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Uma Nova Chance Para Recomeçar

Capítulo 1

Eram 17h30 de uma tarde de quinta-feira quando Lucy encerrou mais uma entrevista de emprego.

Seu dia havia sido uma verdadeira maratona entre entrevistas, e, já cansada e desanimada por ainda não ter conseguido nenhuma oportunidade, entrou no carro do aplicativo rumo à pousada da Dona Clara.

— Afinal, quem contrataria uma mulher de 35 anos, sem nenhuma experiência no mercado de trabalho e ainda com uma filha para sustentar?! — pensou, zombando de si mesma e da situação. Em seguida, voltou a atenção para o celular e acompanhou o trajeto.

Chegou à pousada às 18h45. Assim que entrou na recepção, foi recebida com entusiasmo por sua filha, Catarina, de apenas seis anos, que correu ao encontro da mãe e a abraçou com força.

— Mamãe, senti sua falta! — disse a menina, olhando nos olhos de Lucy, que a pegou no colo e a cobriu de beijos no rosto e no pescoço.

— Como foi seu dia, filha? — perguntou Lucy, antes de ser interrompida por uma voz carinhosa.

Era Clara, uma senhora de meia-idade, cuja presença sempre transmitia segurança e afeto. Dona da pousada, Clara tinha pouco mais de 60 anos. Ficara viúva ainda jovem e trabalhou em diversas áreas para sustentar os quatro filhos: três meninos e uma menina.

Após os filhos crescerem e seguirem seus caminhos, Clara transformou a antiga casa em uma pequena pousada. Com o passar dos anos — e muito trabalho, dedicação e o carinho com que tratava os hóspedes — o negócio cresceu. Com ajuda dos filhos e o sucesso das refeições preparadas por ela, Clara comprou terrenos vizinhos e expandiu o local.

Com a filha ainda no colo, Lucy respirou fundo e, com um semblante abatido, desabafou:

— Como sempre, disseram que vão me ligar. A falta de experiência está dificultando tudo.

— Não perca a esperança, filha. Se Deus quiser, logo você vai conseguir um emprego. Você vai ver — respondeu Clara com ternura.

As duas caminharam até a cozinha. Lucy colocou Catarina no chão, apoiou-se na pia e, meio envergonhada, revelou:

— Havia um hotel próximo da última empresa onde fiz entrevista. Passei lá e perguntei na recepção se estavam contratando. — Fez uma pausa, respirou fundo e continuou: — A moça disse que o bar do hotel está com vagas abertas. Então fui até lá. O responsável confirmou a informação, mas disse que quem realiza as entrevistas é o chefe dele, que costuma chegar só à noite. Acho que vou tentar minha chance.

Clara olhou para Lucy com carinho, mas também com preocupação.

— Filha, você sabe como é trabalhar em uma boate? Esse ambiente é completamente novo para você, querida...

— Eu sei, Dona Clara. Mas preciso trabalhar. Preciso ser independente — respondeu Lucy, visivelmente arrasada. — Sei que trabalhar em um bar ou boate pode não parecer algo decente... Mas fique tranquila, só vou aceitar se for para atuar na cozinha ou na limpeza.

— Eu entendo, meu amor. Só fico preocupada com você, com sua segurança. Sei que nunca trabalhou antes e não conhece bem como as coisas funcionam por aqui — disse Clara, aproximando-se para abraçá-la.

— Obrigada, Dona Clara. Vou precisar da sua ajuda com a minha Catarina. Pretendo sair daqui a pouco. Quem sabe dessa vez dá certo...

— Não se preocupe, meu amor. Pode ir tranquila.

— Obrigada, Dona Clara!

— Filha... me chame de tia. Você é como a minha Isabela — disse Clara com um sorriso. Lucy sorriu timidamente e respondeu:

— Obrigada, tia...

Isabela era a filha caçula de Clara e, por coincidência, havia sido vizinha de Lucy no prédio onde moravam. Com o tempo, tornaram-se melhores amigas.

Lucy pegou a filha e subiu para o quarto. A suíte era simples, mas acolhedora: um ambiente rústico, com uma cama de casal, duas cômodas, guarda-roupa, TV a cabo, ar-condicionado, frigobar e um banheiro com chuveiro. Uma janela dava para a rua e outra para o parquinho.

Deu banho em Catarina, ajudou-a a vestir o pijama e preparou sua mochila com uma troca de roupa, um pijama de frio, a garrafinha de água e alguns brinquedos. Depois, foi tomar seu banho. Vestiu uma calça jeans azul-claro, uma camiseta preta e tênis brancos. Prendeu o cabelo em um rabo de cavalo e passou uma leve maquiagem para disfarçar as olheiras e a palidez do rosto, consequência do cansaço e das noites mal dormidas.

Desceram novamente para a cozinha. Lucy serviu o jantar da filha: macarronada com carne moída e legumes salteados na manteiga. Não se serviu — seu estômago embrulhado pelo estresse não permitia sequer pensar em comida.

Quando Catarina terminou, Lucy limpou seu rosto com carinho e a entregou para Clara.

— Tia, estou indo. O rapaz disse que o chefe dele costuma chegar por volta das 20h. Não quero me atrasar.

— Vá com Deus, meu amor. Se cuida no caminho. Fique atenta ao trajeto no aplicativo, e eu já anotei aqui o nome do motorista e a placa do carro. Qualquer coisa, me ligue — disse Clara, abraçando Lucy com força ao se despedirem.

Lucy Khoury, 35 anos, é professora de inglês. Fala, entende e escreve fluentemente em três idiomas: árabe, inglês e português. Além disso, possui conhecimentos básicos em turco e espanhol.

Lucy é uma mulher árabe, nascida e criada em uma família extremamente rígida, onde as mulheres não tinham voz ativa, tampouco o direito de decidir sobre suas próprias vidas ou futuros.

Filha mais velha entre quatro irmãs, casou-se aos 25 anos com um rapaz também árabe, vindo com ele para o Brasil — país onde ele havia sido criado desde a infância.

Para permanecer em casa durante os estudos, Lucy cursou inglês na faculdade de sua cidade. Sua vivência social, no entanto, era praticamente nula, já que as regras familiares restringiam severamente a liberdade das mulheres, em contraste com a liberdade quase total concedida aos homens da família.

Até os 18 anos, frequentou uma escola exclusivamente feminina. Seu contato com o universo masculino limitava-se aos próprios tios e primos.

Desde muito jovem, sentia-se desprezada pela própria família, que valorizava um padrão de beleza eurocêntrico — cabelos loiros e olhos claros. Seu avô frequentemente a olhava com desaprovação, comparando-a de forma cruel às irmãs e primas, cujas aparências se encaixavam melhor nesse padrão imposto.

Quando a família de seu futuro marido a pediu em casamento, seu avô prontamente aceitou, sem sequer consultar o pai de Lucy. O casamento foi arranjado, e, como era de se esperar, ela não teve escolha senão aceitar.l

Omar Bolus, avô paterno, 80 anos, pai de 5 homens, trabalha na área de imobiliária

Capítulo 2

— Enfim, casa! — Theo respirou fundo ao fechar a porta do hall de entrada. O ambiente estava silencioso e impecavelmente limpo. Ele consultou seu relógio Rolex prateado, que marcava 9h30 da manhã.

— Ainda dá tempo! — murmurou, abrindo um sorriso. Subiu as escadas cantarolando e, antes de entrar no próprio quarto, passou pelo quarto da filha, onde deixou um presente sobre a cama, seguindo depois o seu caminho.

Tomou um banho quente para aliviar o suor e o cansaço da viagem. Theo havia passado os últimos dias fora da cidade, cuidando dos negócios relacionados à inauguração de mais um hotel.

Saiu do box com uma toalha enrolada na cintura, aplicou desodorante, colocou a toalha no cesto de roupas sujas e caminhou até a cama. Programou o despertador do celular para as 11h15 e se deitou. Poucos minutos depois, já dormia profundamente.

Theodor Ferrarini Castelhano, conhecido como Theo, tem 43 anos, mede 1,89 m de altura, é pai solteiro e um empresário renomado, proprietário de três hotéis cinco estrelas.

Às 11h15, Theo desligou o despertador, foi até o banheiro, realizou sua higiene matinal e seguiu para o closet. Vestiu uma bermuda bege, camiseta preta e tênis da mesma cor. Após aplicar seu perfume favorito, abriu a gaveta onde guardava os relógios e escolheu um modelo preto. Em seguida, saiu do quarto e pegou o celular sobre a cômoda ao lado da cama.

Desceu as escadas, bebeu um copo de água, colocou-o na máquina de lavar louça e saiu de casa, trancando a porta.

Entrou no carro e dirigiu até a escola da filha, Sophia, que ficou surpresa ao vê-lo esperando por ela na secretaria.

Theo a cumprimentou com um abraço caloroso, pegou a mochila da menina, agradeceu à diretora da escola e saiu com a filha. Passaram no restaurante favorito dela para almoçar e, após a sobremesa, retornaram para casa.

Ao entrar no quarto, Sophia notou o presente sobre a cama. Inspirou fundo, caminhou até o banheiro, tomou banho e, depois, sentou-se à escrivaninha para fazer as tarefas escolares.

Theo permaneceu na sala e telefonou para a empresa responsável pela última babá. Reclamou da falta de ética da funcionária — a quem precisou dispensar — e ameaçou processar a empresa pelo que ela havia feito à sua filha.

A gerente da agência pediu desculpas, implorou por uma nova chance e prometeu encontrar uma profissional que atendesse a todos os requisitos exigidos por ele.

Insatisfeito com as desculpas, Theo respirou fundo e entrou em contato com outra empresa, que se comprometeu a enviar uma nova candidata no dia seguinte.

Ao encerrar a ligação, levantou-se e foi até a máquina de café. Colocou uma cápsula de café expresso e a xícara na posição correta. Enquanto aguardava, telefonou para seu braço direito, Rafael, que apresentou um relatório completo sobre a rotina da empresa durante os dois dias de ausência de Theo.

Rafael também relatou a presença de uma mulher desconhecida que passou a tarde procurando emprego. Theo não demonstrou interesse em saber mais sobre ela ou os motivos da desconfiança de Rafael. Finalizou a chamada e subiu para ver a filha.

Bateu à porta, e a voz de Sophia logo o autorizou a entrar. Seu semblante entristeceu ao perceber que ela ainda não havia aberto o presente. Sentou-se no puff ao lado dela, pegou a caixa e perguntou:

— Não está curiosa para saber o que tem dentro?

— Vou terminar a tarefa e depois abro — respondeu Sophia, sem olhar para ele.

— Precisa de ajuda, filha? — perguntou ele, com carinho.

— Não, estou terminando — dessa vez, ela o encarou com um sorriso no rosto.

Theo esperou em silêncio até que ela terminasse. Seu olhar carregava mágoa e frustração ao perceber o semblante abatido da filha.

Sophia guardou o material escolar, pegou o presente e desamarrou o grande laço rosa que enfeitava a caixa. Abriu um sorriso tímido ao ver o kit escolar de unicórnio que o pai trouxera. Colocou o presente sobre a escrivaninha e o abraçou em agradecimento.

Arrasado por não saber como recuperar o brilho do sorriso da filha, Theo sugeriu que descessem até o jardim para conversar.

Ele contou tudo o que fizera durante os dois dias de viagem e perguntou sobre as aventuras da menina. Mas ela limitou-se a repetir sua resposta habitual:

— Foi legal.

Sophia passou a tarde deitada no colo do pai, no balanço-sofá do jardim. Às 19h, Theo pediu uma pizza de pepperoni e quatro queijos — os sabores preferidos da filha. Após o jantar, ele a colocou na cama e despediu-se com carinho.

Antes de sair, deu ordens aos dois seguranças que permanecem fixos na entrada da casa: que ficassem atentos caso Sophia precisasse de algo e que o mantivessem informado sobre qualquer coisa.

Sophia Gonçalves Castelhano, 11 anos, filha única, é uma menina introvertida e extremamente inteligente.

Pousada de Clara

Lucy se despediu de suas meninas, Clara e Catarina, e entrou no carro. Estava ansiosa — era a primeira vez que saía sozinha à noite. Costumava sair sempre acompanhada do marido, Yussef, ou, eventualmente, do motorista da família.

Agarrou o celular com força, tentando disfarçar a tensão, e passou a observar o caminho ao redor, acompanhando o trajeto pelo aplicativo de transporte.

O motorista, como muitos outros antes dele, não resistiu à curiosidade e iniciou a série de perguntas que Lucy já conhecia de cor:

— Você não é brasileira, né?

— É argentina?

— De onde você é?

— Está gostando do Brasil?

— Faz muito tempo que mora aqui?

— Nossa, fala muito bem o nosso idioma.

Como de costume, Lucy respondeu com monossílabos — “sim”, “não”, “um pouco” —, tentando, educadamente, evitar conversa.

Ao chegar ao destino, pagou o motorista, desceu do carro e enviou uma mensagem para Clara avisando que havia chegado bem. Em seguida, respirou fundo e entrou para encarar o que considerava seu verdadeiro desafio.

Desceu pelo elevador até o andar executivo, onde se localizava a boate. Assim que as portas se abriram, o som alto da música e das conversas já tomava conta do ambiente.

A iluminação era baixa, e o lugar exalava uma energia que lhe era totalmente estranha. O coração de Lucy acelerou, e as mãos começaram a suar frio. Era a primeira vez em sua vida que entrava em um lugar como aquele.

Por sorte, o espaço ainda não estava muito cheio, o que lhe permitiu alcançar facilmente o balcão do bar. Aproximou-se do bartender e se apresentou, elevando levemente a voz para ser ouvida em meio ao barulho.

O rapaz, educado, pediu que ela aguardasse, pois o chefe ainda não havia chegado. Ofereceu algo para beber, e Lucy, com a garganta seca pela ansiedade, pediu apenas um copo de água.

Capítulo 3

Theo estacionou o carro em frente à entrada do hotel, desceu e entregou as chaves ao manobrista. Em seguida, caminhou até a recepção, onde foi imediatamente recebido por seu assistente pessoal, Rafael, e pelo gerente do hotel, Fernando.

— Senhor Castelhano, seja bem-vindo. — disse Fernando, com cordialidade.

— Bem-vindo de volta, chefe! — cumprimentou Rafael, acompanhando Theo, que, no entanto, não parou para saudá-los formalmente. Apenas acenou com a cabeça e, em tom sério, perguntou:

— Como estão as coisas por aqui?

— Tudo sob controle e conforme o senhor solicitou. — respondeu Fernando, com evidente orgulho.

— Chefe, este documento precisa da sua assinatura com urgência. Trata-se do desligamento da babá ocorrido na terça-feira. — explicou Rafael, entregando uma pasta preta com uma caneta.

— Ótimo. — disse Theo, respondendo a Fernando antes de parar para assinar os papéis. Após concluir, devolveu a pasta e a caneta a Rafael e seguiu em direção à recepção.

Rafael Martins 35 anos.

Theo é um dos poucos empresários que mantêm um assistente pessoal do sexo masculino. Ele simplesmente não consegue lidar com mulheres. Suas experiências com elas nunca foram bem-sucedidas — sempre achou que mulheres são complicadas, interpretam tudo de maneira errada. As únicas duas exceções em sua vida são sua mãe, sua filha Sophia e Dona Rute, a babá da menina.

Ao chegar ao hotel, Theo passou primeiro pela recepção. Sempre que ele entra em um ambiente de trabalho, todos os funcionários se levantam imediatamente. Ele é extremamente exigente, inclusive consigo mesmo.

Os colaboradores devem manter uma aparência impecável: uniformes sempre limpos e passados diariamente, cabelos penteados e barbas aparadas, no caso dos homens. As mulheres devem usar os cabelos presos em coques baixos, unhas curtas e bem cuidadas, esmalte claro, maquiagem leve e batons em tons suaves. O salto deve ser sempre baixo.

Dentro do hotel, há um espaço exclusivo para os cuidados pessoais dos funcionários, onde podem cuidar dos cabelos e das unhas — tudo custeado pela empresa.

Após verificar a recepção, Theo seguiu para o restaurante. O ambiente precisava estar impecável. Ele observou tudo com atenção: os pratos brancos com o logotipo do hotel — C&H, iniciais de Castelhano Hotels — em preto, os talheres brilhando, os guardanapos brancos dobrados com perfeição, também com o logotipo estampado. Cada detalhe era inspecionado minuciosamente.

Em seguida, visitou a cozinha, onde costuma passar mais tempo. Observa atentamente a conduta de cada funcionário, o nível de higiene do ambiente e a apresentação final dos pratos. Nesse setor, o silêncio é regra. Todos devem usar avental branco, que vai até a metade das canelas, e touca cobrindo completamente os cabelos. Apenas o chef tem permissão para falar, e apenas para dar comandos.

Depois, Theo passou na sala de segurança e monitoramento. Lá também, além da aparência irrepreensível, os profissionais devem estar atentos a qualquer movimentação, dentro ou fora do hotel. Ele não tolera descuidos, conversas paralelas ou cochilos durante o expediente.

Paga o dobro do salário médio de mercado, e em troca exige ética, comprometimento e responsabilidade absoluta. Não é à toa que o Castelhano Hotels é um dos mais renomados do país, frequentemente recebendo celebridades e políticos.

Theo é filho único do senhor Vítor e da senhora Luiza Castelhano, fundadores do hotel. Cresceu entre os corredores do lugar. Foi o pai quem lhe ensinou tudo sobre o negócio: como tratar os clientes, o que exigir dos funcionários e como recompensar os que se destacam. Já adulto, Theo cursou Administração e, ao assumir a empresa, expandiu os negócios com mais duas filiais em outras cidades do mesmo estado. Embora menores, seguem os mesmos padrões rígidos da matriz.

Após elogiar Fernando pelo trabalho e fazer algumas observações sobre detalhes que chamaram sua atenção, Theo se despediu e caminhou até o elevador, rumo à boate, acompanhado de Rafael. Deixava esse espaço por último, pois os assuntos ali costumavam ser mais delicados.

— Chefe, como mencionei ao telefone mais cedo... — começou Rafael, entregando novamente a pasta preta, desta vez com um currículo em mãos — À tarde, apareceu uma mulher procurando emprego. Achei ela muito estranha.

— Estranha de que modo? — Theo perguntou, pegando a pasta sem olhar para o assistente. Entraram no elevador, e Rafael apertou o botão do subsolo, onde ficava o andar executivo da boate. Ele continuou:

— Tudo nela me pareceu estranho, chefe. Fala com sotaque, tem uma aparência de quem nunca precisou trabalhar... Não sei, tive um pressentimento ruim. Parece que veio só para espionar o senhor e saber como as coisas funcionam aqui.

Theo nem chegou a ler o currículo de Lucy. Fechou a pasta, devolveu-a com desdém e disse friamente:

— Dispense-a. Não estou com cabeça para lidar com uma presença feminina agora.

— Como o senhor preferir. Eu disse a ela que o senhor estava viajando e que só voltaria à noite. Caso ela volte, eu mesmo a dispenso.

Quando o elevador se abriu, Theo saiu em direção ao seu escritório, nos fundos da boate, atrás do balcão. No caminho, cumprimentou alguns clientes. De repente, uma onda de calor percorreu seu corpo ao perceber para onde Rafael indicava com um leve movimento de cabeça.

— Parece que ela voltou, chefe. — a voz de Rafael o trouxe de volta à realidade — É aquela mulher ali.

Lucy estava parada em um canto discreto, encostada na bancada onde os pedidos eram feitos, observando o movimento ao redor. Estava tão absorta em seus pensamentos que nem notou os olhos intensos e intimidadores de Theo fixos nela.

Seu coração disparava só de imaginar a possibilidade de ser contratada. Vir ali todos os dias, ou melhor, todas as noites...

"Meu Deus! O que estou fazendo aqui? Meu avô me mataria se soubesse que estou pensando em trabalhar neste lugar. E minha filha... O que ela pensaria de mim no futuro?" — pensou, tomando um gole de água para tentar aliviar a garganta seca de ansiedade.

"Lucy, sua idiota! Ficou maluca? Esse lugar não é para você." — repreendeu-se mentalmente. Tomou outro gole, pousou o copo na bancada e pediu a conta. O atendente, no entanto, não lhe cobrou nada. Ela agradeceu, preparou-se para sair, mas, antes que pudesse dar um passo, foi surpreendida: alguém a puxou pelo braço.

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