Raul estava em seu quarto depois de por as crianças para dormir. Ele estava perdido em seus pensamentos. Se Cecília estivesse viva, ela estaria comemorando o seu aniversário de vinte e oito anos, provavelmente ele teria preparado um jantar romântico para ela como sempre fazia em seu aniversário, lhe entregaria flores e depois a presentearia com uma joia, fazendo com que ela lhe sorrisse feliz, lhe agradecendo com o seu jeitinho meigo e tímido. Essa hora eles poderiam estar fazendo amor, se entregando com carinho as carícias um do outro, pois era assim que os jantares românticos sempre terminavam, com uma noite de amor.
Eles nunca fizeram um sexo selvagem, Cecília era muito meiga e delicada, e suas transas eram sempre calmas, mas repleta de sentimentos, era como se Raul tivesse medo de quebrá-la se fosse um pouco mais agressivo durante a relação, ela era para ele como uma bonequinha de porcelana, fragil e linda. Até mesmo os seus gemidos eram baixos e suaves, mas para ele era como canções de amor. Eles se amavam tanto, e Raul não se conformava de tê-la perdido tão jovem.
Na gravidez de Betina ela teve algumas complicações, e foi aconselhada pelos médicos a não engravidar novamente, mas ela sempre dizia que teriam dois filhos e quando Betina completou dois anos ela já estava grávida de Pedro. Foi aconselhada a fazer um aborto, a sua saúde estava debilitada e a gravidez seria de alto risco para os dois, ela é o bebê. Mas mesmo assim ela não desistiu e Raul mesmo com muito medo não a forçou a interromper a gravidez, afinal era o filho dele e ele também sentiu receio dela abortar e perder os dois.
Cecilia apesar de parecer ser uma pessoa frágil, demonstrou ser uma pessoa de muita força, coragem e determinação. Ela não aceitou interromper a gravidez, mesmo passando quase todo o período gestacional em uma cama, pelos cuidados que precisava ter.
Precisou fazer repouso durante toda a gravidez, mas mesmo cumprindo a risca o que lhe foi dito pelo médico, quando completou sete meses Pedro nasceu.
O dia amanheceu nublado e Cecília acordou com fortes dores, ela foi levada ao hospital e depois de ser examinada foi levada para o centro cirúrgico, Raul havia sido preparado pelo médico para o que podia acontecer, mesmo assim ele quis acompanhar o parto, e mesmo os médicos tendo o prevenido, ele não estava pronto para o que aconteceu.
Cecília não resistiu as complicações, e antes que o seu filho Pedro chorasse ao nascer, ela já havia fechado os olhos, se despedindo desse mundo, nem mesmo o choro do seu filho que ela tanto quis, ela pode ouvir.
Raul ficou arrasado, ele não gritou quando ela se foi, apenas a abraçou deixando a dor sair através de suas lágrimas. Para ele foi difícil olhar para o filho, pois isso o fazia ver a sua Cecília naquela cama sem vida. Mas os dias passaram e ele procurou dar todo o amor que existia dentro dele para os seus filhos, Cecília fez uma escolha por acreditar que ele seria um bom pai.
Ela engravidou sabendo dos riscos, ela confiou a ele os filhos que eles haviam planejado mesmo antes de casar, seus dois filhos tinham nascido saudáveis, eles eram lindos e sempre seriam uma parte da Cecília com ele.
Raul por mais que tentasse evitar, sempre que olhava para Pedro se lembrava daquele dia em que viu a sua esposa fechar os olhos pela última vez.
Se alguém lhe perguntasse o que aconteceu naquela sala de parto ele não saberia responder pois, a única coisa de que se lembrava era repetir para a sua esposa incessantemente que ela não o deixasse.
Foram dias difíceis para ele, a sua mãe Glória foi o seu porto seguro, ela esteve com ele em todo o tempo, cuidando do filho e dos netos que ela amava. Os pais e os irmãos de Cecília vieram para o funeral, mas não se demoraram, eles moravam no exterior e não puderam ficar por muito tempo.
Helena era prima de Cecília e fez questão de apoiar Raul em sua perda. Ela não permaneceu na casa, mas ligava para ele todos os dias para saber como ele estava.
Raul conheceu Cecília na faculdade de Gastronomia, se tornaram inseparáveis, ela desistiu do curso depois do primeiro ano por não estar gostando, ela dizia ter escolhido esse curso apenas para poder conhecer o amor da vida dela, e talves ela tivesse certa, já que eles foram felizes juntos.
Depois de pouco mais de um ano de namoro Raul e Cecília estavam em um altar trocando juras de amor, ele em seu terno impecável e ela em seu vestidos de noiva branco com um longo véu.
Eles se amavam tanto que o amor deles conseguia ser notado por qualquer um que os visse juntos, era nítido e notório o amor que sentiam um pelo outro.
Cecília depois que se casou decidiu ser apenas dona de casa, e no primeiro aniversário de casamento, ela o presenteou com um teste positivo de gravidez, Raul ficou tão feliz que quase não coube em si de felicidade, eles riram e choraram juntos por saberem que teriam o primeiro filho.
A felicidade deles parecia estar completa, mas no parto de sua primeira filha ela teve eclâmpsia e quase morreu, por esse motivo os médicos a aconselharam a não ter outro filho, mas dois anos depois ela estava em uma mesa de cirurgia tendo o seu segundo filho, mas dessa vez ela não conseguiu resistir as complicações do parto e veio a óbito, deixando um marido perdido, sem chão e com dois filhos pequenos para criar.
Raul não se conformava com a morte da esposa, ele passou a ter pesadelos e por mais que ele amasse os filhos era difícil olhar para o mais novo, pois olhar para ele era se lembrar das últimas palavras de sua esposa e de seus olhos se fechando, as últimas palavras dela para ele foi "eu te amo". Ele também a amava, e seria impossível ele encontrar alguém que pudesse amar da mesma forma que a amou.
Raul abre a gaveta do criado mudo e pega um álbum de fotos, nele está fotos dela sorrindo em seu último aniversário, estava vestida com um vestido lilás, com longos cabelos castanhos claros soltos. Segurava um buque de rosas vermelhas e o seu sorriso era o mais encantador que ele poderia ver.
— Eu te amo meu amor, eu nunca vou te esquecer. — Ele beija uma das fotos que está vendo — Porquê você se foi tão cedo?
Raul permite às lágrimas descer, sentindo saudade daquela que ele tanto amou.
Glória estava em seu apartamento, estava pensando no filho Raul, ela já tinha ligado para ele, pois sabia que ele estaria triste por ser a data de aniversário de Cecília, a sua falecida esposa. Ela quis ir para casa dele, mas ele pediu que ela não fosse, pois, ele teria que aprender a conviver com a ausência daquela que ele mais amou.
Em todas as datas comemorativas ele se sentia triste e abatido, Raul ainda não tinha aprendido a suportar a dor da saudade.
Era mais forte que ele, a dor o sufocava e fazia o seu coração doer.
Como mãe, Glória sabia que era difícil para ele suportar essas datas, ela sempre esteve com ele nesses momentos, mas desde o aniversário de três anos de Pedro que ele quis enfrentar a dor sozinho.
O primeiro aniversário de Pedro, ele ficou na casa da avó, Glória fez um bolinho para ele e cantou parabéns para o neto, tendo a irmã Betina ao seu lado. No segundo aniversário ela fez a mesma coisa, mas dessa vez, dois dias depois ele ganhou uma festinha que o pai organizou, ele convidou alguns amigos com filhos e assim ele enfrentou o primeiro aniversário do filho. No terceiro ele optou por ficar com os filhos, dois dias depois ele os levou para fazer um piquenique, levando até um bolo para cantar parabéns, no piquenique Glória estava presente e foi assim que comemoraram o aniversário de três anos de Pedro.
Betina sempre tinha um bolinho no dia do seu aniversário, pois Cecília fazia questão de comemorar o aniversário da filha no dia certo. Cecilia curtiu a filha o quanto pode, já que durante a gravidez de Pedro ela não podia mais pegá-la no colo, mas ela fazia questão de fazer a filha dormir ao seu lado enquanto lhe contava uma história. Betina foi muito amada por sua mãe, e sentiu muito a sua falta quando ela partiu.
Glória nunca deixou de apoiar o filho quando ele estava triste, por saber que ele ainda sofria pela morte de Cecília, ela sabia o quanto eles se amavam e o quanto eles eram unidos. Cecília era uma jovem doce e carinhosa, sempre muito calma e prestativa, por vezes era até mesmo tímida, mas isso só a deixava ainda mais encantadora, Glória sempre teve imenso carinho por ela, seus pais moravam em Portugal e no Brasil Glória fez questão de se tornar uma mãe para ela.
Ela sempre gostou da sua nora desde quando a conheceu, ela pode ver que o sentimento que ela tinha por seu filho era verdadeiro e o quanto ela o fazia feliz. De Cecília ela só não gostava da prima Helena.
Helena era uma prima de Cecília que sempre demonstrou ser uma pessoa mesquinha e egoísta, Glória sempre a detestou por ser invejosa e fingida, se Raul não amasse Cecília com certeza teria a traído com Helena, pois essa não conseguia esconder o seu interesse pelo marido da prima e algumas vezes chegava a se insinuar para ele, demonstrando o quanto era vulgar e desprezível.
Mesmo ela se oferecendo em uma bandeja, Raul só tinha olhos para Cecília e por vezes nem percebia as investidas da prima invejosa.
Quando Raul ficou viúvo foi a chance dela se aproximar dele, se aproveitando da sua fragilidade para se fazer de amiga e conquistá-lo.
Glória sempre tentava afastá-la, mas Raul parecia não ter notado as intenções da "prima".
Quando completou um ano que Cecília se foi, Glória decidiu encontrar uma nova esposa para o seu filho, ela não queria correr o risco de Raul se casar com uma mulher sem escrúpulos, ela seria capaz de aceitar currículo para uma candidata a noiva de seu filho, mas ela jamais poderia aceitar que Helena fosse a sua nora. Glória não queria que Raul ficasse com Helena, pois sabia que ela não gostava das crianças, fingia gostar apenas para agradar o pai delas, pois o seu único objetivo era conquistar Raul.
Talvez a intenção de Glória não tenha surtido bons resultados, pois de tanto ela apresentar pretendentes ao filho e dizer que ele precisava seguir em frente, Raul um dia confessou a ela que estava namorando Helena. Esse foi o pior dia para ela, pela primeira vez ela discutiu com o filho depois da morte de Cecília.
— Eu não acredito que você está com aquela cobra.
— Mamãe, a senhora mesma disse eu precisava encontrar uma pessoa, vivia me apresentando essas mulheres que surgiam não sei de onde.
— Mas essa Helena não quero como minha nora, ela é intragável, além disso ela não gosta de meus netos.
— Helena é uma boa pessoa, e ela ama as crianças, eu entendo que deve ser difícil para ela lidar com duas crianças pequenas.
— Filho, ouça a sua mãe, essa mulher não presta, ela não é Cecília, elas eram primas mas são como o mel e o fel.
— Ninguém é como Cecília, igual a ela nunca vai existir. Assim como nunca haverá alguém que conquiste o meu coração como ela.
— Filho, escute a sua mãe...
— Eu só queria que a senhora soubesse por mim.
Assim o tempo foi passando e depois de três anos que Cecília faleceu Raul ainda estava namorando Helena, não tinha pretensão de casar, mas pelo menos ele tinha alguém para dormir em sua cama, sem precisar ficar com uma e com outra.
Helena não exigia nada dele, parecia estar satisfeita com o relacionamento deles, eles conseguiam se entender da forma que estavam vivendo. Ela costumava dormir em sua casa as vezes e as crianças aceitavam, mesmo que ela não os tratasse como filhos ou algo parecido. Era sempre ele quem cuidava dos dois, mesmo quando ela estava na casa dele. Betina não fazia questão de esconder que não gostava dela, mas ela respitava o pai por tê-la como namorada.
Quando saiam juntos, não parecia ser uma família, pois era Raul quem cuidava das crianças, ela era apenas a namorada, e não fazia questão de ser diferente. Raul não se importava, ele gostava de cuidar de seus filhos e Helena não os tratava mal, ela apenas não era uma pessoa que alguém pudesse confundir como a mãe das crianças, ela nunca os abraçou, nem mesmo os pegou no colo, o máximo que havia feito foi empurrar o carrinho de bebê enquanto Pedro dormia nele. Betina nem mesmo a chamava de tia, era apenas Helena e na ausência do pai a chamava de bruxa.
Betina sabia que Helena não gostava dela e nem de seu irmão, se havia sentimento por alguém era apenas por seu pai. Betina não implicava com o relacionamento deles porque o pai nunca os deixou em segundo plano, ele sempre os tinha como prioridade e isso ela acreditava que Helena nunca pudesse mudar.
Não conseguia se lembrar da mãe, era muito pequena quando ela virou estrelinha como o pai havia lhe dito, mas ela sempre olhava as fotos dela, inclusive tinha uma em seu quarto, assim como no quarto de seu irmão. O pai sempre lhes falava algo sobre ela, e lhes dizia o quanto ela os amava, e mesmo longe ela sempre estaria com eles.
Betina uma vez chorou muito por querer uma mamãe, Raul a abraçou dizendo que nunca ninguém poderia substituir a mamãe dela, e ele faria o possível para que essa falta que ela tinha da mãe ele pudesse amenizar com o seu amor por ela. Nesse dia ele levou os filhos para dormir em sua cama com ele, e desde então sempre que os filhos pediam ele deixava os dois ficar com ele em seu quarto.
Lizandra era uma mulher independente, perto de fazer 26 anos, ela era dona de si e determinada, era muito difícil algo a abalar. Seus pais a amava e seriam capazes de qualquer coisa para que a filha fosse feliz.
O sonho deles era que Lizandra conhecesse alguém e se apaixonasse, gostariam de vê-la casada e quem sabe lhes dando netos, assim como foi com Elizabethe, a filha mais velha.
Apesar dos seus pais sonharem em vê-la casada, Lizandra sonhava continuar solteira e curtindo o que a vida pudesse lhe oferecer, gostava de se sentir livre e com o coração aberto a pequenas paixões.
Estava arrumando as suas coisas para a sua mudança, depois de quase 26 anos iria cortar o cordão umbilical, como ela disse aos seus pais quando conversou com eles sobre a sua mudança. A princípio, eles foram contra a filha mais nova sair de casa com o intuito de morar sozinha, mas ela tinha o seu jeitinho para os convencer, mesmo tendo que ouvir recomendações por quase uma hora.
— Veja bem dona Lizandra, você vai fazer 26 anos mas parece uma adolescente desvairada, cidade grande não é como aqui no interior.
— Mamãe, eu sou adulta e sei me cuidar.
— Sabe tanto que se não fosse seu pai para te livrar daquele louco que você chamou de namorado, você tinha levado uma surra.
— Antes dele me encostar a mão eu o mataria...
— Verdade, acredito que você faria isso mesmo já que é tão doida. E agora estaríamos te visitando na cadeia, pois nem dinheiro para pagar advogado temos.
Lizandra revira os olhos, voltando a arrumar as suas roupas na mala.
— Nada de vestir esses seus shorts curtos na cidade, lá tem homens e não bodes, carneiros e bois como aqui no sítio. — A mãe puxa um short das mãos da filha — Veja se isso é tamanho de short, com essa bunda enorme que tem, isso aqui só serve para chamar mais atenção para o tamanho dela.
— Deixe a minha bunda mamãe, a senhora também devia chamar a atenção quando nova, devia ser chamada de gostosa. — Lizandra abraça a mãe implicando com ela por saber que se pareciam.
— Olha o respeito menina, eu sou sua mãe.
— Não está mais aqui quem falou. — Lizandra dá um beijo no rosto da mãe. — Eu vou sentir saudades, é a primeira vez que vou ficar longe da senhora e do papai.
— Vai por que quer...
— Eu preciso ir mamãe, não me formei para ficar dando aula em uma escola de interior. Eu quero ir mais longe — Ela sorri — Quem sabe quando eu me aposentar eu volte a morar em um sítio e me torne diretora de uma escola de interior.
— Filha eu só peço que você tenha cuidado, não se envolva com qualquer um, não confie tanto nas pessoas e tenha juízo.
— Pode deixar mamãe, eu não vou namorar qualquer um...
— Eu não digo para não namorar, eu quero que encontre alguém para formar a sua família.
— Nem sonhe em eu me tornar como Beth, casada e com três filhos, nem em sonhos.
— Não quero que seja uma velha solteirona.
— Mas se conforme em ter uma filha solteirona e namoradeira — Dona Amélia bate na filha com o short que ainda tem nas mãos — Mas não se preocupe não serei mãe solteira.
Lizandra fala rindo, fugindo da mãe que vai atrás dela sem querer rir para não dá confiança.
Lizandra desde que nasceu mora no sítio com os pais, seus pais criavam de tudo um pouco, eram porcos, cabras, vacas, patos galinhas e perus, isso fora os animais domésticos, como 2 gatos que se chamavam Sol e Lua, e três cachorros vira-latas Max, Bob e Luna.
O sítio fornecia leite para algumas pessoas da região, principalmente o leite de cabra. Eles tinham uma vida simples, mas eram felizes. Cultivavam os seus alimentos e tinham uma vida saudável. Lizandra adorava tomar banho na chuva e nadar nua no rio que passava por dentro do sítio, as águas eram claras e transparente e como eles não tinham trabalhadores no sítio ela se banhava sem preocupação, o seu pai só tinha um ajudante que o ajudava nos serviços mais pesados, mas agora eles teriam que contratar uma outra pessoa para ajudar nos afazeres, já que era Lizandra quem cuidava dos serviços mais leves, como alimentar os porcos, e as aves.
Ela nunca reclamou por ajudar os pais, ela também ordenhava as vacas algumas vezes, assim como as cabras. Ela costumava usar seus shorts e suas botas, e um chapéu que o pai havia dado a ela, sua mãe sempre reclamava quando a via vestida com os seus shorts, só não implicava mais pois não havia homens no sítio para olhar para uma bunda que costumava chamar a atenção.
Lizandra era baixinha, tinha os cabelos ruivos no meio das costas e os seus olhos eram cor de mel, quando ela estava com raiva eles escureciam e só existia uma pessoa que os deixava sempre muito escuro, o seu cunhado Davi.
Beth era a irmã mais velha de Lizandra, era casada com Davi há quase dez anos, eles tinham três filhas, as três marias como diziam, Maria Eduarda com 8 anos, Maria Luíza com 5 anos e Maria Clara com 2 anos. Beth era a melhor amiga de Lizandra, não havia segredos entre elas e mesmo depois que Beth se casou elas não se separaram.
Beth ja morava na cidade e foi ela quem ajudou Lizandra a conseguir um emprego na escola das filhas, só não seria no mesmo horário em que as filhas estudavam.
Lizandra iria trabalhar em um bom colégio e seria uma ótima oportunidade para Lizandra crescer profissionalmente, já que a única experiência que tinha era dá aula numa escola primária no interior.
Lizandra se sentiu muito feliz quando a irmã ligou avisando do trabalho, depois da entrevista e de sua contratação, precisou de uma semana para organizar toda a sua vida. Decidiu não morar na casa da irmã como foi proposto, por isso o seu pai lhe ajudou a alugar um apartamento, teve sorte em consegui um apartamento mobiliado por um bom preço e não ficava longe da escola onde iria trabalhar.
Ela já tinha o seu próprio carro, além de ter algumas economias, pois apesar de ganhar pouco onde trabalhava, não tinha despesa em casa, já que o seu pai nunca deixou as filhas judarem financeiramente em casa, dizia que a renda do sítio era para sustentar a família.
Já com tudo no carro chegou a hora das despedidas.
— Filha, o seu pai sempre estará aqui para te ajudar. Se algo acontecer não pense duas vezes, volte para casa ou me chame para eu te ajudar.
— Te amo papai. Eu espero que vocês possam me visitar em breve.
— Não gosto da cidade, você sabe disso, mas essa casa sempre será a sua casa.
Eles se abraçam e Liz sente o seu coração apertar já sabendo da saudade que irá sentir.
— Tchau mamãe, eu amo a senhora e não quero que fique preocupada comigo. — Liz dá um beijo no rosto da mãe — Eu prometo que vou me cuidar.
— Vai com Deus minha filha, e não esqueça de nos avisar quando você chegar. — Amélia abraça a filha mais uma vez e não consegue deixar de chorar.
— Ah! Mamãe, eu vou vir te visitar sempre que eu puder, e nas férias vou vir cuidar dos bichos — Ela fala rindo e chorando — Se cuida mamãe e não se esforce muito.
Eles se despedem e Liz segue feliz, mesmo sabendo que irá sentir saudades de seus pais e da vida que sempre levou, sabe que é necessário ir, sente que precisa voar, sempre esteve conformada com a vida que levava no sítio, indo trabalhar até mesmo de bicicleta as vezes, ela gostava de lidar com as crianças da região, mas ela queria ir mais longe. As suas asas já existiam mas lhe faltava oportunidade de alçar voo.
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