A única maneira que Heitor conseguiu entrar na festa de lançamento da nova coleção de calçados da Ceus-pes, empresa criada por sua mãe, foi de forma disfarçada. Conseguiu entrar com os modelos que auxiliavam os convidados vips a experimentarem o calçado que gostassem para usar na festa.

Agradeceu por ter que usar máscara, assim o padrasto não o reconheceria até o sonhado momento em que ele faria todos saberem quem era Marcos, o seu padrasto e o Filho Julian, que haviam roubado o que era dele por direito, todos os bens que a mãe deixou depois do seu falecimento.

_ Eles pensam que eu vou ficar quieto, que eu não vou correr atrás do que é meu? Falou se misturando aos demais modelos quando viu Marcus e Julian chegarem a festa.  _ Hoje eu começo a minha vingança mamãe. Falou beijando a medalha que carregava no peito que continha a foto da mãe, a única lembrança que levou dela quando foi expulso de casa.

A mãe de Heitor morreu quando ele tinha dezesseis anos, vitima de uma doença misteriosa, e o padrasto ficou responsável pela sua guarda, mas assim que Heitor completou dezoito anos foi colocado para fora de casa sem direito a um centavo de toda a fortuna que a mãe construiu um dia. Teve que se virar com ajuda de amigos, mas nunca esqueceu de como foi tratado pelos dois, de todas as humilhações que passou enquanto morava na casa da mãe, e que lhe tomaram tudo que lhe pertencia. Jurou que um dia se vingaria e buscaria justiça, mas faltava dinheiro para pagar um bom advogado e conseguir provar que era o único Herdeiro da famosa marca de sapatos Ceus-pes. Nos últimos sete anos, tentou economizar, mas era difícil se manter. Entrou na faculdade, chegou a concluir o curso de administração, mas não conseguiu um emprego que pagasse o suficiente para tentar reaver o que era seu. Todos os advogados que procurou cederam às pressões de poderosos advogados Marcus e abandonam o caso e tentavam desanimá-lo, dizendo que não ele realmente não tinha direito a nada deixado pela mãe. Por esse motivo, Heitor queria contratar um advogado renomado, mas precisava de uma boa quantidade dinheiro e economizava tudo que podia, mas estava sendo difícil, pois estava trabalhando como motorista de aplicativo, não tinha carro proprio e usava um veiculo alugado, ganhando pouco no final das contas.

_ Que festa chata. Falo Sofia com Bruna, sua secretaria, que a estava acompanhado no lançamento da coleção de sapatos da Ceus-pes.

_ Você tem que estar aqui, é diretora de uma das principais empresa de moda do pais, e é sempre bom comparecer a esses eventos.Falou Bruna tentando animá-la.

_ Eu sei, mas eu detesto estar no mesmo ambiente que o Julian, a minha mãe fica querendo que eu tenho um caso com ele, que eu me case com ele para juntar as empresas, aumentar a fortuna, que saco! Desde que ele tentou me beijar a força, quero distância daquele homem... por que ela não casa a Débora com ele e me esquece? Débora é a filha preferida, a modelo de carreira internacional, mas que quer meu lugar na LaModa, que quer tudo o que é meu.

_Acame-se chefinha...

_ Eu estou cansada dessa história, e de ter que provar a minha competência só porque eu tenho 24 anos. Estou à frente e uma das maiores empresas de moda do país e ainda acham eu não sou capaz, que eu não tenho talento. Entrei na faculdade de moda com 17 anos, formei antes dos 22 e com 23 quando assumi a empresa que estava decadente, lançado três coleções de sucesso.

_ Muito sucesso, pois até as gringas estão usando as roupas criadas por você.

_ Pois é, mas sempre tem alguém criticando, minha mãe é a minha são as que me criticam, por isso fui morar sozinha.

_ Sofia, esquece esse assunto, pelo menos por enquanto, e experiente um desses sapatos maravilhos e confortáveis, sei que você ama sapatos, tem um closet lotado de sapatos, e olha, a coleção está linda. Falou Bruna mostrando o par de sapatos que escolheu.

_ Verdade, você tem razão, vou escolher o melhor par de sapatos, fazer presença por alguns minutos ir embora daqui a pouco levando o sapato para mim. Disse começando a olhar os sapatos disponíveis. _ Por favor, eu quero par no tamanho 36 desse modelo. Falou se aproximando de Heitor, que ainda distraído olhava para o padrasto. _ Ei, não escutou o que eu disse? Pergunto Sofia o encarando.

_ Desculpa. Pediu voltando a sua atenção para a mulher que falava com ele.

_ Pedi um tamanho 36 desse modelo. Pediu outra vez Sofia e Heitor observou a roupa que ela usava.

_ Acredito que aquele modelo combinará perfeitamente com a cartela de cores que a senhorita está usado e com seus acessórios. Sugeriu entregando para Sofia o outro modelo. Desde criança Heitor acompanhava a mãe à fábrica de sapatos e sabia como eram os processos criativos que ela usava e como combinar bem sapatos com roupas e acessórios. Sofia olhou para a sugestão de Heitor e chegou a conclusão que ele estava certo.

_ Gostei...pelo menos duas coisas se salvam nessa festa, você e esse lindo sapato. Elogiou se sentando para trocar o sapato que estava usando pela indicação de Heitor.

Julian assim que viu Sofia resolveu falar com ela, acreditava que poderia conquistá-la, e Heitor vendo ele se aproximar, abaixou nervoso temendo ser reconhecido, segurando o pé de Sofia que sentiu uma corrente elétrica percorrer seu corpo.

_ Eu ajudo a senhorita com o sapato. Falou retirando o sapato que Sofia usava e calçando ela com o sapato que escolheu.

_ Obrigada… agradeceu observando como Heitor era alto, e tinha o corpo forte. Não conseguia ver o seu rosto devido à máscara, mas ela queria muito vê-lo sem o acessório, desejava descobrir como ele era sem aquela máscara.

Quando Julian se aproximou para cumprimentar Sofia, viu o modelo que estava ajudando ela olhar rapidamente para ele e teve a impressão de que o modelo era Heitor, e Julian recuou para contar ao pai que ex enteado poderia estar infiltrado na festa.

Heitor sentiu as mãos de Sofia tocarem o seu rosto e ela começar a tirar a sua máscara, e ele olhou diretamente para ela pela primeira vez encantando-se com a sua beleza natural realçada pelo batom vermelho que ela usava.

_ Eu não sei porque, mas eu quero muito ver o seu rosto. Disse Sofia continuando o movimento para retirar a máscara, mas Heitor poderia deixa-la ver o seu rosto e por tudo a perder...

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E agora o que vai acontecer? Primeiro vislumbre do novo livro: O cinderelo, espero que gostem da história.

Heitor sentiu a mão macia de Sofia tocar o canto do seu rosto e por um instante não importava que ela tirasse a mascara do seu rosto, mas viu o padrasto surgir no campo da sua visão conversando com Julian e o trazendo de volta a realidade.

_ Não posso deixar que você tire a minha máscara. Disse se afastando dela.

_ O que? O som da música ambiente parecia mais alta e Sofia não entendeu o que Heitor disse.

_ Não posso mostrar o meu rosto. Heitor se levantou observando ao seu redor.

_ Por que? Questionou Sofia, mas Heitor observava de longe a conversa entre Marcus e Julian, pressentindo que havia sido reconhecido.

_ Você tem certeza que ele? Perguntou Marcus ao filho.

_ O olhar do Heitor é inconfundível, ele está ali perto da Sofia. Falou mexendo no celular enquanto Marcus olhava na direção de Sofia e Heitor teve certeza que havia sido descoberto. _ Olha, o meu informante disse que ele tentaria entrar na festa, com certeza é ele. Julian mostrou uma mensagem que havia recebido mais cedo para o pai

_ Você só viu essa mensagem agora? Marcus ficou bravo com o filho.

_ Estava ocupado cuidando da festa, jamais imaginei que esse idiota fosse aparecer hoje. Nao se preocupe papai, vou dar um jeito em tudo, vou chamar alguns seguranças...

_ Julian, temos que agir com calma, não quero nenhum escândalo nesta festa, pode prejudicial a nossa imagem. Marcus estava furioso, sabia que a presença de Heitor era perigosa.

Heitor viu Marcus e Julian se reunindo com dois seguranças e percebeu o que teria que adiar os planos de expor os dois na festa, precisava sair daquele lugar, não se daria por vencido, uma hora os dois receberiam o que mereciam por todo mal causado a ele e a mãe.

_ Eu preciso ir. Falou se afastando de Sofia que notou que ele havia ficado tenso olhando para trás. O seguiu com  o olhar vendo ele se esconder próximo a uma estante de sapatos percebendo que algo estava acontecendo.

Julian olhou na direção de Sofia e não viu mais o modelo que julgou ser Heitor.

_ Ele não está mais ali, com certeza Heitor percebeu que foi descoberto.

_ Se for ele, vamos encontrá-lo. Peça para vigiarem todas as saídas desse lugar. As ordens de Marcos foram imediatamente seguidas pelo chefe de segurança.

_ O que faremos com o meliante quando o encontramos? Perguntou o homem mal encarado que cuidava da segurança de Marcus.

_ Façam o que quiser com ele, desde que não envolvam o meu nome e o nome da empresa no meio. Falou Marcos olhando para os lados procurando por Heitor que analisava a movimentação dos seguranças, dois se posicionaram na entrada principal e quando pensou em ir para o vestiário e usar a saída dos fundos, já era tarde pois o chefe de segurança enviou mais seguranças para vigiar o lugar.

_ Droga, como ele pode ter me reconhecido? Se perguntava Heitor sem saber o que fazer.

_ Com problemas? Sofia se aproximou assustando Heitor que olhou novamente para ela vendo claramente o seu rosto bonito que o deixou tímido naquele momento.

_ É o que parece.

_ Se quiser, posso te ajudar.

_ Não sei como, eles estão vigiando todas as saídas.

_ Eu acho que não. Aparentemente esqueceram da saída de emergência. Falou apontando para a saída que estava do outro lado do ambiente. _ Pode ter um segurança do lado de fora para evitar a entrada de penetras, mas é melhor enfrentar um homem do que dois.  Heitor deduziu que aquela poderia ser a sua chance, mas não sabia como chegaria ao outro lado sem ser visto.

_ Obrigado pela dica.

_ De nada, eu gostei da indicação do sapato e eu não gosto dessas pessoas.

_ Somos dois. Falou estendendo a mão para ela e ao se tocarem um choque elétrico fez os dois se afastarem rapidamente. _ Eu preciso ir... Quando Heitor começou a se afastar, Sofia o puxou pela gola da camisa evitando que ele fosse visto por Julian que se aproximava. Se esconderam novamente atrás da estante de sapatos, ficando muito próximos um do outro. Sofia inspirou o cheiro de Heitor fechando os olhos, nunca havia se sentido tão atraída por alguém como estava por ele, ainda mais por não saber quem ele era, e sem ver o seu rosto, talvez fosse a sensação de perigo que cercava ele que tanto a atraía.

_ Obrigado mais uma vez, se um dia nos encontrarmos novamente, pode contar comigo para qualquer coisa. Heitor afastou-se de Sofia que sentiu que algo havia agarrado na sua pulseira

_ Hei, espera ... tentou falar chamar a atenção dele para o relicário preso a sua pulseira mas Heitor aproveitou que o meio do salão estava vazio e correu rapidamente em direção a saída de emergência chamando a atenção dos seguranças e dos convidados que assustaram se aglomerando retardando a ação dos seguranças permitindo que ele conseguiu sair pela porta de emergência. Empurrou a porta com força, derrubando o segurança no chão correndo em direção a rua adentrando no carro que usava como motorista de aplicativo. Abaixou-se dentro do veículo e ficou quieto para não ser visto. Heitor escutou os passos dos seguranças se aproximando. Fechou os olhos imaginado que o pior poderia acontecer naquele momento pois não conseguiu o trancar o carro quando entrou.

_ Conseguiram pegar ele? Escutou Julian gritar nervoso.

_ Ainda não senhor, estamos procurando...

_ Incompetentes, quero resultados agora vão, vão… quando pegarem aquele infeliz, eu mesmo vou quebrar a cara dele. Heitor teve vontade de rir, sabia que Julian era fraco, pois quando moravam juntos sempre brigavam, e mesmo Heitor sendo mais novo, Julian acabavam apanhando dele, e se não fosse pela interferência de Marcos que segurava Heitor para o filho bater, Julian nunca teria encostado um dedo nele.

Sofia observou o relicário de formas delicadas depois retirar o objeto que estava preso a sua pulseira. Abriu a joia encontrando a foto de uma mulher.

_ Bonita… quem será ele, e quem será essa mulher? Se perguntou guardando o relicário na bolsa, não sabia se voltaria a ver aquele homem, mas resolveu guardar o objeto para parecia ser importante.

Julian voltou para a festa indo atrás de Sofia que tomava um drink entediada pensando que já deveria ir embora.

_ Você conhece aquele cara? Está com ele, não é?  Julian perguntou segurando Sofia bruscamente pelo braço.

_ Aii, você está me machucando… Falou puxando o braço, conseguindo se soltar. _ Não sei do que está falando, fui atendida por um dos rapazes que estão trabalhando na festa e eu não o conheco...e você ,nunca mais toque em mim dessa forma. Falou levantando o tom da voz. _Tem muitos jornalista presentes neste lançamento, e garanto que eles adorariam saber que você é um merda assediador que sempre fica me importunando, que já tentou me beijar à força e agora está agindo com um brutamontes, me agredindo sem motivos…

_ Você não teria coragem.

_ Quer pagar para ver. Falou erguendo os braços. _ Um minuto de atenção de todos por gentileza… Falou alto deixando Julian furioso conseguindo chamar a atenção, afinal Sofia estava em alta, sempre presente nas revistas de moda devido ao seu talento evidente na condução da marca de roupas família.

_ O que você está fazendo? Perguntou abaixando o tom da voz. _ Tudo isso é ciumes porque eu já fiquei com a sua irmã… Sofia gargalhou na cara de Julian.

_ Por mim, pode se casar com a Débora, vocês dois combinam, são podres... Estou apenas mostrando que eu não tem medo de caras como você. Falou sorrindo debochada vendo Julian se afastar olhando na sua direção vendo ela ser cercada pelos jornalistas. _ Bem, eu so queria dizer para todos aproveitarem os sapatos, são de graça hoje. Disse sem deixar de encarar Julian.

Heitor esperou por alguns minutos e como não ouviu mais nenhum ruído do lado externo, levandou com cuidado para observar a rua que estava vazia. Sentou-se rapidamente no banco do motorista dando partida no veículo e indo embora.

Suspirou quando parou no sinal vermelho.

_ Eu cheguei tão perto hoje… eu ia expor eles para todo mundo... contar o que eles fizeram comigo, o que ele fazia com a minha mãe... mas ainda não acabou, eu vou provar que vocês me roubaram, que você Marcus, machucou a minha mãe… Heitor abaixou a cabeça no volante se lembrando de Sofia. _ Eu te devo uma, se nos encontramos novamente pode contar comigo... Suspirou sentindo um aperto no peito. _ Por que eu não consigo fazer nada contra eles, por que nada da certo para mim? Quando colocou o mão no pescoço, Heitor e se desesperou por não encontrar a corrente com o relicário que tinha a foto da mãe. _ Onde está...acendeu a lanterna do celular procurando dentro do veiculo o seu maior tesouro.   Começou a escutar buzinas dos carros que estava atrás dele vendo que o sinal já estava aberto, deu seta estacionando o carro próximo a calçada para continuar procurando pela foto da mãe. Revirou todo o carro, mas não encontrou o objeto se sentindo ainda mais frustrado, sem saber onde poderia ter perdido o relicário. Sentiu as lágrimas pesarem nos seus olhos, se entregando ao desespero que sentia naquele momento.

Heitor pensava em ir para casa depois de nada dar certo naquela noite, mas recebeu uma mensagem do dono do veículo alugava para trabalhar, cobrando o valor do aluguel que já estava atrasado.

_ Nossa… Esqueci disso. Mesmo querendo ir para casa, resolveu que trabalharia um pouco a noite para completar o dinheiro do aluguel que faltava, sentia-se esgotado, mas necessário pois não poderia ficar sem o carro para trabalhar. Abriu o aplicativo e a primeira corrida o fez rir de nervoso. _ Fala serio… eu tenho que voltar lá? O endereço para pegar a passageira era exatamente onde estava acontecendo o lançamento da Ceus-pes. Como o valor da corrida era bom, resolveu arriscar.

Sofia resolveu ir embora depois de discutir com Julian, e Bruna a acompanhou.

_ Tem certeza que você não quer te leve em casa. Perguntou mais uma vez para Bruna.

_ Não, eu moro do outro lado da cidade, como ainda está cedo e o motorista já aceitou a corrida, daqui a pouco estarei em casa.

_ E em quanto tanto é carro vai chegar?

_Chega em dois minutos, não se preocupe, pode ir tranquila..

_ Está bem, e por falar em motorista, vê se consegue alguém para substituir o seu Luiz o mais rápido possível, desde que ele se aposentou estou tendo que dirigir, e o tempo que gasto o da minha casa até a empresa poderia estar trabalhando, mas não, estou tendo que dirigir, e eu detesto dirigir pela manhã.

_ Está bem... o problema é que não estou encontrando alguém que aceite trabalhar nos moldes que você quer, que possa ficar disponível pela mesma quantidade de horas que você trabalha. Deveria trabalhar menos, ter vida social como as pessoas normais... Sofia encarou Bruna que sorriu.

_ Mas eu sei que você vai encontrar alguém que aceite trabalhar para mim. Se cuida. Falou entrando no carro e partindo.  Um minuto depois, o carro que Bruna havia pedido se aproximou. .

_ Boa noite. Cumprimentou ao entrar.

_ Boa noite senhorita. Cumprimentou Heitor arrancando a mais rápido possível, pois não queria correr o risco de ser visto. Dirigia enquanto Bruna mexia no celular. Parou o carro esperando um cachorro que mancava atravessar a rua correndo.

_ Você dirigi com cuidado. Comentou Bruna diante do seu gesto.

_ Tenho que dirigir...pela nossa segurança, pela segurança dos pedestres, dos animais que estão na rua por causa de pessoas irresponsáveis, e esse carro não é meu, então são muitos fatores que me fazem ser cauteloso. Bruna ficou interessada no que disse Heitor e resolveu conversar com ele.

_ Bom, e eu concordo com você em tudo, e detesto ver animais abandonados. Se as pessoas sabem que não vão dar contar de cuidar desse seres maravilhoso, para que pegam para criar e abandonam na rua depois?

_ Também não entendo, deixá-los sem um lar, sem amor, sem comida sujeitos a diversos tipos violência, eles não são nós que podemos fazer escolhas, nos defender... Eu cresci com um amigo peludo, e ele foi tirado de mim... quando eu mais precisava dele, doeu muito. Heitor lembrou que quando a mãe morreu, Marcus se desfez do cachorro que ele tinha desde criança e ele nunca soube que fim teve o cachorro, não gostava de imaginar o que Marcus tinha feito, já bastava a dor que sentia quando lembrava das vezes que Marcus batia na sua mãe.

_ Minha chefe tem um labrador lindo e amável, mas ele não gosta de quem não gosta dela.

_ Eles sentem o perigo, sabem quem gosta da gente.

_ Heitor, não é? Perguntou depois de conferir o nome dele no aplicativo.

_ Sim.

_ Prazer, eu sou a Bruna, com deve saber por causa do aplicativo... eu posso te fazer algumas perguntas?

_ Pode... Heitor ficou curioso._ E claro, prazer em conhece-la, Bruna...

_Você gosta de ser motorista?

_ É o que paga as minha contas, posso dizer que gosto.

_E quantas horas você trabalha por dia?

_ Depende, mas com tem sido difícil, as vezes rodo mais de doze horas por dia. O aluguel do carro não é barato, por isso tenho que trabalhar mais.

_ Você teria interesse em trabalhar de carteira assinada, como motorista. Garanto que o salario é bom e provavelmente vai trabalhar menos horas por dia, apesar que precisar ter certa disponibilidade para atender a minha chefe. Trabalho seria de segunda a sexta e as vezes aos sábados. Heitor sentiu que aquela poderia ser uma boa oportunidade para ele dependendo do salário, e poderia continuar trabalhando nos finais de semana com o aplicativo de transporte, e assim conseguiria juntar dinheiro mais rapidamente para pagar um bom advogado para provar que Marcus estava usufruindo dos bens que pertenciam somente a ele.

_ Eu tenho interesse.

_ Vou te dar o meu cartão, na segunda você me liga bem cedinho que eu vou agendar uma entrevistar para você na empresa. Falou estendendo um cartão para Heitor._ E se o salário te interessar, poderemos ser colegas de trabalho...

_ Lamoda…

_ É muito bom trabalhar para a minha chefinha,o problema é que ela trabalha de mais para a idade que tem.

_ Eu ligarei na segunda. A resposta de Heitor animou Bruna. Depois de encerar a corrida, Heitor fez mais três corridas naquela noite e resolveu ir para casa, pensando na oportunidade de trabalho ofertada por Bruna.