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A Bebê Do Chefe

1

\_ Ana cheque os papéis da reunião das 9,programe o encontro com os chineses para segunda-feira. Olhe se os vôos dos meus pais estão marcados, verifique se a minha governanta contratou os novos funcionários, liga para meu irmão e confirma o dia que ele chega. Peça a minha secretária para esvaziar a minha agenda após duas semanas, quero dez dias livres.

Esse é Sebastian, meu chefe e filho de Gilbert, dono de uma empresa de cosméticos muito famosa no mundo inteiro.

Como sempre ando atrás dele quase correndo enquanto ele vai falando. A minha melhor tática é ligar o gravador do meu celular. Ele fala rápido e nem respira direito, se eu não gravar, me esqueço de algo.

Chegamos na porta da sua sala, ele pára, me olha sem realmente me ver e continua.

\_ No jantar de hoje quero o relatório dos últimos seis meses da filial do Brasil, os números não me agradam, quero ver a desculpa que esses incompetentes vão me dar.

Sim, senhor Respondo de forma tranquila. No início esse jeito de Sebastian me deixava louca de raiva, com o tempo fui me acostumando. Manda quem pode e obedece quem tem juízo.

Ele entra na sua sala, fecha a porta na minha cara. Suspiro e sigo para começar a cumprir o meu trabalho.

Me chamo Anabelle Porto, na verdade, só Ana mesmo. Odeio o meu nome e sim, é devido ao filme. Muitas piadas, “bullying” e zoações desde o lançamento desse filme. Hoje já me apresento como Ana mesmo, evita confusão.

Tenho 25 anos e trabalho para a empresa Beutymore há dois anos, sou a assistente pessoal de Sebastian, presidente da sede. No início, pensei que fosse um trabalho tranquilo, sou formada em administração e em técnico de assessoria e empreendimentos, mas fiquei surpresa com o tanto e os tipos de coisas que o meu cargo exige. Quando cheguei para a entrevista Mary, a secretaria do senhor Gilbert, me explicou que eu trabalharia diretamente com Sebastian, seu filho mais velho. O senhor Gilbert iria se aposentar logo, então o filho que ocuparia o seu lugar na presidência. Resumindo, meu cargo foi criado especialmente para ele, já que antes não existia essa vaga.

Penso que por Mary já está com idade mais avançada e conhecendo bem o seu filho, o senhor Gilbert sabia que ela não conseguiria dar conta de tudo sozinha.

Passei três meses sendo treinada para o trabalho por Mary, gosto muito dela. Ela sempre me tira de apuros quando o meu chefe está de mau humor e quer descontar em mim.

Falando dele, ele é muito bonito. Não o bonito clássico, como esses modelos ou um ator. Ele é atraente de um jeito rude, másculo, está sempre de cara fechada, nunca o vi sorrir de verdade, quando ele faz isso é sempre para coagir alguém ou está sendo irónico.

Quando o conheci senti o meu coração batendo na boca pela primeira vez na vida. Ele me olhou com seus olhos negros, intensamente me analisou de trás para frente e notei que julgou se eu era competente ou não. Eu tive muita dificuldade para deixar de encarar ele e acalmar minha respiração. Eu me conheço bem, sei que me senti fortemente atraída por ele, algo que acreditei que fosse morrer sem encontrar alguém que me faria sentir assim. Encontrei e poderia ficar feliz, porém ele não estava disponível.

Me lembrei que ele era casado, fechei minha cara no momento em que ele subia os olhos pelo meu corpo e me encarava.

Minha expressão carrancuda agradou ele que já começou a me passar as tarefas. Depois desse dia nunca mais ele me olhou com interesse. Talvez ele fez apenas um teste para ver se eu ia cair.

Nesse tempo todo de trabalho, nos damos bem na medida do possível, claro, ele tem umas exigências que me deixam louca. Não posso desligar nunca meu celular e nem ficar sem bateria. Morar próximo da empresa, está sempre livre para um jantar de negócios, viagens e se ele precisar nos fins de semana tenho que trabalhar.

Como já disse, isso me fazia sentir um ódio dele tão grande que poderia matá-lo. Mas como minha mãe sempre me disse, o tempo ajeita tudo. Hoje aguento o jeito dele, desconto meu estresse em festas e baladas com meus amigos e vou levando a vida implorando para que Deus me faça conhecer um homem que desperte em mim o mesmo que meu chefe.

Claro que com o tempo o que senti por ele no primeiro encontro cresceu, mesmo eu me recriminando dia após dia. Mas, coloquei esse sentimento no fundo do meu ser e tranquei, nunca contei nem para minha melhor amiga e sei que ninguém vai descobrir. Não cometo nenhum deslize, sou sempre muito profissional, mantenho a distância e o respeito por Sebastian, me coloco no meu lugar e vou levando a vida. Toda noite rezo para que esse sentimento acabe, tenho esperança que um dia isso aconteça.

Oi Ana, como vai? Lourenço me atende no terceiro toque.

Vou bem e você? É sempre prazeroso falar com ele, é irmão de Sebastian, mas são muito diferentes. Até mesmo na aparência. Lourenço é lindo e muito educado. É dois anos mais novo que o irmão e sete a mais que eu.

Estou ótimo, trabalhando muito e me divertindo mais ainda \_ responde rindo E meu irmão como está, eu mando mensagens para ele, mas nunca tenho respostas, estou preocupado porque Clara me falou que não está se sentindo muito bem esses dias.

\_ Ele está como sempre, trabalhando em excesso, falei com clara e com a enfermeira também, parece que o final da gravidez é desse jeito mesmo. Notei que os pés dela estão muito inchados, a enfermeira Lucy me contou que está difícil manter ela de repouso. Sabe como Clara é teimosa.

Clara é a sortuda esposa de Sebastian, a conheci logo que comecei a trabalhar com ele. Nos damos bem e ela viu que não sou uma concorrente na vida do seu marido.

Sebastian está sendo muito relapso com ela. Se ele passasse mais tempo ao seu lado, a faria descansar. Ele tem uma rotina de trabalho desumana, já disse a ele que pode ter um infarto a qualquer momento. A sorte dele é que tem você, que cuida de toda sua alimentação, do contrário ele já teria morrido fala aumentando o drama.

Você o conhece bem, ele e Clara são muito parecidos, não escutam ninguém. A gente se preocupa e eles nem ligam \_ concordo com ele. Quando você vem?

Ele mora na Itália, trabalha na filial de lá. São tantas que tenho até cronograma para me situar da situação de todas e atualizar Sebastian.

Estou enfrentando um problema com as embalagens dos novos produtos, só consigo chegar aí dois dias antes da minha sobrinha nascer \_ fala e sorri feliz Eu mal posso esperar, torço para que quando Cloe nascer ele diminua o ritmo de trabalho e fique mais com a família. Clara vai precisar dele, é o mínimo que pode fazer.

Está coberto de razão, ele vai tirar duas semanas de folga começa um dia antes da cirurgia comento.

\_ Isso é ótimo, mas depois ele precisa diminuir o ritmo, chegar em casa mais cedo.

Vamos torcer que seja assim Falo, mas duvido que ele vá diminuir o tanto de trabalho. Já dei a ele a ideia de delegar algumas tarefas para Jack, seu primo e vice-presidente, ele nem mesmo me respondeu. Depois disso não me intrometo mais, quase dei um tapa na minha cara por ter sugerido isso. Me senti uma burra que fala algo idiota.

\_ Ana, preciso desligar. Um abraço e te vejo quando chegar aí.

\_ Ok, fica bem.

Às seis horas, entro na minha sala para me arrumar para o jantar com os brasileiros. Desde o começo deixo roupas, sapatos e maquiagem no armário do banheiro da minha sala, outra exigência de Sebastian.

Tomo um banho rápido e me arrumo, meu chefe odeia atrasos. Quando estou pronta sigo para a porta da sala dele, raramente entro, por vontade minha. Meus sentimentos afloram muito quando fico a sós com ele dentro da sua sala, vê-lo todo concentrado é muito sexy. Não posso correr o risco de pegar ele se trocando porque, assim como eu, tem um banheiro individual. Tenho que ser precavida.

Aguardando na porta abro as minhas mensagens. Beth, minha melhor amiga já me enviou mensagens para sairmos hoje. Estamos na quinta-feira, mas não ligo para isso, amo me diverti. Respondo que topo na hora, falo do jantar e peço que me envie o endereço que apareço assim que sair da reunião.

Todas as minhas saídas são encima da hora, quem me conhece já se acostumou. Meu trabalho não me deixa planejar nada, quando penso que estou de folga, preciso ir na empresa ou na casa de Sebastian.

Mando mensagens para minha mãe dizendo que estou bem e que se der vou visitar ela no fim de semana. Falo com Daniel, um amigo colorido que tenho, em quem confio para ficar as vezes. Sou reservada nesse ponto, não pego qualquer um. Os noticiários diários tem tanto feminicidio que temos que ficar atentas com quem envolvemos. Sei que as mulheres não têm culpa, mas com essa sociedade machista que vivemos andar prevenida é necessidade.

Vamos ouço Sebastian dizer assim que abre a porta. Está atraente, como sempre nem me olha.

O jantar é tenso, os três brasileiros estão nervosos e o presidente chefe da filial do Brasil está até suando.

Graças a Deus comemos antes de começar porque não vai terminar bem.

Sebastian não liga a mínima para as respostas e tentativas de justificativas. É quase um massacre o que ele faz.

As vendas caíram porque o país está em crise fala o diretor-geral.

\_ É mesmo? E como os profissionais de logística não sabiam disso? Quão burros vocês são que não previram que as vendas cairiam? Isso até uma criança saberia. Agora me diz o que faço com a quantidade de produtos nos depósitos?

Um silêncio se instala na mesa.

Bem, com o tempo conseguiremos vender todos o presidente abre a boca e tenho até dó dele.

Senhor Ferreira o que não temos é tempo \_ rosna Sebastian, os três estremecem com medo. Ana mostra para eles a quantidade de produtos produzidos e a validade.

Assinto com a cabeça e entrego cada um deles uma folha.

Vocês me confirmam que conseguem vender tudo dentro do prazo? Meu chefe ataca?

Fico penalisada quando eles negam com a cabeça.

\_ Pois bem, falar é fácil, mas diante de números não há argumentos. Agora digam-me o que vão fazer para corrigir esse erro?

Eles entregam alguns papéis para Sebastin.

\_ Nós reduziremos os preços e já marcamos reunião com três contratadas que se interessaram por um valor menor, assim venderemos três quartos dos produtos lá e na Argentina fechamos com o restante pelo preço atualizado, que subiu em dois por cento.

Quanto é a redução? Meu chefe pergunta.

Três por cento quem responde com a voz quase inaudível é o vice presidente.

Eu fecho os olhos por um momento. Sebastian vai surtar. É muito abaixo do valor atualizado.

Ana quanto vai ser o prejuízo? Ele me pergunta.

Um milhão de euros Respondo automaticamente.

Sebastian solta um resmungo grosso de raiva.

Saiam da minha frente agora ele grita com toda a força.

Os três se levantam e derrubam duas cadeiras, saem correndo até sumir da nossa vista.

Os segundos vão passando e Sebastian continua tenso tentando se controlar. Eu permaneço calada olhando ao redor. O salão está tranquilo com poucos clientes, se eles ouviram os gritos do meu chefe, não se importaram.

Meu celular apita, confirmo ser Beth querendo saber por que não apareci ainda. Aviso que já estou indo.

Junto todos os papéis e coloco na pasta dele. Estou com uma bolsa pequena e não vou levar nada comigo.

A primeira vez que eu fiz isso ele me questionou, avisei que tinha um compromisso e não teria como levar tantas folhas comigo.

Ele não gostou, no outro dia me pediu as folhas de novo porque tinha que analisa-las. Falei que as coloquei na maleta dele na noite anterior, ele disse que não encontrou, então, tive um trabalho enorme para refazer inúmeros cálculos. Claro que ele me fez fazer isso de propósito.

Agora, deixo tudo salvo num pen drive para não correr mais esse risco.

Bem senhor, eu já vou indo. Tenha uma boa noite falo educada, nem recebo resposta.

A balada está boa, me divirto muito dançando, não bebo nada alcóolico porque tenho que ir trabalhar cedinho.

Chego em casa, por volta das 3 da manhã.

2

O apartamento da minha mãe é afastado do centro aqui em Paris, consequentemente fica longe de onde estou morando.

Sebastian exigiu que eu morasse perto da Beautymore, no centro, então, não visito minha mãe com frequência.

Moro em um flat porque o aluguel é bem caro naquela região, foi o que consegui pagar. Ganho extremamente bem no trabalho, mas faço investimentos com meu dinheiro porque quero ter uma boa reserva para o futuro. Não quis alugar nada mais caro.

Hoje é sábado e acordei bem cedo, quero passar o dia com minha mãe se não acontecer nenhum imprevisto.

_ Oi filha, senti saudades. Moramos na mesma cidade e nos vamos tão pouco _ ela fala, me abraçando apertado quando chego na sua casa.

_ Oi mamãe, também sinto saudades, mas você sabe que o meu trabalho me ocupa muito _ respondo.

_ Sei sim, seu chefe é quase um carrasco. Entra que coloquei a mesa de café. Fiz as panquecas que você tanto gosta.

_ Obrigado, estou mesmo faminta.

Seguimos para a cozinha e logo me sento para apreciar os quitutes da minha mãe. Ela sempre cozinhou divinamente bem. Foi muito difícil para mim sair de casa. Meu pai morreu em um acidente de carro quando eu tinha seis anos, ela trabalhava em uma confeitaria, me criou com a ajuda da minha avó paterna, que também já faleceu. Sinto muitas saudades da nona. Cuidava de mim como uma filha enquanto minha mãe estava trabalhando.

Não me lembro do meu pai direito, tenho vagas recordações. Na época que ele se foi, frequentei um psicólogo, parece que minha mente se esqueceu de momentos com ele como uma forma de me proteger de sofrer.

Quando minha avó morreu, eu ainda cursava ensino médio e foi muito difícil. Sou filha única, então ficamos eu e minha mãe, quando comecei a trabalhar para a Beautymore me mudei e senti muita falta dela comigo. Tive seu incentivo para que eu fosse e seguisse em frente. Criei minha filha para o mundo, ela disse para mim.

Agora já me acostumei, torço para que minha mãe encontre alguém. Ela ainda é nova e bem bonita, está com 50 anos, mas parece ser mais jovem.

Tem um vizinho aqui, que anda arrastando asa pro lado dela.

_ Mãe está uma delícia. A cada vez que como suas panquecas elas ficam melhores. Como pode isso?

_ Não exagera _ Ela reclama, mas sei que gosta de receber o elogio. _ E você Ana, como está?

_ Bem mãe _ Respondo firme. Se demostrar alguma coisa ela não vai me deixar em paz até descobrir o meu segredo.

_ Quando vai me apresentar para o seu namorado?

_ A senhora sabe que não tenho nenhum _ Ela joga verde para colher maduro. Muito astuta essa dona Áurea.

_ Como que pode isso? Você é jovem e bonita. Qualquer homem aceitaria namorar com você? Então qual é o problema?

O problema é que o homem que eu quero já tem dona. Penso.

_ Não tem problema algum. Apenas não encontrei alguém que me atraiu ainda _ falo enquanto como mais um pouco. Não sei quando vou voltar aqui, então aproveito.

_ Você gosta de mulher, é isso?

Eu engasgo quando escuto o que ela fala. Ela me passa um copo com água e bebo logo.

_ Se você for lésbica fala logo _ Ela continua nervosa pela minha reação. Ela deve estar louca, só pode.

Eu me recupero e não aguento ficar séria. Solto uma enorme gargalhada.

_ Não mamãe, eu gosto de homem sim.

Ela me olha desconfiada

_ Estou falando sério mamãe. Sei que a senhora se preocupa comigo, mas estou bem do jeito que vivo. Quando conhecer alguém eu marco e apresento para a senhora. Mas minha vida é tão corrida que não tenho muito tempo para namorar _ Falo. Ela nem sonha que eu saio quase todos os fins da semana e que não namoro porque não quero. Só vou apresentar para ela a pessoa certa.

_ Isso é verdade, esse seu chefe é muito narcisista filha. Ele tem família e nem assim te dá descanso _ Ela reclama.

_ Ele está enfrentando muitos problemas com uma filial no Brasil mamãe _ o defendo.

_ Todo mundo enfrenta problemas minha filha, se matar de trabalhar não resolve nada. Muito pelo contrário, se ele tirasse um tempo para descansar ficaria com a mente tranquila para ter respostas para os problemas. Não acha?

_ Sim eu acho, mas ele não _ faço um biquinho com a boca, Sebastian não deve nem dormir direito, coitado. Ontem ele estava uma fera pela reunião de quinta feira com os brasileiros. Fez um inferno do meu dia. Até a comida que levei para ele, reclamou que estava ruim.

Em outra época eu ficaria irritada, agora nem respondo quando ele começa a xingar. Fico calada e continuo a trabalhar, preciso do emprego. Permaneço contente quando lembro que ele vai tirar uns dias para passar com a família. Vai ser um descanso para mim.

_ Ele ainda vai aprender que nem tudo na vida é trabalho _ minha mãe fala com sabedoria. _ Espero que quando isso acontecer, ele repense suas escolhas.

Ela fica triste, deve estar lembrando do meu pai. Ele sempre colocava o trabalho em primeiro lugar, minha avó me contou inúmeras histórias de como ele era ausente comigo e com mamãe. No dia do acidente, ele estava em alta velocidade porque estava atrasado para uma reunião. Ele era advogado em uma grande empresa. Estava chovendo e o carro deslizou batendo de frente com um poste. Ele morreu na hora porque na pressa de chegar rápido nem o cinto de segurança colocou.

Eu sei que minha mãe o amava muito, talvez ainda o ame, mas ver que ela se entristece quando lembra dele me deixa chateada.

_ Agora me fale da senhora. Quando vai dar uma chance para o senhor Giorgino? _ Mudo de assunto propositalmente.

_ Não começa Ana. Você sabe que eu já estou muito velha para pensar nessas coisas _ reclama.

_ Que velha o quê? A senhora é linda e ainda tem tanto para viver, tem anos que ele está atrás da senhora. Mamãe, dá uma chance e depois vê se dá certo. Acredito que a senhora está deixando sua felicidade passar.

_ Minha felicidade é você. Encontre um namorado e me faça feliz, está bom?

É lá vem ela de novo com esse assunto. Sou salva de responder pelo toque do meu telefone. Peço silêncio para minha mãe e atendo meu chefe.

_ Pois não senhor Sebastian.

_ Vem no escritório na minha casa agora _ ele fala e desliga.

Acha que fico surpresa? Não, apenas suspiro.

_ Mamãe, aconteceu alguma coisa, eu preciso trabalhar_ falo, tomo o resto do café e vou saindo.

_ Como assim trabalhar. É fim de semana, seu chefe não pode fazer você trabalhar igual ele. É desumano _ vem atrás de mim reclamando.

_ Ele pode mamãe, me paga bem por isso mesmo. Até outro dia, prometo que não vou demorar.

_Esta bem. Tome, leve essas mini tortinhas de chocolate que fiz _ Ela me entrega uma generosa vasilha, pego e saio quase correndo.

A mansão que Sebastian mora fica em um condomínio fechado, da alta elite. Me identifico e sigo até ela.

O mordomo já me espera na porta como sempre. Pela sua cara, as coisas não estão boas hoje.

_ Porque demorou tanto? _ Mal passo do hall de entrada e meu chefe já rosna para mim. _ Depressa, não tenho o dia todo _ fala e vai andando rápido para o escritório. Eu o sigo resignada. Ele está com os cabelos despenteado e sem o casaco, a gravata frouxa e alguns botões da camisa abertos. Meu coração salta no meu peito. Agora nao Ana. Penso. Esse jeito bruto me leva a pensar em como é a pegada dele. Jesus. Foco Ana, foco.

_ Analisa esses papéis depressa _ Ele me entrega um monde de folhas fora de ordem. Coloco minha bolsa no sofá que tem próximo à janela e me sento em frente à mesa dele. Aliás, está tudo uma bagunça, contratos caídos no chão, papéis rasgados e espalhados. _ O que está olhando? Analisa isso logo.

Começo a fazer o que ele exige e depois de quase uma hora vejo o problema.

_ Os números não batem _ afirmo.

_ Exatamente. O que aqueles incompetentes na filial do Brasil pensam que estão fazendo com a minha empresa? _ Ele está possesso de raiva.

_ Um problema como esse precisa ser resolvido pessoalmente. Alguém de confiança _ digo e penso que ele pode enviar seu primo, o Jack.

_ Sim, estamos indo para lá amanhã _ Ele fala e eu não acredito no que ouço.

_ É.....

_ Compre as passagens no primeiro horário que tiver, separe esses papéis, vamos analisar juntos assim que chegarmos lá, agende uma reunião e não deixe que eles saibam que sou eu que estou indo encontrá-los, cheque todos os meu e-mails e responda para mim. Vamos ficar lá dois dias, entre em contato com Mary e adie a minha agenda, o que não puder esperar transfira para Jack. Pressione ele para que não cometa nenhum erro na minha ausência, repasse os contratos novos e me entrega um relatório.

Assinto com a cabeça, vou até minha bolsa, pego meu celular e anoto tudo antes que me esqueça.

Passamos horas ali, ele entretido com os números e eu trabalhando.

Escuto alguém bater na porta. Ele não responde. Eu suspiro e vou atender, é uma funcionária da casa.

Cumprimento ela e a deixo entrar.

_ Senhor, o almoço está servido.

_Não vê que estamos trabalhando? Fora daqui _ ele fala.

_Mas, a senhora Serkan disse que está esperando o senhor e que não vai comer se o senhor não estiver à mesa _ explica nervosa.

_Diga que estou ocupado. Agora saia _ Ele nem mesmo olha para ela ao responder. Ela sai quase correndo.

Coitada da Clara, está com menos de duas semanas para ganhar a bebê e agora esse problema na empresa. Não deve estar sendo fácil conviver com Sebastian.

_ O que está fazendo parada aí? Volte ao trabalho _ Ele me repreende olhando nos meus olhos. Desvio os meus e fecho a porta voltando a me sentar para continuar a ler os contratos.

Não passa muito tempo e me lembro das tortinhas que minha mãe me deu. Vai ser minha salvação. Meu estômago já está doendo de fome.

Pego a vasilha e volto, coloco ela na mesa, distraída começo a comer enquanto continuo o trabalho.

Em dado momento quando vou pegar mais uma, minha mão encosta em algo quente e involuntariamente eu estremeço.Levanto os olhos e vejo que é a mão de Sebastian que também estava pegando das tortinhas. Nossos olhos se encontram, eu recolho minha mão como se tivesse levado um choque elétrico. Não sustento o olhar dele e me escondo atrás dos papéis fingindo ler.

Se acalme, se acalme. Penso como um mantra. Esquece a reação de seu corpo, esquece daqueles olhos negros. Lembra de Clara, da filhinha Cloe e seu trabalho. Funciona e logo estou concentrada de novo.

Passamos o dia todo no escritório, só saio duas vezes para ir no banheiro.

Quando termino tudo já está a noite. Respondo as mensagens de Beth e Daniel. Ela quer ir numa boate hoje, ele quer ir na minha casa. Marco com os dois na boate as dez. Assim da tempo de ir em casa e me arrumar.

Saio do escritório atrás de Sebastian. Quando chegamos na sala encontramos Clara sentada no sofá acompanhada da enfermeira. Eles contrataram duas para ficar com ela porque nesse último mês a pressão dela está subindo muito. Uma fica durante o dia e a outra a noite.

_Oi Ana, como conseguiram trabalhar o dia todo sem comer? _ Ela reclama comigo, mas pelo olhar encarando o marido, culpa ele.

_ Oi senhora Clara. Comemos algumas tortinhas que eu tinha trazido _ explico. _ A senhora está se sentindo melhor?

_ Já disse para me chamar somente de Clara, Ana. Não sou muito mais velha que você assim _ Ela fala tranquila.

_Desculpe Clara é força do hábito.

_ Bem, o jantar vai ser servido agora, faço questão de que você coma conosco já que meu marido te fez trabalhar tanto é o mínimo que posso fazer.

_ Infelizmente tenho que recusar, marquei de sair com alguns amigos e não quero me atrasar _ falo. Nem em sonho que continuo ali. O clima parece tenso e Sebastian nao diz uma palavra sequer.

_ Que pena, deixamos para outra vez então.

_ Tudo bem. Tenham uma boa noite.

Elas me respondem em despedida.

_Que horas é nosso vôo amanhã Ana? _ Sebastian pergunta voltando sua atenção para mim.

_ As 7 da manhã.

_ Voo? Que vôo Sebastian? Como você não me disse isso antes hem? Você sabe que estou perto de ganhar nossa filha e marca de viajar. Isso é um absurdo. Vou ter que ligar para seu pai para que ele te tire da presidência dessa maldita empresa. Você só pensa nela. Não se importa comigo, nem com sua filha. Você acha isso certo Ana?

Eita que eu queria estar em qualquer outro lugar menos aqui nesse momento. Todos olham para mim, aguardando uma resposta.

Não é justo. Eles que resolvam os problemas deles.

_ Não se exalte Clara _ falo e me sento ao seu lado. _ Pensa na Cloe, conversei com sua enfermeira essa semana e ela me disse que sua pressão tem subido muito. Precisa descansar, ficar tranquila. Lourenço está muito contente com a chegada da sobrinha, mas só vai conseguir vim dois dias antes da Cloe nascer, sendo assim precisa de muito repouso para que ela não se adiante viu _ vou falando tudo o que consigo pensar e aos poucos ela se distrai.

_ Verdade, ele me liga todos os dias para saber como estamos _ Ela sorri.

_ Aposto que ele já comprou os presentes? _ Comento.

_Sim, ele disse que como tio ele pode dar tudo o que quiser.

Continuo conversando com ela mais um pouco e depois vou embora.

Antes de seguir para a “boate” como um macarrão instantâneo para fortalecer o estômago e saio.

A “boate” está ótima, mal chego e já estou dando um beijo no Daniel.

Aproveitamos muito e ele passa a noite no meu flat comigo.

3

_ Te espero no restaurante daqui à trinta minutos para uma reunião _ Sebastian fala quando paramos na entrada do meu quarto no hotel.

Assinto. Estou morta de cansada, eu não sei como ele aguenta pensar em trabalho depois de onze horas e quarenta minutos de vôo e de pegar um transito terrível.

Chegamos ao hotel Pullman em São Paulo após a hora do almoço no horário brasileiro.

Antes de sair envio uma mensagem para minha mãe avisando que cheguei bem. Lá agora é noite.

Quando entro no restaurante, ele está me aguardando. Meu coração leva um baque quando ele se levanta e puxa a cadeira para mim.

Ele está lindo. Terno novo, cabelos molhados e bem penteados depois do banho e com um perfume de deixar qualquer mulher literalmente de quatro.

Pára Ana, não vai por esse caminho, por favor. Me recrimino ao me sentar.

Almoçamos em silêncio, assim que acabamos ele dá sinal para que o garçom tire tudo da mesa.

Ficamos três horas analisando os papéis sem encontrar uma saída. Tentamos de tudo para decifrar o erro nos cálculos, mas nada aparecia.

_Droga _ Ele se irrita. _ Tem que haver uma explicação.

Ele começa a juntar os papeis.

Eu dou uma última olhada nos números. De repente uma ideia passa pela minha cabeça.

_ Espera senhor.

_ O que foi?

_ Estamos tentando fechar essa conta olhando apenas os resultados. Mas, e se forem falsos e já vem acontecendo isso há mais tempo?

Ele logo fica alerta.

_Como saber quanto tempo tem?

_Eu fiz um relatório dos últimos dois anos. Estavam todos certo, batiam com a quantia de entrada do dinheiro na conta de empresa. Apenas esse ano ainda não fiz, porque faço em janeiro e ainda estamos em outubro _ falo. Não é minha função fazer isso, sei que é responsabilidade do financeiro da sede, mas me acostumei e guardo comigo essas informações para verificar o desempenho anual em cada filial.

_ Você tem acesso a esses relatórios?

_ Sim estão em um pendrive lá encima na minha bolsa _ falo e começamos a recolher tudo rapidamente.

No quarto ligo meu laptop e insiro o pendrive.

_Vou ter que anotar a mão _ digo.

Como não temos acesso a uma impressora pego uma folha e começo a escrever os dados. Termino o primeiro mês e entrego a ele para fazer os cálculos. Repito até o último relatório leva um tempo para resolver tudo. Eu acesso o financeiro começamos a conferir.

_Janeiro está certo _ eu falo.

_Fevereiro também _ Ele confere.

_Março não está _ falamos juntos.

Olhamos um para o outro e ele sorri de lado sem mostrar os dentes, do jeito irônico que apenas ele sabe fazer.

_Bingo Ana _ me encara como se quisesse ver minha alma.

Estamos lado a lado sentados num sofá, muito próximos para minha paz de espírito.

_Vamos terminar _ desvio os olhos para a tela.

_Sim _ diz roucamente.

Em poucos minutos terminamos, os outros meses estão corretos.

_Como minha equipe do financeiro não viu esse erro? Isso é ultrajante. Eu ter que vim até aqui resolver erro dos outros _ agora as coisas vão piorar. _ Que horas é a reunião amanhã?

_ Ás dez da manhã _respondo juntando os papéis.

_ Ótimo _ ele fala e pega as folhas das minhas mãos guardando em sua pasta. Acabou. Graças a Deus.

Abro a porta para ele sair. Quando passa por mim, pára á minha frente e me analisa.

Estou começando a achar isso estranho.

_Ana.

_Sim senhor Sebastian.

_ Bom trabalho _ me elogia e sai. Fico parada por um tempo sem reação.

Nesse tempo todo, é a primeira vez que ele me faz um elogio

Peço o jantar no quarto tanto para mim quanto para meu chefe. Ele deve está tão cansado quanto eu.

Assim, que entramos na sala de reuniões no horario marcado, acontece o maior reboliço. Homens e mulheres olham para Sebastian com olhos arregalados. De repente um silêncio sepulcral se estabelece.

_Senhor Sebastian não sabia que viria pessoalmente _ gagueja o senhor Ferreira, presidente da filial.

_ Se fizesse seu trabalho direito eu não precisaria vir aqui _ retumba a voz do meu chefe irritado.

As pessoas se encolhem e o senhor Ferreira treme de cabeça baixa.

Sebastian se senta á cabeceira da mesa e eu, ao seu lado.

Os outro se acomodam em silêncio.

_ Quero os relatórios do financeiro agora _ exige e uma secretária que está de pé entrega algumas folhas para ele.

Ele mal lê e me passa, olho e vejo o mesmo erro, os números não fecham.

_ Quem vai me explicar porque esses números não batem? _ Rosna.

_ Senhor Sebastian, nós verificamos e não encontramos o erro _ O diretor financeiro fala.

_ Porque não investigaram direito, o erro está no mês de março. Quem é o responsável pelo lançamento da renda e dos relatórios? _ Ele pergunta aos gritos.

As pessoas se assustam, reparo em uma mulher que está quase desmaiando de medo. Como estou acostumada com esses rompantes, permaneço com o semblante tranquilo.

_ É o Felipe, mas ele é honesto, está conosco há mais de dez anos. Não acredito que fez algo errado. Ele perdeu a....

_ Traga ele aqui agora _ Sebastian ruge e bate com os punhos fechados na mesa, o barulho é alto.

_ Ah _ uma desavisada grita de susto. Ele fecha a cara para ela que levanta e sai correndo apavorada.

Preciso me segurar para não rir, se fizer isso, sou despedida na hora. Meu chefe parece um leão enjaulado e tenho pena do tal Felipe.

Um senhor chama a secretária e pede ela buscar o homem.

A sala fica em silêncio, ninguém ousa falar nada.

Passados alguns minutos, o tal felipe chega com alguns papéis nas mãos.

_ Felipe, o senhor Sebastian descobriu um erro nas contas do mês de março. Eu disse que você não faria nada desonesto, não é? _ O senhor Ferreira adianta enquanto o homem senta na cadeira onde estava a mulher que saiu.

_ Me explica o que você fez? _ Sebastian é totalmente ameaçador.

_ Bem, eu cometi um pequeno erro nos números e não sabia como reverter. Tentei de tudo, mas, não consegui consertar.

_ Trabalha aqui há mais de dez anos e simplesmente não consegue arrumar o problema que você mesmo causou? _ Sebastian está possesso de raiva.

_ Bem, é que nesses anos todos eu nunca tinha errado antes. Minha mãe faleceu no mês de março e eu não estava com a cabeça boa. Sei que a culpa é minha, eu sinto muito _ ele termina com lágrimas nos olhos.

_ Sente muito _ Sebastian é sarcástico. _ Viu, ele sente muito _ fala e olha para mim. _ Não me interessa seus problemas eu quero é saber onde está o meu dinheiro antes de chamar a polícia.

O homem arregala os olhos apavorado.

Sebastian levanta e vai até em ele. Ninguém ousa o impedir.

Eita, agora lascou tudo. Como vou parar ele?

Ele pega o homem pelo colarinho, segura firme e levanta ele da cadeira.

_ Onde está o meu dinheiro? _ Grita furioso.

Me levanto e aproximo dos dois pensando em uma maneira de acalmar meu chefe. Realmente, se ele continuar assim, vai infartar qualquer dia.

_ Está nas contas de marketing _ o homem sussurra tenta respirar e balança as folhas nas mãos.

_ Nas contas de marketing? Você só pode estar brincando com a minha cara _ ele treme de raiva.

Agindo rápido eu tiro os papéis do homem e começo a analisar. Parece que estão corretos. Sento novamente, tiro meu laptop da bolsa, entro no sistema e verifico. Ele falou a verdade, o dinheiro esta ali. Como as contas de marketing sao fixas, não são conferidas regularmente.

Vou até os dois, Sebastian ainda o mantém preso.

_ Está correto senhor _ falo, ele resiste em soltar Felipe. Passa alguns segundos _ Por favor senhor, vem dar uma olhada _ insisto e finalmente meu chefe tira as mãos do homem.

_Está demitido por justa causa e sem direito a nada _ Ele decreta antes de ir analisar os papéis.

Felipe sai rapidamente da sala. O senhor Ferreira balança a cabeça desolado. Parece que ele gosta muito do funcionário. Olhando melhor, todos em volta da mesa estão tristes pela demissão do rapaz.

_ Está certo _ Sebastian diz após verificar os dados. Agora senhor Ferreira, me diga o que faço com o senhor e com o setor financeiro que causa uma bagunça dessa e ninguém fica sabendo em sete meses? Sete meses. Se tenho que sair do meu país para vim aqui resolver essa confusão, para quê contratei vocês?

_Senhor Sebastian eu lamento muito.

_ Seu lamento não me serve de nada. Depois dos prejuízos dos produtos, agora isso. Eu te aviso uma coisa, o senhor não vai ter uma nova chance, se aparecer mais um problema aqui, vou mandar todo mundo embora. Ficou claro? _ Ele esbraveja.

_ Sim senhor _ O homem assente cheio de receio.

_Volto aqui as 14:00 da tarde. Quero um resumo de todas as contas e o sistema financeiro atualizado. Vou passar um pente fino em tudo. Já que estou aqui é melhor conferir pessoalmente. Amanhã quero toda a equipe de marketing para uma reunião as 7 da manha em ponto. Quero ver o que está acontecendo nesse setor que me causa tanta dor de cabeça _ Termina de falar sai da sala.

Eu começo a juntar os relatórios e desligo o laptop.

_ Coitado do Felipe, além de perder a mãe daquele jeito, agora perde o emprego _ comenta o senhor Ferreira triste.

Todos concordam e vão saindo aos poucos da sala.

_ Senhor Ferreira, posso falar com você um instante? _ Peço.

Odeio injustiça e quando percebo, já me envolvi. Vou fazer algo que pode me fazer perder o emprego, mas que vai acalmar meu coração.

_ O que quer falar comigo senhorita Ana? _ Pergunta quando ficamos a sós.

_ Quanto a demissão de Felipe, não faça isso, adiante as férias dele _ Falo rápido para não perder a coragem. Errar é humano, o homem não roubou a empresa. Justifico para mim mesma.

_ Mas senhorita isso....

_ Faça o que estou falando e não discuta _ o interrompo.

_ Se o senhor Sebastian descobrir perco meu emprego _ ele discorda temeroso.

_ Já disse faça isso, entre com os papéis das férias dele agora mesmo. Que ele não apareça antes de um mês!

Até lá a filha de Sebastian vai ter nascido e conto o que fiz quando ele estiver bem feliz. Talvez não me mate, penso.

_ O senhor Sebastian....

_ Deixa que com ele, eu resolvo. Estamos entendidos? _ Digo firme, ele concorda.

Saio rápido, encontro Sebastian segurando o elevador.

_ Porque demorou? _ Questiona desconfiado.

_ Passei no banheiro senhor _ dou essa desculpa esfarrapada, ele engole.

Almoçamos no hotel mesmo. Sebastian pede que eu apresentar o relatório para a reunião com os chineses. Outra tarefa que sei que vai dar problema. Eles querem subir a porcentagem de uma das substâncias químicas que a Beautymore usa na maioria de seus produtos. Meu chefe está possesso com isso porque não tem um ano que aumentaram a ultima vez.

_Você pesquisou em outros países?

_ Sim,? entrei em contato com três de maior potencial. Já tem reunião marcada com eles antes dos chineses.

Ele assente. O compromisso com o CEO da China seria hoje, como tivemos que remarcar devido a viagem ao Brasil, aproveitei para a colocar depois da que vamos ter com os possíveis novos colaboradores.

Ficamos a tarde toda na empresa, Sebastian passou realmente um pente fino em toda a parte financeira. Ainda bem que não teve mais nenhum problema.

O jantar foi a continuação do almoço, mais relatórios para o encontro com os Chineses.

Quando deitei para dormir, mal me aguentava de pé. As horas de vôo cobraram seu preço, praticamente desmaio de exaustão.

As sete em ponto estávamos na sala de reuniões com a equipe de marketing. O senhor Ferreira uma vez ou outra me encarava com receio, eu lhe sorria para garantir que estava tudo bem. Sebastian percebeu meus sorrisos e me recriminou apenas com um olhar.

A reunião foi satisfatória, os dados apresentados estavam um pouco melhores e as ideais eram boas. Sebastian não se exaltou em momento algum para o alívio de todos.

_ Gostaria de convida-los para um almoço _ senhor Ferreira fala quando terminamos.

Sebastian fecha a cara para o pobre homem que quer apenas agradar.

_ Que horas é nosso voo?

_ As 4 da tarde senhor _ respondo tranquila.

_ Adiante ele. Quero ir embora o mais rápido possível. Agora vamos voltar para o hotel e pegar nossas coisas _ fala sem se dignar a responder o senhor.

_ Não podemos aceitar seu convite senhor Ferreira. Te agradeço, mas vamos deixar para uma próxima vez _ digo educadamente.

Nos despedimos e seguimos para o elevador.

_ Não acha que ele é muito velho para você Ana? _ Me surpreendo quando ele me faz essa pergunta.

_ Como? _ Não tenho ideia do que está falando.

_ Presenciei a forma como estava flertando com o senhor Ferreira durante a reunião. O que você faz da sua vida particular não é da minha conta, mas, haja com mais profissionalismo de agora em diante.

Ele conseguiu me irritar. Ele me viu flertando com um senhor que tem idade para ser meu pai? Ele deve estar louco, só pode.

_Fique sabendo que não flertei com ele, estava apenas tentando deixar o ambiente mais leve depois do barraco que o senhor aprontou ontem. Além disso ele é muito bem casado. Por quem o senhor me toma? Analisa melhor suas palavras para não me ofender dessa maneira futuramente.

Ele fica me olhando, não abre a boca para se desculpar. Atitude típico dele.

Chegando ao hotel peço meu almoço no quarto, tenho que arrumar minhas coisas. Se Sebastian quiser que encontre o que comer por conta própria.

Envio mensagem para minha mãe confirmando que estou voltando.

Não converso com meu chefe por todo o voo, me concentro nos relatórios, depois durmo um pouco. Chegamos em Paris de manhã.

O motorista dele o espera, antes que ele me ofereça uma carona, o carro de aplicativo que pedi chega, eu entro sem olhar para trás.

Não sei porque, mas ele ter me repreendido sem motivo hoje e as palavras que disse me deixou super chateada.

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