Karin, esse é o meu nome… Bom, e a minha história? Posso dizer que minha vida não é das melhores, e nunca será…
-Esse é o alvo, já sabe o que fazer, Karin. -Marcos me olhou friamente igual sempre.
(Outro velho, realmente tenho que seduzir esse homem?)
Esse era meu trabalho como membro dessa gangue que me acolheu, apesar de não serem tão poderosos, ainda tínhamos bastante influência, e éramos contratados a maior parte do tempo para matar ou roubar algo para os grandes mafiosos. Resumindo, eles não querem arriscar o próprio pescoço, e por isso nós, que somos desconhecidos e sem nome, fazemos esse trabalho por eles.
Depois de olhar a foto daquele homem, voltei para o dormitório para ler as informações sobre ele.
-Karin? -Kauan me olhou tristemente. -Quem é o da vez?
Peguei os papéis e mostrei a ele.
-Outro velho… Parece que nós dois estamos na mesma…
Os dormitórios não eram divididos por gênero, mas sim pela sua função. Kauan e eu éramos as distrações, e muitas vezes precisamos matar as pessoas que temos que "seduzir".
Kauan me entregou o papel dele, e não era diferente de mim, ele também tinha que seduzir um velho.
-Ah, infelizmente não podemos fugir daqui… Eu odeio que muitas vezes temos que ir até o final com quem eles nos mandam.
Kauan não é gay, mas ele muitas vezes é obrigado a se sujeitar a isso devido aos gostos das pessoas envolvidas.
-Pelo menos dessa vez parece que tenho que matar esse homem, então não preciso me preocupar com isso.
-Sorte sua, não sei se vão terminar o serviço a tempo de evitar que aquele velho me toque. -Kauan estava frustrado.
Aquele era apenas mais um dia normal para nós, afinal, já vivemos assim há anos.
Tanto ele, quanto eu, fomos acolhidos pelo líder da gangue, antigamente era tudo pacífico, afinal éramos apenas crianças, mas isso mudou quando fizemos dezesseis anos, e esses "serviços" foram passados para nós.
Não tem como fugir, e estamos presos a esse lugar, um dia foi um bom lar, mas…
-Karin, está pronta?
-Sim, eu estou…
Eu havia me arrumado segundo os gostos pervertidos daquele velho, até uma peruca tive que colocar, ele gosta apenas de mulheres loiras e com muita maquiagem.
Praticamente nem mesmo parecia eu, era até bom considerando que me deixaria em segurança por um tempo.
(Tenho que pegar uns papéis que estão no escritório da boate dele, o mais difícil vai ser fazer ele me levar até lá.)
David, que era o encarregado de me levar e ficar esperando a minha saída, me deixou um pouco distante da boate, e ficou escondido esperando.
Andei um pouco até lá, e mostrei o passe vip que conseguiram para mim. Essa boate é apenas para a elite, somente as pessoas ricas conseguem bancar a mensalidade, é mais em conta pagar uma faculdade do que vir aqui.
Assim que eu entrei, percebi o grande movimento, era um lugar enorme, e bastante chique se for considerar.
(Onde está meu alvo?)
Olhei ao redor, mas não o encontrava de nenhuma maneira. Peguei uma bebida e andei pelo lugar, alguns homens vieram até mim, mas eu ignorei.
(Sério, onde está esse homem?)
No final, eu estava achando que iria fracassar na missão, até que um homem veio até mim.
-Está procurando alguma coisa? -Infelizmente não era quem eu queria.
-Sinto muito, mas não tenho interesse em homens igual a você…
(Apesar de que não era verdade, aquele homem é realmente o meu tipo…)
Ele pareceu em choque por um segundo.
-Que estranho, eu já fui rejeitado duas vezes, mas não foi de tal forma. -Ele parecia achar engraçado.
-Bom, se já sabe que não tenho interesse, poderia me fazer o favor de não conversar comigo?
Isso também foi ensinado a mim, seja fria com qualquer um que não seja o alvo, assim ele terá mais interesse se estiver por perto.
(Isso aumentaria o ego daquele velho pervertido…)
Eu continuei olhando ao redor, e aquele homem ainda estava me encarando.
-Aliás, eu não estava cortejando a Senhorita… -Ele me olhou.
-Já que não estava, poderia ficar em silêncio? Sua voz está me deixando com dor de cabeça!
(Obviamente é mentira.)
Ele sorriu de canto, e saiu de perto de mim. Por alguma razão, ele continuou me observando de longe.
Depois de andar mais um pouco, finalmente encontrei meu alvo. Nesse momento, comecei a por meu plano em prática, alguns homens se aproximaram de mim, e eu estava perto o suficiente para que ele notasse a minha presença.
-Sinto muito, mas gosto de homens mais velhos… -Falei alto o suficiente.
Logo, o olhar dele estava completamente focado em mim, e eu sorri, fazendo o melhor para chamar atenção.
Andei em direção até o bar e peguei uma bebida, e então ele chegou, se sentando bem ao meu lado.
(Sempre previsível e igual…)
-Deixe que eu pago! -O velho sorriu.
Dava para notar que ele esbanja sua riqueza, exageradamente usando acessórios caros, é um pouco brega até…
-Oh, que cavalheiro! -Eu sorri, enquanto minha mão estava sobre a bancada.
Ele colocou sua mão por cima da minha, foi um dos mais rápidos a serem fisgados por mim até hoje.
Nós conversamos por apenas cinco minutos, e então ele sussurrou no meu ouvido:
-Gostaria de ir a outro lugar mais tranquilo? -Suas intenções estavam claras no seu rosto.
-Seria um prazer!
Nós fomos juntos, afinal ele não se importa com as opiniões, pois é o dono.
Nós entramos em uma suíte enorme, antes que ele trancasse a porta, eu o beijei, afinal eu precisava ser rápida para sair.
(Nojento igual sempre…)
Ele me jogou na cama, e eu esperei apenas que ele abrisse a gaveta para pegar preservativo, então tirei a faca que estava escondida comigo o tempo todo.
A oportunidade perfeita, assim que ele se virou, eu cortei o pescoço dele. Também furei suas mãos, para caso dele ter algum alarme por perto.
Abri minha bolsa e o amarrei na cama, tudo isso enquanto ele sangrava e me olhava com os olhos arregalados.
(Ele vai morrer em breve…)
Peguei tudo de valor que estava com ele e nas suas roupas, assim faria parecer que fiz tudo isso para roubá-lo e não por ter sido mandada por alguém.
Para ele morrer logo, dei uma facada no coração dele, verifiquei se ele havia morrido realmente.
Assim que sai pela porta, dei de cara com o homem de mais cedo, com toda certeza ele havia presenciado o que aconteceu, afinal a porta estava um pouco aberta, e não encostada igual eu havia deixado.
Mas ele não reagiu, e isso me fez entender que ele não iria me entregar.
Eu sorri para ele e pisquei, e então comecei a correr, me virei rapidamente, percebendo que ele estava sorrindo.
(Ótimo!)
Eu disfarçadamente sai dali, fingindo estar tudo bem. Assim que passei pela porta, os seguranças gritaram para me impedir, e então eu tirei os saltos e corri até o carro.
A placa havia sido trocada, então não havia chance de sermos pegos, sem contar que esse carro é roubado.
-E então, conseguiu? -David disse olhando fixamente para o caminho, enquanto o carro estava em alta velocidade.
(Ele deveria tomar cuidado para não atropelar pessoas inocentes, mas do que adianta eu dizer? Minha opinião não importa para essas pessoas…)
Antes, estávamos sendo seguidos, mas David tem anos de experiência, é claro que sabia como despistar. Nós descemos do carro no lugar marcado, e então passei um pano nos bancos e em tudo que eu havia tocado. Depois disso, David colocou fogo no carro, e nós pegamos o outro que não estava muito longe.
-Kauan… -Ele já estava lá nos esperando.
O esquema funcionava da mesma forma para todos, então sempre tínhamos um ponto de encontro diferente.
-E então, conseguiu?
-Sim, mas não pude evitar de beijar aquele velho…
-Que bom que você não teve que ir além… -Percebi um chupão no pescoço dele, era o sinal de que as coisas não fluíram a tempo de evitar aquilo…
-Sinto muito…
-Tudo bem, já estou acostumado com isso… Na verdade, nós dois estamos…
-Infelizmente…
-Chega de papo furado e vamos! -David nos empurrou para o carro, e voltamos para o nosso esconderijo.
Quando chegamos, foi igual sempre, ninguém procurou por nós, nem mesmo para dizer que fizemos um bom trabalho. Ao contrário, Kauan e eu fomos mal recebidos no outro dia no café da manhã.
-Soube que ele teve que fazer aquilo de novo… -Estavam sussurrando sobre Kauan.
-Isso é normal, mas não acho que ele se importe, afinal com toda certeza é um pervertido que adora abrir as pernas para qualquer um! -As palavras de desprezo eram normais.
Mas ao ver o rosto de tristeza de Kauan, me revoltei e bati na mesa.
-Façam silêncio! Estou com dor de cabeça e suas vozes me irritam!
-Olha quem fala, quer defender seu amiguinho? Justamente você, que se sujeita às mesmas coisas que ele!
-Exatamente, no final, qual a diferença entre vocês? Nós fazemos o trabalho duro sempre, enquanto vocês apenas aproveitam os prazeres!
-Então por que não vem para o nosso lugar? Tenho certeza de que você adoraria "abrir as pernas" para um velhote! -Eu revidei.
-Sua putinha, retire o que disse agora! -Ele se jogou para me bater.
Eu não tinha medo, afinal sempre soube me defender. Claro, não podia fazer isso quando era os meus superiores me repreendendo, mas quando são eles, não tenho medo algum.
-Parem! -A voz de Marcos ressoou, me dando calafrios.
Todo mundo ficou em silêncio, nenhum de nós ousava ir contra o que ele dizia.
-Karin, por que nunca se comporta? -Marcos me odiava, e a razão é porque sempre foi apaixonado por mim, e eu nunca quis nada.
-Sinto muito…
-Galleu quer ver você, então vá até ele imediatamente!
Eu saí em direção, já me preparando para o pior.
Galleu é a pessoa que me acolheu, e ele não me vê com frequência, apenas quando alguma coisa dá errado.
(Isso significa que de alguma forma eu fui pega? Isso é culpa daquele homem de ontem?)
Tentei ao máximo esconder meu medo, provavelmente algo havia dado errado, e essa era a minha maior preocupação.
-Sente-se, Karin! -A expressão de Galleu era indecifrável.
Eu fiz o que ele me pediu, mas não me atrevi a olhar seus olhos.
-O que você fez ontem?
-E-Eu…
-DIGA DE UMA VEZ! -Ele bateu na mesa e gritou.
Eu me escolhi, esse comportamento agressivo dele sempre me dava calafrios.
-Apenas fiz o que me foi ordenado!
-Então me diga, por que razão nosso cliente insiste em encontrar você?
(Ele quer me ver?)
-Quem é o cliente?
-Isso é o de menos! Quero saber o que você fez!
-Eu já disse que eu…
-Karin, o que foi ensinado a você desde pequena?
-A não mentir e nunca desobedecer às ordens do meu superior…
-E quais são as consequências?
-U-Uma surra…
(Isso quando é das mais leves…)
-Nosso cliente provavelmente vai querer matar você por causa da sua incompetência, por isso eu vou punir você para que ele saiba que já foi disciplinada!
É assim que funcionam as coisas por aqui, ele me puniria de qualquer forma, mas vai ser ainda pior por causa do pedido para me encontrar.
(Ele vai deixar as marcas visíveis em mim…)
Galleu caminhou até o armário e abriu, tirando um chicote e um cinto.
-Se você não fosse a única garota restante aqui, eu já teria te punido de chicote a bastante tempo, mas seu corpo é precioso para o trabalho, então vamos pegar mais leve igual sempre!
(Leve?)
Galleu amarrou minhas mãos e pés, e me bateu muito, também recebi murros pelo corpo.
Foi torturante, e eu não recebi tratamento, ao invés disso, fui jogada no salão do arrependimento, ainda vendada.
(Quantos dias eu vou ficar dessa vez?)
Já parei aqui muitas vezes, dependendo da vontade de Galleu, posso acabar ficando uma semana aqui sem comer nada, pelo menos água ele ainda fornece…
(Porque ele não quer que eu morra…)
Isso somente me fez refletir novamente, eu vou viver essa vida horrível para sempre? Às vezes eu quero apenas morrer, mas eu somente estaria cedendo a eles.
Já houve outra garota aqui, Juliana, ela me ajudava bastante quando eu era criança, mas ela acabou morrendo exatamente nesse lugar que estou, por isso as punições ficaram um pouco mais leves.
Não me esqueço do que eu presenciei uma vez, mesmo depois de morta, Juliana não teve paz.
Galleu ao invés de dar um enterro digno para ela, jogou seu corpo para aqueles brutamontes, e eles…
Abusaram do corpo morto dela… Fiquei enojada, naquela época eu não sabia que Galleu era tão ruim assim, depois da morte de Juliana, eles precisavam de outra mulher para substituí-la, e eu acabei descobrindo da pior forma possível a razão de Galleu ter me acolhido.
No começo eu chorei muito, não queria ceder aquelas coisas, mas que escolha eu tinha? Me tornei uma mulher imoral aos olhos de todos daqui, e ainda sim muitos queriam me tocar, mas minha sorte era que Galleu não deixava isso acontecer, apenas se eu morresse.
(Eu não seria livre desse lugar mesmo depois de morta…)
Depois de alguns dias trancada naquele lugar, eu estava completamente suja e faminta, meu corpo estava doendo muito, e eu nem aguentei levantar o braço.
-Peguem ela! -Ouvi a voz de Marcos, e alguém me pegou no colo.
Apesar de não estar bem, se eu pudesse, teria impedido que essas pessoas ao menos encostassem em mim.
Eu recebi água e metade de um pão velho, foi Kauan que trouxe para mim, já que Galleu ainda não me permitia comer nada.
-Karin, seja rápido, em cinco minutos eles virão te buscar!
Eu bebi a água, e tentei comer rápido.
Kauan saiu e eu fiquei de olhos fechados, com muita dor.
-Ei, faça ela acordar! Galleu disse que ela tem que estar de pé para conversar com o cliente!
-Você acha que ela vai voltar viva?
-Sinceramente falando, acho que não! Nem sabemos quem é o cliente, eles sempre usam identidades falsas ou codinomes.
Me sacudiram, e então eu tive que me levantar. Eu estava fraca ao ponto de ter que andar escorada nas paredes, pois nenhum deles me ajudou.
Enquanto eu estava andando, acabei vendo a pessoa com quem eu tinha discutido antes, ele sorriu debochando de mim.
(Eu realmente quero matar esse cara agora…)
Mas eu não tinha tempo para pensar nisso, afinal ainda precisava me encontrar com o cliente.
Eu não estava com medo dele, afinal, a pessoa que mais me assusta é Galleu. Apenas tinha a preocupação das consequências depois que eu voltasse dessa reunião.
-Entra logo! -Fui empurrada brutalmente para dentro do carro.
Acabei dormindo no caminho, minha cabeça estava doendo muito, além do meu corpo.
-Quem disse que você podia dormir, Karin? -Me puxaram pelo cabelo dessa vez.
Assim que saí do carro, percebi que estávamos em frente a uma enorme mansão.
(Que merda, se esse cara quiser me matar e pagar uma boa quantidade, Galleu deixaria meu pescoço ser arrancado no mesmo momento!)
Eu fui empurrada até a frente, mas estava sem forças para andar. Olhei para as janelas, e em uma delas percebi um vulto, parecia ter um homem me observando, mas saiu assim que olhei.
(Será que era ele?)
Um homem me ajudou a andar, afinal eu estava prestes a cair. O motorista que me trouxe disse a ele que não precisava né tratar com delicadeza, mas o homem ignorou as palavras dele.
(Ainda bem…)
Assim que passei pela porta, vi um senhor de idade me esperando.
(Talvez… Ele seja o cliente?)
-E-Eu…
-Senhorita, por favor, me acompanhe! -A forma que ele agiu me fez perceber que era um mordomo.
Eu o segui, ainda com a ajuda do homem.
Chegamos a um grande salão de jantar, era nem maior que o refeitório da gangue, e muito mais arrumado e chique.
(Quantos metros tem essa mesa?)
Tudo era muito extravagante, e me fez duvidar das intenções do "cliente".
-Sente-se, iremos servir o café em dois minutos! -Ele sorriu para mim.
-E-Espere, por que eu tenho que…
-O mestre ordenou, e as ordens dele são absolutas!
-Entendo…
Logo, chegaram uma variedade de pratos, e eu fiquei realmente preocupada. Mesmo depois de ser servida, esperei até que o dono chegasse, por mais faminta que eu estivesse.
-Senhorita, o mestre deseja que você coma tudo! Ele não virá a acompanhar.
-Ah, tudo bem…
(Mas é certo fazer isso? Será que tem veneno?)
Eu estava hesitante, mas acabei comendo. Minha fome estava tão grande que quase deixei meus modos de lado. Fui ensinada a me portar nem a mesa, tudo isso para me adaptar a qualquer ambiente que eu seja designada.
(Um objeto bem preparado, é isso que eu sou…)
Eu comi mais do que deveria, e fiquei envergonhada por isso, afinal estou com fome há dias…
Logo depois, eu fui levada até um quarto para ser tratada, eu realmente não estava entendendo nada do que estava acontecendo, mas não relutei.
Naquele momento, o homem misterioso que havia buscado por Karin a esperava ansiosamente.
Aquele cliente, o mesmo homem que a parou naquele dia, se interessou pela bela garota. Heitor Chevalier é um dos líderes mais novos da máfia, com vinte e três anos, já possui influência internacional, e comanda grande parte dos negócios da cidade.
Aquele homem que Karin havia matado, foi alguém que pessoalmente mexeu com Heitor, por isso ele queria presenciar pessoalmente o "serviço" sendo feito.
Momentos antes de Karin chegar na mansão:
-Senhor, fui informado de que ela já está a caminho!
-Certo, pode se retirar, Wilson!
O mordomo saiu, enquanto Heitor ficou olhando pela janela, esperando ver aquela dama outra vez.
Não demorou muito para que um carro parasse na frente da mansão, mas a pessoa que ele viu saindo do carro, não era a mesma mulher daquele dia.
-Ela não era loira? E também, por que está toda machucada? -Heitor não estava compreendendo o que aconteceu, mas assim que viu o tratamento do motorista para a garota, teve a certeza de que deveria realmente ser ela.
Ela olhou para a janela, e ele saiu no mesmo momento, pedindo para o mordomo preparar algumas coisas de última hora.
De volta ao momento em que Karin estava recebendo tratamento: (Ponto de vista - Karin)
-Se sente melhor? -Todos estavam sendo muito simpáticos comigo, e eu realmente fiquei confusa.
-Estou, obrigada…
Não tinha certeza do motivo de estarem fazendo isso, mas algo não parecia certo. Eu esperava uma punição, mas estou sendo bem tratada repentinamente por pessoas que trabalham para um desconhecido.
-Senhorita, poderia me acompanhar agora? -Novamente o mordomo apareceu.
Agora, eu já conseguia andar por mim mesma.
(Que lugar enorme…)
A decoração demonstrava riqueza.
(Isso esfrega cada vez mais na minha cara que eu sou pobre…)
O mordomo abriu a porta, e eu entrei em um enorme escritório. Me senti tensa, a cadeira estava virada, então eu não pude ver quem era aquele homem.
-Você é a senhorita que executou o trabalho que eu pedi? -A voz parecia estar sendo forçada propositalmente.
(Ele quer esconder sua verdadeira voz…)
-Sim, fui eu…
-Achei que seria loira, afinal esse é o critério dos gostos daquele velho pervertido!
(Ele está me testando?)
-Eu usei uma peruca, sou a única mulher da gangue, então todos os trabalhos designados para mulheres vão diretamente para mim!
De repente, a cadeira virou, mas o homem estava usando uma máscara, a única coisa a mostra eram seus lábios, mais nada.
-Você faz todos esses trabalhos? Não achei que seria tanto peso para somente uma pessoa, afinal, seus trabalhos são bastante conhecidos!
O que ele estava falando era certo, eu tinha uma reputação como uma mulher misteriosa.
-A rosa mortal, é como um espinho que pode acabar com a vida de um homem em poucos segundos, de diversas maneiras diferentes! Você é popular, senhorita!
Esse apelido me foi dado depois de matar o décimo homem, claro, fiz muitos trabalhos de que não me orgulho.
Minha reputação não era atoa, sedução, assassinato, roubo, tudo isso é a minha especialidade, e disfarce, até agora esse é o segundo cliente a conseguir ver meu verdadeiro rosto.
-Me diga, o que aconteceu com você? Quando chegou estava totalmente machucada…
(Isso é preocupação ou o que?)
-Eu errei e fui punida, sinto muito por não ter lhe agradado! -Eu abaixei a cabeça.
-Não ter me agradado? O que quer dizer com isso? Te puniram por isso?
Eu não respondi nada, mas ele sabia que era uma resposta positiva.
-Droga, isso foi um erro de comunicação! Apenas tinha o desejo de conhecer pela sua reputação e o bom trabalho! -Ele não parecia estar mentindo.
(Então isso tudo que passei foi atoa?)
-Tudo bem, eu já estou acostumado com isso…
-Acostumada?
-Sim, já que queria apenas me conhecer, eu poderia voltar agora?
Não que eu estivesse com pressa para voltar, mas se eu demorar muito aqui, eu não poderei me explicar quando voltar, é capaz que eles me matem de uma vez.
Quanto mais tempo eu fico aqui, mais perto da morte eu fico. Se ele entrasse em contato com Galleu seria diferente, mas se não for dessa forma, eu estarei perdida…
-Você parece tensa, mas tudo bem, irei mandar te levar de volta!
-Obrigada! -Eu me levantei para sair o mais rápido possível.
-Espere, tenho uma pergunta…
-Diga…
-Você quer sair daquele lugar?
Eu demorei para responder.
-Não é tão simples quanto parece… Então não quero ter esperanças!
-Mas se eu te ajudasse?
-Não, por favor, fique longe de mim! É tudo que eu te peço!
(Se não, você vai acabar igual a ele…)
A única pessoa que gostei na vida, e o único que queria me ajudar a fugir, agora ele está debaixo do chão…
Eu não podia ter esperanças, afinal aquele lugar é uma prisão, não importa o quão influente seja as pessoas dispostas a me ajudar.
Eu voltei para o carro, e fui novamente empurrada para dentro.
-Você demorou, não me diga que também estava se "divertindo" com o cliente?
Ah, é verdade, eles me vêem como uma prostituta…
Eu não disse nada, afinal ele não me ouviria de qualquer forma.
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