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O Amor Acontece, Bella E Léo

Cap-1

*Leonardo Almeida, 25 anos*

Apesar da festa está em todo seu vapor, Léo estava perdido em seus próprios pensamentos. Os olhos verdes divagavam no líquido de cor âmbar que balançava enquanto rodava o copo de uísque no balcão da cozinha. Sem rodeios virou o líquido embriagante de uma vez, essa era a bebida preferida de seu pai, e acabou se tornando a dele também. Percorreu os olhos pela sala, e lá estava a sua irmã Aline dançando sensualmente com todo seu vigor, nos braços do seu novo namorado da faculdade. Revirou os olhos enciumado, só agora se deu conta da música eletrônica altíssima. Os pais de Léo havia viajado para Ilhas Maldivas, a fim de comemorar as bodas de prata, e deixou a casa nos cuidados dos filhos. Já ia se servir de outra dose de uísque, quando sentiu um toque no seu ombro.

— Sentindo minha falta?— Daniel falou se juntando ao amigo e sentando na banqueta ao lado.

Léo arqueou a sobrancelha e levantou a garrafa de uísque, oferecendo ao amigo, que assentiu.

— Veio sozinho?— perguntou Léo enchendo outro copo.

— Não. A Iveline e a Dani, veio comigo.— respondeu se apossando do uísque.

— A Dani está aqui?— Léo perguntou admirado olhando ao redor.

— Porque a surpresa? Você não convidou ela?— Daniel pergunta desconfiado.

— Sim... eu só não achei que ela viria...— Léo respondeu contendo seus impulsos.

A verdade é que Léo estava perturbado por um recente lance que teve com a Dani, irmã do Daniel. Daniele é assistente pessoal do Léo, os dois sempre foram amigos, mas há dois dias atrás, acabaram deixando um clima rolar e quando deram por si, já haviam tränsado. Ficou um clima estranho entre os dois, e ambos não souberam conversar sobre o acontecido. O pior de tudo, é que Léo não se via apaixonado pela moça, e receava ter estragado uma amizade de infância, pois foram praticamente criado juntos. E Alice viu Dani sair da sala do Léo, com a aparência de quem havia resolvido assuntos que não pertenciam á empresa. Daniel, apesar da diferença de idade (dez anos mais velho que Léo) ambos tinham um laço de amizade muito grande, e Léo odiaria estragar uma amizade de longa data com os dois, ou ser taxado por um canalha por Rogério, o pai dos amigos, que ainda trabalhava na empresa e se viam todos os dias.

O que motivou Daniel a vir nessa festa sem propósito, combinada pelos impulsos da Aline (que sempre que os pais viajam quer derrubar a casa) foi sua noiva Iveline. Com 35 anos, Daniel não se vê mais em festas de jovens, mas, sua noiva não pensa assim, e sempre que se trata de festa dos Almeida, ela quer vir. Também a profunda amizade com essa família, faz Daniel tolerar as coisas da juventude. Ele olha para Léo e tenta decifrar seu silêncio, os olhos que claramente estão vagando longe daqui, pensou em perguntar o que o assolava, mas antes de abrir a boca foi interrompido pela noiva.

— Vamos dançar, amor?— Iveline abraça o noivo por trás e fala em tom manhoso.

— Mas já?— Daniel pergunta tentando se livrar do pedido.

— Se esperar, logo vai estar bêbado e não vai querer dançar mais!— ela cruza os braços emburrada, nem parece uma mulher de 29 anos.

— Tá bom...— Daniel se levanta revirando os olhos. Desconfiado ele olha para Léo e vai para "pista de dança".

Ainda absorto em seus pensamentos, Léo sente um perfume familiar próximo dele.

— Podemos conversar?— Dani pergunta se sentando ao lado dele.

*Daniele, 26 anos*

— Claro... sobre o quê?— Léo dá de desentendido.

— Não se faça de inocente...— ela falou revirando os olhos.— Prefere ficar sem tocar no assunto? Me diz o que foi que aconteceu com a gente naquele escritório?

Léo encarou os olhos castanhos da moça, sem saber o que dizer, para não parecer um canalha. O sexø havia sido ótimo, mas sentia como se fosse casual, nada com sentimento, como sempre.

— Eu não sei o que dizer...— Léo murmurou.

— Foi muito bom, prazeroso, incrível! Mas... somos como irmãos... — ela deixou de olhar para o Léo, tomou o copo de uísque do rapaz e bebeu um gole.— eu não sei onde tava com a cabeça... não me vejo tendo um relacionamento amoroso com você... é meu amigo, como irmão! Me entende?

— Estava pensando em mil maneiras de dizer isso pra você, sem parecer um canalha aproveitador...— Léo suspirou aliviado.— Me sinto do mesmo modo... é até estranho, tive medo de perder a nossa amizade.

—Vamos fazer de conta que não aconteceu nada. Foi um momento, que passou. Amigos? Chefe e assistente?— Dani concluiu estendendo a mão.

Léo aceitou a mão da moça com seu meio sorriso sedutor.

— Agora levanta daí e vamos dançar!— Dani exigiu.

Os dois se juntaram aos demais e dançaram.

Cap-2

Músicas eletrônicas, Hip Hop, e rock pesado, era as versões preferidas de Léo. O rapaz é fascinado por música alta e barulhenta, e assistir lutas de todos os tipos, desde boxe, artes marciais... mas a preferida é MMA, uma junção de tudo. Pratica judô desde os sete anos de idade, até nos dias atuais, não abandonou a luta e já ganhou algumas medalhas em campeonatos produzidos pelo clube que luta. Mas é só um hobby, um esporte, nada muito complexo. Sua verdadeira ambição é ser um homem de sucesso como seu pai. E para Léo, administrar o que seu pai deixou nas suas mãos, não era o suficiente, ele queria ter entregar mais. Há dias que uma idéia de negócio estava na sua cabeça, um dos motivos de estar pensativo ultimamente, mais a vontade de poder provar ao pai que pode ser tão bom quanto ele, não o deixa.

A festa ficou intensa, a maioria dos jovens presentes, colegas da faculdade da Aline, excederam a bebida, mas os mais afetados pela embriaguez, foi Aline e seu novo parceiro, William. Os dois mal se aguentavam em pé, riam descontroladamente e estava sendo o centro das atenções, com suas danças cambaleantes e o copo de ponche nas mãos.

Um dos seguranças se aproximou no meio da bagunça e tentou conversar com Léo, que distraído dançava com Dani, e o casal Daniel e Iveline.

— Sr. Leonardo!— o segurança tentou falar mais alto do que a música.

Léo se aproximou do segurança, colocando o ouvido próximo da boca do homem.

— Tem uma moça na portaria do condomínio, ela insisti em entrar, disse ser a irmã do William, parece que veio buscar ele...

— Deixe a garota entrar, só se certifique de não estar acompanhada de ninguém.— Léo respondeu sem interesse.

— Ela está com um motorista, senhor. Deixo entrar de carro, ou ela vêm sozinha á pé?

— Deixa ela entrar com o motorista, essa casa é muito longe da portaria. Mas fique atento.

O segurança assentiu, e Léo voltou a dançar com seus amigos, levemente alterado pelo álcool.

Mal Léo havia voltado a se divertir (pelo menos foi o que ele pensou, mas já havia passado alguns minutos) o mesmo segurança retornou para falar com ele.

— Senhor, a senhorita exige falar com o dono da festa.

Léo bufou impaciente, não era bem o "dono" da festa, mas o responsável pela casa, então acompanhou o segurança. Fora da casa, no gramado estava o namoradinho da Aline, vomitando as "tripas", e uma loira segurando o rapaz pelas costas, dando inúmeros sermões. O segurança apontou a garota, e se afastou dos três.

Léo cruzou os braços olhando a cena.

"Moleque fraco!"pensou Léo.

*William Ferraz, 21 anos*

Quando o garoto se acalmou, a loira se virou com olhos furiosos, deu direto com o Léo, que estava de braços cruzados, sobrancelhas arqueadas, em clara impaciência.

— É você o dono dessa casa?— a loira se aproximou do Léo.

— Sim. Algum problema, senhorita?— Léo perguntou irônico.

William sentou no chão atordoando, lá vinha sermãozinho da irmã mais velha.

— Algum problema? Como é cínico! Que absurdo fazer uma festa com bebida desenfreada em plena segunda-feira! Aposto que é um filhinho de papai que não faz nada da vida! As pessoas trabalham, estudam... como meu irmão vai pra faculdade amanhã, nessa situação?— a loira esbravejou com Léo, apontando para o irmão jogado na grama.

— Pera aí, loirinha! Quem disse que não tenho o que fazer? Não tenho culpa se seu irmãozinho não aguenta beber!— retrucou Léo com raiva.

A loira bufou e se virou para puxar o irmão. Nesse momento, Aline veio cambaleando, e se juntou ao William, que tentava acompanhar a irmã, com passos embaraçados.

*Aline Almeida, 22 anos*

— Ele não vai!— Aline puxou William das mãos da loira.— Vamos dançar!— Aline falava rindo e com voz embargada.

— Saí daqui, garota! Vai cuidar da sua vida!— a loira puxou William de volta.

Léo observou a cena com raiva da irmã descontrolada. Foi até ela e a puxou.

— Não seja ridícula, Aline!— esbravejou Léo.

— Que isso, irmãozinho...— ela murmurou enjoada.

Foi só o tempo de puxa-la, e Aline vomitou no Léo, lavando a sua camisa de bebida digerida até os pés. A loira riu e não perdeu a oportunidade de alfinetar o rapaz.

— Já vi que meu irmão não é o único "que não aguenta beber"!— ela terminou a frase tentando imitar a voz de Léo, o que irritou o rapaz profundamente.

Léo revirou os olhos e deu as costas, mas para não ficar por baixo voltou a olhar os dois que entravam no carro.

— Controle seu irmão, porque não quero ele perto da minha irmã novamente!— falou enraivado.

Virou as costas e caminhou a passos largos de volta para casa, puxando sua irmã, mas ainda ouviu a resposta da loira.

— Será um prazer!

"Que garota irritante!" pensou Léo.

Cap-3

Nessa altura da festa, muitos já estavam jogados pelo sofá e chão. Léo subiu as escadas para tomar um banho, tirar as roupas sujas e levar a irmã para o quarto, Daniel teve que ajudar o amigo com Aline, que estava completamente bêbada.

Chegaram no quarto e deram de cara com a gêmea de Aline, a Alice, que ao contrário da irmã bêbada, nem havia descido para participar da festa.

Personalidades bem diferente, Alice era uma menina super reservada e até a aparência física das duas eram diferentes, apesar de ser gêmeas idênticas. Mas o corte de cabelo, maneira de se vestir, tipo de maquiagem a deixavam tão diferentes quanto suas personalidades.

*Alice Almeida, 22 anos*

Alice ajudou a irmã e a levou para o chuveiro, já estava acostumada com as bebedeiras da irmã.

— Porque não desceu para a festa?— Daniel perguntou se encostando no batente da porta do quarto e colocando as mãos no bolso.

Alice fechou a porta do banheiro e olhou Daniel, o homem que trabalha todos os dias na empresa, tão sério e empenhado no serviço que faz, como diretor da produção. Alice estava aprendendo com o pai dele, para se tornar a diretora administrativa, e os dois passaram a trabalhar lado a lado.

*Daniel Nogueira, 35 anos*

Essa intimidade no trabalho, acabou fazendo Alice se apaixonar por Daniel, mas esse é um segredo que só Deus e ela sabe. Sabia que era um amor impossível, ele é noivo da Iveline, e além de tudo tem a diferença gritante de idade.

Poderia ser ciúmes, ou talvez ela tivesse razão, mas Alice não gostava da Iveline. Achava a moça intrometida e muito interesseira, e fora que a simples visão da mulher, fazia Alice lembrar do seu sentimento desiludido. Mas nunca ousou falar nada, afinal, ela começou a trabalhar na empresa Iveline fazia parte das funcionárias do RH, e já namorava Daniel.

— Alice? Está tudo bem?— Daniel perguntou se aproximando.

A garota estava em seus devaneios com Daniel, tê-lo próximo assim, sempre a deixava divagando.

— Sim... o que foi?— Alice voltou em si, quando Daniel a tocou no ombro.

— Perguntei porque não desceu para a festa da sua irmã?— Daniel pergunta mais uma vez, encarando o olhos verdes da menina.

— Não gosto de festas... bebedeira, música barulhenta e alta...— ela murmurou desviando o olhar.

Tinha verdade em sua resposta, mas o motivo maior, era ela não querer ver seu "amor platônico" ou o famoso "crush", dançando, ou em manifestações de afeto com sua noiva.

— Como pode ser irmã gêmea da Aline? Ou mesmo irmã do Léo?— Daniel pergunta incrédulo.

Alice encolhe os ombros e dá uma risadinha tímida.

Um estrondo no banheiro faz os dois arregalarem os olhos. Alice entra no banheiro e Aline está caída no chão.

— Meu Deus! Aline? Você tá bem?— Alice pergunta entrando no box de vidro e se molhando toda.

— Eu tô bem... só escorreguei...— Aline balbucia se levantando e puxando a irmã para debaixo do chuveiro.

— Mais que droga, Aline! —Alice reclamou.

— Está tudo bem aí? Precisa de ajuda? — Daniel perguntou lá de fora.— Com todo respeito, é claro.

Alice fecha o chuveiro e entrega o roupão para irmã e a embrulha.

Abre a porta e fica só com a cabeça de fora.

— Tá tudo bem. Ela só me molhou inteira!— Alice revira os olhos.— Eu dou conta dela. Obrigada, Daniel.

— Tá bom.— Daniel dá uma risadinha.— Eu já vou. Nos vemos amanhã?

— Até amanhã.— Alice respondeu com um sorriso e fechou a porta.

Daniel saiu do quarto pensativo. Desde que Alice começou a trabalhar na empresa, começou ver na garota qualidades que lhe chamou atenção, além da beleza estonteante, Alice é uma garota meiga e super dedicada ao trabalho, e tem uma maturidade além da sua idade.

Desceu as escadas e procurou por Iveline, não a encontrou em nenhum lugar. Já ia subir as escadas quando a viu descer.

— O que tava fazendo lá em cima?— perguntou desconfiado.

— Procurando por você!— ela respondeu agarrando o pescoço do noivo.

— Vamos embora. Amanhã o dia será longo.— Daniel falou se desvencilhando dos braços da noiva.

Daniel se sentia estranho, nada estava igual. Seus sentimentos pela Iveline estava esfriando, e não sabia onde encontrar a paixão dessa relação novamente. Se mantia com a noiva mais por obrigação, pois havia a pedido em casamento num momento de desespero, pois se viu com mais de trinta anos, sem conseguir uma pessoa que o arrebatasse. Então resolveu criar raízes com a namorada e se aquietar para constituir uma família. Mas infelizmente, Iveline não estava atendendo suas expectativas, e se mostrava bem séptica a idéia de ter um filho, e tudo que falava agora é sobre o casamento glamouroso que deseja.

Percorreu os olhos pelo lugar e encontrou Dani sentada na cozinha, pensativa, segurando a cabeça com as mãos.

— Vamos? Está tudo bem?— perguntou a irmã.

— Vamos! Só estou cansada.— Dani respondeu se levantando.

Os três saíram. Daniel deixou Dani na casa de seus pais, e foi para seu apartamento com sua noiva.

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