Finalmente era domingo, um dia muito especial para Aura. Já que era neste dia que sua mãe vinha visitá-la no orfanato.
Ela estava bastante animada, como de costume, tomou o melhor banho que podia, vestiu sua melhor roupa e penteou seus cabelos grossos e escuros.
Assim que terminou se olhou no espelho e abriu um largo sorriso, a seguir pegou o frasco de perfume que sua mãe tinha lhe dado alguns anos.
Porém, ficou desesperada ao ver a quantidade insignificante de líquido no frasco. A seguir foi tomada pelo desânimo, pois sabia que sua mãe provavelmente não teria condições de comprar outro perfume igual aquele.
— Foi bom enquanto durou... — falou Aura, enquanto borrifava as últimas gotas do perfume em seu pescoço.
Assim que terminou, colocou dentro de sua gaveta como de costume e desceu diretamente para a sala do orfanato, onde eram recebidas todas as visitas.
Na sala Aura não parava de olhar eufórica em direção a porta, ela não via a hora delas se abrirem. Alguns minutos depois, o seu dejesi finalmente aconteceu. as portas do orfanato se abriram, dando passagem a uma mulher que usava uma blusa e uma calda jeans simples e já meio gasta pelo tempo.
Assim que viu Lara, Aura baoy esperou e correu para abraçar sua mãe.
— Aí meu Deus Aura, como você está forte! — falou Lara impressionada.
— Me desculpa mamãe e que já faz algum tempo — falou Aura enquanto se afasta de sua mãe.
Lara apenas sorrir para a filha.
— O tempo vôo muito rápido, a pouco tempo você mal cabia na palma da minha mão, era tão frágil que tinha medo de te machucar — Falou Lara, enquanto colocava suas mãos sobre o rosto da filha.
— Mas agora as coisas são diferentes mamãe, logo logo vou completar meus 16 anos! — falou Aura Animada.
— É mesmo... É daqui a um mês— Falou Lara bastante pensativa.
Lara estava visivelmente preocupada com alguma coisa, mas para que sua filha não notasse sua preocupação, resolveu rapidamente muda de assunto.
— Mamãe... Sabe, como você mesma disse já sou um pouco mais forte e consigo me virar... — Aura fez uma pausa pois estava com receio do que estava prestes a falar.
— Pode continuar filha — Lara encorajou sua filha.
Aura respira fundo, fecha os olhos em seguida olha firme para os olhos verdes de sua mãe.
— Mãe, quero morar com você! — Falou Aura determinada.
Lara levou um enorme espanto, mas depois se recompõe do susto.
— Aura, já falamos sobre isso... Não é possível. Não posso te dar tudo o que o orfanato está te oferecendo, além de que não conseguiria viver na dura realidade que eu vivo lá fora! — Argumentou Lara.
— Mas você disse que estou cada vez mais forte! — Rebateu Aura.
— Força física, mas para viver lá fora na realidade que vivo precisa muito mais do que isso Aura — explicou Lara.
— Eu entendo... — falou Aura desaminada.
Aura se vira cabisbaixa. Lara ao perceber a tristeza de sua filha, se aproximou levou suas mãos ao queixo dela e levantou o rosto de Aura.
— Não fique assim filha, um dia vamos morar juntas. Até lá, fique no orfanato aqui é muito mais seguro — falou Lara na tentativa de consolar sua filha.
— Se a senhora diz... — falou aula ainda cabisbaixa.
— Vamos esquecer esse assunto, vamos aproveitar o dia. O que acha de um sorvete? — Lara abriu um sorriso confiante e cheio de esperança.
Não demorou muito, logo Aura se contagiu com o sorriso da mãe e respondeu animada.
— Por quê não? — Respondeu Aura enquanto abria um sorriso.
Lara, levou sua filha a um shopping que ficava perto do orfanato, chegando lá foram diretamente para a sorveteria.
Assim que entraram no ambiente, algumas pessoas olharam que estavam ali, laçaram olhares cheios de desprezo para mãe e filha por causa de suas roupas gastas.
Porém Lara não se importou em nada, continuava de cabeça em pé e firme. Afinal o que importava ara cada segundo com sua filha, e isso ela não trocaria por uma discussão boba com pessoas que sequer valeriam apena gastar a saliva.
— Se quiser podemos ir a outro lugar mamãe — Falou Aura em tom baixo para não ser escutada pelos clientes da sorveteria.
— Esse lugar está ótimo minha filha — Falou Lara firme.
As duas seguiram em direção ao balcão, pegaram os sorvetes e se deram em uma das mesas que tinha em frente a sorveteria.
Aura aproveita para comer o sorte, enquanto isso Lara apenas observa sua filha da ponta do fio de cabelo até o pé.
Estava muito orgulhosa como tinha crescido rápido. Contudo, se lamentava por não ter cuidado dela do início ainda quando era uma pequena bebê. Lara desejava ter visto o momento que sua filha abriu os olhos, suas primeiras palavras, seus primeiros passos.
Porém, o destino tirou tudo isso dela. Mesmo assim estava muito agradecida por essas poucas horas que ficava ao lado da filha.
Enquanto observa Aura, logo um pensamento veio como uma flecha na mente de Lara, juntamente uma preocupação assombrosa.
Logo Aura completaria 16 anos, o que significaria que as coisas mudariam para sempre em sua vida. Aura foi criada como uma garota normal, e vivia como tal. Mas logo isso estava prestes acabar, apartir do momento que ela se transformasse pela primeira vez...
"Preciso fazer algo urgente e evitar que isso aconteça" — pensamentos de Lara.
As horas se passaram, finalmente a noite caiu na cidade. Mãe e filha então caminharam em direção ao portão do orfanato, lugar onde seus caminhos se dividiriam mais uma vez.
— Então é isso... — falou Lara olhando diretamente para os olhos verdes da filha.
Aura por sua vez, desviou o olhar e olhou para o orfanato. Depois voltou sua atenção para sua mãe, e lançou um olhar triste.
— Tem certeza que que não posso ir com você? — falou Aura bastante desanimada.
— Você sabe que não, mas... Próxima semana voltou para te ver como sempre — falou Lara na tentativa de consolar sua filha.
Lara beijou a testa de sua filha, em seguida caminhou para longe do orfanato. Aura acompanha sua mãe com os olhos até que suma completamente de seu alcance. Por fim segue cabisbaixa de volta para o orfanato.
Assim que entrou no local, encontrou com a freira responsável pelo orfanato.
— Aura, estava esperando por você — falou ela calmamente.
A freira fez um gesto com a mão, chamando Aura para se aproximar do sofá. Ela por sua vez, se aproxima lentamente e se senta ao lado da freira.
— O que deseja? — Perguntou Aura receosa.
— Minha menina, há muito tempo que tenho observando você e sua mãe. Por anos segurei sua adoção, na esperança que as coisas melhorassem e que finalmente morasse com ela... Porém, nada mudou. Todos os domingos a noite você volta do mesmo jeito... Isso precisa acabar — falou a freira.
— Aura o que quer dizer? — Perguntou Aura aflita.
— Aura, minha querida. Apesar da sua idade tem um bom casal que quer te adotar. Eles viram te ver na próxima semana, se tudo der certo você terá uma família! — falou a freira animada
Ao ouvir as palavras da mulher, Aura se levantou assustada.
— Eu não quero outra família! Eu quero minha mãe, ela é minha família!!! — gritou Aura desesperada.
— Aura, eu sei que não é fácil. Lara nunca vai deixar se ser sua mãe, mas você precisa de uma família de verdade! — explicou.
— Não, não, não! Por favor eu sei que ela vai conseguir senhora, só dê mais tempo a ela! — Falou Aura implorando.
— Lara tem todo tempo do mundo minha filha, mas você não. Logo vai se tornar uma mulher e precisa aproveitar essa oportunidade! — Explicou a freira.
— Não, eu não quero outra família! — gritou revoltada.
Aura então correu em direção as escadas, que levavam para o andar superior do orfanato. Depois se trancou em seu quarto e fechou a porta na chave.
Aura passou o resto dos dias da semana, bastante preocupada com a adoção. Ela amava sua mãe Lara, e acreditava cegamente que um dia ambas viveriam Juntas como uma família. Por isso não aceitava, de jeito nenhum, que outra família ocupasse o lugar dela.
Mal sabia ela, que mudaria sua opinião tão rapidamente...
Finalmente era domingo, como de costume, Aura se arrumou para receber sua mãe. Aura, estava determinada a fugir com Lara, para longe do orfanato. O problema seria convencê-la aceitar.
Assim que Lara entrou pelas portas do orfanato, sentiu algo estranho ao ver a filha.
— Aura, seu perfume... Por acaso terminou? — falou Lara com um olhar desconfiado.
Assim que ouviu as palavras de sua mãe, Aura arregalou os olhos. Ela estava incrédula como Lara tinha descoberto isso, afinal tinha pegado um perfume exatamente igual emprestado de uma colega do orfanato.
— Claro que não, mamãe — respondeu Aura nervosa.
Mentiu ela, pois não queria incomodar sua mãe com um assunto tão banal.
— Sei... Se acha que essa imitação barata pode superar meu perfume, está muito enganada mocinha — falou Lara com uma de suas sobrancelhas erguidas.
A seguir ela abriu a bolsa e tirou um pequeno frasco e entregou para sua filha. Aura, por sua vez recebeu o frasco incrédula.
— Eu não sabia... Você criou esse perfume? — perguntou ela chocada.
Ao ouvir a pergunta da filha, Lara visivelmente fica nervosa. Porém, resolveu dar uma explicação superficial sobre o tal "perfume".
— Bem... Digamos que tenho alguns conhecimentos com ervas... Quer dizer... Não foi difícil... Mas vamos esquecer isso. Vamos, coloque o perfume... Você não pode sair comigo sem usá-lo.— Falou Lara nervosa.
Aura obedeceu sua mãe e colocou de imediato o perfume, mesmo sem entender o que tinha de diferente entre o perfume que tinha pegado emprestado e o que tinha sido feito por sua mãe. Para ela ambos eram iguais.
Assim que terminou, saíram para dar uma volta na cidade. Em seguida, foram diretamente para o shopping. Chegando lá, Lara, levou sua filha diretamente para uma área de vestidos e joias.
— O que estamos fazendo aqui? — perguntou Lara.
— Eu não sei... Já pensou o que vai querer de aniversário? — perguntou Lara enquanto erguia uma das sobrancelhas.
— Não... Mas provavelmente não séria aqui onde encontraríamos um presente. Tudo é muito caro! — Argumentou enquanto apontava para um vestido na vitrine que custava 700 dólares.
— Minha mãe... Sempre me dizia para sonhar alto. Quem sabe você possa ganhar um desses vestidos no seu aniversário... Afinal, milagres existem — falou Lara enquanto olhava para sua filha.
— Bem... Acho que só um milagre mesmo — falou cabisbaixa. Lara olhou de relance para a filha, em poucos segundos conseguiu jogar que algo estava errado com Aura.
Foi então que resolveu levá-la para a sorveteria e arrancar tudo que estava passando pela cabeça de Aura. Chegando lá, Lara escolhe a mesma mesa da semana passada. Após alguns minutos de silêncio, Lara resolveu fazer a pergunta.
— O que aconteceu filha? Eu notei... Tem algo acontecendo... quer falar o que é? — perguntou Lara preocupada.
Aura estava devorando uma tigela de sorvete, mas assim que sua mãe falou ela parou, suspirou e em seguida resolveu falar.
— Mãe, a freira responsável pelo orfanato... Disse que tem uma família que quer me adotar — falou Aura com um olhar angustiado.
— Bem... Isso é bom — respondeu Lara.
— Como assim mamãe?! Acabei de falar que tem uma família querendo me adotar, e a senhora simplesmente diz "Isso é bom"? — respondeu Aura indignada.
— Aura, entenda minha filha... Você está crescendo e logo vai virar uma mulher. Precisa saber o que realmente é uma família de verdade, de pessoas que estejam presentes todos os dias. Eu não posso fazer isso — Falou Lara enquanto segurava as mãos de sua filha.
— Mas eu não quero outra família, mamãe... Por favor, me leve com a senhora hoje, quero fugir do orfanato e morar com você.
— pediu Aura quase implorando. As lágrimas rolam pelos olhos de Lara, pois ela realmente queria atender a filha. Contudo, isso não era possível.
— Por favor, Aura, me perdoe... Mas, não posso por mais que eu queira... é complicando… Espero que entenda — falou Lara entre lágrimas.
Aura fica em silêncio, ela estava tão triste que as palavras simplesmente sumiram de sua boca.
A noite finalmente caiu sobre a cidade, a lua cheia estava muito linda e brilhante. Enquanto isso, Lara, caminhava juntamente com sua filha em direção ao orfanato.
Porém, antes que Aura pudesse entrar no ambiente, sua mãe segurou seu braço. Agora, Aura quase saltou de alegria, pois em sua mente estava imaginando que Lara teria mudado de ideia.
— Aura, espere... — Falou Lara. Aura se virou com os olhos brilhantes e cheios de esperança. Lara, por sua vez, levou suas mãos até seu pescoço e retirou um pingente e entregou para filha.
— Fique com isso, para não se esquecer de mim — Falou Lara enquanto colocava o objeto nas mãos da filha.
A seguir, ela caminhou para longe do orfanato. Aura, acompanha com os olhos, mas logo desvia sua atenção para o pingente que tinha em sua mão. Neste momento seus olhos cresceram ao ver que o pingente, era feito completamente de ouro puro e nele tinha o sol esculpido.
" Isso deve custar uma verdadeira fortuna. Como minha mãe conseguiu esse pingente?" — pensou Aura.
Foi então que desconfiada, resolveu seguir sua mãe. Aura olha de relance para o orfanato, depois saiu correndo na direção em que sua mãe com cautela e cuidado para não ser pega.
Para mais, baixe o APP de MangaToon!