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Além Da Montanha.

Capítulo 1 . As irmãs.

Pauline está em prantos, Faísca é seu companheiro de descobertas pela fazenda, é um cavalo dócil, pelo menos com ela é cor de caramelo mais tem as patas da frente pretas e uma mancha preta nas costas, não imagina o que o levou a morder seu pai. A menina mal aprendeu andar já estava sobre o animal, cresceram juntos.

Pauline : - Pai, por favor!!! Eu só tenho o Faísca de companheiro, não o venda, por favor!!!

Senhor Benedito é um homem muito bom, mais pra ele é oito ou oitenta, foi pegar Faísca para colocar a cela, precisava ir a sede da fazenda conversar com o patrão com urgência, Faísca do nada o mordeu nas costas.

Benedito: - Esse cavalo está louco!! Vou vender ele para o primeiro que me oferecer o mínimo para comprar outro..

Pauline : - Mais pai..... eu amo Faísca....

Benedito: - Ama! Animais não são para amar, são para nos servir, e esse cavalo não está servindo pra nada..... Só não vou tentar vender ele hoje porque preciso conversar com o patrão, mais amanhã.....

Pauline abraça o pescoço do cavalo querido, como ficará sem ele? Em lágrimas monta nele e deixa ele a levar para onde quiser, Faísca já conhece os lugares preferidos de Pauline e galopa pela fazenda a levando até a beira de um riacho, onde os dois se refrescam, Pauline brinca com ele na água, sua cadela Lési os acompanha na brincadeira, latindo e expirando água.

Pauline: - Faísca, ó Faísca o que foi fazer?? Eu já não havia lhe dito que com papai não se brinca?? E agora ?? O que farei sem você?? Se eu pudesse fugiria com você, iríamos para bem longe, além daquela montanha mais alta......

Depois de se acalmar Pauline volta pra casa, solta Faísca no pasto e vai com Lési pra dentro. Encontra sua mãe e seu pai com três mulheres estranhas. Estão com algumas coisas enroladas em cobertores e lençóis, parecem assustadas e tristes. Ane, Maria e Luize. A casa delas havia pegado fogo, pegaram o pouco que conseguiram salvar, passaram a noite ao relento vendo o fogo queimar o que foi o lar delas por toda vida.

Dona Aparecida, a mãe de Pauline, a chama para ajudar as senhoras a levarem as coisas para casa ao lado que pertence a seu pai, é uma casa antiga onde Pauline costumava brincar no porão, Dona Aparecida pede a Pauline para avisar as vizinhas mais próximas para virem ajudar a arrumar a casa pra elas e avisar que se tivessem qualquer coisa para doar a elas ajudaria, panelas, roupas, alimentos......

As tias de Pauline se juntaram para rasgar palha para fazer um colchão pra elas.

Pauline ficou andando de um lado a outro ajudando aqui e ali, gostou das senhoras que iriam ser suas vizinhas, Ane, uma morena de cabelos enrolados curtos e negros, apesar da tragédia que acabavam de sofrer é alegre, brincalhona, Maria tem o rosto mais fechado, nem parece irmã de Ane, branquinha de cabelos longos e lisos e Luize que parece ser a mais triste de todas, sua fisionomia cansada apesar de ser a mais nova, não sabe a idade delas, mais devem ser da idade de sua mãe.

Seu pai estava apressado para ir conversar com o dono da fazenda para ceder umas terras para as três plantarem.

Ele estava trabalhando limpando a divisa da fazenda do outro lado da montanha quando viu a fumaça do incêndio da casa delas, foi ver o que era e encontrou as três, na hora se lembrou da casa onde guardava milho, feijão e outros produtos que plantava e ofereceu a elas que aceitaram pois não tinham pra onde ir, tinham um irmão e uma irmã casados mais não tinha como as três irem morar com eles. Além de morarem muito longe eram pobres.

Pauline até gostou da trabalheira pois seu pai esqueceria o que aconteceu e desistiria de vender Faísca.

Pauline, em sua inocência não entendia a gravidade de um incêndio, com seus sete anos, achava que era uma festa ter tantas pessoas juntas....

A casa parecia outra depois de rebocada, arrumada e com as coisas que ganharam.

Pauline ia todo dia a cada das três, gostava de conversar com Ane, um dia quando chegou a casa delas havia uma senhora com três rapazes, era Vicentina a irmã viúva delas e seus três filhos sendo o mais novo Clarence apenas dois anos mais velho que ela.

Fizeram amizade fácil, corriam pela casa, brincavam no paiol, andavam no Faísca, saiam a procura de frutas maduras, mais eles moravam muito longe e vinham muito pouco.

Pauline Chegou da escola e foi correndo ver seu cavalo, o procurou no curral e não encontrou, olhou pelo pasto ao redor e não o achou.

Pauline: - Mãe, onde está o Faísca??

Ela havia se esquecido da promessa do pai, quando sua mãe a lembrou Pauline saiu correndo em lágrimas até a casa de Ane, a abraçou chorando, Ane a entendia, ela também gostava de animais. Pauline nem notou que Vicentina e seus filhos estavam presentes. Chorava desesperada, Clarence tentou a consolar mais nada a fazia se acalmar.

Clarence: -Pauline, eu vou comprar outro cavalo pra você !!

Pauline: - Eu quero o Faísca. E você não tem dinheiro pra isso. Eu não quero voltar pra casa, eu estou com raiva de meu pai....

Ane foi a casa de Pauline e pediu para deixar ela dormir lá para se distrair, e acalmar seu coração, Clarense é seu amigo vai tentar consola- lá. Ane resolve contar a eles como foi no dia do incêndio, as três haviam saído para cuidar da lavoura de feijão, moravam sozinhas desde que perderam seus pais e cuidavam de umas terras que eram arrendadas.

Quando viram a fumaça, a tarde, e correram para casa o fogo já estava tomando conta de tudo, sobraram algumas coisas e roupas que estavam no varal. Não sabem o que causou o incêndio, desconfiam que foram brasas que ficaram no fogão a lenha que reacenderam com o vento.

Pauline: - Porque vocês moravam sozinhas?? Não tinha nem um homem pra ajudar vocês??

Ane : - Não. Nosso irmão José já tinha se casado.

Pauline : - Porque vocês não se casaram??

Ane : - Nosso pai não deixava.

Clarence: - Mais minha mãe casou!

Vicentina: - Vamos mudar de assunto....

Ane : - Sua mãe pulou a janela e fugiu com seu pai.

Maria : - Ane, pare de contar essas histórias para as crianças, elas são muito pequenas....

Ane : - Não são histórias, é verdade...

Pauline: - Se Faísca tivesse aqui eu fugiria com ele...

Clarence: - Eu ia com você.

As mulheres riram da inocência de Pauline e Clarence, só elas sabem o quanto a vida pode ser difícil...

Capítulo 2 . Vicentina

O que Ane contou as crianças sobre Vicentina era verdade, seus pais não deixavam nenhuma das filhas namorarem e se casarem, Vicentina conheceu Bento em uma vez que foi a casa de uma tia a visitar, ele estava trabalhando para seu tio de empreitada, se apaixonaram, ela uma moça bonita, branca de cabelos e olhos negros expressivos, foi amor a primeira vista, ele um jovem forte, alto e sorridente. Veio de outras terras a procura de trabalho, a conheceu, queria se casar com ela e como os pais não deixaram a convenceu a fugiu com ele, seus pais a renegaram e ela só voltou a ver suas irmãs depois que os pais morreram.

Durante alguns anos ela foi feliz, passaram muita dificuldade, mais tinham um ao outro. Teve três filhos, Sebastian, Cláudio e Clarence.

Vicentina não sabe o que houve, mais Clarence ainda era um bebê quando Bento foi assassinado.

Ela não gosta nem de lembrar o horror que passou quando vieram lhe contar que o amor de sua vida foi morto.

Na época, não lhe explicaram o que houve, e ela ficou tão desnorteada que não sabia o que fazer, viúva com três filhos pequenos, os pais não a aceitariam de volta, Bento não tinha família por perto. Tinham um pequeno pedaço de terra que conseguiu comprar e construir uma pequena casa pra eles, nada mais. Foi obrigada a trabalhar na roça, ensinar seus filhos a plantar, criar alguns animais para consumo e para vender. Tinham patos, galinhas e marrecos, vendiam ovos e animais, plantavam feijão, milho e outros alimentos para consumo e venda, tudo era muito difícil, moravam a quilômetros da cidade mais próxima e não tinham nem um meio de transporte. Sem luz elétrica, o vizinho mais perto morava a quase uma hora de caminhada.

A polícia nunca descobriu o motivo ou quem o matou, na verdade nem Vicentina sabia como era a vida de Bento antes de se casarem, ele não falava de seu passado, dizia que a encontrar foi a melhor coisa que aconteceu em sua vida e que passado é passado.

Vicentina nunca mais quis saber de homem, numa época em que o homem é o provedor, o esteio da família, uma mulher jovem, viúva e com três filhos pra criar ela foi guerreira, corajosa e a frente de seu tempo.

Sebastian e Cláudio já entendiam um pouco a dificuldade que sua mãe passava e a ajudavam em tudo, mais Clarence ainda muito novo, não entendia queria brincar e correr livre pelos campos e Pauline era a companhia perfeita, mesmo sendo menina não tinha medo de sapo, grilos ou aranhas como as outras meninas que conhecia, eles pegavam girinos no riacho, caçavam pequenos insetos e depois os soltavam...

Mais sua mãe visitava as tias uma vez ao ano apenas, pois levavam quase meio-dia andando para chegarem e mais meio para voltarem. E era a primeira vez que vinham as visitar depois do incêndio.

Uns seis meses depois da visita a sua tia Luize ficou doente e veio a óbito em alguns dias, sem assistência médica nem souberam a causa da morte. Ficando agora Ane e Maria, duas guerreiras, para Clarense foi uma oportunidade de rever sua amiga e companheira de aventuras.

Os dois não entendiam a morte e para eles não havia motivo para tristeza, estavam felizes por rever um ao outro.

Pauline : - Clarense, descobri onde Faísca está. Vou buscar ele de volta.

Clarense: - Seu pai não vai deixar. Você tem dinheiro para comprar ele de volta?

Pauline: - Guardei umas moedas que ganhei....

Para Pauline os poucos centavos que tinha daria para trazer Faísca de volta, mais infelizmente ele já havia sido vendido para outro e já não sabiam mais seu destino.

Vicentina voltou para sua casa com os filhos, mais a morte da irmã a abalou profundamente, que vida as irmãs levavam, que vida ela leva, porque tantas dificuldades, porque tanta tristeza, seus filhos mais velhos na adolescência tendo de trabalhar feito adultos, perderam a infância, não frequentaram a escola, Clarense iria, daria um jeito de mandar ele estudar nem que fosse a força.

Vicentina não quis mais ir visitar as irmãs, disse que estava com dificuldade em andar tanto, tinha muita dores nas pernas.

Ane e Maria então resolveram elas irem a visitar e pediram aos pais de Pauline para a levar, Sr Benedito não queria deixar, mais a menina andava muito triste por causa do cavalo, não conversava mais com ele, até o evitava, então deixou.

Pauline ficou muito contente em conhecer o que tinha do outro lado da montanha, durante as primeiras horas de caminhada subindo não reclamou do cansaço nem da distância, pararam para descansar embaixo de uma árvore e lanchar, Maria tinha feito um bolo e levado café em uma garrafinha.

Pauline ficou encantada com a vista, dava pra ver o mundo. Um veadinho selvagem passou na frente delas e Pauline ficou admirada com a beleza do animalzinho. Colheram amoras e goiabas para levar, havia flores, árvores, borboletas que Pauline nunca tinha visto.

'' Realmente é muito longe'' pensou ela, quase um dia andando e não chegavam. Até que Ane apontou ao longe, uma casinha simples, havia fumaça saindo da chaminé.

Ane : - Estamos chegando Pauline!.Veja é aquela casa lá embaixo.

Pauline esqueceu o cansaço e ficou toda eufórica, colheu flores para levar a Vicentina.

Chegando na casa, Ane bate na porta e engrossa a voz fingindo ser um homem, Pauline ria da brincadeira de Ane e a ajudava. Maria que não gostava de brincadeira ficava brava com Ane.

Pauline e Ane : - Tem alguém em casa ? Aqui é o homem do saco. Quer comprar o que?

Vicentina abre a porta e sorri, não esperava a visita das irmãs, como estava sozinha deixava tudo trancado, os filhos estavam trabalhando na lavoura.

Ane e Pauline foram correr atrás de um pato para Vicentina fazer para elas jantarem, as duas riam tentando cercar o pato que lhes dava olé passando por baixo de suas saias. Pauline amou o lugar, um pequeno córrego passando em frente a casa onde patos e marrecos de todos os tamanhos e cores nadavam e brincavam na água, flores em volta da casa, um pequeno paiol, porquinhos no chiqueiro, a casa bem pequena, mais acolhedora.

Estavam rindo de um tombo que Ane levou correndo atrás do pato quando Clarense chega e na maior facilidade pega o animal. Os dois não queriam ver o bicho ser sacrificado então Ane e Vicentina os mandaram ir a uma vizinha levar bananas maduras.

Clarense e Pauline foram brincando, era longe e Clarense a deixou para trás em um momento, ela se assustou pois não conhecia nada ali.

Pauline: - Clarense ?? Onde está?? Não sei o caminho ?

Clarense apareceu entre as bananeiras, pegou a mão dela a acalmando.

Clarense: - Eu esqueci que não mora aqui, não vou te deixar sozinha, vem.

Dona Antônia, a vizinha, não tão vizinha assim, ficou encantada com Pauline, não havia meninas por perto, mostrou toda casa a ela, uma casa alta, com um alpendre e escada na sala, Dona Antônia criava galinhas em um dos quartos, a casa muito velha mas bem grande. Dona Antônia, uma senhorinha de idade avançada, morava sozinha e disse que quase não tinha visitas, pediu a Clarense para convidar sua mãe e tias para almoçar com ela no dia seguinte. Já era tarde, voltaram para casa, o jantar já estava pronto, com um delicioso pato.

Dormiram todas na mesma cama, Vicentina, Maria, Ane e Pauline, com Ane contando causos de fantasmas, imitando vozes de monstros, Pauline não tinha medo, dormiu feliz, estava amando o passeio. Acordou cedo e foi ajudar Vicentina a ascender o fogo, pegou um carvão e começou a desenhar, escreveu seu nome e Vicentina perguntou o que era, não sabia ler, mais queria que Clarense aprendesse, pediu a ela para escrever o nome dele nas tábuas do Paiol que ela o faria copiar até aprender. Clarense até gostou da idéia e copiou seu nome uma dezena de vezes junto ao de Pauline.

Almoçaram com Dona Antônia, que fez um doce especialmente para Pauline, de cidra, delicioso. Clarense e Pauline lavaram a louça, era costume lavar em uma bica de água fora de casa, eles brincaram mais que limparam.

Iriam voltar no dia seguinte para casa, mais um temporal as prendeu por mais tempo que queriam, Pauline não se importou por ela não voltaria mais pra casa.

Só que seu pai não gostou nada nada.....

Capítulo 3 . Amor aos animais.

Sr Benedito não gostou de Pauline ter perdido aula e a proibiu de sair com Ane e Maria novamente, para sua tristeza.

Quando Pauline não estava na escola estava cuidando de animais, tentou não se apegar mais a nenhum deles pois não queria sofrer como sofreu com Faísca.

Havia nascido vários cabritinhos, cada um mais lindo que outro, ela dava mamadeira aos menores, ficava horas com eles, até sua mãe a chamar, mais já estavam todos prometidos de venda.

Ela ajudava Ane, Maria e sua mãe com os porquinhos, galinhas, patinhos, ia trabalhar com elas na roça de feijão e milho mais nunca mais pôde ir com Ane para o outro lado da montanha, seu pai era homem de uma palavra só e não havia quem o fizesse mudar.

Os anos foram passando e como Clarense estudava não se viam mais, Ane e Maria iam uma vez por mês visitar a irmã e os sobrinhos, chegavam trazendo as notícias boas e más, Dona Antônia faleceu, o irmão delas lhe deram mais um sobrinho, Clarense não queria ir a escola, Vicentina começou a construir uma casa nova.....

Pauline também não gostava muito da escola, gostava de estudar, mais tinha alguns colegas muito maldosos, por ela ser muito magra, a chamavam de Pau de vira tripa, pauli...to de fósforo.....Sua mãe cortou seu cabelo bem curtinho por ter pegado piolho e isso só aumentou os insultos, então ela preferia a companhia dos animais a de algum colega de escola. As outras meninas sempre arrumadinhas, delicadas com medo de tudo a chamavam de Paulinho, nenhuma delas sabia andar a cavalo ou laçar um bezerro e era dessas coisas que Pauline gostava. A professora também não ajudava, tinha os famosos '' peixinhos '' na sala, sendo a filha de um vereador a preferida mesmo não sendo aluna exemplar. Pauline agradeceu a Deus quando terminou o colegial.

Pauline se afastou do pai, o achava muito rígido e mal, quando cismava com algo ninguém lhe tirava da cabeça. Uma época o fizeram acreditar que o mundo ia acabar, ele obrigava sua mãe, irmãs e ela a rezarem toda noite, ele ficava horas lendo a Bíblia e aí de quem se quer piscasse nessas horas. Mais graças a Deus a data marcada para o final dos tempos passou e ele deixou de tanta exigência. Ele era muito bom com outros, com pessoas de fora, mais não dava atenção a sua mãe, nunca lhe perguntou se ela precisava de alguma coisa ou de dinheiro e sua mãe não era de pedir, então quando precisava comprar alguma coisa pegava alguma empreita na lavoura ou vendia algum animal. Costurava muito bem, mais nunca cobrou uma peça que fez, pedia os retalhos e sobras para fazer roupas para as filhas.

Seu Benedito vivia brigando com Pauline pelos bichinhos que ela arrumava e trazia pra casa, até tatuzinhos ela encontrou e levou para cuidar deles, Ane era sua cúmplice e a ajudava a esconder eles no porão. Pauline não os prendia, apenas cuidava deles até crescerem e resolvessem ir embora.

Pauline queria trabalhar, foi até a fazenda do patrão de seu pai e pediu a ele que lhe arrumasse qualquer coisa, até limpar os estábulos ela aceitaria contente pois estaria perto dos cavalos. Seu pai não gostou muito da idéia achando que ela ia aprontar, mesmo assim ela foi.

E assim com pouco mais de doze anos Pauline começou a trabalhar, e era com o que amava, os animais. Levava os cavalos ao pasto, os penteava, dava de comer e banho, limpava seus cascos, o estábulo, dava o que comer as galinhas, porcos e outros animais do patrão. Esquecia até das horas e de voltar pra casa, conversava com cada um deles, os chamava por nome e parece que os animais a ouviam.

Seu patrão, Senhor Nelson ficava admirado de ver como a menina tinha dom de cuidar de animais, seus dois filhos Donizete e Edu não chegavam nem perto dos cavalos, só sabiam comer e reclamar de morarem na roça, tinham ciúmes da atenção que o pai dava a fazenda e aos animais, coisa que sua esposa Bernadete colocou na cabeça deles, ela mesmo nascida pobre e na roça queria que ele vendesse tudo e fossem para cidade. Mais jamais faria isso mesmo ela ameaçando o deixar, coisa que não faria pois gosta do luxo e mordomias que o dinheiro de Nelson lhe dá.

Como ele queria que os filhos amassem a fazenda e os animais como ele, se esforçou tanto para ter o que tem e eles não dão valor. Mais Pauline tem o mesmo espírito dele, ama a terra e os animais.

Sr Nelson: - Bom dia Pauline!! Como estão meus preciosos hoje??

Pauline : - Estão ótimos, o Black está cada dia mais forte e veloz. A Rubi está quase tendo seu bebê e Ventania e brisa estão no pasto.

Sr Nelson: - Pauline, você não gostaria de estudar veterinária?? Você tem muito jeito com os animais.

Pauline: - É meu sonho. Mais é muito caro, meu pai não iria querer pagar.- fala enquanto escova Black.

Sr Nelson: - E se eu pagasse?

Pauline: - Mais é muito longe, e eu trabalho aqui....

Sr Nelson: - E vai continuar trabalhando, irá aplicar o que aprender aqui, e quanto a distância, meus filhos irão estudar na cidade e você poderá ir junto.

Pauline não sabia como agradecer, abraçou seu patrão chorando de alegria.

Pauline: - Eu prometo ao Sr que aprenderei tudinho e vou cuidar de todos os animais da fazenda para o senhor...

Mais o gesto de bondade de seu patrão não foi bem visto pelos seus filhos e esposa.....

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