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A Esperança Do CEO

A vida e suas rasteiras

Em um piscar de olhos, algo acontece do nada, quando você menos espera. Te colocando em um caminho que jamais passou pela sua cabeça. Deve ser isso que chamam de jornada de vida. Nossa busca pela luz, felicidade ou que quer que seja, em meio ao caos que a vida nos apresenta. Entretanto, às vezes, precisamos passar pela mais profunda escuridão para compreender onde estava nossa luz. E esta é a minha historia. Eu que pensei que havia encontrado a felicidade, que estava na mais profunda lu, mas fui jogada no mais profundo fundo do poço. A parte boa? Quando estamos nesse situação, a única opção é subir.

— Sabrina, você precisa compreender. Foi apenas uma vez. Eu estava bêbado. Não tinha atenção. Foi sem querer. — Levi tentava se defender do indefensável. Ele havia me traído. Descobri por um recibo de motel dentro do carro enquanto procurava um brinco que havia caído da minha orelha.

— Você sem querer foi parar em um motel? Me poupe disso. Não vou ouvir essa baboseira. Estamos noivos. Quer dizer, estávamos. Nós não existimos mais. Se é a que um dia existimos, eu não sei de mais nada. — Eu gritei saindo do carro.

— Sabrina, volta aqui. Não pode acabar nosso relacionamento assim. Somos mais do que isso. Temos todo um futuro pela frente. Vamos resolver isso. Se acalme. — Levi veio correndo atrás de mim. Quanto mais ouvia a voz dele, com mais raiva eu ficava. Como pude um dia acreditar nele.

— Tínhamos, Levi. Tínhamos um bom futuro pela frente. Você fez questão de destruir tudo não controlando seu p@u. — O que ele esperava? Que eu perdoasse alguém por me trair sem motivo algum? Eu achava que estávamos bem. Não tinha nenhuma pista que eu poderia ser traída. Sempre fomos perfeito, pelo menos, eu achava. Talvez tudo disse ilusão da minha cabeça.

— O que você acha? Que pode esquecer tudo que tivemos? Vai abrir mão de mim? Eu sou a melhor coisa que já aconteceu na sua vida. Você me disse várias vezes e sabe que é verdade. Acha que um dia vai conseguir alguém como eu?— Levi era realmente um playboy idiota. Como pude me apaixonar por você?

— A ideia é exatamente essa, Levi. Nunca mais encontrar alguém como você. E está certo. Eu devo chorar um, dois dias, talvez até uma semana. Diferente de você, eu era sincera sobre com o sentia. Entretanto, pode ter certeza, quando minhas lágrimas secarem, meu choro acabar, de mim você não terá nem mais nada. Tudo que eu derramar por você, será para apagar você totalmente da minha vida. Aliás, foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. No passado, hoje Levi, é exatamente a maior decepção que já em ocorreu. — Eu me sinto uma idiota em ter acreditado nele por todos esses anos.

— Você vai abrir mão de tudo que vivemos por uma traição? Sabrina, pela amor de Deus, foi apenas sexo. Somos bem mais do que uma mina que peguei bêbado e nem me lembro direito. — Levi achava mesmo que isso diminuiria o erro dele.

— O que deixa tudo ainda pior, você trocou o para sempre por uma noite de prazer sem qualquer importância. Se ao menos tivesse uma história, passado que te levasse ao erro, mas não, foi uma escolha sua. Agora a minha escolha é apagar sua existência da minha vida. — Eu disse antes de estender a mão para o primeiro ônibus que passou. Eu apenas queria sair daquele lugar. De perto dele.

— Sabrina, desce daí. Se você continuar com isso. Eu não vou correr atrás de você. — Levi gritou envergonhado. Não lembro de ter pedido para ele vir atrás de mim. Deveria ir atrás da noite de prazer dele.

Eu me sentei na parte de trás do ônibus, ignorei totalmente as bobagens que Levi gritava fora do ônibus. Assim que partiu, deixando meu ex-noivo gritando, a tristeza me bateu com tudo. Não consegui mais segurar aquele nó que estava apertando a garganta desde o momento que encontrei aquele recebido. As lágrimas começaram a cair sem pedir licença. Como me coloquei nessa situação? Eu estava chorando por alguém que me traiu dentro de um ônibus lotado que eu nem sequer sabia para onde ia. Não consegui nem levantar a cabeça. Apoiei ela nas minhas mãos e apenas continuei chorando. Tinha total certeza que todos do ônibus olhavam para mim.

Eu chorei até o ponto final, que eu não sabia nem onde estava. Tinha pego o primeiro ônibus. Estava completamente desnorteada. Apenas chorei mais algumas horas sentada ali no terminal dos ônibus, antes de perceber que anoiteceu. Eu não podia ficar assim. Não podia me deixar naquele estado. Hoje a noite irei me divertir. Esquecer. Desopilar. Ele que deveria está chorando, não eu. Não fiz absolutamente nada. Quem errou foi ele. Não vou me destruir. Não merece nenhuma das lágrimas que derramei. Vou respirar fundo e me levantar dessa.

Decidida a não baixar a cabeça, marquei em um bar com minhas amigas. A ideia não era desabafar, mas sim desopilar. Beber até esquecer totalmente da minha vida. Bem, que vida? Eu havia me mudado para uma cidade diferente para morar com Levi. Como não gostava que eu trabalhasse de empregada doméstica, acabei deixando meu emprego. Por isso que minha mãe sempre me disse, não vale a pena abrir mão de você pelos outros.

Nem fui em casa trocar de roupa, certeza que Levi estava me esperando voltar. Fui do jeito que estava, apenas lavei o rosto no banheiro do terminal e prendi o cabelo em um rabo de cavalo. Pedi um Uber e parti para o bar. Quando cheguei as minhas amigas já estavam lá bebendo e rindo. Óbvio, eu nem sabia, mas o terminal era do outro lado da cidade. Só percebi quando vi o valor do Uber.

— Sabrina! Que cara é essa? — Patrícia perguntou.

— De quem precisa de algumas doses de whisky. — Respondi sentando na mesa e chamando o garçom.

— Você e o Levi brigaram? Ele ligou preocupado para todas nós procurando por você. — Denise disse antes de dar um gole na cerveja.

— Não estou no clima de falar sobre isso agora. Vamos beber e esquecer essa merda toda. Hoje é por minha conta, na verdade, de Levi. Bebam tudo. — Desde que cheguei fui bancada por Levi, o que era o mínimo, já que me infernizou horrores para sair do emprego, com desculpa que era um famoso empresário e isso não cairia bem para ele. Que raiva de mim por ter aceitado. Ele já sabia quem eu era. Deveria ter percebido quem Levi era depois dessa mudança de atitude. Foi um erro meu concordar, não vou negar. Amor cega mesmo as pessoas.

— Acho que não é só você que precisa de uma bebida. Vanessa está estranha também. — Patrícia falou apontando para Vanessa que estava quieta na cadeira apenas me olhando.

— Então, que bebamos para desfazer toda raiva, amargura e decepção da vida. — Eu disse antes de pedir uma rodada de tequila para todas nós.

Quanto mais eu bebia, mais me sentia leve e longe do Levi. Estava rindo horrores com as histórias de Patrícia e Denise sobre seus novos paqueras. Elas sempre tinham histórias maravilhosas de rolos que nunca davam certo. Vanessa estava mais calada que o normal. Apenas me olhava.

— Vou no banheiro! — Patrícia falou levantando já trombando. Nunca foi boa com bebida. Sempre volta carregada por nós quando decidimos sair para beber.

— Espera, vaca. Vou contigo. Capaz de tu nem encontrar o banheiro nesse estado. — Denise era prima de Patrícia, sempre andavam juntas e cuidavam uma da outra. Quer dizer, Denise cuidava do caos que era Patrícia.

Quando elas saíram olhei para Vanessa, que me olhava com os olhos cheios de lágrimas. Ela não havia falado uma palavra a noite inteira. Apenas bebia e olhava para o celular. O que será que tinha acontecido?

— Ei Vanessa! Que cara é essa aí. Algo tá rolando de muito errado. Parece até que alguém morreu. O que aconteceu? Você passou a noite inteira me olhando. O que quer me dizer? — Quando eu perguntava algo para ela, mais Vanessa chorava. Eu estava confusa que antes. — Porquê cê tá chorando, mulher? Eu não tô entendendo. Me fala o que está acontecendo. Você tá me assustando! Desembucha logo.

— Sabe aquela noite que você se sentiu mal e saiu da festa mais cedo? — Vanessa disse com dificuldade. Acho que ela tentava contar as lágrimas.

Os dois são culpados

Fiquei confusa qual seria a relação daquela noite com a mudança de humor dela. Vanessa era a mais extrovertida de todas nós. Ela sempre foi a mais expontanea. Era estranho ver ela assim. De qualquer forma, apenas confirmei que sabia o que ela estava falando. E lembrava muito bem. Foi uma péssima noite para mim.

— Lembro da noite. Realmente vomitei horrores quando cheguei em casa. Não sei nem o que me causou aquilo. Devo ter comido algo que caiu errado. Mal consegui tocar na bebida. — Que dia mesmo que foi a festa?

— Por favor, não fica brava comigo. Eu realmente não tinha qualquer intenção. Tudo aconteceu muito rápido. Eu sei que não se faz... que é errado... que não deveríamos — Vanessa estava cada vez mais nervosa, eu mais confusa. Será que bebi tanto que não estou compreendendo nada? Impossível.

— Como assim eu vou ficar brava? Diz logo o que tu aprontou. Que história é essa? O que aconteceu, Vanessa? — Eu nem imaginava o que vinha pela frente. Se eu soubesse, teria bebido um pouco mais para conseguir engolir a verdade que viria.

— Eu estava muito bêbada, ele também. Não teve qualquer importância para nenhum de nós dois. Foi um erro. Não planejamos nada disso. Nunca mais vai acontecer. Eu juro. Ele deu em cima de mim, eu estava totalmente louca pela bebida e meio que acabei caindo na dele. Não quero estragar nossa amizade. Você é muito importante para mim. Aconteceu somente uma vez. Me arrependi na mesma hora. Eu estou contando tudo para que possamos ficar bem. Você é importante para mim demais. — Vanessa falava entre lágrimas, eu demorei um pouco para processar o que ela estava falando. Talvez, eu apenas não quisesse aceitar.

— Pera! Você está me dizendo que a vadia que dormiu com meu noivo foi você? Enquanto eu estava passando mal, você estava dormindo com Levi?

Mas foi só uma vez? Ah. Claro. Tudo bem. Isso muda tudo. Do que cê tá com medo? De estragar a amizade? Que isso. Super normal você e o noivo da sua amiga dormirem por acaso, em um motel, depois de deixarem ela em casa passando mal. Quem ficaria chateada, né? — Eu disse irritada. Era pior do que eu pensava. Ainda querem meu perdão? Que eu esqueça? Me deixaram passando mal e foram me trair. Que bando de filhos da...

— Você é maravilhosa. Eu estava tão preocupada de acabar com nossa amizade. Levi me falou que você nem sequer quis ouvir ele. Eu nem sabia como reagir ou contar para você. Eu.. — Antes que ela pudesse terminar a abobrinha que planeja dizer joguei o whisky na cara dela.

— O que esperava de mim com essa conversa toda? Que te consolasse por cair sem querer no colo do meu noivo? Que fosse igual a Marília Mendonça? Colocasse toda a culpa nele e desse prioridade para a nossa amizade? Me poupe. Vocês dois se merecem. Não tem qualquer caráter. Que se explodam bem longe de mim. Saiba que você é tão errada quanto ele. — Eu disse levantando da mesa.

— O que tá rolando, gente? — Denise perguntou confusa com a cena.

— Levi e Vanessa dormiram juntos enquanto eu quase me afogava em vômito em casa. Se me der licença, aqui tá o cartão, podem pagar e ficar quanto quiserem. Eu não consigo ficar mais um minuto junto com essa vadia . — Eu falei antes de sair do bar sem olhar para trás.

Pensei em ir para um hotel, tinha um aplicativo de reservas e alugueis no meu celular com o cartão de Levi cadastrado. Eu já estava para chamar o Uber quando ouvi uma gritaria. Olhei para trás Patrícia estava agarrada no cabelo de Vanessa. Denise tentava deter as duas, enquanto o vigia colocava todas as três para fora. A cena era cômica ao mesmo tempo, confortadora. Vamos admitir, ela merecia mais que um whisky na cara. Não tinha qualquer vergonha na cara.

— Larga essa vadia, Patrícia. Não suja suas mãos com lixo. — Denise gritou puxando Patrícia e procurando ao redor. — Hey! Vanessa. Você vem com a gente.

— Para onde? — perguntei vendo o aplique do cabelo de Vanessa nas mãos de Patrícia.

— Para nossa casa, você fica com a gente. — Denise disse mexendo no seu telefone com a mão livre. A outra segurava Patrícia.

— Eu não quero dar trabalho. — Eu falei tímida. Só a surra que Patrícia deu em Vanessa, já era suficiente.

— Não é trabalho, se eu tivesse na mesma situação que você, eu gostaria que minhas amigas fizessem o mesmo por mim. Poderia ter acontecido com qualquer uma de nós. Andávamos com uma cobra e não tínhamos ideia. — Denise estava puro ódio. Talvez mais irritada do que eu.

— Eu quero arranca os olhos dela. — Patrícia gritou querendo ir na direção de Vanessa novamente, mas Denise impediu.

— Nossa Uber chegou. Não adianta bater. Não vai mudar nada. Vamos embora. — Denise disse colocando nós duas no carro, mas antes de sair, olhou para Vanessa com desprezo — Já ouviu aquela, marido dos outros nunca será presente de Deus. Não será nada como você está pensando, ainda vai se arrepender amargamente por isso. Ela continuará sendo número um para ele, como sempre foi. Ele admira e a respeita. Você será apenas a segunda opção.

Quando Denise disse aquilo, ao lembrar da música que ela se referiu, eu entendi a revolta dela. O pai dela havia feito o mesmo com sua mãe. Traiu ela com uma amiga que estava passando uns dias na sua casa por está com problema. Tudo isso acabou com a família de Denise, especificamente com a mãe dela. No fim, ela duas foram morar com Patrícia. Faz sentido a forma com que ambas reagiram. De forma indireta, passaram pela mesma situação quando mais novas.

— Não se preocupa. Estamos aqui por você. — Denise disse me abraçando. Eu sentia as lágrimas dela caindo. Deve ter sido um gatilho, revivendo tudo que passou quando mais nova.

— O que Vanessa fez ainda vai assombrar ela. O mundo gira. Ela vai colher o que plantou. — Patrícia disse abrindo a janela e jogando o aplique da vaca pela janela.

Chegamos no apartamento, eu lembrei que não tinha mesmo para onde ir. Como iria explicar isso aos meus pais? Eles ainda iam conhecer Levi, mas sabiam que eu estava noiva. Eu preciso reaver minha vida. Não posso preocupar eles.

— Eu preciso de um emprego. — Eu falei me jogando no sofá. Minha vida tinha virado de cabeça para baixo tão rápido. Eu não tinha absolutamente nada mais.

— Eu tenho um perfeito para você. Chegou ontem a solicitação na empresa. — Denise trabalhava como administradora em uma empresa de limpeza. Foi assim que conheci ela e Patrícia. Posteriormente, veio Vanessa, que já era amiga delas.

— Nem sei o que é, mas aceito. Quando eu começo. — perguntei esperançosa. Talvez nenhum tudo esteja perdido.

— Amanhã mesmo. Esteja às sete horas pronta. Eu mesma vou te deixar lá. — Denise falou. — Vai ficar tudo bem. Tudo aconteceu da melhor forma. Deus te livrou de todo mal.

— Sim, agora vou me refazer. Sem abrir mão de nada. Não cometerei o mesmo erro. — Eu falei totalmente convicta. E estava ansiosa de começar a trabalhar novamente. Quem será que é o chefe?

A despedida daquela casal

Eu acordei cinco horas da manhã, estava realmente ansiosa para começar, mas me dei conta que não tinha roupa para isso. Teria que pedir algo emprestado para Denise ou Patrícia. Aproveitei que acordei mais cedo, preparei o café da manhã. É o mínimo depois do que as suas fizeram por mim.

— Acordei pelo cheiro. Você é perfeita na cozinha. Eu não consigo fritar um ovo. Ah toma. Uma roupa para você vestir. — Denise disse entregando a roupa para mim e sentando na mesa.

— Já disse que você é a melhor? Obrigada. Irei tomar meu banho. — Falei animada.

Corri para o banheiro, tomei um belo banho. Coloquei uma calça jeans cintura alta e uma branca bem soltinha, ela tinha mangas caídas. Fiz um belo rabo de cavalo. Meu cabelo estava batendo na minha cintura. Me olhei no espelho, aquela loira de cabelos longos não era eu, mas vou resolver isso assim que tiver tempo.

— Senta para comer. Patrícia vai comer tudo. — Denise brincou. Eu nem tinha reparado antes, mas ela já estava pronta.

— Que isso! Eu nem como tanto. — Patrícia fez careta — mas o sabor da sua comida é de outro nível. Perfeito.

— Vocês são fofas. — Respondi me sentando na mesa. Patrícia ainda estava de baby doll. Ela trabalhava como jornalista em bastante famoso.

Acho que passamos quase uma hora comendo, na verdade, estávamos conversando. Denise estava falando sobre o meu novo patrão. Aparentemente, ele é um gato. Não só isso. É inteligente e bastante rico. Um deslumbre em forma de homem. Denise tem o hábito de ser um pouco exagerada, mas me deixou curiosa para saber quem será ele.

— Vamos? A senhorita não pode atrasar no primeiro dia de trabalho. E Patrícia, não vá se atrasar. Vai acabar desempregada. Tia joga você da ponte, se perder outro emprego por conta de ressaca. — Denise alertou a nós enquanto levantava. Ela sempre foi a responsável do grupo. Foi também aquela que mais me alertou sobre os problemas de concordar com todos os pedidos e sugestão de Levi.

— Estou pronta! — Eu realmente estava. Pronta para me refazer totalmente.

— Gostei da empolgação. Vamos. — Denise disse sorrindo. Acho que estava preocupada de como eu acordaria hoje depois de tudo. Mal sabe ela que acordei com mais ódio daqueles dois do que ia estava.

O lugar era longe da casa das meninas, eu não sei nem como chegar no lugar. Denise tinha colocado o endereço do GPS. Pegamos um pouco de engarrafamento no caminho, mas finalmente chegamos. Quase quarenta minutos depois. O lugar era enorme. Acho que já vi lugares assim em filmes apenas. Entramos um pouco depois que Denise se identificou na portaria. Quanto mais nós aproximamos da mansão, menor eu me sentia.

Toda minha animação virou nervosismo, enquanto me aproximava daquela porta enorme. A parte boa dela ser tão grande é a certeza que meu chifre vai passar sem dificuldade. Não tem nem risco de acabar batendo. Eu sei. Deveria ser cedo para brincar com isso, mas estou tentando ficar bem com tudo.

Denise me apresentou para chefe das empregadas, era uma senhorinha, com seus cabelos brancos, não deveria medir nem 1.60 cm. Era bem pequena, mas tinha um sorriso enorme. Parecia conhecer bastante Denise. Conversaram um pouco antes de se despedirem.

— Então, deixo ela em suas mãos, Ednalva. Cuide dela com carinho. — Denise disse antes de me abraçar. — Tenha um bom reinicio. Tenho certeza, que sua vida vai mudar. E você vai voltar a ser quem era. Não se preocupe. Um passo de cada vez.

Denise não esperou resposta minha, saiu rapidamente. Deveria está atrasada já. Não sei como, mas ela sabia exatamente o que passava na minha cabeça.

— Denise me disse que você já tem experiência com limpeza e é uma cozinheira maravilhosa. Estamos com as duas vagas em aberto. Então, quero que você limpe determinados lugares da casa e faça o jantar. Tudo bem por você? — Ednalva explicou. Parecia bom. Eu nunca trabalhei profissionalmente de cozinheira, seria bom.

— Darei o meu melhor. — Respondi sorrindo.

Ednalva explicou mais ou menos o funcionamento e rotina da casa. Basicamente, nesse lugar enorme, só morava um tal do Eduardo, o dono do lugar. Vez ou outra, sua avó passava uns dias no lugar. Ela não morava no país, quando vinha de visita, ficava na casa do neto. O Eduardo não gostava de barulho e nem que as coisas fossem mudadas de lugar. Era altamente perfeccionista. Então, para teste, Ednalva me indicou lugares bem diferentes para a limpeza. Vesti uma uniforme que Ednalva me deu e assim começou meu dia.

O dia passou bem rápido, o lugar era realmente enorme. Cada cômodo me levava um bom tempo. Encontrei com algumas outras empregadas do lugar, mas não pareciam nada amigáveis. Na hora do almoço, todas me ignoraram. Parece que não fui muito bem-vinda. Na parte da tarde, perto do horário do jantar. Pro sorte, eu havia conseguido terminar todo meu trabalho. Para conseguir me dedicar bem ao jantar.

— Você é a Sabrina, né? Ednalva pediu que depois que fizesse o jantar, fosse limpar o porão. Você não liga de fazer hora extra, certo? Normalmente, as novas funcionários precisam fazer. — uma loira, com perfume irritante me informou.

— Tudo bem. Obrigada por me informar. Irei adiantar o jantar e começo a organizar o porão depois. — Eu concordei. A loira acenou e saiu para junto de outras que esperavam no final do corredor, pude ouvir uma risada, mas achei que não tinha relação comigo, ignorei.

Preparei o jantar com um cuidado e dedicação enorme, não me importava em ser empregada doméstica, mas eu amava cozinhar. Se eu tivesse a chance de trabalhar com isso. Seria perfeito para mim. Um verdadeiro recomeço. Terminei o jantar. Conversei um pouco com as funcionárias que estavam encarregada de servir. Expliquei cada prato e desci para o porão.

Eu estava cansada. Sabia que o porão não deveria ser lá bem fácil de limpar, mas eu tinha opção? Não. Eu precisava desse emprego. Entrei no lugar, me surpreendi com a luz acessa. Andei mais um pouco. Gritei ao perceber que havia um homem sentado em uma cadeira, no meio do porão com uma arma na cabeça.

— Barulhenta. Quem diabos é você? — O homem perguntou sem tirar a arma na cabeça. Ele deveria está bêbado. Havia uma garrafa de whisky quase vazia do lado dele. E sua voz estava bastante embaralhada.

— Senhor, tem uma arma apontada para sua cabeça. Você pode acabar se machucando — Eu estava em choque.

— Notei. Fico feliz. A intenção é basicamente essa mesmo. — O homem respondeu rindo.

— Quê? Porquê você faria isso? — Ao julgar pelas roupas, sapatos e o relógio. Aquele deveria ser o Eduardo. Conhecia as marcas. Levi sempre usava elas, eu tinha noção do quanto que eram caras. Tentei comprar uma vez, uma camisa, mas nem se eu colocasse todo limite do meu cartão conseguiria comprar.

— Eu querer não é o suficiente? A vida é minha, eu faço dela o que quiser. — O homem gritou.

— Idiota! Que motivo tão absurdo fez com sua sua vida não valesse mais nada para você? Me diz. O que aconteceu com você, que é mais importante que sua vida. — Eu gritei de volta. Se ele vai se matar, gritar com ele ou não, não vai mudar meu status de desempregada.

— Eu... Ah! Não importa. Você não vai entender a minha dor. Vá embora. Me deixa. Sei nem que é você. — Eduardo falou. Parecia incrivelmente triste.

— Cada qual tem sua dor e luta. Até o dia de ontem, eu era noiva, de um cara maravilhoso e estava cheia de planos na minha vida. Em menos de 24h, meu noivado acabou pelo simples fato do idiota do meu noivo ter dormido com a vadia da minha amiga. Eu fiquei sem noivo, casa ou renda. Me diga se você conseguiu algo mais complicado que isso. Que vale realmente a sua vida. — Perguntei. Ele riu.

— Eu pensei que eu estava mal, mas você consegue está ainda pior. Posso te emprestar a arma, para você ir também. — Eduardo sorria triste.

— Contei a minha história. Agora fala a sua. Estou curiosa para saber o que abalaria tanto um homem que nem você. — Eu estava realmente curiosa. Será que era falência da empresa?

— Ontem a noite, minha noiva me chamou para jantar fora, reservou mesa para dois em restaurante chique que ela amava, eu sinceramente, odiava a comida de lá, mas como ela gostava, eu sempre ia. Fiquei surpreso, normalmente, insistia que eu fizesse o pedido, mas nesse dia, o fez.

Um vinho chileno que era seu preferido, na entrada um ceviche, que aliás, eu odeio. Mesmo assim, eu não me importei. Ela estava toda cheirosa, usando um batom vermelho que eu amava nela e vestido colado que me deixava louco para arrancar dela. Eu estava feliz. A noite foi maravilhosa, uma das melhores que passamos. Ela passou a noite sorrindo, até mesmo chegou a dizer que eu estava. A noite tinha tudo para ser inesquecível. Só não sabia o que um bilhete escrito acabou estaria escrito no meu espelho. Com a marca do seu batom. Quando tentei ligar para ela, queria entender o que tinha acontecido, me separar com várias chamadas não atendidas desde a noite anterior. Houve um roubo enorme na minha empresa. Alguém transferir milhares de dólares para uma conta fora do país. Precisei rolar só um pouco minha mensagens para descobrir, que minha querida noiva tinha casado com meu primo naquela mesma manhã. Então, perdi muito dinheiro, fui claramente traído. Agora me diz, eu estou errado em querer acabar com isso? — Eduardo tinha os olhos cheios de lágrimas. Estava doendo a história.

— Sabe, se você pensar bem a história, não acho que era uma despedida. Na verdade, talvez, ela quisesse te manter ocupado. Não é estranho que depois de um grande roubo na empresa, sua noiva se case com seu primo? Até onde sei, a sua empresa é da família, certo? Se eu estiver certa, você está muito errado. Deveria na verdade se vingar deles. Fazer com que paguem pelo que fizeram a você. — A história foi tão longa que acabei sentando no chão para ouvir.

— Se for verdade, se realmente aconteceu, o problema é ainda maior. Meu avô deixou a empresa para aquele neto que primeiro realizasse todas as condições que ele colocou no seu testamento. Uma delas é casar. Acho que você pode está certa. Outra é ter a confiança dos acionistas. Perder todo esse dinheiro não me deixará nada bem aos olhos de ninguém. — Eduardo explicou abaixando a arma.

— Então é simples. Busque vingança. Desmascares aqueles dois. Arrume uma esposa, nem que seja de mentira. Faça algo para mostrar a empresa que você é digno da confiança deles. Derrote seu primo no jogo dele. Você se matando agora, só vai dar o que ele quer. Não é justo. — A traição parece vir de onde menos esperamos, até mesmo da nossa família. Isso é terrível.

— Você está certa. Eu só preciso mostrar que quem causou o desvio do dinheiro foi meu primo. E completar todas as condições antes deles. Aliás, você que deu toda a ideia. Que tal ser uma esposa de mentirinha? — Eduardo parecia animado, agora era eu que estava desesperada.

— Como é? — Certeza que aquele homem tinha enlouquecido.

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