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O Vizinho (EM REVISÃO)

Sinopse:

Giulia e Levi foram marcados por perdas importantes em suas vidas.

Aos oito meses de vida, ela passou por sua primeira grande perda, o pai. Após a morte do pai, Giulia e a mãe vão morar na casa de seu Daniel, avô de Giulia. Elas precisam deixar a vida de confortos e se mudar para uma região consideradas pobre e violenta, que se encontra bem afastada do bairro nobre em que moravam.

Ele perdeu seu irmão gêmeo aos sete anos e viu seu mundo ruir. Seus pais se trancaram em sua própria bolha de sofrimento, enquanto ele não sabia a quem recorrer, até Giulia aparecer.

Por coincidência, ou destino, ambos começaram a frequentar a mesma escola, a partir desse momento, Giulia começou a puxar assunto com Levi, afinal ele lhe lembrava do melhor amigo que estava morto e, ambos buscavam algum conforto para seus corações despedaçados. A dor os aproximou. Com apenas 7 anos, pareciam ser os únicos que entendiam o quão avassalador aquilo era. Se tornaram inseparáveis. Cresceram. Aos 14 anos se viram apaixonados. Trocaram declarações e deram seu primeiro beijo, porém nunca namoraram ou levaram adiante, afinal, eram apenas crianças.

Quando Giulia completou 15 anos, sua mãe se casou novamente e elas precisaram mudar de casa. Após a mudança, ela perdeu total contato com seu vizinho, melhor amigo e primeiro amor, Levi. Somente aos 17, ao esbarrar com o primo de Levi, é que Giulia ficou sabendo o que acontecera naquela época. Jonas explicou que os pais de Levi decidiram mandá-lo para a casa da tia, em São Paulo, porque acreditavam que as oportunidades de ensino lá seriam melhores. Jonas contou também que Levi estava namorando uma garota, Maísa. Foi nesse momento que a mocinha de nossa história teve seu coração partido pela primeira vez.

Uma história sobre perda, amor e reencontro.

ATENÇÃO, classificação indicativa: 18 anos. Conteúdo desatinado exclusivamente a adultos. Contém cenas de sexo explícito, situação sexual complexa ou de forte impacto, aborto, nudez, relação sexual e vulgaridade. Insinua o consumo de drogas ligadas ao estupro ou coação sexual.

É proibida a reprodução ou cópia, total ou parcial, dessa obra, sendo todos os direitos reservados a autora. A violação de direito autoral constitui crime, conforme o artigo 184 do Código Penal, que prevê pena de dois a quatro anos, além de multa, se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto. Além disso, conforme dispõe o artigo 28 da lei 9.610/98, que trata sobre a proteção dos direitos autorais, **“cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica”.**

Prólogo:

Mesmo após 27 anos, ainda me pego pensando em como teria sido se papai não tivesse morrido. A vida seria diferente? Eu estaria onde estou? São perguntas para as quais não tenho resposta e sei que nunca terei.

Papai morreu quando eu tinha apenas oito meses de vidas, vítima de um latrocínio, deixando a mim e mamãe, que tinha apenas 19 anos. Nós morávamos em um dos bairros nobres do Distrito Federal, embora papai tivesse uma empresa de caminhões, não herdamos nada além de seu seguro de vida e uma terra em Minas Gerais que não tinha nada, apenas mato e que fora usada como troca pela casa em que moramos. O nome de papai nunca constou nos atos constitutivos da empresa e acabamos sendo enganadas por seu sócio, bom, mamãe fora enganada e eu a entendo, ela tinha apenas 19 anos, uma bebê de oito meses e o peso do mundo sobre seus ombros, sem um tostão no bolso e sem saber que poderia procurar a justiça.

Após a morte de papai, fomos morar com meu avô em uma cidade satélite, ou região administrativa, chame como quiser, mas o fato é que esses são nomes bonitos para regiões consideradas pobres e violentas e, que se encontram bem afastadas do famoso Plano Piloto. Vovô sempre foi um homem difícil e com a idade, foi se tornando cada vez pior. Ele nunca nos distratou, mas ele é o que as crianças e adolescentes do bairro chamavam de “velho xarope”.

Quando completei 15 anos mamãe se casou novamente, fomos morar na casa que ela havia trocado pela terra em Minas e que vinha alugando desde então para conseguir juntar dinheiro. Após nos mudarmos, perdi total contato com meu vizinho, melhor amigo e primeiro amor, Levi.

Levi e eu nunca havíamos trocado mais do que uma ou duas palavras até nossos 7 anos, quando ele viu seu irmão gêmeo, João, morrer após ser atropelado na faixa de pedestres por um homem bêbado que fugiu sem prestar socorro. João sim era meu melhor amigo, éramos inseparáveis, brincávamos todos os dias após a escola e vivíamos na casa um do outro, mas quando ele morreu, parecia que ninguém entendia a dor que eu sentia, todos diziam que eu era criança e que logo esqueceria. Diziam o mesmo sobre Levi, que se fechou para o mundo, enquanto seus pais se fechavam em seu próprio sofrimento após perder um filho.

Por coincidência, ou destino, Levi fora estudar na mesma escola que eu, a partir desse momento comecei a puxar assunto com ele, afinal ele me lembrava meu melhor amigo que estava morto e eu buscava nele conforto. A dor nos aproximou, com apenas 7 anos parecíamos ser os únicos que entendiam o quão avassalador aquilo era. Nos tornamos inseparáveis, crescemos juntos. Aos 14 anos me vi apaixonada pelo meu melhor amigo. Trocamos declarações e ele me deu meu primeiro beijo, porém nunca namoramos ou levamos adiante, afinal, éramos crianças, não éramos?

Mas chegaram meus 15 anos e com eles o fatídico dia da mudança, eu achava que nos encontraríamos todas as vezes em que fosse visitar meu avô, mas nunca mais o vi. Somente aos 17 eu soube o porquê, em uma de minhas visitas a casa de vovô encontrei o primo de Levi, Jonas, ele me disse que alguns meses após me mudar, os pais de Levi também se mudaram para a quadra ao lado da minha, porém decidiram mandar Levi para a casa da tia, em São Paulo, porque acreditavam que as oportunidades de ensino lá seriam melhores do que aqui. Jonas me contou também que Levi estava namorando uma garota, Maísa. Foi nesse momento que tive meu coração partido pela primeira vez.

Capítulo I – Términos:

10 anos depois...

Giulia:

Estou indo para a academia, odeio vir desde que tomei um fora do professor bonitão, que teve a coragem de me enxotar após um ano entre idas e vindas, mas nunca um namoro assumido. O pior de tudo foi levar um fora três dias antes do meu aniversário de 27 anos, que foi semana passada, argh! Que ódio! E eu achando que ele finalmente me pediria em namoro, como eu pude ser tão cega? Deixe-me lembrar como foi...

Uma semana antes...

Diogo e eu combinamos de sair assim que ele voltasse de SP, onde iria fazer a prova da polícia civil, ele é doido para passar em um concurso público, não importa aonde, ele diz apenas que não dá mais para trabalhar em academias e ser tão desvalorizado profissionalmente. Ele voltou hoje pela manhã, em apenas algumas horas vamos nos ver e eu posso finalmente receber o tão sonhado pedido de namoro, ou pelo menos uma transa, quem sabe?

Diogo e eu estamos envolvidos há um ano e, embora a gente saia sempre para comer e conversar, nunca chegamos a transar, apenas algumas mãos bobas aqui e ali. Nunca entendi ao certo, mas conhecendo sua mãe, irmãos e vendo o quanto a família é respeitosa, acho que ele não quer queimar etapas e fazer as coisas certo.

Tomo aquele banho, com direito a esfoliação, óleos corporais perfumados e uma boa depilação. Saio do banheiro e passo meu hidratante mais cheiroso por todo o corpo, meu melhor perfume e um vestido vermelho de alças grossas, decote reto, bem colado ao corpo, terminando um pouco abaixo dos joelhos e calço um par de scarpins pretos. Faço uma make leve, olhos marcados por um esfumado marrom discreto, bem clean girl, um pouco de lip tint, e uma camada de gloss. Pego minha bolsa e chaves, dou uma última olhada no espelho, eu gosto do que vejo, gosto muito.

Entro no meu carro e ligo o GPS, colocando o endereço do restaurante escolhido por ele, na orla do Lago Sul, bairro nobre, uma vista maravilhosa, considerando o horário, vamos poder apreciar o pôr-do-sol, ele não poderia ter escolhido melhor, estou nas nuvens imaginando a cena. Pego meu celular e envio mensagem para avisar que já saí de casa e perguntar se ele quer carona ou prefere ir em sua moto, uma belíssima BMW S1000 RR, uma das motos mais bonitas que já vi, carenada, com um ronco maravilhoso, a sensação de pilotá-la é indescritível. Sim, uma das muitas coisas sobre mim é que amo motos, tenho habilitação, mas nunca tive a ousadia de comprar uma, mamãe morreria, ela se quer sabe sobre minha habilitação. Dou uma risada ao pensar que fiz isso escondida, aos 26 anos, morando sozinha, advogada do Banco de Brasília, com um ótimo salário, ainda faço coisas escondida de mamãe, como uma garotinha. Não demora muito e Diogo me responde.

- Giulia, eu não vou mais com você.

Dou um grito, seguido de uma freada brusca na faixa de pedestres, havia uma senhora atravessando e eu não vi, pois estava berrando ao ler a mensagem, por sorte, não vinha nenhum carro atrás. Entro no estacionamento de um mercado e paro na primeira vaga que aparece.

- Como assim Diogo?

- Eu corrigi minha prova e não fui bem Giulia, prefiro passar o resto do dia descansando para retomar os estudos amanhã – reviro os olhos ao ler a mensagem. Diogo chegou em Brasília às 10h10 da manhã, seu embarque era 9h20, voo direto de SP para BSB, sua prova foi no domingo, os resultados preliminares saíram na segunda, hoje é quarta!

- Diogo, você está falando sério?

- Estou Giulia!

- Você teve dois dias para me dizer que os planos tinham mudado! Você só pode estar de sacanagem com a minha cara! – Escrevo com meu sangue fervendo.

- Não Giulia, eu não estou brincando com sua cara e não vou sair com você – ele responde calmamente.

- Quer saber Diogo? Foda-se você!

Diogo não responde mais nada, embora tenha visualizado a mensagem. Abro meus contatos e procuro o nome dela, Melissa, minha melhor amiga, um ano mais velha, nos conhecemos quando mudei de casa, ela era minha vizinha, desde então nunca nos desgrudamos.

- Oi Mel!

- Oi gostosa! Se arrumando para o seu pedido?

- Não Mel, o cretino teve a audácia de desmarcar comigo agora, enquanto eu estava dirigindo até o restaurante, acredita?

- Amiga? Você está bem? Onde você está? – Mel pergunta com a voz mais doce do mundo.

- Eu parei no primeiro estacionamento que encontrei – digo respirando fundo – eu não estou bem, mas vou deixar para ficar triste amanhã, agora, você tem 20 minutos para se arrumar e ir ao restaurante comigo, a reserva está no meu nome e não estou a fim de ficar sofrendo as vésperas do meu aniversário. Vamos? - Pergunto fingindo um falso ânimo.

- Vamos amiga! Vou só tomar um banho e me vestir, posso me maquiar no carro.

O percurso até a casa de Mel não leva mais que quinze minutos. Estaciono em frente ao grande prédio e cumprimento o porteiro, seu Aldair, que me deixa entrar sem nem mesmo interfonar para Mel, eu venho tanto aqui que o homem de cabelos grisalhos já me conhece e simpatiza comigo.

- Boa noite Giulia! Se me permite dizer, está belíssima! Alguma ocasião especial? Seria o jovem da moto barulhenta com quem você veio algumas vezes? – Seu Aldair pergunta curioso.

- Ah seu Aldair, eu até tinha me produzido para sair com ele, mas o senhor acredita que o cretino me dispensou por mensagem? – Respondo dando uma risada sarcástica.

- Não se preocupe Giulia, a srta. certamente encontrará alguém a sua altura! – Ele diz sorridente.

- Deus te ouça seu Aldair! Boa noite! – Digo enquanto aperto o número dez nos botões do elevador.

Saio do elevador e me dirijo a porta da minha amiga, não preciso bater, Mel sempre deixa a porta aberta para que eu entre.

- Querida! Cheguei! – Digo imitando o pai da série Família Dinossauro.

- No quarto amiga! – Mel responde.

- Oi amiga! Você está linda! – Falo olhando a bela morena de pele clara, que mais parece porcelana, corpo esguio e coxas grossas, envolta em um vestido solto de seda azul Royal, com um belo decote em V, enquanto calça um par de sandálias pretas de salto.

- Você também amiga! Se o Diogo te visse agora nesse vestido, tenho certeza de que não dispensaria essa bela bunda cor de jambo! – Ela fala enquanto dá risada.

- Amiga, ele vê “essa bela bunda cor de jambo” – falo enquanto faço aspas com os dedos – todos os dias na academia, em shortinhos e leggings e mesmo assim me dispensou – dou um sorriso amarelo.

- Porque ele é um babaca amiga! Vamos? – Mel diz pegando a bolsa.

- Vamos!

Estaciono o carro e nos dirigimos ao restaurante. Falo meu nome e a atendente nos guia até uma mesa com dois acentos, em uma espécie de sacada, com uma vista do Lago Paranoá ao pôr-do-sol de tirar o folego. Não posso deixar de pensar que teria sido perfeito. Um garçom traz o menu e nós logo escolhemos nossos pratos e pedimos duas taças do vinho recomendado pelo chef, para harmonizar com os pratos.

Corro meus olhos pelo restaurante e vejo Jonas, o primo de Levi, sentado em uma mesa no outro extremo da sacada. Vejo que ele está acompanhado de um homem, cabelos bem cortados nas laterais, ao estilo David Beckham, e um belo sorriso de perfil, na verdade, ele tem um belo perfil, pena que estou muito longe para ter certeza de que o homem é uma obra de arte. Mel percebe que meu olhar está preso em algo, enquanto tenta me dizer pela milésima vez que quer adotar um coelho e o quanto são fofos.

- Giu? – Mel diz enquanto estala os dedos diante de meus olhos.

- Oi amiga – olho para ela, desviando meu olhar da mesa ao fundo.

- Está tudo bem mesmo? – Ela pergunta preocupada.

- Está amiga, eu só tive a impressão de ver alguém conhecido, um antigo vizinho meu, Jonas – digo enquanto bebo um longo gole do meu vinho.

- Eu me lembro desse nome! Não era o primo do seu antigo amor?

- Sim amiga! Mas olhei melhor e não é ele – minto, pois sei que Mel ficaria ainda mais preocupada comigo, afinal, um fora e um fantasma do passado no mesmo dia? Eu certamente me preocuparia também.

A noite seguiu agradável, eu acho, me lembro de beber bem mais do que deveria e ficar preocupada em como voltaria para casa porquê vim dirigindo, Mel também bebeu, menos que eu, mas não poderia dirigir. Me lembro de vê-la ligar para alguém vir nos buscar e de ouvi-la dizer que essa pessoa deveria vir sem reclamar, pois era tudo culpa dela. Me lembro de ver o belo rosto de Diogo e de dizer algumas palavras sobre como o odiava por me fazer gostar dele. Depois disso não me lembro mais de nada.

Acordo na minha cama, com Mel ao meu lado e uma dor de cabeça terrível. Olho a hora, são seis da manhã e eu entro às oito no trabalho. Levanto-me e vou para o banheiro, eu preciso de um banho, uns analgésicos e certamente algo para o estômago. Quando termino meu combo pós-resseca, vou para a cozinha fazer algo para comer. Me arrumo para o trabalho e deixo uma mensagem para Mel.

- Bom dia amiga, não sei como chegamos em casa, não me lembro de vir no meu carro, por isso estou indo trabalhar de Uber. Deixei o café da manhã pronto em cima da mesa, exceto café, você sabe que não sei fazer porque não tomo, mas tem capsulas para a cafeteira dentro do armário. Obrigada por cuidar de mim Mel, não sei o que faria sem você! Te amo demais! Beijo e bom dia.

O resto do dia correria normalmente, se Mel não respondesse minha mensagem dizendo que voltamos no meu carro e que Diogo tinha ido nos buscar, depois dela fazer um escândalo ao telefone. Disse também que estava indo embora e que deixaria minhas chaves com o porteiro, seu Felipe. Passei o resto do dia pensando nisso, não acredito que Mel teve coragem de ligar para ele e, o pior, de permitir que ele me visse tão deplorável, por causa dele.

Após o expediente, decido não ir para a academia, não quero encontrar o dito cujo, eu só preciso descansar um pouco. Depois de amanhã é meu aniversário, e para meu próprio bem, decido que só vou para academia na semana que vem.

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