APRESENTANDO OS PERSONAGENS
Atena Bianchi Tondello - 27 anos
(Fonte imagem: Pinterest)
Paolo Benedetti Milani - 40 anos
(Fonte imagem: Pinterest)
Giuseppe Amato- 32 anos
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Mattia Carbone - 27 anos
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Antonia Benedetti Milani - 4 anos
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Filomena Benedetti Milani - 65 anos
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Donatella Sorrentino - 33 anos
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Mario Lombardi - 25 anos
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Rafaelle D’Angelo - 23 anos
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Valentina Rossi - 26 anos
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Faz uma semana que ela deixou tudo para trás, enterrando seu pai, ela enterrou sua vida, seu passado, presente e futuro…
Faz uma semana que arrasta um bom sobrenome e uma dívida tão grande e pesada quanto o legado deixado por ele.
TONDELLO… o sobrenome que um dia abria todas as portas, hoje apenas é lembrado pelos credores. Bancos que um dia estenderam um tapete vermelho e agradeceram por ter um TONDELLO abrindo uma conta em suas instituições, hoje suas portas abrem apenas para lembrar que o prazo do pagamento está às vésperas e se não pagar tudo lhe será tomado.
Atena olha ao redor observando cada detalhe da mansão onde viveu por vinte e sete anos, foi nessa casa que nasceu, onde deu seus primeiros passos, foi ao pé da escada que chorou amargamente a perda da mãe, foi no grande sofá do jardim de inverno que seu pai a consolou por noites e noites.
- Senhora o táxi chegou.
Atena apenas balança a cabeça indicando ao mordomo que o ouviu, delicadamente ele retira a mala de sua mão e leva para o carro.
Passando pelo jardim mais lembranças veem em sua mente… às vezes em que plantou rosas nos canteiros com sua mãe, o dia do primeiro tombo de bicicleta e de como quis desistir de aprender a pedalar, mas contou com o apoio de seu pai que dizia “sabe porque você se chama Atena? É porque ela é a deusa da guerra e da inteligência, você acha que pode desistir dessa batalha? Você é mais forte e mais inteligente do que esse pedaço de metal, você consegue!”
Ah!!! Foi no jardim que Atena segurou pela primeira vez na mão de um menino, foi no jardim que recebeu seu primeiro beijo e foi no jardim que, a cinco anos atrás, o seu grande amor largou sua mão e desistiu dela por um casamento com maiores benefícios financeiros.
Uma lágrima solitária escorreu pelo rosto de Atena, mas como uma deusa guerreira, levantou seu rosto e seguiu para o táxi indicando o endereço desejado para o motorista.
- Atena\, minha filha\, tem certeza que é isso que quer fazer? - pergunta senhor Feltrin\, advogado da família.
- Sim\, tenho certeza\, venda tudo\, pague os credores.
- Se vendermos tudo conseguirá pagar a todos os credores menores\, mas talvez o banco tenhamos que negociar a dívida e fazer o pagamento parcelado\, mas mesmo que eu faça isso o dinheiro que sobrar mal dará para se sustentar por um ano.
- Isso não importa\, sou bem saudável para trabalhar e me sustentar.
- Vai demorar uns meses para tudo estar concluído\, agora vá descansar\, Ceres já arrumou o quarto para você.
Atena agradece ao adorável senhor, ele foi o único amigo de seu pai que ficou sempre de seu lado e agora, junto com sua esposa, cuidava dela como uma filha. No quarto, Atena deita sua cabeça no travesseiro e, pela primeira vez desde que seu pai partiu, ela se permite chorar, chorou e chorou alto, soluçou, chutou o ar e por fim adormeceu.
As semanas passam… jóias, obras de arte e até mesmo móveis são leiloados, carros são vendidos e a mansão retomada pelo banco, quase todas as dívidas estão pagas, pois mesmo o banco tendo retomado a casa ainda ficou um saldo devedor que Atena terá que honrar mensalmente as parcelas, a pequena soma que sobrou foi adicionada aos poucos euros que Atena conseguiu vendendo suas bolsas e sapatos de grifes.
Agora o arrependimento de não ter feito faculdade bate, ela pode contar apenas com sua formação na Escola Secundária com formação em liceo linguístico, graças a isso é fluente em inglês, francês e, apesar de uma certa dificuldade, consegue se comunicar em português.
Mas Atena não é uma pessoa que fica pensando no que poderia ter feito, mas de agir e mesmo sem estudo superior e nenhuma experiência ela monta seu currículo e, a cada palavra digitada, suplica aos céus que lhe conceda um emprego.
Agora os sites de lojas que visitava para fazer compras, ela busca o link TRABALHE CONOSCO e anexa seu pequeno e singelo currículo. Mas depois de dois meses e inúmeros currículos enviados, nenhuma resposta recebeu. Mas ela não pode viver às custas do bondoso senhor Feltrin, então decide se mudar para outra cidade e iniciar uma nova vida, deixando seu passado para trás.
Com a ajuda do senhor Feltrin, Atena consegue novos documentos e nele mantém apenas o nome de sua mãe… Agora Atena Tondello é apenas uma simples mulher chamada Atena Bianchi, com um doloroso vazio em seu documento no espaço do nome do pai.
Atena decide se mudar para Spello, a cidade que mais ama na Itália, devido às suas vielas floridas, o que a faz lembrar de sua mãe e aflorar seu lado artístico, pois o seu hobbie favorito é a pintura à óleo em tela, sendo sua inspiração a natureza.
Senhora Ceres vendo suas tentativas frustradas em conseguir emprego, falou com uma amiga influente e lhe conseguiu uma entrevista em um restaurante luxuoso na cidade de Spello para a vaga de recepcionista.
Atena ficou radiante afinal estava habituada com esse tipo de local, não somente com a postura que deveria ter, mas com a comida, vestimentas e poderia contar com a sua facilidade em se comunicar, por isso estava muito confiante. Mas antes precisava se mudar, organizou suas, agora poucas, roupas, sapatos e acessórios, precisou apenas de algumas malas e todos os seus bens estavam guardados e devidamente acomodados no porta-malas do carro que o senhor Feltrin fez questão de alugar para levá-la ao seu destino.
Despediu-se dos bondosos anfitriões com a promessa que logo voltaria para vê-los, afinal era uma viagem de no máximo duas horas, entre uma cidade e outra.
Já começa a escurecer quando o carro para em frente a uma estreita rua com muitas flores embelezando seu contorno, o motorista lhe alcança as malas indicando o caminho que ela deve seguir.
Com um pouco de dificuldade Atena carrega sua bagagem e parabeniza a si por ter comprado algumas malas de rodinha assim ficou um pouco mais fácil o trajeto, apesar da mochila que leva em suas costas mais a sacola em seu ombro pesarem como se estivesse levando tijolos, ela consegue apreciar a beleza do caminho até sua casa.
Finalmente ela chega ao seu novo lar, são alguns lances de escada e estará na porta de sua casa, cansada Atena decide largar suas malas na estreita rua e levar uma a uma para dentro, “afinal a noite já caíra e a rua é tão estreita que com certeza não passa carro por aqui, não atrapalhará ninguém”, foi o que ingenuamente pensou.
- Meu Deus quem é o sem noção que deixa malas no meio da rua!!! - ouve-se o esbravejar de uma voz masculina e forte que sucedeu após o barulho ensurdecedor de algo caindo.
Atena corre para rua e vê algumas de suas roupas espalhadas pelo chão da viela, ao lado uma lambreta caída e um belo ragazzo com a manga de sua camisa branca, suja de sangue, um ragazzo não, um uomo e que belo uomo, mas estava zangado.
- Eu… scusa… scusami… eu… - gaguejava Atena\, sem conseguir concluir a frase ou agir já que estava paralisada ao pé da escada.
- Ok\, mas tire logo isso daqui - continuou a bravejar o lindo italiano. Atena começa a juntar suas roupas e ao se dar conta que são suas lingeries e que o lindo uomo está lhe ajudando a recolher sua face cora envergonhada.
- Deixa\, deixa que eu pego - diz tomando rapidamente da mão do homem suas peças íntimas.
- Ah você acha que nunca vi uma calcinha ou um sutiã? Faça-me o favor!!! - continuou ele no mesmo tom de antes como um bom italiano faria.
- Eu posso juntá-las sozinha\, obrigada\, mas eu mesmo pego minhas coisas.
- Certo\, e por favor tenha mais cuidado\, esse espaço é público e não faz parte da sua casa - a repreende juntando sua lambreta e seguindo seu caminho.
“Parabéns Atena, passando vergonha assim que pisa em Spello!!!” Fala para si mesma em tom de repreensão.
A casa alugada é mobiliada porém pequena, menor que a sala de inverno da mansão onde Atena morava, o pequeno espaço é dividido em três cômodos, um quarto com cama de casal, uma cômoda e uma arara para pendurar as roupas, sala e cozinha juntos com um sofá antigo, mas confortável, já a cozinha é toda equipada com fogão, forno elétrico, forno microondas, geladeira, todos novos, porém o banheiro tem apenas uma pia, o vaso sanitário e um chuveiro simples, nada comparado ao enorme e luxuoso banheiro antigo da mansão onde ostentava uma enorme banheira.
Atena puxa o ar por um longo tempo e depois solta de forma lenta para que sua mente possa se acostumar com a nova realidade, essa é sua nova vida, sem mais luxos e regalias, agora ela precisa trabalhar, limpar, cozinhar… cozinhar, esse é o pensamento que mais assusta Atena, nunca precisou fazer nada, muito menos cozinhar, sempre teve tudo nas mãos, mas agora ela terá até que cozinhar, isso será um enorme desafio.
Depois de arrumar suas roupas, Atena apenas deseja descansar, foi um dia longo, suas costas doem, seu corpo pede um longo banho de banheira com muita espuma, mas tem que se contentar com o chuveiro, mas a água é bem quentinha e com uma boa força que acaba fazendo uma massagem em seus ombros doloridos por carregar as malas.
Antes de deitar deixou sua roupa preparada para a entrevista que terá no dia seguinte, depois de tantas incertezas acaba optando por um vestido preto que valorizava muito seu corpo e um tênis confortável.
(Fonte imagem: Google)
Sua perna balança nervosamente enquanto aguarda o ônibus para ir a entrevista, havia recebido um e-mail pela manhã adiantando a entrevista em uma hora, isso atrapalhou toda a organização de Atena, agora fica se perguntando se pegou todos os documentos necessários, se a maquiagem está boa e dúvida se fez a melhor escolha de roupa, mas agora é tarde demais para mudar alguma coisa.
O ônibus chega e Atena se acomoda em um dos assentos próximo ao motorista, pois ele indicará o lugar onde deve descer, é a primeira experiência dela em um meio de transporte público, e sentiu-se um pouco nauseada e tonta, mas logo desceu do ônibus no ponto indicado pelo motorista.
Caminhou mais uns 10 minutos e sentiu sua visão se escurecer e uma buzina soar em seu ouvido, mas parecia tão distante, tão distante e simplesmente ela desabou no chão.
- Ragazza… stai bene? Ragazza? - dizia o homem enquanto lhe dava leves batidinhas no rosto.
- Ah… sim… perdono… eu… - disse Atena atordoada.
- Tudo bem levante-se com calma - continuou o homem dono de um corpo com músculos bem definidos.
Vagarosamente Atena levantou o olhar observando os contornos do rosto, queixo largo, a barba levemente crescida, lábios finos porém bem desenhados, olhos profundos e frios como gelo que causou um enorme arrepio que lhe percorreu da cabeça aos pés, fazendo-a levantar em um salto batendo sua cabeça no tão perfeito queixo quadrado.
- Calma ragazza!!!! Só estou tentando lhe ajudar\, afinal desmaiou na frente do meu carro.
- Eu sinto muito pelo transtorno\, estou atrasada para uma entrevista\, obrigada pela ajuda - disse enquanto se afastava rapidamente do homem.
Atena caminhou alguns metros e notou que já havia passado do local onde deveria fazer a entrevista, olhou no relógio e viu que faltava alguns minutos para o horário marcado, deu um leve suspiro de alívio e retornou, agora atenta para não errar novamente, mas o que ela poderia fazer se aquele homem a deixou desnorteada? Desmaiar em frente a uma saída de garagem e acordar nos braços de um deus grego, isso mexe com qualquer pessoa.
“Calma Atena, se concentre, você precisa se dar bem na entrevista!!!”, apesar da senhora Ceres dizer que a vaga já estava garantida ela precisaria conversar com a gerente do restaurante afinal não iriam simplesmente contratá-la sem ao menos lhe fazer algumas perguntas.
Ao chegar no restaurante Atena observa que o lugar onde desmaiou e nota que foi na saída da garagem que pertence ao estabelecimento, fica envergonhada com a situação mas com certeza a pessoa que lhe ajudou foi um cliente que estava saindo do restaurante e decidiu que quando o vir novamente… se o vir novamente irá se desculpar da forma correta.
Ela entra no restaurante que no momento não tem nenhum cliente a vista, ela segue até o bar onde tem um jovem organizando algumas bebidas.
- Buongiorno\, posso lhe ajudar? Ainda não iniciamos o atendimento\, mas posso lhe servir uma bebida enquanto aguarda o horário do almoço.
- Buongiorno\, eu tenho uma entrevista com a senhora Sorrentino\, eu me chamo Atena Bianchi.
- Ragazza!!! Não deixe ela te ouvir chamando-a de senhora\, ela é… mancare - diz o rapaz fazendo questão de dar uma entonação de deboche no senhorita.
- Já deve estar com todas as bebidas arrumadas já que encontrou tempo para tagarelar senhor Mário - afirma a loira elegante que se aproximou sem fazer barulho.
- Esta moça está lhe procurando\, eu já ía chamá-la.
- E você é quem? - pergunta a mulher olhando Atena com um olhar de desdém.
- Eu sou Atena Bianchi\, vim para entrevista.
- Ah é você - continua a mulher com o mesmo tom e olhar esnobe - Venha o senhor Amato vai entrevistá-la.
Atena segue a mulher que está vestida de forma muito elegante com uma calça de alfaiataria preta, uma camisa de seda azul e um salto alto ultra fino preto. Passam por todo o salão térreo do restaurante, sobem a escada que dá para um mezanino, onde Atena identifica de imediato que é o local reservado para clientes VIPs, ela mesma já usou muito esse tipo de ambiente nos restaurantes que frequentava, no final do espaço tem uma porta quase imperceptível que as leva a outro lugar, uma grande ante sala com algumas poltrona.
(Fonte imagem: Pinterest)
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