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Tiro Do Amor

Capítulo 1

Charlie

Mais um dia, mais um dia ensolarado aqui na minha amada Texas. A delegacia está silenciosa, não existe muito movimento nesse horário, afinal a maioria das pessoas estão em seus trabalhos ou em casa com seus cônjuges ou filhos, o telefone começa a tocar, olho em seu visor e um número desconhecido chama.

*Chamada*

Charlie - Ankh falando.

Um silêncio do outro lado da linha, mas consigo ouvir uma respiração suave.

Voz- Ankh finalmente te encontrei rapaz.

Charlie - Quem está falando?

Dou uma tragada em meu charuto e solto o ar em seguida.

Voz - Ah perdoe-me aqui é o Capitão Hust, da delegacia de Nova York.

Nova York... essa cidade me faz sentir um frio na espinha, de repente sinto meu maxilar enrijecido e finalmente noto que estou praticamente mordendo o charuto que estava em minha boca, quase arrancando um pedaço.

Charlie - O que quer comigo senhor?

Hust - Sei que a vida no Texas é calma, mas gostaria de ter você aqui em Nova York de novo, a equipe de homicídios precisa de um superior.

Charlie - e por que eu?

Respiro fundo já sabendo a sua resposta me deixando preparado para dar a minha carta de negação.

Hust - Você é o melhor detetive, consegue decifrar qualquer pista e sempre pegou um criminoso.

Charlie - Não todos...

Um silêncio de novo, ele sabe melhor do que ninguém de quem estou falando e do que aconteceu.

Hust - Eu sei, mas conseguimos pegar ele alguns meses depois.

Ele... sim, Frederic Bunner.

Charlie - Parabéns, mas isso não trás ela de volta. Se já acabou tenho mais o que fazer, boa noite Capitão Hust.

Hust - Estou enviando sua passagem por correio, deve chegar logo. Te espero na delegacia semana que vem é claro.

*Fim da chamada*

Esse homem não sabe realmente quando parar, ele sabe que larguei a vida de detetive desde que perdi a única mulher que amei de verdade por anos em toda minha vida. Não estou nem um pouco disposto a voltar para Nova York e nem um pouco disposto a ser detetive de novo.

Marie

Homem: Por Favor... por favor não faz isso.

Me aproximo do homem que implora por sua vida, ele parece fraco, assim como a sua última vítima.

Marie: Lucy também implorou assim e você simplesmente a estrupou como se fosse um brinquedo...

Pego a faca que está bem amolada e passo por sua perna que está nua, ele treme de medo e escuto um barulho como se fosse de água caindo, o medo é tão presente que o homem conseguiu se molhar.

Marie: Tão medroso, nem parece aquele cara que sufocou ela até desmaiar...

Homem: Por favor, eu imploro.

Ele chora e isso me motiva ainda mais a fazer mais um corte em sua perna esquerda, já perdi a conta de quantos cortes esse homem teve realizados por mim, mas como não tenho piedade amarro um pano em sua boca e em seguida jogo álcool em cima das feridas, ele se esperneia amarrado na cadeira de ferro. Já cansada de usar essas luvas e essa máscara, eu pego minha arma com silenciador atirando no mesmo e o matando. Coloco a arma de volta na caixa e a fecho, em seguida fico na frente do cadáver e corto fora seu órgão genital.

Posso parecer fria, mas apenas elimino desse mundo alguém que fez um mal a pedido da vítima. Coloco o órgão numa sacola plástica, pego as ferramentas de tortura e jogo num tambor de ferro que contém ácido, eliminando qualquer digital que possa ter passado desapercebida por mim.

Terminei mais um trabalho meu, agora é minha hora de ir para casa descansar, chegando lá tomo um banho e coloco as roupas na máquina para lavar, moro no primeiro andar de um prédio sem câmeras e meu vizinhos a maioria é idoso, assim que chego na cozinha vejo Milk meu gato deitado em sua caminha confortavelmente, ele mexe suas orelhinhas ao sentir minha presença e se espreguiça.

Marie: Oi meu amor... mamãe está em casa, você se comportou muito bem não é?

Seu miado é música para os meus ouvidos, ele vem todo manhoso para que eu faça seu carinho preferido, o pegando no colo, levo junto comigo para o quarto e me deito tendo sua companhia comigo, fico fazendo carinho até finalmente dormir.

A luz da manhã preenche meu quarto e eu levanto para mais um dia de café, panquecas e bolos, tomo um banho rápido, coloco uma calça jeans, meu sapato e uma blusa. Dou comida para Milk e saio de casa trancando tudo, ando umas três quadras e chego na cafeteria que fica ao lado da delegacia de Nova York, muita bagunça nessa cidade logo cedo e ainda não é nem sete horas da manhã.

Marie: Bom dia

Bonnie: Bom dia Ma... ansiosa para ver os policiais e estudantes de novo?

Bonnie é garçonete como eu, dou risada de sua fala, pra ela todo policial é gato, até mesmo aqueles barrigudos, termino de colocar meu uniforme e vou para frente do balcão, logo a cafeteria começa a encher e alguns policiais comentam entre si.

Policial 1 : Ouvir dizer que o novo detetive já trabalhou nessa delegacia.

Policial 2: Ele parece bem carrancudo isso sim.

Marie: Bom dia rapazes, o que vão querer?

Policial: Dois lattes grandes por favor.

Sorrio e pisco para ele.

Marie: É pra já chefe.

Preparo o café deles e Bonnie vem até mim.

Bonnie: Acho que eles se interessaram

Dou risada e olho para ela.

Marie: Tenho 35 anos e não sou papa anjo.

Ela gargalha e eu entrego o café deles, que vão até o caixa pagando pelos mesmos.

Charlie

Hust realmente mandou a passagem e aqui estou eu, na minha cidade natal onde eu decidi que iria fugir para sempre.

Capitão Hust: Bom dia Detetive Charlie, espero que não tenha tomado café da manhã ainda.

Levanto uma sobrancelha e logo fecho mais ainda meu semblante.

Hust :Temos uma denuncia de uma senhora que mora no Brooklin, um mal cheiro vindo da casa de seu vizinho, o chaveiro abriu o apartamento e encontrou isso.

Ele me entrega uma pasta e assim que eu abro meu estômago praticamente revira, um homem nu que estava sem seu órgão genital.

Charlie: Alguma pista?

Hust: Nenhuma. Quem matou esse homem soube muito bem como limpar a cena do crime.

Charlie: Vou até lá, deve ter passado algo.

Ele me entrega o distintivo e eu saio andando junto com outro detetive, nem perguntei seu nome, mas sei que logo vou descobrir. Mal cheguei nessa cidade e já tenho um assassino a solta para prender. Vamos nessa pra mais uma aventura nessa vida louca.

Capítulo 2

Charlie

Chego no apartamento junto com meu novo colega que ainda nem sei o nome, todo o trajeto foi em silêncio absoluto, apenas com o comunicador ligado.

Saio da viatura e vejo uma policial de guarda do local onde aconteceu o assassinato.

Mulher: Hum novo policial Faresh?

Então o meu colega com ar de árabe se chama Faresh.

Faresh: Ele é o novo chefe da equipe de homicídios Grash, seja boa com ele.

Charlie: Não preciso que sejam bons comigo, só preciso que sejam bons no trabalho.

A policial me olha torto, vejo que não nos daremos bem, porém não ligo, passo por ela entrando no apartamento e coloco as luvas de látex que peguei antes de sair, ligo a lanterna ultra violeta e procuro algum sinal, mas só o sangue onde o corpo estava que se mostra presente.

Grash: A pessoa que cometeu o crime parece que teve ataque de limpeza, simplesmente estava tudo limpo, só onde o corpo estava que havia sangue.

Charlie: os vizinhos não ouviram nada? tem câmeras aqui?

Faresh: O prédio não tem câmeras, na verdade nenhum dessa região tem.

Me viro para encarar eles.

Grash: Os prédios aqui pertencem as gangues latinas.

Charlie: então quem matou sabia onde estava se metendo, talvez seja de alguém da gangue...

Como estava agachado me levanto e meus olhos reparam em um fio de cabelo em cima do sofá, vou até lá pegando e coloco num saquinho.

Charlie: Faresh leva para a análise por favor, eu sabia que alguma coisa fosse passar desapercebida. Vou conversar com a vizinha que denunciou o mal cheiro.

Ele concorda se retirando, Grash não falou mais nada, eu sei que se espantou ao ver que encontrei algo que nem ela encontrou, saio do apartamento e bato na porta vizinha. Uma senhora com seus 90 anos abre a porta meio desconfiada, sua pele amorenada mostra que realmente não é americana.

Charlie: Senhora bom dia, gostaria de fazer umas perguntas.

Ela concorda e se encosta no batente de sua porta.

Idosa: Eu já falei tudo o que precisava para os outros policiais.

Charlie: eu sei senhora Sanchez, eu li seu depoimento no arquivo. Eu só gostaria de saber se a senhora não viu nenhuma movimentação estranha.

Vejo que ela tenta lembrar de algo, mas logo balança sua cabeça em negação.

Sanchez: não... depois que o chico foi preso há 3 anos atrás, ninguém frequentava o apartamento dele a não ser ele mesmo.

Meu semblante muda

Charlie: Preso?!

Sanchez: Sim, sim. Quase todos nessa região já foram presos, seja furto ou droga, mas fazer o que não é.

Olho para Grash que estava ao meu lado e eu não havia notado

Charlie: Obrigado Dona Sanchez por nos ajudar.

Ela apenas balança a mão como se estivesse nos expulsando e entra no seu apartamento, em seguida Faresh se aproxima de nós pelo jeito ele dirigiu correndo.

Faresh: O capitão Hust gostaria de vê-lo.

Concordo e saio andando indo para a viatura, já dentro Faresh entra do outro lado e liga o carro dando partida.

Faresh: Conseguiu algo senhor?

Olho para a rua retirando meus olhos da pasta do caso

Charlie: Bom a nossa vítima é um ex presidiário, talvez alguém com contas para a acertar o matou, eu preciso de um café e umas panquecas.

Faresh: então temos que ver possíveis pessoas que gostariam de matar ele, mas a gangue não se envolve com a polícia e para poder comer dou um conselho: a cafeteria quase ao lado da delegacia faz as melhores panquecas e o melhor café.

Eu o olho vendo que está sorrindo e isso me faz dar um leve sorriso, chegamos na delegacia e já vou direto para a sala do Hust.

Hust: Como está indo seu primeiro dia ao retornar?

Charlie: Os detetives precisam ter olhos de águia, passou um fio de cabelo em cima do sofá e pelo cumprimento era de uma mulher ou um homem com cabelos longos, talvez seja até dele. A vizinha disse que ninguém frequentava o apartamento a não ser ele.

Hust: Estranho, bom deixo em suas mãos capazes de resolver tudo

Concordo e me retiro, sento em minha mesa analisando o caso, ex presidiário, mas como ele saiu da cadeia não existe nos registros recentes, talvez bom comportamento, meu estômago ronca me fazendo levantar para ir a cafeteria, saio da delegacia e ando um pouco até chegar na mesma que parece lotada, mas encontro uma mesa bem reservada perto da janela, entro e me sento.

Pego um charuto no bolso de dentro da jaqueta de couro e o isqueiro.

Mulher: Bom dia, vai querer algo chefe?

Como estava distraído olho para a garçonete que estava a minha frente, seus cabelos negros que mostram ser longos por conta do coque que os prende, seus lábios levemente carnudos e rosados por conta do seu gloss labial, seus olhos verdes como esmeraldas e um sorriso angelical, não sei por que, mas notei em todas as partes de seu rosto lindo.

Voz: Vai querer algo?

Volto a minha realidade sentindo algo em meu peito frio e fecho meu semblante como sempre.

Charlie: Uma porção de panquecas com calda de caramelo e café sem açúcar por favor

Ela anota tudo e guarda o pequeno bloco de pedidos juntamente com sua caneta no bolso de sua roupa

Mulher: É pra já.

Ela sai andando e vejo como seu corpo escultural faz jus a sua beleza, continuo com meu charuto pensando no caso, parece que vou precisar desenterrar outro caso, mas como não convém a situação não me importo muito, Faresh entra na cafeteria e ao me ver se senta a minha frente.

Faresh: Sabia que o encontraria aqui chefe, o laboratório já liberou o resultado do fio de cabelo que encontrou

A garçonete me trás não só as panquecas e o café, mas também um cinzeiro.

Mulher: Ah olá Faresh, o mesmo de sempre?

Faresh: Talvez mais tarde Marie, estou trabalhando.

Marie: ok, aqui está o seu pedido chefe.

Agora a garçonete tem nome e o nome dela é Marie.

Charlie: Eu não sou seu chefe, você não trabalha pra mim.

Ela arregala os olhos e abre a boca com certeza para me rebater, porém ela sorri e se vira para sair.

Marie: Ainda bem que não trabalho, senão eu seria sua perdição.

Dessa vez eu que abro a boca, ela sai andando com seu rebolado e ela está certa, ela seria minha perdição.

Faresh: Marie sempre com a resposta na ponta da língua, te deixou até sem falas chefe.

Olho para ele com a cara fechada e tomo um gole do café, realmente é muito delicioso.

Charlie: Muito engraçado Faresh e qual foi o resultado?

Ele coça a nuca e suspira.

Faresh: O cabelo era dele mesmo, seja lá quem é o assassino soube fazer muito bem a limpeza do local.

Charlie: ou só aproveitou que ele já poderia estar morto para se vingar.

Faresh concorda e se levanta.

Faresh: Vou até o médico legista, ainda não havia saído a causa da morte.

Charlie: Só vou comer e já estou indo.

Ele sai andando para fora da cafeteria me deixando sozinho.

Marie

Estou limpando o balcão e me viro para tomar um pouco de água, Bonnie me cutuca e aponta com o queixo para um homem lindo que acabou de entrar na cafeteria. Seus cabelos loiros, barba por fazer talvez há uns 2 ou 3 meses mostra que ele tem um ar de homem mais velho. Sua jaqueta colada em seus músculos não esconde o seu distintivo preso em seu pescoço.

Bonnie: Hum é o Charlie Ankh.

Marie: Quem é esse?

Ela me olha em choque

Bonnie: nunca ouviu falar do Detetive Ankh? ele era simplesmente o melhor da cidade, mas largou tudo aqui para ir embora depois que sua esposa foi assassinada.

Marie: Jura?

Ela concorda e eu olho para ele que procura um charuto em sua jaqueta, vou até ele e de perto ele é bem mais bonito do que aparenta.

Marie: Bom dia, vai querer algo chefe?

Ele me olha e ao ver seus olhos meu estômago se contraí, parece que tudo ao meu redor desapareceu, mas então volto a minha realidade enquanto ele ainda me encara.

Marie: Vai querer algo?

Ele pisca algumas vezes e faz seu pedido, anoto tudo e volto para o balcão aviso na cozinha que querem uma porção de panquecas, Faresh entra na cafeteria e se senta junto ao loiro, pego o café que ele pediu, um cinzeiro e as panquecas que já estavam prontas, deixo tudo na mesa dele e cumprimento Faresh.

Marie: Ah olá Faresh, o mesmo de sempre?

Faresh: Talvez mais tarde Marie, estou trabalhando.

Sorrio para ele.

Marie: ok, aqui está o seu pedido chefe.

O homem me olha de forma indecifrável, ele parece querer falar algo, mas muda de idéia falando algo que nunca pensei em ouvir.

Charlie: Eu não sou seu chefe, você não trabalha pra mim.

Arregalo meus olhos surpresa pela resposta, minha vontade era de falar umas poucas e boas, mas para homens assim eu sei como agir e falar. Sorrio e me viro para sair dando a resposta dele.

Marie: Ainda bem que não trabalho, senão eu seria sua perdição.

Saio andando praticamente rebolando deixando minha dignidade lá em cima e meu orgulho também, volto para o lado de Bonnie no balcão

Bonnie: seja lá o que você fez, deixou o bonitão de boca aberta.

Ela dá risada me fazendo rir da situação, mas a sensação estranha no meu peito me faz mudar de assunto com ela voltando ao trabalho.

Marie: Vamos voltar ao trabalho que quero almoçar mais cedo hoje

Continuo atendendo os clientes normalmente como se o policial bonitão não existisse.

Capítulo 3

No dia seguinte com umas duas horas afastada da cidade, um grupo de jovens que faziam caminhada por aquelas bandas sente um mal cheiro vindo de um galpão abandonado, ao abrirem a porta do mesmo, eles imediatamente ligam para a polícia, em menos de uma hora chegam ao local, Charlie sai da viatura, Faresh está tomando o depoimento dos jovens e Grash está com os legistas avaliando o corpo.

Charlie: o que temos aqui?

Grash: Homem adulto, por volta dos seus cinquenta anos, múltiplas facadas pelo corpo, levou um tiro e teve o órgão genital cortado também.

Ela diz avaliando o corpo junto com os legistas, alguns detetives procuram em volta alguma pista.

Policial: Detetive Ankh, deveria ver isso aqui.

Ando até um barril que parece ser de ferro.

Policial: Soda cáustica, quem matou esse homem soube muito bem como se livrar das armas usadas pro crime e não dúvido nada que o órgão dele possa estar aqui também.

Meu estômago se embrulha, seja lá quem for está caçando homens nessa faixa de idade.

Charlie: O problema é que não podemos fazer muita coisa, só ver se encontramos digitais no portão do galpão, marcas de pneus que não sejam dos nossos. A pessoa que está por trás disso tem o mesmo padrão, arrancar o órgão genital de suas vítimas.

Saio do galpão onde o cheiro estava forte, é como se esses crimes aparecessem exatamente agora que voltei para a cidade.

Marie

Mais uma manhã agitada na cafeteria.

Bonnie: Parece que você não dormiu nada. Andou sonhando com o bonitão loiro?

Dou uma risada fraca, mas essa não é nem a verdade.

Marie: Milk está doente, levei ele correndo na veterinária. Ela me disse parar dar as medicações pra ele ficar forte, mas tenho medo dele não aguentar.

Bonnie fica triste, ela mais do que ninguém sabe como eu amo o Milk mais do que tudo nessa vida.

Bonnie: Oh amiga, ele vai ficar bem, você vai ver.

Marie: Estou rezando pra isso acontecer.

Vou até o banheiro e troco de roupa, logo a cafeteira enche de pessoas, estou conversando com alguns polícias, contando alguns micos que vivi na escola quando uma presença fria se junta a nós, seu semblante é frio.

Charlie: Bom dia.

Policiais: Bom dia chefe.

Eles ficam nervosos, parece que ele é uma figura forte na delegacia.

Charlie: Vocês não deveriam estar cuidando da investigação?

Eles se levantam e saem da cafeteria, ele se senta no banco a minha frente

Marie: Café forte e panquecas?

Ele se força a dar um sorriso como se eu tivesse acertado, aproximo o cinzeiro dele.

Charlie: Não vou fumar perto da senhorita.

Marie: Não se preocupe chefe, fique a vontade, já vou trazer seu café da manhã.

Falo na cozinha sobre as panquecas e eles começam a preparar, encho uma xícara com café fumegante e entrego para ele.

Marie: A manhã começou agitada?

Ele levanta seus olhos que estão profundos, é notável sua falta de uma boa noite de sono.

Charlie: Está tão nítido assim?

Me apoio no balcão e olho fixamente em seus olhos.

Marie: Bom, suas olheiras mostram que não dormiu nada e julgando pelo seu cabelo que ontem estava um pouco úmido e hoje mais seco, mostra que tomou banho literalmente antes do nascer do sol.

Ele me olha surpreso.

Charlie: Você é bem detalhista.

Marie: O que poderia esperar de uma mulher com 35 anos e que trabalha numa cafeteria onde os clientes principais são policiais?

Vou até o sino que avisa que as panquecas estão prontas, coloco a calda de caramelo e levo o prato para Charlie.

Marie: Aqui está seu pedido, bom apetite.

Um dos clientes me chama e saio de perto dele, quase toda manhã é assim, Faresh entra agitado na cafeteria e se senta ao lado do Charlie, como estou pegando um café acabo escutando um pouco da conversa.

Faresh: saiu o resultado do médico legista, a primeira vítima já estava morto quando o assassino fez tudo aquilo nele, então o sangue coagulou rápido evitando que tivesse muito sangue no local.

Charlie: Acho que esse assassino é melhor do que imaginávamos.

Bonnie aumenta o volume da televisão.

Bonnie: Marie, olha.

Quando olho para a televisão mostra a foto de uma pessoa que eu queria distância e que consegui, finalmente ele está morto.

Marie: Ei Faresh, quando descobrir quem matou ele, me avisa. Preciso agradecer.

Charlie fecha seu semblante e eu o olho com um sorriso fraco.

Charlie

Ouvir Marie dizendo aquilo me deixa um pouco curioso para saber a fundo sobre como ela conhece a nossa primeira vítima, termino meu café e me despeço saindo da cafeteria com Faresh, entro na delegacia indo até os arquivos que foram dados como fechados e encontro a ficha da primeira vítima.

Faresh: Sabia que conhecia ele de algum lugar.

Charlie: Como assim?

Faresh: Ele foi preso a três anos atrás por estrupar uma moça, mas depois de um tempo foi solto, não sei por que.

Faresh dá de ombros e vai para a sua mesa, eu me sento na minha e procuro o nome de quem fez a denuncia de estrupo, Marie Lawyer Adams, vejo a foto dela e me faz entender que por isso ela quer agradecer a quem matou seu estrupador, ela deve ter sentido alívio ao saber que poderia estar segura longe desse homem, porém temos um assassino a solta e ela não está totalmente segura, na verdade ninguém essa cidade está seguro com ele por aí.

Termino mais um dia de trabalho e saio da delegacia, vejo Marie saindo da cafeteria e a sigo, ela do nada para.

Marie: Me seguindo por que detetive?

Fico sério e me aproximo.

Charlie: como sabia que era eu?

Ela me olha e sorri gentilmente, ah esse sorriso.

Marie: Perfume amadeirado e cheiro de charuto cubano, impossível não reconhecer o cheiro e também, só tem nós dois nessa rua.

Charlie: Então se eu quiser lhe seguir terei que mudar meu cheiro.

Ela dá risada e automaticamente me faz sorrir, nenhuma outra mulher me fez sorrir como ela está conseguindo fazer e isso me assusta um pouco.

Marie: Talvez sim

Ela volta a caminhar e eu ando ao seu lado.

Charlie: Você mora muito longe daqui?

Marie: Não, na próxima esquina já é a minha rua. Então você gostou da minha calda de caramelo?

Charlie: Sua?

Balançando sua cabeça em concordância.

Marie: eu que faço aquela calda, Bonnie que é a outra atendente faz a de chocolate e a de bordo é encomendada do Canadá.

Não consigo esconder minha surpresa, realmente a calda de caramelo que ela faz combina muito com as panquecas, ela para na frente de um prédio de seis andares e me olha.

Marie: Chegamos.

Charlie: Foi rápido.

Marie: sim foi.

Agora de frente para ela vejo o quanto ela é pequena perto de mim, seu nariz bate no ponto certo no meio do meu peito, algo dentro de mim implora para proteger ela de todo tipo de perigo. Involuntariamente minha mão direita vai até sua bochecha limpando a farinha que havia ali com o polegar e automaticamente lhe fazendo um carinho, ela me olha de um jeito doce, seus olhos verdes brilham ainda mais com a luz da lua refletindo neles, volta a minha realidade ao ouvir um miado de gato e tiro minha mão.

Charlie: Ah claro.. peço desculpas, havia farinha em sua bochecha.

Ela fica envergonhada.

Marie: Claro, muito obrigada por limpar e muito obrigada por me acompanhar até aqui.

Charlie: Sem problema.

Ela acena dando um tchau indo até a entrada do prédio, mas para se virando olhando para mim.

Marie: sabe Detetive, seria mais atraente se arrumasse a sua barba, assim faz você parecer um idoso e não um homem de quarenta anos.

Charlie: Como sabe minha idade?

Ela sorri e abre a porta do prédio.

Marie: Todos na cafeteria te conhece, tenha uma boa noite.

Lá se vai ela, entrando no prédio, me viro para ir embora de volta para a delegacia onde está meu carro, por andar rápido não demora muito e chego lá.

Charlie: essa mulher é incrível.

Digo para mim mesmo dentro do meu carro e ligo o mesmo indo para o meu apartamento, a viagem é quase tranquila se não fosse pela cidade que não dorme chamada Nova York.

Autora aqui hehe, vou mostrar a foto dos dois para vocês.

Marie

Charlie.

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