Mariana Berdinazze era uma boa mulher, viúva de seu primeiro casamento cuidava sozinha do filho e das propriedades que Herdará de seu falecido marido, sem muitos amigos ou parentes vivos se virava como podia frente aos negócios dos quais não possuía nenhuma pratica ou conhecimento, quando conheceu Felipo Giordano um renomado advogado e magnata do ramo imobiliário acreditou que enfim havia encontrado a felicidade, o homem lindo de descendência Turca falava fluentemente mais de seis idiomas, era inteligente e parecia ser a mão amiga que tanto precisava nos negócios, três meses depois de se conhecerem um amor fulminante brotou no coração da jovem mulher, completamente apaixonada depositou em Felipo todas as expectativas e esperanças que tinha em um futuro feliz, Mariana era ingênua assinou todos os papéis entregues pelo homem que amava sem questionar, sequer havia lido as procurações que ele pedia a ela que assinasse, tamanha confiança lhe custaria caro e não demoraria descobrir, anos se passaram , o pequeno Thiago filho de seu primeiro casamento estava cada dia mais forte e saudável, era a alegria e o orgulho da mãe, vivia livre pela casa em meio a imensidão de brinquedos que possuia,as coisas iam bem mais não duraram muito, na última viagem de Felipo a Turquia ele não retornou, Mariana estava preocupada o homem jamais havia demorado tanto, sempre fazia negócios entre os dois países mais nada que exigisse tanto de seu tempo, já desesperada buscava por notícias quando o inesperado bateu a sua porta.
— Senhora Mariana.
Uma das empregadas adentrou o quarto, Mariana acalentava o filho que agora com pouco mais de três anos já dormia em seus braços.
— Qual o problema Maria? parece preocupada.
— A polícia está ai fora senhora, disse que estão aqui para cumprir uma ordem de despejo.
Mariana entregou Thiago a velha senhora, desceu as escadas as pressas.
— Boa tarde senhores.
Falou com cordialidade.
— Minha funcionária disse que estão a minha procura , deve ter havido algum erro essa propriedade é minha, é herança do meu falecido marido Sebastian.
— Não à enganos senhora, sentimos muito.
O policial estendeu a ela o papel que tinha a mão, uma procuração assinada pelo novo dono da residência e pelo juiz da pequena cidade no interior, Mariana acabará de perder a mansão que um dia lhe pertenceu.
— Não entendo, Meu marido é quem toma conta de minhas finanças, não consigo falar com ele a alguns dias mais com certeza ele conseguirá explicar toda essa confusão.
— A casa tem que ser desocupada hoje mesmo senhora, ordens da justiça.
Mariana levou as mãos a cabeça, não sabia o que fazer, subiu as escadas as pressas, com a ajuda de Maria sua empregada e ama a mais de duas décadas colocou em malas as coisas que conseguia carregar.
— Os móveis e tudo que está na propriedade foram arrematados junto a mansão senhora Mariana, temo que não possa levar nada consigo.
Encarava as malas que a mulher trazia as mãos.
— São apenas roupas, alguns brinquedos de meu filho, por Deus não me faça sair daqui sem o mínimo necessário para ele.
O policial a olhou com pesar, sabia que a mulher havia sido enganada mais da metade da cidade já comentava os golpes dados pelo turco Felipo em sua passagem por Florença.
— Vá, vou pedir a um de meus oficiais que a deixe em um hotel.
Mariana agradeceu, abraçada ao filho entrou na viatura que partiu para longe dali, enquanto chorava a jovem era consolada pela governanta.
— Fique calma senhora, isso certamente é um engano, o senhor Felipo jamais a deixaria assim, desamparada, sem um tostão.
Assim que Mariana desceu as portas do hotel foi levada a um luxuoso quarto, passou a noite em claro pensando no que faria, na manhã seguinte foi logo cedo ao banco no qual dividia uma conta conjunta com o marido.
— Senhora Berdinazze.
O gerente sorriu ao vê-la.
— Me desculpe vir tão cedo.
— Não é nenhum incomodo, em que posso ajudá-la?
— Preciso fazer uma retirada em dinheiro da minha conta conjunta com Felipo, houve alguns imprevistos e infelizmente precisarei de parte do meu rendimento que está aplicado.
O homem a olhou confuso.
— Algum problema?
— Sim senhora Berdinazze, seu esposo Felipo encerrou essa conta a alguns meses, disse que estava de mudança para Turquia e quando perguntei se a senhora estava de acordo com a retirada ele apresentou esses papéis.
Mostrou a ela as procurações assinadas.
— Achei que tivesse ido com ele, por isso tamanha surpresa de minha parte ao vê-la.
Naquele momento Mariana chorava muito, já havia se dando conta de que havia sido enganada.
— Ele deixou algum telefone, um endereço ou qualquer coisa?
— Haaaan.
Se levantou depressa.
— Sim, esse número de caixa postal com um endereço em Istambul, temos que enviar a ele alguns contratos e rendimentos de ações que estavam somente na conta pessoal que o pertencia.
Maria sequer sabia da existência de uma conta paralela a que ela e Felipo tinham juntos, agradeceu com um sorriso amarelo, se juntou a empregada que lhe esperava com o filho pequeno no colo caminhando até a saída.
— Está bem senhora?
— Não Maria eu não estou, ou algo muito errado está acontecendo ou fui enganada, Felipo me roubou.
Aos prantos foi consolada pela mulher, Mariana saiu dali direto para o hotel, as poucas jóias que tinha foram penhoradas pelo caminho para pagar a noite que passará no luxuoso lugar.
— O que pretende fazer agora Madame?
— Vou atrás dele Maria, Felipo me deve uma explicação, Não posso ter sido tão ingênua, ter me enganado tanto entregado minha vida e o futuro do meu filho nas mãos de um maledetto cafajeste.
Mariana chegou em Istambul apenas com uma pequena mala de mão e o filho em seus braços, o pouco dinheiro que lhe restava da venda de suas jóias havia sido o suficiente para uma passagem de segunda classe e uma pernoite em um hotel barato no subúrbio, a jovem mulher estava desesperada sabia que precisava o quanto antes descobrir o paradeiro de seu marido ou tanto ela quanto o filho não teriam um lugar para dormir no dia seguinte, por horas inteiras Mariana caminhou pelas ruas da cidade, com as poucas informações que havia conseguido e sem qualquer conhecimento no idioma que era falado no país a mulher vagou quase ao ponto da exaustão, quando enfim descobriu o paradeiro do homem que um dia jurou ama-la não conseguia acreditar em seus olhos, no jardim de uma linda mansão ela conseguiu avistar ao longe o então marido ao lado de uma bela mulher, a jovem segurava um pequeno menino em seus braços, provavelmente com a mesma idade do filho de Mariana, desnorteada e com o coração partido caminhou aos prantos em direção a propriedade, antes que pudesse gritar por Felipo foi parada pelos seguranças fortemente armados.
— O que quer mendiga?
Um dos homens disse com desprezo.
— Saia daqui, saia antes que eu chame a polícia.
Mariana soluçava mal conseguia falar, tentava a todo custo se fazer ouvida quando foi vista por Felipo, o homem andou ao seu encontro apavorado, praticamente arrastou para casa a mulher que lhe acompanhava, correu em direção a Mariana que em desespero o estapeava.
— Como pôde? como pôde fazer isso comigo, seu maldito desgraçado.
Felipo segurou com brutalidade um de seus braços, a agarrou com força a jogando dentro do carro, sequer se preocupou com a criança que chorava aos berros no colo da mulher, dirigiu para longe dali sem dizer nenhuma palavra, quando Mariana foi arrancada do veículo ela já sabia que algo muito ruim a esperava, Sem qualquer remorso ou compaixão ele a entregou a um homem desconhecido, Nacir era o irmão mais velho de Felipo, e consequentemente o mais cruel dos homens da família, quando entregue a ele foi feita mais um de seus jogos macabros, enquanto era estuprada e espancada na frente do filho pequeno Implorava por sua vida e pela da criança que tanto amava, Felipo assistia tudo com um sorriso satisfeito nos lábios, era perverso e doente como nenhum outro, apenas quando Mariana já desacordada cedeu a dor e a exaustão de sua luta foi deixada para morrer ao lado do filho, Crente de que a jovem não passaria daquela noite e que seus crimes morreriam com ela Felipo fugiu, Horas se passaram e o impossível aconteceu, Mariana abriu os olhos, sobre uma poça de seu próprio sangue havia vencido não só a crueldade dos Giordano mais a morte que lhe havia sido imposta , quando acordou estava sendo amparada por um humilde casal de idosos, Thiago chorava pedindo pela mãe que naquele momento sequer tinha forças para embala-lo em seu colo , dias foram necessários para a recuperação de Mariana que muito ferida era a imagem encarnada de um verdadeiro milagre, Quando enfim recuperada trazia consigo uma certeza tinha que fugir para longe, e foi o que fez, partiu para onde a maldade de Felipo e sua maldita família não a pudesse alcançar.
Algum tempo havia se passado, Mariana tentava superar o trauma que havia vivido , mesmo ferida e carregando consigo uma dor imensurável se fez forte pelo filho, havia encontrado um emprego em uma fazenda em Bursa, um velho homem muito rico e de coração bom lhe deu abrigo e um teto mesmo com um filho pequeno, Mariana era linda, jovem e certamente era esse o motivo de ter caído nas graças do senhor Carlos Ferragamo a quem todos chamavam de Impiedoso e cruel, A mulher estava agradecida, mesmo não estando interessada nos galanteios e gentilezas de Ferragamo cuidaria da sede da enorme propriedade em troca de um lar para o filho, Mais a felicidade não parecia ser para ela, não demorou para que o pesadelo retornasse com ainda mais força quando a pobre mulher descobriu estar novamente grávida, aquela altura achou que enlouqueceria, Mariana sabia que o filho era fruto do abuso que sofrerá, primeiro pensou em abortar, mais ao cogitar a ideia viu que não conseguiria, amava Thiago com sua vida e a criança que trazia em seu ventre era tão filho dela quando seu primogênito, Meses se passaram, quando Guilhermo nasceu tanto Mariana quanto Thiago já eram considerados como família pelo velho Barão do café que lhes acolheu, Mariana se casou com o seu benfeitor e mesmo tendo enfim o amor de um homem de verdade, que a venerava e que a respeitava nunca mais foi a mesma,a saúde frágil só se definhou ao longo dos anos , os filhos adotados pelo então marido que milionário multiplicou dez vezes mais sua furtuna cresceram e com eles a sede de vingança alimentada pela mãe, tanto Thiago quanto Guilhermo se tornaram Impiedosos e indestrutíveis e quando em seu leito de morte a matriarca dos Berdinazze pediu aos filhos o sangue e a destruição de qualquer um que carregasse o sobrenome Giordano eles não exitaram, estavam prontos para dar início a sua tão Implacável" Vendetta".
Sempre se soube pelas cidades da Turquia que uma garota nascida no berço dos Giordano estava prometido a Deus, aquela seria a terceira geração de mulheres da família que seguiria os caminhos da religião para se tornar então mais um honrada e pura noiva de Cristo, nascida e criada em Istambul uma das cidades mais lindas da Turquia, Leonor foi colocada por Felipo Giordano seu pai em uma das instituições religiosas mais rígidas do país,a moça sequer se lembrava de como era a vida fora dos enormes muros da congregação já que ainda criança foi deixada aos cuidados das madres e freiras para que podesse aflorar ainda mais sua imposta vocação , Leonor era uma linda jovem, acatava todas as ordens das irmãs designadas para auxiliar em seus primeiros anos antes de jurar formalmente seus votos, estava sempre disposta para as tarefas árduas e afazeres do dia a dia, Leonor não era uma garota comum, diferente da maioria das jovens que moravam no convento tinha uma família rica e influente em Istambul, ao contrário do que muitos pensavam não estava ali por vontade própria ou por escolher aquele caminho mais porque os homens do berço familiar que pertencia não aceitavam ter seu sangue manchado por qualquer outra descendência que não fosse a de um verdadeiro Giordano, casamentos consanguíneos e até mesmo incestos foram permitidos por décadas naquela família mais pararam por serem vistos com maus olhos pela sociedade logo após os país de Felipo e Nacir irmãos de pai e mãe se unirem em matrimônio, desde então todas as mulheres da família tinham o mesmo destino, um convento localizado no interior do país, preferiram levar para o túmulo o sobrenome e o sangue Giordano do que deixá-lo se misturar com qualquer outro que não fosse a sua inalcançável altura.
— Leonor.
Sentiu seu corpo ser balançado com força.
— Ei, está dormindo?
Abriu com dificuldade os olhos se deparando com a figura de Alícia ajoelhada frente a ela.
— O que está fazendo? deveria estar dormindo, se as irmãs a pegam aqui terá problemas.
Arrumou a camisola de aparência casta em seu corpo.
— Vou aquele clube novamente essa noite.
Leonor se sentou a cama com olhos assustados, encarou Alícia com um misto de preocupação e medo.
— Me jurou que não voltaria mais lá.
— Eu sei, mais não consegui pegar meu crucifixo, Guilhermo ficou com ele da última vez que nos vimos.
— Diga que o perdeu.
— Como eu perderia algo daquele tamanho? Leonor é uma jóia em ouro de quase vinte gramas, seria impossível não vê-lo cair, ou me esquecer de onde o guardei, não o tiro do pescoço.
Leonor passou as mãos pelos cabelos.
— Porque não vem comigo? Guilhermo sempre quis tanto conhecê-la.
— Está louca Alícia, se nos pegam estamos perdidas, no mais meus votos são daqui a três meses, não vou estragar tudo para ir a um clube de pecado e luxuria.
— Você quem sabe, só acho que deveria ao menos conhecer o que está abrindo mão ao fazer seu juramento, sabe que não está nos meus planos ser freira Leonor, na cerimônia de votos perpétuos vou dizer na frente de todos que me abstenho não tenho nenhuma vocação para o celibato, vou embora, embora com Guilhermo.
— Alícia.
Chamou a amiga que já saia a porta, as palavras ditas pela garota de cabelos claros e olhos mortalmente profundos havia despertado em Leonor uma curiosidade perigosa quanto ao desconhecido.
— Se eu for, promete que voltaremos rápido?
— Sequer terá tempo de ver o quão lindo é o lugar, entramos, pegamos o crucifixo e saímos em seguida.
Leonor se levantou da cama pegando no guarda roupas um vestido longo de mangas compridas.
— Não vai vestida assim né?
— Tudo em meu guarda roupas é exatamente igual a isso, prefere que eu vá de camisola?
Ela sorriu apontando para peça ridiculamente larga com a qual estava vestida.
— Está bem, vou me trocar e te encontro no jardim.
Leonor arrumou seus cabelos, os longos fios que iam até a altura de sua cintura estupidamente fina estavam presos com um lindo pregador de pedras esverdeadas, a joia sofisticada e cara era a peça mais luxuosa dentro de seu modesto guarda roupas, a única coisa com que fez questão de ficar após seus votos de pobreza nos primeiros meses de seminário, adorava as cores brilhantes e vivas que tinham em suas pedrarias, o fato de ter sido dado a ela pelo pai um dia antes de partir para convento agregava a ele ainda mais apego por parte da jovem.
— Leonor.
Ouviu ecoar do escuro arbusto próximo aos portões a voz da amiga com quem dividiu uma vida dentre os enormes muros da congregação, Leonor caminhou até ela, o vestido que Alicia vestia mal cobria seu corpo.
— Onde arruma essas roupas?
— Quem tem dinheiro tem tudo, meu pai ser um homem mesquinho e egoísta que compra o amor da filha com dinheiro tinha que me servir de algo pelo menos uma vez na vida.
Sorriu segurando firme a mão de Leonor.
— Você vai adorar conhecer o Guilhermo, ele é tão legal, o irmão Thiago chegou hoje a Turquia, disse no bilhete que mandou pela costureira.
— Aquela mulher é mesmo uma fingida, está abusando da confiança que a madre a tem para trazer bilhetes e bugigangas para você, não deveria aceitar seus subornos.
— Deveria me agradecer, quem sabe não será Thiago a tirar da sua cabeça essa loucura de ser freira.
Leonor sorriu, em sua ingênua cabeça nada do que era dito por Alícia fazia sentido o que não sabia é que estava indo de encontro a um plano cruel e Impiedoso que foi traçado por décadas pelo homem que mudaria sua vida, Thiago Berdinazze, o Barão do café em Bursa.
* Leonor Giordano 18 anos *
Alicia Lucarelli 19 anos
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