Mais um dia no porto de Coimbra. O sol se pondo no céu enquanto os comerciantes se preparam para ir descansar e os bares e restaurantes começam a se preparar para seus turnos.
Apesar de pequena, a cidade tem uma vida noturna agitada. E novos investidores começam a perceber o potencial dessa pequena cidade portuária.
Rafael - Maninha, quando é que você vai sair da cozinha de casa e começar a ser a chef que meus clientes tanto querem?
Isabela - Só quando você investir em um restaurante em vez de ficar comprando essas boates espalhafatosas.
Rafael - Mas o que me dá dinheiro são essas “boates espalhafatosas”. Além do mais, você tem dinheiro suficiente para comprar seu próprio restaurante.
Isabela - O dinheiro não é meu, é seu. E eu já disse que não vou aceitar que você me dê de mão beijada assim.
Rafael - Por isso eu peço todo dia para que você venha cozinhar nas minhas boates, quem bebe também come.
Isabela - Não é o tipo de carreira que eu procuro, você sabe bem. Quero um lugar onde gente do mundo todo queira provar minha comida. Um bar lotado onde não se dá pra relaxar e conversar não é lugar para isso.
Rafael - Eu sei, eu sei… um dia você ainda me fala por que voltou correndo da Italia? Aquele restaurante que você trabalhava era incrível, sem falar daquele em Bruxelas, nossa… sensacional.
Isabela - … é, quem sabe um dia quando você tiver neurônios suficientes.
Rafael - Haha, engraçadinha
Isabela - Rafael olha desconfiado enquanto Isabela vira as costas para mexer uma panela que já está com o fogo apagado a um tempo. E aí a campainha toca.
Rafael olha desconfiado enquanto Isabela vira as costas para mexer uma panela que já está com o fogo apagado a um tempo. E aí a campainha toca.
Isabela - Está esperando alguém?
Rafael - Um amigo. Ele está doido para investir em algo na cidade e eu propus o negócio perfeito. Se tudo der certo, dessa vez o seu restaurante sai ein Isa.
Isabela - Mentira! E você só ta me contando isso agora por que??
Rafael - Do jeito que você é, arranjaria alguma desculpa capenga pra não acontecer, e também não aceitaria nada muito grandioso, e você bem sabe que se não for enorme eu não consigo fazer nada que preste. Por isso chamei o João, ele é a pessoa perfeita pra gerir um negócio em ascensão!
João - Então era por isso que minha orelha tava coçando?
Isabela leva um susto quando o estranho alto e bonito surge na entrada da cozinha de repente.
Ela aproveita enquanto os dois se cumprimentam com bastante intimidade e alegria para se recompor.
Rafael - João, essa é minha irmã, o futuro da gastronomia de Coimbra, pode anotar.
João - Isabela não é? Já ouvi muito sobre você.
Isabela - Espero que só coisas boas.
Rafael - Sempre o melhor da minha pequena irmãzinha. Comentei contigo João sobre aquela vez em que ela meteu a cara no…
Isabela - Rafael Augusto Bernadi, nem mais um pio!
João - Hahaha, ela parece ser do jeitinho que você falou mesmo.
Rafael - Não acho que tenha feito juz. Apesar dos pesares, ela é uma excelente chef. Achei que seria bom sairmos para conversar um pouco sobre o restaurante lá no Famiglia, aí já dá pra ir sentindo a concorrência.
João - Excelente! Acho uma boa ideia, e tô morrendo de fome mesmo.
Isabela - É… então… ninguém me avisou nada sobre sair, ainda mais para uma reunião de negócios, vou precisar me trocar.
Rafael - Que é isso maninha, você ta ótima assim, vamos lá!
João - Está mesmo… eerr… hã hã… não acho que seja necessário, o lugar não é tão formal pelo que ouvi falar.
Rafael - E além do mais, também estou faminto.
Isabela - Aah… ta bem, mas você que paga.
Rafael - Fechado! Vamos então.
No Barreco, os três são levados até uma mesa e fazem seus pedidos. Enquanto esperam, Isa não consegue deixar de notar o quanto João é bonito, e não consegue esquecer o jeito que ele se enrolou todo antes de saírem.
Rafael - Então João, conta como estão as coisas.
João - Tudo na mesma correria de sempre, tô doido pra dar uma sossegada na vida sabe…
Isabela - Veio ao lugar certo então, aqui é bem tranquilo.
João - Mas já sofri um abalo por aqui…
A atenção de Rafael é desviada por um segundo.
Rafael - Luan! Ei! Quanto tempo, queria mesmo falar contigo… já volto gente.
Isa e João ficam sozinhos na mesa, um de frente para o outro, e ele não para de olhar para ela.
Isabela - Então… hã hã… vocês se conhecem há muito tempo? Não me lembro de já ter te visto com o Rafa.
João - Na verdade nos conhecemos faz um mês, mas nossos santos se bateram de cara, e aqui estamos.
Isabela - Aqui estamos…
João - Sabe, quando o Rafael falou que tinha uma irmã mais nova eu achei que era beem mais nova, mas vocês parecem ter a mesma idade…
Isabela - O Rafa é meu meio-irmão, nossos pais se casaram depois de ficarem viúvos por uns bons anos, por isso a mesma idade, e o mesmo gênio, porém eu sou a mais esperta.
João - E a mais bonita também…
Isabela - … obrigada
Fala enquanto ruboriza.
João - Mas me conta, seus pais estão por aqui?
Isabela - Não, na verdade minha mãe faleceu faz um ano. E o pai do Rafa, bom… digamos que ele não aprecia muito a minha companhia desde então.
Isa começa a ficar inebriada pelo charme de João. E desata a falar coisas que não compartilha com ninguém além do irmão. Como pode um homem tão bonito estar aparentemente interessado nela? Mas ela precisa manter o foco, e lembrar que é o seu sonho que ta em jogo.
Bem a tempo, Rafael volta interrompendo qualquer coisa que João estivesse preste a dizer.
Rafael - Isa! Você não vai acreditar! Adivinha quem eu encontrei? Haha o Gabriel voltou, você lembra dele né?
Gabriel - Oi Isa, como você está?
O coração de Isa dá uns pulos a mais. Será possível que o seu melhor amigo de infância está de volta e que agora está bem bonito sem todos aqueles dentes faltando.
Isabela - O-oi Gabriel, você vai bem eu? Er… quer dizer, nossa, quanto tempo…
Ele desvia rapidamente sua atenção para João do outro lado da mesa.
Gabriel - Acho que não nos conhecemos, sou Gabriel, prazer, é novo na cidade?
João - Prazer, sou o João, ainda pensando a respeito. Mas por hora, tudo indica que sim.
Fala enquanto olha pra Isa e dá uma piscadinha brincalhona.
Gabriel olha a cena com uma cara esquisita, quase enojada.
Gabriel - Isabela se importar de me acompanhar? Prometo que vai ser rápido.
Isabela - Claro… já volto.
Enquanto os dois se afastam, Isa consegue ouvir o irmão falar para João:
Rafael - Esses dois eram unha e carne, ninguém separava…
Gabriel a leva para um lugar mais reservado, longe das mesas e para de repente próximo demais dela.
Gabriel - Como você está?
Isabela - Vou bem e você?
Responde se afastando um pouco para conseguir se concentrar melhor longe do calor do corpo dele.
Gabriel - Estou bem, já faz tanto tempo…
Isabela - 5 anos…
Gabriel - Eu sinto muito, eu queria ter mantido contato, estar com você quando sua mãe partiu, mas eu não…
Isabela - Tudo bem, imagino que tinha coisas mais importantes aproveitando a vida pelo mundo do que me mandando mensagens.
Gabriel - Bom, você não está totalmente errada, mas você também é importante, é só que… deixa pra lá, assunto chato sobre negócios.
Isabela - Tudo bem, só importa que você está bem e está aqui agora, eu senti tanto a sua falta.
Inesperadamente Gabriel a abraça, e ela encaixa perfeitamente em seus braços e por um momento parece que os 5 anos que eles passaram sem contato, simplesmente desaparecem, como se nunca tivessem se separado por um minuto sequer e ela fica tranquila, como se todo o mundo desaparecesse e só restasse os dois.
Até que ela começa a sentir todos os músculos de Gabriel, músculos que não existiam antes dele sair de coimbra do nada e sem falar para onde ia.
Seus braços fortes em volta da sua cintura fina, quase tirando-a do chão por causa da diferença de altura entre os dois. O tronco forte e bem delineado em contato com o seu. A leve pressão do seu membro… Seu corpo começa a ficar quente e ela se solta do abraço ruborizando.
Gabriel - Desculpe… eu só… estava com saudades.
Isabela - Eu também senti sua falta. Temos muito o que colocar em dia.
Gabriel - Com certeza. Então… imagino que aquele João é o seu namorado.
Isabela - Oque? Não, não não, acabei de conhecê-lo. É amigo do Rafa.
Gabriel - Ah, entendi. E eles se conhecem a muito tempo?
Isabela - Até onde sei faz apenas 1 mês.
Gabriel - Entendi… Isa, se eu fosse vocês, escolheria melhor as pessoas com quem andam.
Isabela - Como assim?
Gabriel - É só que… ele parece estar bem interessado em você de um jeito esquisito para quem acabou de te conhecer.
Isabela - Bom, só por que ele está investindo em um negócio com meu irmão, e eu sou o ponto central.
Gabriel - Humm, ainda assim, não me parece que ele só está interessado nos negócios.
Isabela - Mesmo se não estiver não é da sua conta né?
Nessa hora, pareceu que Gabriel levou um balde de água fria, e sua postura e expressão ficaram distantes, como no dia em que ele foi embora sem se despedir.
Gabriel - Tem razão, não deveria me meter, acabei de chegar e não faço mais parte da sua vida. Ainda assim espero que você se cuide, vou visitar a minha avó. Te vejo por aí Bela.
E rápido assim ele se afastou, enquanto o apelido antigo ressoou nos ouvidos e na alma de Isa. Talvez a amizade entre os dois não estivesse tão perdida assim.
De volta à mesa, Isa se senta com um sorrisinho bobo lembrando do apelido carinhoso, apesar da saída brusca de Gabriel ela sente que algo entre eles despertou. Enquanto se senta percebe que João e Rafa riem de alguma coisa.
Isabela - Espero que não estejam rindo às minhas custas ein.
Rafael - Apesar de você ter voltado toda felizinha depois de reencontrar o Gabriel desta vez o motivo é outro.
João - Mas isso é história para outra hora. Que tal começarmos a falar sobre negócios antes do jantar chegar?
E então os três conversam sobre a abertura de uma no a experiência gastronômica por horas. Durante toda a conversa Isa percebe que o comportamento de João mudou em relação a ela, ficou focado na negociação sem qualquer indicação dos gracejos anteriores.
Ela então acreditou estar enganada anteriormente, afinal ela era só a irmã do amigo dele e ele só queria ser educado, estava claro agora.
Ficou acordado então que Rafael, por conhecer melhor a cidade, ia arrumar local do novo restaurante, Isa ficaria responsável pelo menu equipe e João pela parte burocrática que envolvia nome, logo e toda a papelada de autorização necessária para começarem. Os três dividiriam funções sócio-administrativas, mas pela falta de experiência da Isabela ela só ficaria com 10% da empresa.
Rafael - Bom então já que acabamos por hoje vou pegar o carro e já volto.
E sai, deixando João e Isa sozinhos de novo.
Isabela - Ele não para quieto (resmunga)
João - O que disse?
Isabela - Nada.
João - Então, sei que acabamos de nos conhecer, mas queria almoçar contigo… assim podemos nos conhecer melhor já que vamos abrir um negócio juntos, que tal?
Isabela - Claro, vamos sair sim!
João - E podemos cozinhar alguma coisa também, assim vou conhecer o seu trabalho, já que o seu irmão sempre fica elogiando…
Isabela - Boa ideia, vou combinar com rafa um dia ainda essa semana.
João - Na verdade, queria que fôssemos apenas nós dois se você não se importar.
Fala com um sorriso sedutor enquanto Isa ruboriza.
Isabela - Tudo bem, pode ser depois de amanhã então?
João - Combinado!
Assim que termina de falar, rafa aparece com o carro chamando Isa, João a puxa para um abraço de despedida e sussurra sedutoramente no seu ouvido.
João - Mal posso esperar pelo nosso almoço, já estou faminto.
Isa entra no carro com muito calor de repente e coloca o cinto.
Rafael - Cara legal né! O que achou dele?
Isabela - Ele é bem profissional, e entende bem de negócios.
Rafael - Nossa… ouvindo assim nem parece que foi paquerada a noite toda hahaha.
Isabela - Então você percebeu?
Rafael - Até o Gabriel que acabou de chegar percebeu haha. Mas falando sério, por mais que eu te ame e não te veja com ninguém a muito tempo, só toma cuidado com ele.
Isabela - Então ele é daqueles amigos pegadores seus?
Rafael - Exatamente, e como vamos começar um negócio juntos deveríamos manter essas coisas separadas. Para o seu bem e do nosso negócio.
Isabela - Você não deveria ficar tão preocupado comigo assim, eu sei me virar bem.
Rafael - Sei que sabe maninha… sei que sabe.
Os dois ficaram em silêncio pensando na saída brusca de Isa da Itália para Coimbra, mas só um deles sabia o que tinha acontecido de fato por lá.
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