sei, deve está me traindo como sempre aquele babaca!" — pensa amarga.

 "Quê? Ela é namorada do Jonatas? Não achei que gostasse desse tipo! Que rasteira!" — penso frustado.

— Ele deve está na cozinha, por que essa cara? — ela pergunta me olhando. Por causa de sua altura até que se tornava fofa, um pouco baixinha.

  — Não nada! — tento me justificar, devo ter feito uma cara cufusa.

— Obrigado! — vou para o lado para tirá-la da minha frente, à deixando ali.

  "São todos iguais!" — ela pensa se afastando.

"São vocês que fazem as escolhas erradas!" — penso frustado

Descontando.

  Assim que ponho os pés na cozinha, noto que é o lugar preferido dos casais, me aproximo da mesa onde estar a garrafa térmica, com algum líquido que certamente é bebida, pego um dos copos vermelhos de plástico, que ainda estava limpo, ponho um pouco do líquido naquele copo, assim que chega a metade, decido que já era o bastante.

Giro nos calcanhares, olhando em volta enquanto bebo um pouco da cerveja, que é a cara do babaca que acabo de encontrar, beijando uma garota com a qual tinha a cara cheia maquiagem, estavam perto da dispensa.

  Acho que setenta porcento da cara dela era maquiagem, não quero nem saber como ela é sem aquilo.

  "Qual é? o que esse cara acha que tem na cabeça? Uma namorada tão linda... e essa garota tão fácil e sem personalidade!" — penso, fingindo apreciar a cerveja enquanto encarava o dono da festa, ainda no mesmo lugar.

Acho que passei tanto tempo olhando aquilo, que ele parece sentir que estar sendo observado, olha na minha direção.

Ele sorrir mostrando todos os dentes para mim, soltando a garota vem em minha direção.

 — Ei Cara! — me cumprimenta, retribuo.

— Meus parabéns! — ele me abraça, tomando cuidado para não derramar minha cerveja.

  — Obrigado! A festa está ótima. — comento.

Ele se afasta um pouco, e responde sincero:

  — Ela pode ser toda sua se quizer. — ele sugere, parecendo convicto.

— Basta mandar ver e se divertir, com qualquer gatinha, como ver, aqui tem muitas. — puxa a loira para sí. 

 — Então, você não tem namorada? — pergunto interessado.

  — Não! — ele olha para a loira, que não  diz nada.

— Namoro é perca de tempo Lenon! — Jonatas responde, com um grande sorriso.

  — Então vou aproveitar a noite. — sorrio.

— Tem alguma garota que queira tirar da minha lista da noite? — pergunto, tomando mais um gole em seguida.

  — Não cara, pode mandar ver! — Jonatas responde sem interesse.

Logo ele começa os amassos na loira novamente, aquilo estava passando dos limites para mim.

  "Pensamentos sujos!" — faço careta, saindo rapidamente de perto deles.

Nem sempre é bom não ter total controle dos pensamentos dos outros, ou pelo menos do momento em que quero pará-los. Quando era pequeno, ficava em um estado tão crítico que era chamado de louco, então percebi que se fizesse coisas drásticas para abafar os pensamentos alheios, as pessoas iriam embora, levando suas mentes também.

  Por fazer essas coisas sou taxado de rebelde, dizem que não tenho jeito, ato de vandalismo era o pior ato cometido, era necessário, de outra forma era impossível viver em sã consciência.

  A música alta do paredão, perto da piscina, me ajudou a me tornar uma pessoa normal por alguns minutos, não teria pensamento no mundo que gritaria mais alto que aquilo, então aproveitei.

Me encostei na coluna perto da piscina, tomando vagarosamente minha bebida, assim que levantei o olhar notei uma garota de cabelos castanhos claros, sobrancelas finas, olhos verdes, nariz afilado e lábios grossos. Estava dançando perto do som, ela já havia me notado antes, parecia que sua dança era para mim, pois não tirava os olhos de mim.

  Um olhar nada discreto e muito menos inocente, ela rebolava para cima e para baixo, destacando sua bunda avantajada, passava a mão pelo próprio corpo, sempre me olhando, se aquilo já tivesse acontecido antes, diria que estava gostando, mas na realidade, estava apenas vendo até onde ela iria chegar com aquilo.

  Ela sorri me chamando assim que a música mudou, pensei que mais indecente não poderia ficar, mas me enganei...  A música tinha a letra pior que a anterior e ela me esperava para ser seu par.

  Balancei a cabeça negando, ela não se conformou e começou a rodear a piscina.

"Vamos ver no que isso vai dá!" — pensei comigo mesmo.

  Ela chegou perto, em um mísero segundo achei que tinha errado, quando pensei que aquela cena toda era para mim, pois ela passou direto, logo rodou a mesma coluna ao qual estava recostado, tomando o copo que estava indo em direção à minha boca, fiquei levemente surpreso com sua audácia, apenas rir de canto.

  Ela tomou meu último gole, colocou o copo perto da coluna, me olhou com luxúria, puxou minha mão saindo na frente. Aquilo era uma estratégia, para que olhasse de perto suas curvas perfeitas, seu bumbum empinado dentro daquele progeto de short jeans, e aquela blusa curta, preta, de costas nuas.

  Por incrível que parecesse, ela não usava salto, era quase da minha altura, sendo talvez um metro e sessenta e seis, usava apenas um tênis branco.

  "Agora quero ver se você me escapa gatinho!" — ela pensou, sorrindo para mim assim que chegou perto do som.

  Apenas sorrir de volta, como se desafia-se aquela garota tão ousada a ser pior que aquilo, então ela pois minhas próprias mãos em sua cintura fina, encostou seu corpo no meu, começou a passar suas mãos pelo meu abdômen, rebolando o tempo todo.

  Apenas fiquei ali, aproveitando sua dança e admirando sua beleza, mas ela não é para mim, não do jeito que ela está pensando. Entrei no jogo dela, sem retirar minhas mãos do lugar que ela as colocou, como se lesse minha mente, ela desceu minhas mãos para a sua própria bumba, levantei a sobrancelha esquerda e sorrir com malícia, ela riu de volta.

 — O que está esperando pra ficar comigo? — perguntou descendo e subindo de vez em quando.

  Olhei em volta para ter certeza se era aquilo mesmo que eu queria, do outro lado da piscina avistei ela, a namorada do Jonatas, a mesma garota ao qual me interessei por alguns minutos, ela me encarou, olhando para a garota, que agora tinha se virado para literalmente se esfregar em mim.

  Eu sabia exatamente o que queria, ela havia me mostrado.

  "Sou igual a todos, não? Pois bem!" — pensei, logo direcionei um sorriso cheio de malícia para ela, que estreitou os olhos.

  A garota que até então não sabia o nome, se virou para mim novamente.

 — Como se chama? — perguntei perto do seu ouvido, por causa da música alta.

  — Solange, e você é o famoso Lenon, eu sei! — ela respondeu, me deixando surpreso.

Lenon era o nome mais usado nessas ocasiões, não gostava de falar meu segundo nome para quem não tinha interesse ou intimidade.

 — Ótimo! — foi tudo que eu disse, enquanto verifiquei se a garota continuava me olhando do outro lado da piscina, o que não deu outra.

  Me voltei para Solange, colando nossos corpos dancei com ela no ritmo quente da música, e claro, para completar à beijei.

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