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Os Amores Das Nossas Vidas

"É tão difícil dizer adeus a um amor da mesma forma como é difícil encontrar um"

Samily Amaral 16 anos

Estava eu pensando sobre o que vestir para ir a festa na praça da cidade, fazia quase dois meses que havia voltado a minha cidade natal ainda não sentia ânimo algum em sair, fazer amigos ou rever antigos, mesmo na escola estava isolando no canto em silêncio.

Ainda estava enfrentando a mágoas no meu coração, olhando para o celular e me segurando para não ligar. Já havia chorando, sentindo febre e uma tristeza que achei que fosse me matar. Desilusão dói, e quando vem do seu primeiro amor, deixa muitas marcas.

Deixei o celular de lado, respirando fundo peguei uma blusa e saia jeans, tênis, nada muito ousado ou colorido, não tinha mais humor pra sorrir nos últimos meses.

Meu celular toca e olho por cima, meu coração não bate acelerado como fazia antes, depois de meses sem uma única ligação, sabia que não podia ser quem esperava.

— Oi! Respondo vendo que é meu irmão Andrew.

— Oi, onde você está, já estamos aqui! Ele diz e posso escutar sua voz alto sobre uma música ao fundo.

— Estou indo! Respondi indo me trocar.

— Anda logo Sam, você disse que vinha! Andrew diz e desliga sem me deixar falar, Com certeza iria dá uma desculpa e não ir.

Mas devia ir, tinha prometido comemorar com meu irmão o fato de ter conseguido um bom emprego.

Me arrumo e saio do quarto, encontrando meu tio e tia assistindo. Me despeço e pego minhas chaves saindo.

Caminho sozinha, a um movimento na rua, não acontece muitos eventos na cidade pequena, e a festa da igreja antecede vários eventos antes do carnaval o que deixa as pessoas animadas para sair.

Na metade do caminho, resolvo atravessar a rua para seguir na calçada menos movimentada, no momento que um carro passa com um grupo do rapazes animados dentro, gritam cantadas, o que achei muito exagerado, nunca me achei bonita, e só podia pensar que eles tinham bebido. Não dou importância e sigo, sem presta atenção ao redor, seguindo meu caminho.

Meu celular volta a tocar e peguei do bolso.

Andrew novamente.

— Estou quase chegando. Falo ao atender.

— Estamos na lanchonete, a que fica de frete com o posto, só para avisar. Andrew diz.

— Não ia me esperar na praça? Pergunto Irônica.

— Sim mas aqui é perto, onde você está?

Olho o caminho e mudo a rota virando na esquina.

— Chegando na principal, já chego aí, se não mudar de lugar novamente! Reclamo.

— Olha é ela! É a morena!

Escuto sussurros, o que me faz levantar o olhar e vejo um rapaz alto falar ao grupo de garotos na calçada do mesmo carro que passou por mim a pouco, ignoro passando por eles encostados no carro.

— Oiii! Alguém deles fala.

Mesmo sem olhar para eles respondo. — Oi. Continuando no caminho.

— Vamos ficar aqui até chegar! Andrew diz com tom de riso. Desligo o celular e colocando no bolso indo encontrá-lo.

Uma caminhada de uns duzentos metros e chego a lanchonete, a bastante pessoas ali, mesas cheias, som e conversas altas, olho em volta e vejo meu irmão acenar e me aproximo desviando de algumas mesas.

Andrew tem um largo sorriso, a gente não se via a dias, mesmo na mesma cidade, ele tinha estudos e trabalho e tinha minha escola e que cuidar da minha tia, e estávamos morando em casas diferentes era a primeira vez que ficávamos longe um do outro.

— Ei baixinha enfim veio! Andrew me apertou em abraço que me senti tão feliz, até mesmo meu coração se agitou, queria poder estar mais próxima dele e contar muito do que passei nos últimos meses e tirar tanta dor de mim, mas não conseguia, a dor e vergonha me consumiram, e não conseguia falar nada.

— Ei não disse que tinha namorada! Um rapaz na mesa disse.

— É a minha irmã seu tapado! Andrew fala ao colega.

— A como ia saber! O rapaz diz pegando um copo e bebendo.

— É ela é bonita pra ser sua irmã! Outro comenta eles rindo.

— Meu Deus, como vocês são idiotas! Uma moça com pele bem clara e cabelos ruivos diz. — Não liga não, eles são bestas assim mesmo. Ela olha para mim com um sorriso largo. — Sou Yara, Caio, Ricardo. Ela diz apresentando.

Não estava muito importando com os comentários, pelo tom deles percebi que era uma brincadeira e sorri.

— Samily, Olá. Falo a todos e pego uma cadeira vazia na mesa.

— Como está no trabalho? Pergunto a meu irmão.

— Bem, o pessoal é animado. Andrew diz.

— Somos doidos! A Yara diz rindo.

— Trabalham lá? Pergunto olhando eles e todos confirmam.

— Parece animado esse mercado, vou lá algum dia desses. Falo.

— Vai mesmo, ficarei feliz em atender no caixa! Yara diz.

— Como sou do açougue, posso fazer uns ótimos cortes. José um morrendo esguio diz e pisca o que faz todos rirem.

— Sou um mero entregador, ao seu dispor Caio, quem fala fazendo uma reverência, todos parecem bem animados, olho para mesa vendo alguns copos.

— É já bebemos um pouquinho! Meu irmão diz e todos voltam a rir.

— Percebi. Falo e não contenho sorrir, não tinha feito isso a dias, é bom ter um momento de descontração com pessoas alegres.

As conversas fluíram, sobre o trabalho deles, Andrew estava empolgado era primeiro trabalho com carteira registrada, estava muito feliz, o pessoal na mesa foi legal com ele. Não era difícil fazer amizade com Andrew ele sempre foi muito alegre e gentil e estava muito feliz por ele já ter feito amigos no novo trabalho.

— Ah soube que tem um novo orelha seca também! Yara fala para Ricardo.

— Sim, resolveram contratar outro, o Marcos foi promovido ontem! Ricardo diz bebendo uma cerveja.

— Orelha seca! Pergunto curioso com essa função no mercado.

— É o nome dado para o açougueiro novato em experiência. Ricardo Explica. — Mais ele não é novo, a gerente só transferiu da entrega.

— Quem da entrega? Yara pergunta.

— O polaquinho. Caio diz.

— Ah não! Ele é tão bom ajudante. Yara reclama.

— Mentira, ele é muito magro, vai se matar com as caixas qualquer hora. Caio diz rindo.

— Que maldade, achei que ele ia ficar nas sessões. Yara não parece gostar muito de perder o colega próximo.

— Foi ele que pediu para passar para açougue, como faltava um, eles não viram problema nele ir aprender, espero que ele não se machuque, e bem desengonçado. Ricardo diz em deboche.

— Para gente ele é muito trabalhador! Andrew que estava escutando e bebendo diz.

— Hum defendendo o coleguinha! Que intimidade toda essa amigo? Caio questiona com um olhar risonho os outros rindo.

— Estou dizendo o que é verdade. Andrew diz.

— Realmente ele trabalhador. Yara também diz.

— Bem, vamos vê se ele aguenta o trampo, no açougue não é fácil não! Ricardo diz.

Eles continuam conversando sobre o trabalho e depois de pedir um refrigerante, fico olhando em volta. Vejo quando o grupo de rapazes passam, caminhando em direção a praça onde a festa com evento e comidas típicas da cidade está acontecendo. É o mesmo grupo do carro e agora algumas garotas estão junto.

— Vamos lá, acho que vai começar as apresentações! Yara fala sobre a festa e todos concordam indo. O lugar está cheio, e fica difícil chegar próximo do palco para vê as apresentações.

...

Ficamos mais distante olhando.

— Acho que o grupo de Hip Hop da minha irmã vai apresentar logo depois dessa ula-ula. Yara diz animada.

Ela estava certa. Um grupo de meninas entre doze e quinze anos estavam dançando no palco.

— Elas são boas, a melhor apresentação agora. Falo e Yara agradece, é verdade, as meninas dançando levou as pessoas a vibrar com som.

— Ei o que perdi? Uma voz soou atrás, mas estava gostando da dança no palco, já tinha dançado a algum tempo e gostava muito dessas apresentações.

— Olha é minha irmã lá! Escuto Yara falar.

— Não perdeu nada, essa é a melhor apresentação até agora. Caio diz.

— Está chegando agora? Ricardo pergunta em tom de riso.

— Aham, muito legal né, a bagunça ficou toda para mim! A voz soa ríspida.

— Ué, é seu trabalho, todo novato fica encarregado da limpeza depois! Ricardo fala.

— Vocês são cruéis, fizeram isso no estoque também, tiram onda com todos os novatos? Andrew quem pede.

— Bem isso, mas na boa não sou um! O rapaz reclamou.

— Não no mercado, mas no setor é sim! Ricardo ainda com gargalhadas diz e escuto um resmungando e todos rindo.

— Seus escrostos! Vai ter volta, estou com meus ossos doendo até a alma!

— A para de reclamar, não queria a vaga agora para aprender tem que fazer sua parte também. Ricardo diz.

— Não estou reclamando do trabalho, mas sim dos colegas babacas! O voz soou mais brava o que me fez olhar para trás o grupo que estava rindo do rapaz de estatura mediana, branco.

Seu rosto fechado encarando os colegas, rindo.

— hahaha, que graça de vocês! Ele diz cruzando os braços no peito, sua postura reta, os cabelos castanhos dourados caindo em mechas sobre o rosto. Magro com braços longos, sua feição era um pouco familiar, mas não lembro de conhecer ele.

— Calma Fernandinho! Só estamos tentando ajudar você! Ricardo diz rindo mas o rapaz não parece gostar muito quando o colega tenta passar o abraço sobre seu ombro se esquivando.

— Dispenso essa ajuda de vocês! Ele diz empurrando o colega pra longe.

Fernando Panizon 19 anos

— Oh não fica zangadinho não, aqui toma pra relaxar! Caio pega uma lata do cooler entrega ele que pega abrindo e dando um gole, todo seu movimento me prendeu, sua pele rosada, o rosto fino, ele bebendo.

— Você que uma também? Der repente Caio pergunta quando estava encarando o rapaz ali.

— A não, eu não bebo! Falo e o rapaz olha para mim me vendo ali.

Seus olhos são de um verdes lindo. Mas evito o encarar rápido quando ele me olha.

— Elas foram ótimas, espero que ganhe a competição de talentos! Falo para Yara em questão.

— Disse que eram boas, espero que ganhe. Yara responde. — Aí você gosta de dança?

— Ah um pouco! Bem depende do tipo. Falo.

— Ah que legal, depois daqui vamos no baile? Yara pergunta.

Fico em dúvida, não tinha planos de voltar tarde. Gostava muito de dança tinha aprendido só por gostar de uma pessoa que nunca me chamou para dançar.

— Pode ficar lá em casa se ficar tarde, ou te deixo em casa. Andrew diz.

— Hum, você é atiradinho hem, primeiro as meninas do caixa agora a amiga da Yara! O rapaz diz com sorriso de canto a Andrew enquanto bebe.

— Eles são irmãos gênio. Yara revira os olhos pra ele. — Ué vocês não moram juntos? Yara pergunta.

— Não ela mora com nossa tia! Andrew diz e olha para mim.

— É pode ser! Respondo ele sobre a volta e vejo o rapaz me olhar entre mim e Andrew algumas vezes, na verdade várias vezes.

— É também fiquei surpreso que ele tenha uma irmã baixinha e bonita Nando! Caio soltou uma gargalhada junto com o rapaz.

Fiquei sem jeito, Andrew encarou os colegas. — Muito engraçado, ela é pequena mas vai por mim, quem não vê tamanho não sabe a encrenqueira que é!

— Ei! Reclamei, meu irmão gargalhando, mas não estava errado, sempre fui muito brava desde criança.

— Interessante, cara de anjo, espírito do mal! Caio brinca o que me faz rir de sua forma de dizer desengonçado.

— Eu só brigo com ele, quando está falando bobagem! Aponto para meu irmão que nega.

— Não mesmo, essa é encrenqueira de família, então se mexer com ela vai arrumar pra cabeça. Andrew diz sem conter a risadas o olho feio.

— Nossa que maldade! Com irmão desses você nem precisa de inimigos. Yara diz.

— Não é mesmo! Concordo com a Yara cruzando os braços no peito.

— Tá vendo olha os olhos dela queimando! Andrew aponta para me irritar, sei que ele está fazendo, deixando os colegas dele com receio para não se aproximar de mim.

— Idiota! Falo e não consigo conter um sorriso, balançando a cabeça. — Sou um anjo de pessoa, mesmo você me queimando! Falo o ignorando e voltando atenção para palco.

Os colegas riem.

— E que fera cunhado! Escuto um sussurro.

— Sai fora!

Viro vendo Andrew empurrando Nando que tinha um sorriso largo no rosto. Olhei para ele e me senti estranha com sua insinuação e virei rápido meu rosto queimando.

— Hum, alguém esta de olho em você. Yara disse baixo do meu lado.

Isso me causou desconforto, apesar de vê pouco do rapaz atrás de mim, ele é bonito e com lindos olhos claros, mas não estava pronta pra gostar de ninguém novamente.

Fiquei vendo mais algumas apresentações e escutando as conversas dos garotos que estavam animados, falando de festa, futebol, um pouco do trabalho e o pessoal que trabalha junto.

— Samy! A voz fina que já havia escutado esses dias vem na minha direção.

Talita e Cris amigas de infância, estudamos o ensino fundamental juntas e moramos perto e até voltamos a estudar na mesma escola.

— Ei, você disse que não vinha! Cris reclama, ela parando na minha frente.

— Oi, foi de última hora, vim com meu irmão! Disse indicando, mas a verdade que não estava afim de sair com a turma da escola ou com grupo delas.

— Ei Andrew lembra de mim? Cris sorriu para meu irmão, lembrei que eles já estudaram juntos a alguns anos.

— Ei Cris! Andrew sorriu e recebeu um beijo no rosto. — Quanto tempo.

— Sim, vi a Samy na escola e disse que estavam novamente na cidade. Não vi você na escola.

— Estudo a noite a Samy disse que a viu. Andrew diz.

— Legal, a gente devia combinar de se vê. Cris disse com sorrisinho faceiro.

— A gente combina. Andrew diz.

Vejo tudo e desconfiando de que elas aproximaram por causa do meu irmão.

— Ah vem o turma está aqui, vão gostar de um oi! Talita quem diz pegando minha mão e puxando.

— Já volto, falo a Yara e meu irmão que me olham. E sigo Talita e Cris.

— Se dissesse que vinha, tinha passado na sua casa. Talita diz cruzando os braços no meu enquanto caminhamos entre as pessoas.

— Não tinha planos de vim, meu irmão pediu pra comemorar o trabalho novo dele. Explico.

— Mas que bom que veio, tem um pessoal legal aqui, vou te apresentar um amigo que na verdade é alguém que já conheceu, estudamos juntos na quarta série. Talita diz.

— Ah por isso que você estava cochichando com o Alex agora a pouco? Cris pergunta.

— Alex? Pergunto e tento lembrar a pessoa. Fazia muito anos, devia ter nove anos quando fomos colegas de classe.

Chegando no grupo e vi o rapaz baixo e gordinho e lembrei dele, nós éramos muito amigos, fazíamos trabalhos de escola juntos até fui a chácara da sua família com algumas primas.

— Samy! Ele disse com sorriso afetuoso e devolvi fiquei surpresa com o abraço do garoto, nós éramos crianças e depois de anos não me senti muito íntima para tanto afeto, mas não evitei até sorri com grito alegre dele.

— Alex, quanto tempo né! Disse.

— Pois é. Olha você, só não cresceu nada! Disse rindo.

— Não muito! Concordo.

Mas alguns rapazes apareceram na roda, uns mais velhos e acompanhados, uma das garotas era vizinha próxima da casa dos meus tios, e lembrava de não sermos muito amigas quando criança, a garota pareceu sentir mesmo sentimento de receio me dando um olhar esnobe e se mantendo distante.

Depois de Talita e Alex puxar conversa, e perguntar sobre onde fui morar, por que voltei? Cris se aproximou.

— Olha quem está ali olhando pra cá! Sussurrou para Talita, mas não deixei de ouvir olhando o rumo que elas olharam.

Um grupo de rapazes estavam num canto, o rapaz alto que vi no caminho também estava lá.

— O vizinho! Talita diz com animação na voz.

— De novo olhando pro play boy Talita! Alex diz balançando a cabeça.

Não sei para quem ela estava olhando, tinha uns quatro rapazes lá, todos bonitos, roupas da moda, garotas bonitas. Lembra de vê o grupo na escola e serem bem metidos, fico indiferente, não curtia muito esses riquinhos da nata, e também não estava muito animada a me juntar ao grupo das antigas amigas, os caras mais velhos, com bebidas fortes, cigarro não era tipo de vibe que curtia.

...

— Aí vou encontrar meu irmão, a gente se vê depois! Falo as garotas vejo Alex fazer uma cara triste mas antes que digam algo já me sai entre as pessoas ali. Estava mesmo indo de volta ao grupo do meu irmão, gostava da ideia de estar perto de pessoas mais velhas e responsáveis, sempre via meu irmão assim embora só tivesse dezoito anos ele era muito adulto e assim era os amigos que tinha a sua volta, a última vez que me afastei dele fiz besteira que me magoou muito.

No caminho senti meu celular vibrar e peguei num movimento despreocupado e vi o número que fez meu coração disparar, tinha esperado tanto essa ligação e agora estava encarando o celular com receio de atender.

Não devia. Tinha que deixar pra lá.

A ligação parou. E suspirei, senti minha garganta arder, até meus olhos e não queria minhas emoções transbordando e vi uma barraca próximo e fui pegar algo para beber e acalmar. Não sabia beber, fiz uma vez e me arrependo, mas agora queria algo forte realmente.

Esperei na fila por uma fixa vendo o painel com as bebidas e com idade mínima de Dezoito.

— O que vai ser? Uma senhora sorridente perguntou.

— Um Whisky com energético seria ótimo. Falo e ela franze a cara e fecha.

— Temos cerveja, mas não acho que tenha idade para isso mocinha! A senhora repreende.

— Sim sei, só estava brincando, um refrigerante mesmo. Falo entregando dinheiro. Ela não desfez a carranca ao entregar a fixa e troco.

— Essas jovens tudo perdida! A senhora resmunga quando viro.

— Essas velhas todas ultrapassadas! Resmungo de volta, escuto risadas perto mas não olho indo a barraca.

Paro no balcão espero se atendida e sinto novamente o celular vibrar e volto a pegar do bolso. É novamente a pessoa.

— O que vai ser. Um senhor pergunta e entrego a fixa. — Você? O senhor pergunta ao meu lado. Ainda encarando o celular e ignoro a chamada colocando o celular no bolso. O nome agendado me faz evitar de atender.

Pego a lata que colocam no balcão e saio. Sinto novamente o celular, depois de mês, agora ele resolveu ligar, que Irônico penso. Isso me deixa com muita raiva, caminho afastando da multidão indo para um lugar calmo e arborizado.

Algumas mensagens chegam.

Olho incrédula.

“Oi, como você esta? Fiquei sem sinal.”

Por quase dois meses, como era possível. Ri Irônica.

A última ligação conversamos. Ele me perguntou onde estava? Ele passou o natal e Réveillon fora, sem nem dizer antes que ia viajar, fiquei plantada no baile com um vestido lindo esperando ele para dançar e a medida que as horas foram passando e o baile, o meu coração se despedaçou, ele não apareceu.

Chorei tanto que tive febre alta por três dias. Meus pais acharam que tive uma infecção de sangue depois de uma semana ruim, não comia, não levantei, não tinha ânimo para nada.

Foi quando percebi que não importava o que sentia para ele.

Sentei em um dos muros das plantas deixei o celular de lado, abrir a lata dando um gole e senti o gosto amargo.

— Que droga, aquela senhora estava louca! Reclamo vendo a lata de cerveja, não era tão forte, mas devia amortecer os sentimentos. Tomei outro gole.

— A oi essa lata é a minha! O rapaz o que vi mais cedo, ele agora estava parando na minha frente e apontando para lata.

— Sua? Perguntei em dúvida.

— É acho que pegou errado, e eu a sua! Ele mostra a lata de coca e vejo a lata de cerveja na minha do lado.

— Ah nossa, sinto muito não vi quando peguei! Falo ele tem uma sobrancelha erguida. — Bem de qualquer forma eu já...mostro aberta.

— Sério! Ele me olha feio.

— Bem foi mal, eu...

— Você é bem espertinha né! Ele me acusa sem deixar dizer.

— O que acha que peguei sua cerveja de propósito? Pergunta o encarando. — Quem garante que não foi você que pegou a coca? Pergunto o fritando, o cara e grande e bonito, mas seu sorriso de deboche me faz pensar que parece um moleque.

— Aqui não tomei sua coca! Ele diz mostrando a lata fechada.

Olho para ele, todo arrumado em uma bermuda jeans, tênis chique, camisa de marca. Um filhinho de papai, penso. Levanto e vou até ele.

— Álcool faz mau a saúde, pode ficar com a coca. Falo passando por ele. — A esqueci! Volto pegando a lata e virando de uma vez e tomando. — Nossa tá horrível e quente! Faço cara de nojo saindo.

— Maluca! O rapaz fala.

Viro dando de ombros para o que fala. — Obrigada! Me afasto, não sei bem onde ir, devia voltar para turma do meu irmão, mas sinto novamente o celular tocar e é irritante que esteja insistindo, olho o nome “ Não atende”, mas atendo.

— Oi. Falo em tom seco.

— Você não quer mais falar comigo? A voz macia e calma me irrita ainda mais, quero xingar ele, gritar e mandar ao inferno e não consigo.

— Acho que você que não quis falar comigo! Falo de volta. — O que quer?

— Saber como você está Samy, e tentei contato, mas não tinha sinal onde estava, sinto muito!

Balanço a cabeça, essa uma desculpa muito falsa e no fundo mesmo sabendo, escutar a voz dele me faz querer acreditar e seguro forte o telefone. Não posso acreditar nele, se ele nunca teve uma atitude antes, não podia acreditar em mais nada dele junto minhas forças.

— Estou bem, tenho algumas coisas para fazer, então a...

— Samy você não vai voltar mesmo? Ele pergunta.

Já tinha decidido vir embora, tinha me comprometido a cuidar da minha tia doente, gostar dele me machucava e senti muito no último mês.

— Meus tios precisam de mim, não vou voltar e meus pais até já mudaram também. Falo e a um silêncio do outro lado da celular uma respiração profunda.

— Sinto saudades, acho que vou aí te vê algum dia desses! Ele diz e meu coração agita, até minha respiração fica mais forçada, fecho os olhos, tudo que queria era vê-lo, sonhei várias noite com ele aparecendo, me pedindo em namoro do jeito correto e dizendo que sente algo, não tive isso por seis meses, minhas expectativas foram todas jogadas no lixo, não tenho palavras e nem vou ficar novamente apegada a ele fantasiando sentimentos que não existem, para ele era só prazer.

— E só isso? Me forço a perguntar.

— Samy o que quer que diga? Sempre fui sincero sobre o que sinto. Ele diz novamente o que já havia ouvido outras vezes e assim depois ser cruel. ” Gosto de você, de estar com você, mas não é aquele sentimento”. Isso soa na minha mente e é tão doloroso não ter os sentimentos correspondidos.

— Não tem que dizer nada, tenho que ir Marcius! Falo e desligo, e vejo minha mãos tremendo, é tão difícil dizer adeus a um amor da mesma forma como é difícil encontrar um, e não consigo, no fundo do meu coração queria ter coragem de dizer adeus pra sempre e tentar tirar a dor que ainda sinto só em ouvir a voz dele e imaginar estar perto.

Outra mensagem chega.

“ Realmente sinto muito, não paro de pensar na gente, nós dois juntos, os nossos...

Paro de ler a mensagem e apago rápido sentindo um soluço o nó na minha garganta, sinto uma frustração enorme, era isso que ele sentia sempre, não tinha sentimentos por mim mas me queria, tinha sido sua boneca de uso por meses, era isso que ele sentia falta? Sinto raiva e ao mesmo tempo suja e usada e a sensação é horrível, nunca mais iria deixar alguém me tocar assim novamente.

Ele tinha sido meu primeiro beijo, o primeiro cara que me tocou e o primeiro que me entreguei, foram meses em que me forçava a acreditar que tudo estava legal, era por minha vontade e que queria tudo com ele da forma como ele desejava, tudo mudou quando senti que devia deixar saber que sentia e falei. Foi um balde de água fria, foi a primeira vez que o deixei, evitei, não saia, mas ele me procurou, tinha estado tão triste e foi como vê um centelha se acender, estava nas nuvens com ele vindo até mim e me deixei novamente. Acreditava que se desse uma chance para nós ele ia vê o quanto sentia por mim e corresponder. E novamente foi meses e não escutei seus sentimentos e me causou frustração. E não podia mais fingir que tudo bem e perguntei se seus sentimentos por mim tinham mudado.

Novamente escutei o mesmo, e não queria me iludir mesmo novinha queria algo a mais, e ainda que estava apaixonada, senti que não era mais certo continuar. E sabia que não conseguia romper cara a cara. Escrevi uma carta contando todos os motivos para não poder mais nos vê e mandei por um amigo dele.

Recebi uma mensagem dias depois. “ Se é assim que você quer”.

Não respondi de volta. Dias passaram, e até semanas, até ele reaparecer no meu caminho e tudo que houve depois ainda me causa raiva e me faz lembrar de como era fácil e acessível, como me senti usada várias noites e estava tão apegada a ele que não podia me dar nada.

Respiro algumas vezes deixando meus sentimentos dissipar, e acalmar meu interior, tinha que me libertar, dizem que a dor do amor é com outro amor que cura, não queria novamente sentir tantos sentimentos por outra pessoa, mas gostaria de não sentir ainda tão presa, mesmo não preparada para deixar outro se aproximar, tinha que me desprender, minha vontade era ir mesmo embora, mas iria ficar me remoendo em tristeza sozinha e nem iria dormir direito, na pior das hipóteses iria ligar para ele essa noite, e me obriguei a ficar na festa.

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