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Um Pai Para Minha Filha: Uma História Sobre O Que Já Era Antes Mesmo De Ser

A promessa

Helena estava radiante naquela manhã ensolarada de sexta-feira. Ela finalmente havia conseguido passar no vestibular de medicina, algo que ela sonhava desde a adolescência. Com 18 anos recém-completos, ela sentia-se a pessoa mais feliz e realizada do mundo.

Ela saiu da universidade e correu para casa para contar a novidade para a mãe e a irmã, que sempre a apoiaram em seus sonhos. Mas ao chegar em casa, percebeu que algo estava errado. A casa estava silenciosa e não havia ninguém lá dentro. Preocupada, ela começou a procurar por sua mãe e irmã, mas não conseguia encontrá-las em lugar nenhum.

Foi então que ela recebeu a notícia mais trágica de sua vida: sua irmã e mãe haviam morrido em um acidente de carro. E para piorar a situação, sua sobrinha, que nem tinha completado um ano ainda, havia sobrevivido e estava sob seus cuidados.

Helena ficou arrasada. Ela não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo com ela. Mas ela sabia que precisava ser forte pela sobrinha. Então, ela colocou toda a sua vida em espera para cuidar da menina. Ela passou a ser a mãe, a irmã e a amiga da pequena, e mesmo com todas as dificuldades, ela nunca desistiu.

Aquele dia que começou tão feliz, tornou-se o mais triste da vida de Helena. Mas a partir daquele momento, ela prometeu a si mesma que faria de tudo para proporcionar uma vida feliz e saudável para sua sobrinha, mesmo que isso significasse adiar seus próprios sonhos.

...- 3 anos depois -...

Helena: [Entrando no quarto da sobrinha e acendendo a luz] Beatriz, acorda! Estamos atrasadas para a escola e o trabalho.

Beatriz: [Sonolenta] Só mais cinco minutinhos, mamãe.

Já faz um tempo desde que a pequena pediu para lhe chamar de mãe apesar dela sempre ter lhe explicado sobre sua irmã, e ela aceitou, afinal ela era sua mãe mesmo no fim das contas.

Helena: [Suspirando] Desculpe, meu amor, mas não temos tempo para isso. Você precisa se vestir e tomar café da manhã.

Beatriz: [Sentando-se na cama] Tudo bem, mamãe. Eu vou me vestir.

Helena: [Começando a ajudar a filha a se vestir] Rápido, querida. Precisamos sair daqui em 10 minutos.

Beatriz: [Vestindo a roupa e bocejando] Eu estou com sono, mamãe.

Helena: [Colocando os sapatos da filha] Eu sei, meu amor. Mas temos que ir. Eu prometo que você pode dormir mais cedo hoje à noite.

Beatriz: [Suspirando] Tudo bem, mamãe.

Helena: [Pegando a mochila da filha] Pronto, filha. Agora vamos tomar café da manhã.

Beatriz: [Caminhando com a mãe até a cozinha] O que vamos comer, mamãe?

Helena: [Preparando o café da manhã] Vamos ter torradas e suco de laranja.

Beatriz: [Sorrindo] Adoro torradas e suco de laranja.

Helena: [Dando um beijo na filha] Que bom, meu amor. Agora coma rápido para podermos ir.

Beatriz: [Comendo apressadamente] Eu estou com fome, mamãe.

Helena: [Sorrindo] Eu sei, meu amor. Mas agora temos que ir.

Beatriz: [Terminando o café da manhã e pegando a mão da mãe] Vamos, mamãe.

Helena: [Saindo da cozinha e indo em direção à porta da frente] Isso mesmo, filha. Vamos logo.

A escola dela não é tão longe de casa, e as duas começam a andar apressadas, Helena carregando a mochila de beatriz em uma mão e segurando sua mão na outra.

Beatriz: [Caminhando aos tropeços] Eu posso dormir no colinho mamãe?

Helena: [Pegando a filha no colo] Tudo bem, meu amor. Durma um pouco.

Beatriz: [Fechando os olhos] Boa noite, mamãe.

Helena: [Rindo] Boa noite, filha. Mas ainda é bom dia!

15 minutos depois Helena em frente à creche acordou Beatriz e a colocou no chão. Ao entrarem no prédio, foram recebidas pela educadora, que as cumprimentou sorrindo.

Educadora: Bom dia, Helena! Bom dia, Beatriz! Como vocês estão?

Helena: Bom dia! Desculpe o atraso [respondeu Helena, um pouco ofegante] Estamos um pouco atrasadas hoje.

Educadora: Sem problemas, Helena. Vamos lá, Beatriz. Vamos encontrar seus amiguinhos [disse a educadora, pegando na mão da menina.]

Beatriz segurou a mão da educadora e, antes de sair, olhou para trás e acenou para a mãe. Helena acenou de volta, sorrindo, e assistiu enquanto a educadora levava sua filha para a sala de aula. Com um suspiro de alívio, Helena seguiu para a cafeteria onde trabalhava, se preparando para enfrentar o seu dia agitado.

40 minutos depois ela entra na cafeteria onde trabalha e cumprimenta sua amiga que já estava a todo vapor com a cafeteria cheia de clientes esperando para tomar o café da manhã.

Helena: [Entrando ofegante na cafeteria] Desculpe, pessoal! Eu sei que estou atrasada.

Carla: [Sorrindo] Sem problemas, amiga! O importante é que você está aqui agora.

Helena: [Agradecida] Obrigada pela compreensão. Eu estou pronta para começar.

Carla: [Passando-lhe um avental] Vamos lá, então! Temos muitos clientes esperando.

Enquanto Helena trabalha, o gerente chato da cafeteria se aproxima.

Flávio: [Fazendo uma cara de desaprovação] Helena, você está atrasada, veio a pé de novo? Isso não pode continuar acontecendo.

Helena: Desculpe, senhor. Houve um imprevisto.

Flávio: [Criticando] Não quero desculpas. Eu espero que você esteja disposta a fazer horas extras para compensar pelo atraso.

Carla: [Interrompendo] Senhor, não é justo culpar a minha colega. Ela está trabalhando duro para atender aos clientes.

Flávio: [Irritado] Eu sou o gerente e estou dando ordens aqui. Se você não pode seguir as regras, pode procurar outro emprego.

Carla: [Sarcástica] Ok, senhor. Vou procurar outro emprego agora mesmo.

Flávio: [Ficando vermelho] Agora?! Mas você mal começou o turno e a cafeteira está lotada!

Carla: [Fazendo cara de desentendida] Bem se o senhor pedir eu fico…

Flávio: Fique! Err… por favor.

Carla: Como quiser senhor. [Vira-se para Helena e sussurra] Não se preocupe, amiga. Ele é sempre assim.

Flávio sai um pouco confuso e volta para sua sala. Ele nunca foi muito esperto e os funcionários simplesmente não conseguem respeitá-lo. Sinceramente, se ele não fosse irmão de um dos sócios nunca seria gerente.

Helena: [Agradecida pela troca de assunto] Obrigada. Eu vou compensar pelo atraso, eu prometo.

Carla: [Sorrindo] Não se preocupe com isso agora. Vamos nos concentrar em fazer um bom trabalho e atender aos nossos clientes da melhor forma possível.

Helena concorda com a cabeça, grata pela solidariedade da colega de trabalho. Ela tenta esquecer o gerente chato e trabalhar o mais duro possível para compensar pelo seu atraso. Juntos, eles conseguem manter a cafeteria funcionando bem durante o resto do dia, apesar do começo tumultuado. Até que uma visita inesperada aparece.

Maria: [entrando na cafeteria e sorrindo] Olá, pessoal!

Todos: [sorrindo de volta] Olá, Maria!

Helena: [olhando para a dona da cafeteria e sorrindo] Olá, Maria. Que surpresa agradável!

Maria: [caminhando em direção a Helena] Helena, como vai?

Helena: [sorrindo] Estou bem, obrigada. E você?

Maria: [sorrindo] Estou ótima! Só vim dar uma passadinha para ver como anda tudo por aqui e resolver umas pendências com o Flávio.

Helena: [mostrando a cafeteria] Tudo está indo muito bem, obrigada. Os clientes estão gostando do nosso café e dos nossos lanches.

Maria: [olhando ao redor e elogiando] Que bom! E você está fazendo um ótimo trabalho cuidando de tudo como sempre, Helena. Estou muito feliz em ter você aqui na equipe.

Helena: [sorrindo] Obrigada, Maria. Eu também estou muito feliz em trabalhar aqui.

Maria: Bom, vou lá tratar de negócios com o cha… Flávio. [E dá uma piscadinha enquanto vai em direção ao escritório]

Helena só consegue pensar em como é bom ter ela no trabalho, as duas criaram um forte laço nesses anos que Helena trabalhou aqui. Ainda se lembra da noite em que estava desesperada por qualquer emprego com Bia dormindo em seus braços e Maria, sem hesitar a deu um emprego bom na cafeteria.

Desde então ela passou por diversas funções dentro da cafeteria e aprendeu de tudo, até corrige os dados e controle de estoque que o Flávio deixa passar. Ela sabe que Maria confia muito nela para manter tudo funcionando e em ordem.

Alguns minutos depois o Flávio aparece com uma cara esquisita, como se não quisesse fazer oque veio fazer, mas precisasse.

Flávio: Helena, a Maria que falar com você.

Carla: [Tomando as dores da amiga]Poxa Flávio, achei que a gente já tinha se resolvido.

Helena: Tudo bem amiga. [Se dirigindo até o escritório].

Flávio a acompanha de perto. Desconfortável com as insistentes tentativas de aproximação dele, Helena apressa o passo para chegar no escritório com Maria o mais rápido possível.

Maria: Imagino que você não faça ideia de por quê foi chamada aqui não é?

Helena: Se for pelo atraso eu já pedi desculpas e posso fazer hora extra.

Maria: O que? De forma alguma, já disse para o Flávio parar de te encher com essas picunhinhas [E olha para ele desapontada].

Flávio se mexe desconfortável. Maria é a única pessoa que ela já viu conseguir impor alguma autoridade em cima dele, mas ela suspeita que o irmão dele também deva ter alguma influência, apesar de nunca o ter conhecido nesses 4 anos.

Maria: Vou ser breve pois temos muito o que fazer. Estamos abrindo uma nova filial em outro estado e precisamos da ajuda do Flávio para treinar a nova equipe. Sendo assim ele passará no mínimo 1 ano para treinar o novo pessoal e acompanhar o progresso da equipe nesse primeiro momento. E como vamos ficar sem gerente, uma vaga foi aberta e eu pensei que você seria uma excelente substituta já que entende como tudo funciona por aqui.

Helena fica em choque, nunca imaginou que essa oportunidade pudesse ser dada a ela.

Maria: Você está interessada?

Helena: Claro! Com toda certeza. Mas Maria, eu não tenho formação em administração e também tem a Bia, você sabe…

Maria: Se tem alguém que é capaz de lidar com tudo isso é você. Já pensei em tudo. Você trabalha meio expediente, durante a manhã que é o pico, cuida da Bia à tarde e estuda à noite. Já fiz sua matrícula na melhor universidade de administração e não se preocupe que já foi tudo pago. Também receberá um aumento de salário além de outros benefícios como creche, um carro e plano de saúde.

Helena: [Com lágrimas nos olhos] Muito obrigada Maria. Eu aprecio muito isso, não vai se arrepender de me dar essa oportunidade, pode ter certeza!

Maria: [dando um abraço em Helena] Continue assim, minha querida. E se precisar de algo, não hesite em me procurar.

Enquanto isso, Flávio observava a cena com um ar de desaprovação, mas Helena não deixou que isso afetasse o seu bom humor e o seu desempenho no trabalho.

Parece que finalmente ela poderia dar uma vida melhor para sua filha.

O primeiro dia

Foi preciso uma semana para Helena pegar o jeito de toda a parte administrativa, e com a faculdade ela tinha certeza que conseguiria melhorar muita coisa e trazer resultados ainda melhores para a cafeteria.

A rotina dela e de Bia já estava entrando no eixo. Elas se mudaram para um locais mais próximo do trabalho de Helena e Bia ficou bem empolgada em fazer novos amigos na nova escolinha.

Beatriz: Mamãe, eu estou muito animada para ir na escola nova amanhã!

Helena: Que legal, filha! Por que você está tão animada?

Beatriz: Porque a tia Ana disse que vou aprender muitas coisas novas, brincar com novos amiguinhos e fazer muitas atividades legais!

Helena: Que bacana, filha! Fico feliz que esteja empolgada. Você já conheceu a professora?

Beatriz: Não, mamãe. Mas acho que ela deve ser legal.

Helena: Tenho certeza que ela é muito legal, filha. E você vai fazer muitos amigos novos também.

Beatriz: Eu espero, mamãe! Vou tentar ser amiga de todo mundo.

Helena: Isso mesmo, filha. Ser amiga de todo mundo é muito importante. E você já escolheu a sua roupa para a escola amanhã?

Beatriz: Sim, mamãe! Eu quero usar o meu vestido novo rosa que você me deu. Eu acho que a professora vai gostar.

Helena: Tenho certeza que você vai ficar linda com o seu vestido rosa, filha. E agora é hora de dormir, para acordar bem cedo amanhã para a escola.

Beatriz: Tudo bem, mamãe. Boa noite!

Helena: Boa noite, filha. Durma bem e sonhe com a sua nova escola!

Helena Apaga luz e encosta a porta do quarto de Beatriz e vai para a sala arrumar algumas coisas. A casa nova é um pouco maior que a que elas moravam, mas o aluguel é um pouco mais caro por ser perto do centro. Ainda assim foi a única opção viável para ela conseguir trabalhar e deixa Bia na escola sem tomar tanto tempo do seu dia já que entrar em um carro estava fora de cogitação.

Desde o acidente ela nunca mais conseguiu entrar em um veículo sequer com medo de morrer e deixar Bia sozinha nesse mundo. É verdade que a nova casa ficava longe da faculdade, mas tinha linha direta pelo metrô que ela pegaria até lá.

Ela não contou à Bia, mas ela também estava bastante empolgada pelo início das aulas. Helena não podia acreditar que no meio de tanta dor ainda pudesse ficar feliz assim.

Arrumou as compras que tinha feito então e se preparou para dormir, com a certeza de que amanhã tudo em sua vida estaria quase perfeito.

...-No dia seguinte-...

Mas ela não conseguiu dormir. A ansiedade e a expectativa a deixaram com os olhos abertos a noite toda. E se ela fizesse papel de boba na sala de aula? E se ninguém quisesse fazer grupo com ela por ser mais velha e mãe solteira? E se ela fosse burra a ponto de passar vergonha?…

Pensamentos como esse a fizeram se revirar na cama a noite toda e quando ela decidiu levantar estava com olheiras imensas.

Helena: [Falando consigo mesma no espelho] Pelo menos eu terei tempo de consertar essa cara de derrotada.

E colocou as mãos à obra. Tomou um banho, preparou o café da manhã e a lancheira de Beatriz. Se maquiou e ajeitou os cabelos, só iria se vestir depois de arrumar a filha para não correr o risco de se sujar com nenhum cereal voador.

Helena: [Entrando no quarto da filha e acendendo a luz] Bom dia, minha princesa! Hoje é o seu primeiro dia de escola.

Beatriz: [Sonolenta] Bom dia, mamãe. Já? Eu não quero ir para a escola.

Helena sabia que isso ia acontecer.

Helena: [Sentando-se na cama ao lado da filha] Eu sei que você está um pouco nervosa, mas a escola é um lugar muito legal. Você vai conhecer novos amigos e aprender muitas coisas novas.

Beatriz: [Sentando-se na cama] Mas e se eu não gostar dos meus amigos?

Tem certeza que não é minha filha biológica? Pensou Helena.

Helena: [Sorrindo] Não se preocupe, meu amor. Tenho certeza que você vai adorar todos eles. E se por acaso não gostar, a mamãe sempre estará aqui para você.

Beatriz: [Suspirando] Tudo bem, mamãe. Eu vou para a escola.

Helena: [Abraçando a filha] É isso aí, minha corajosa! Agora vamos tomar café da manhã e se arrumar.

Beatriz: [Sorrindo] Ok, mamãe.

Helena: [Pegando a mão da filha e caminhando até a cozinha] Eu preparei pão de queijo para gente comer.

Beatriz: [Sorrindo] Eu adoro pão de queijo.

Helena: [Colocando um babador em Bia] E eu adoro você, minha princesa.

Beatriz: [Abraçando a mãe] Eu também te amo, mamãe.

Helena: [Retribuindo o abraço] Agora coma rápido para podermos nos arrumar.

Beatriz: [Comendo apressadamente] Eu estou com fome, mamãe.

Helena: [Sorrindo] Eu sei, meu amor. Mas logo você estará na escola e poderá almoçar com seus novos amigos.

Beatriz: [Terminando o café da manhã e pegando a mão da mãe] Vamos, mamãe. Quero conhecer a minha escola nova.

Helena: [Caminhando até o quarto da filha] Claro, minha corajosa! Vamos escolher a sua roupa para o primeiro dia de aula.

Beatriz: [Rodopiando] Tô linda mamãe.

Helena: [Rindo] Tá sim filha.

Beatriz: [Puxando Helena pela mão] Agora é a vez da mamãe, vamos se arrumar.

Helena ri achando graça que Beatriz queira fazer ela de boneca que nem ela faz com a filha, e se deixa ser levada até seu quarto.

Chegando lá as duas começam a escolher e descartar roupas e chegam juntas a um consenso, já que Helena se recusou a usar as orelhas de coelhinho que Bia queria tanto que ela usasse garantindo sucesso na certa.

Beatriz: [Batendo palmas] Ta linda mamãe!

Helena: Obrigada filha. Vamos lá então?

Beatriz: Oba! Vamos sim!

Levaram 5 minutos para chegar na creche e de lá Helena levou mais 10 para a cafeteria.

Juliana: [Debochada] Que é isso chefinha ainda vindo à pé? Parece que a promoção não foi tão vantajosa assim.

Carla: [Defendendo a amiga] Destilando veneno tão cedo Ju? Fique sabendo que quando se mora tão no centro quanto a Lena está morando, não precisa ficar se preocupando com vaga de carro a toa.

Helena: [Ignorando os comentários] Certo gente. Vamos cuidar que o dia ainda mal começou e temos muito trabalho a fazer.

Helena escutou juliana resmungar algo mas achou melhor deixar para lá, não valia a pena. Elas nunca se deram bem, não seria agora que se tornariam amigas, ela só espera que a outra não lhe cause problemas.

A manhã transcorre normalmente até que no início do turno do almoço, quando Helena estava conferindo tudo, uma funcionária começa a gritar e correr desesperada pelo salão.

Funcionária: [Desesperada] Socorro! Meu avental está pegando fogo!

Todos, clientes e funcionários, olham assustados, mas ninguém além de Helena consegue agir, gritando para o funcionário mais próximo enquanto se aproxima da funcionária para pará-la e não piorar a situação.

Helena: [Firme] traga o extintor, agora!

Ela alcança a funcionária e segura seus braços para que não corra. Enquanto isso os outros funcionários se juntam para ajudar Helena e quando o extintor chega conseguem apagar as chamas e em poucos segundos e o fogo é extinto.

Todos no salão aplaudem impressionados com o que acabou de acontecer e contentes por ninguém ter se ferido muito, exceto um cliente que estava bem na mira do extintor e ficou cheio de espuma.

Helena: [Falando com a funcionária] Meu Deus, você está bem?

Funcionária: [Com lágrimas nos olhos] Eu acho que queimei minha perna.

Helena: [Chamando outro funcionário] Vamos pegar gelo e um kit de primeiros socorros agora mesmo.

Cliente: Isso é um absurdo! Olha o estado em me deixaram. Entrou espuma até na minha boca!

Helena: [Firme o encarando] Senhor, sinto muito mas infelizmente não tínhamos condições de ter controle sob o jato do extintor quando nossa maior prioridade era salvar nossa funcionária. Agora deixe-nos cuidar dela.

Funcionário: [Voltando com o kit de primeiros socorros e gelo] Aqui está.

Helena: [Ajudando a funcionária a colocar gelo na perna] Vamos cuidar dessa queimadura e depois volto para ver o que posso fazer pelo senhor [Fala se dirigindo ao cliente].

O cliente nada fala e observa toda a comoção. Helena continuou cuidando da funcionária, aplicando gelo e oferecendo palavras de conforto até que ela se sentisse melhor.

Quando voltou para conversar com o cliente, ele já não estava mais lá. A equipe da cafeteria ficou impressionada com a atitude da nova gerente, que se mostrou protetora e cuidadosa com seus funcionários.

...—...

Rodrigo não esperava que sua visita ao café para ver como estava sendo a gestão da nova gerente lhe rendesse a perca de um de seus termos preferidos. Se ela soubesse que ele era um dos dos donos do lugar tinha certeza que seria tratado bem diferente.

Ele sempre visitou a cafeteria disfarçado, simplesmente odeia ser bajulado e é o que sempre acontece quando revela sua identidade. Ser famoso na área dos negócios só lhe trouxe puxa sacos.

Ele para ao lado do carro e o motorista abre a porta para que entre.

Rodrigo: [Irritado] Paulo, me leve imediatamente para casa.

Eles seguem viagem em silêncio. Paulo sempre sabe quando ele está de bom humor. E hoje não é um bom dia. Primeiro esse incidente, apesar da falta de sensibilidade da nova gerente ele ficou impressionado com a forma como ela lidou com tudo. Mas ela estragou o seu terno preferido e não pediu desculpas, isso o estava deixando mais irritado ainda.

Agora ele precisava escolher outra roupa para o programa da faculdade de administração que foi obrigado a patrocinar e se colocar como mentor de alguns poucos jovens que iam ficar enchendo ele de elogios vazios em vez de aprender qualquer coisa a que se prezem.

Rodrigo: [Falando com ele mesmo] Bom, não adianta ficar reclamando. Se é para fazer, vamos acabar logo com isso.

Inimigos da paz

Depois do almoço Helena foi pegar Bia na escola e as duas passaram a tarde juntas, brincando e fazendo as atividades da escola dela. Por volta das 18h, Carla, que queria uma renda extra, chega para ficar de babá da pequena enquanto Helena vai para a faculdade.

Ela se arrumou e vestiu uma roupa quente e confortável já que estava fazendo frio essa noite.

Beatriz: [Batendo palmas] Tá linda mamãe! Posso ir junto?

Helena: Obrigada! A mamãe ta indo pra escolinha filha, não posso te levar, mas prometo que chego a tempo de te colocar para dormir.

Beatriz: [Conformada]Ta bom mamãe.

Helena: [Se dirigindo a Carla] Qualquer coisa manda mensagem ou liga, deixei os documentos dela nessa bolsa aqui, e por favor não esquece que ela tem alergia à proteína do leite, então nada de laticínios para essa mocinha.

Carla: Tudo bem amiga, vai lá. Mas antes vamos torar uma foto do seu primeiro dia de aula!

Carla: [Conferindo a foto] Ficou ótima, agora cuida se não vai se atrasar.

É realmente, ela precisava chegar no metrô em 10minutos se não perderia o próximo trem. Então ela apressa o passo e consegue chegar à tempo. O metrô está bastante movimentado essa hora, o que bom, assim ela se sente mais segura.

40 minutos depois ela chega na universidade e se dirige para o prédio de administração procurando a sala de aula indicada em seu horário. Ela se apresentou ao professor e aos colegas de classe e se sentou na primeira fileira, ansiosa para começar a aprender.

O professor iniciou a aula com uma apresentação sobre a importância da administração nas empresas e na sociedade. Ele discutiu sobre os princípios da administração, destacando a importância do planejamento, da organização, da liderança e do controle.

Helena percebeu que muitos dos conceitos eram novos para ela, mas se esforçou para acompanhar as explicações do professor. Ela fez anotações e tentou fazer perguntas sempre que surgia uma dúvida.

No final da aula o professor avisa que vai chamar os nomes dos participantes selecionados para um programa de mentoria premium que precisam ficar um pouco mais para terem o primeiro encontro com um magnata figurão.

Helena já começa a arrumar suas coisas e se dirige à saída quando escuta seu nome ser chamado pelo professor.

Professor: e por fim: Helena Pereira de Oliveira.

Helena para imediatamente e se vira com os olhos cheios de lágrimas. Maria se supera a todo momento, ela não consegue acreditar que vai ter mais essa oportunidade. Volta então para perto do professor e dos outros 5 selecionados. É um grupo bem seleto para uma turma de 100.

Todos se dirigem então para uma sala menor e começa um burburinho sobre quem será o mentor desse ano.

Quando bate exatas 22h entra um homem alto de porte elegante com uma expressão séria no rosto.

Helena até tenta, mas não consegue se esconder e obviamente que ele a reconhece, surpreendentemente sua expressão fica ainda mais carrancuda depois do primeiro momento de surpresa.

Rodrigo: Boa noite a todos e todas, meu nome é Rodrigo Siqueira Cunha e durante esse programa ficarei disponível para acompanhá-los e ensiná-los a como se tornarem os melhores nas suas áreas.

Imediatamente todos começaram a cumprimentá-lo e a se apresentar, parecendo urubus em cima de um pedaço de carne. Helena sem jeito se manteve afastada pensando em formas de pedir desculpas pelo incidente de mais cedo já que não teve oportunidade de fazê-lo na hora.

Depois que o professor conseguiu acalmar o tumulto, Helena pôde perceber que Rodrigo estava extremamente incomodado embora disfarçasse bem. Ele então falou o seguinte.

Rodrigo: Vou me reunir com cada um de vocês em particular, vocês terão 3 minutos para me falarem quem são, de onde vieram, suas experiências e aspirações. Então eu decidirei quem entra e quem sai. Só dois de vocês serão selecionados então pensem bem nas suas respostas. Pedirei para chamá-los na ordem da chamada.

E se retirou da sala em que estavam para uma porta lateral, onde Helena acreditou haver um outro espaço mais reservado.

O clima ficou tenso entre eles e todos ficaram bem nervosos com a possibilidade de perderem a vaga. Se fosse para considerar o histórico, Helena tinha certeza que não entraria, mas também não ia desistir assim, ia lutar com garras e dentes, afinal se Maria a inscreveu nesse programa é por que acresita que ela tenha capacidade para tal.

Colega de turma: Oi, você é a Helena né? Eu sou o Matheus, muito prazer.

Helena: [Sorrindo] Oi Matheus, prazer. Meio intenso né? [Olhando para a porta em que Rodrigo entrou]

Matheus: [Rindo] Você esperava menos do bam bam bam dos negócios? O cara só tem 30 anos e já é um dos magnatas mais importantes do mundo.

Helena: [Engolindo em seco] É, faz sentido.

Matheus: [Curioso] Mas me conta, o que seus pais fazem para conseguir uma vaga par você aqui? Por que tenho que ser sincero, eu convivo com essa galera desde pequeno, mas você é nova.

Helena se pergunta o quão influente Maria é para ter colocado ela nessa seleção, e antes que possa responder à Matheus ele é chamado.

Matheus: [Piscando para ela] Me deseje sorte então.

E entra na sala em que Rodrigo está.

As pessoas continuam a serem chamadas, mas ninguém volta. Eles provavelmente estão saindo por lá. Nenhuma outra pessoa além de Matheus deu sinal algum de querer conversar com ela. Na verdade eles eles até cuidaram para manter distância.

Quando a quinta pessoa é chamada, Helena fica sozinha pensando na pontualidade de Rodrigo que passou exatos 3 minutos com cada candidato.

O professor retorna então e chama Helena, se retirando em seguida deixando os dois a sós. Helena admira a beleza da sala e se senta na poltrona em frente à que Rodrigo está, decidindo então começar pelas desculpas que preparou cuidadosamente.

Só não esperava que fosse perder o fôlego vendo-o tão de perto. Mesmo com a cara de bravo ele era um homem muito bonito ela tinha que admitir.

Rodrigo: Então senhorita Helena de Madereira…

Helena: [Corrigindo-o] Oliveira… senhor.

Rodrigo: [Ignorando-a] Quer dizer que você me ataca com espuma, não se digna a fazer um pedido de desculpas e ainda se candidata ao programa que estou dando esperando ficar com uma vaga… Não me parece muito inteligente.

Helena: [Indignada] Mas você nem me deu chance de retratação! No momento do incidente eu precisava cuidar da minha funcionária e fui bem clara quando falei que assim que socorresse ela conversaria com você, mas você fugiu.

Rodrigo: [Exaltado] Eu fugi? Você fala como se eu tivesse culpa por sua funcionária estar em chamas e ainda colocar outras pessoas em risco.

Helena: [Firme] Felizmente nada de pior aconteceu, acredito que a situação foi controlada rapidamente e inclusive já providenciei um curso de gestão de acidentes e segurança no trabalho para todos os funcionários. Também foi oferecido um suporte para os clientes que permaneceram no estabelecimento e destribuído um mimo para evitar evasão e fazer com que na memória deles só ficassem boas experiências. Agora o senhor como cliente mais afetado em todo o caos deveria ter permanecido para que pudéssemos resolver juntos toda a situação em vez de ficar me acusando e a meus funcionários de irresponsáveis.

Rodrigo fica sem palavras, ele nunca foi confrontado dessa forma por ninguém, ainda mais estando errado, que percebia agora ser o caso.

Rodrigo: Então vamos esquecer esse assunto de uma vez.

Helena: [Contrariada] Se é assim que prefere senhor.

Rodrigo volta para a pauta da entrevista e descobre o quanto Helena é diferente dos riquinhos mimados que entrevistou mais cedo. Descobriu também que quem pagou sua faculdade foi a Maria, e conseguiu ver um pouco da garra e inteligência que ela demonstra ter.

Rodrigo se vê cada vez mais curioso sobre ela e faz mais e mais perguntas todas de cunho profissional para não ser tachado de invasivo. De repente o faxineiro entra no escritório e pede desculpas por não saber que ainda teria gente ali. Rodrigo olha o relógio e Helena o celular.

Helena: [Alarmada] Meu Deus, já é meia-noite?!

Rodrigo ficou espantado por não ver o tempo passar, mas Helena já imaginava que era bem tarde. Só não pensava que seria tão tarde assim.

Helena: [Apressada] Eu tenho que ir!

Rodrigo: Claro. Te acompanho até o estacionamento. [Se dirigindo à saída]

Helena não fala nada, mas não faz ideia de como voltar para casa. O metrô não funciona mais esse horário e chamar um carro não é uma opção para ela. Sem saber o que fazer ela acompanha Rodrigo até o estacionamento e ele percebe que o único veículo lá é o dele.

Rodrigo: Você não veio de carro?

Helena: Na verdade não, vim de metrô.

Rodrigo: [Impaciente] Sua empresa não te forneceu um carro? [Ele sabia que sim]

Helena: Sim, mas eu não dirijo.

Rodrigo: [Respirando fundo] Então vem, eu te dou uma carona.

Helena: [Nervosa] Não é necessário. Eu dou um jeito.

Rodrigo: Vai chamar um carro então?

Helena: I-isso. [Pega o celular e finge digitar algo] Pronto, já está a caminho.

Rodrigo: Eu espero com você então.

Helena: [Mais nervosa] Não precisa, de verdade, eu me sentiria muito melhor se você não esperasse por mim.

Rodrigo fecha a cara, quem essa menina pensa que é? Primeiro o desafia abertamente e agora teima em rejeitar sua ajuda. Ela deve ter algum namorado ciumento, só pode.

Rodrigo: [Aquiescendo] Tudo bem então. Fique perto da entrada pelo menos, é mais seguro.

Ele entra no carro e sai do estacionamento olhando para Helena que ficou abraçada a si mesma no frio da noite. Ela vai ficar bem, chamou o namoradinho que logo chega. Olha para a frente e segue seu caminho.

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