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O Assassino Da Lua (REBOOT)

CAPÍTULO I: A SUPERNOVA

Durante muitos séculos, a origem de vários fenômenos e astros espaciais permaneciam e talvez ainda em dias atuais, permanecem inexplicáveis, como por exemplo: a lenda dos três deuses advindos da espuma do deus primordial urano, em seu ceifamento sexual, como um ser pode ter sido criado a partir da teoria do grande impacto de bilhões de anos, num período em que o planeta era uma completa bola de fogo? Estes são questionamentos, caro leitor, que teremos que aguardar momentos oportunos, pois não falaremos sobre conjecturas conspiratórias ou balbúrdias levianas sem olharmos curiosamente para uma determinada etapa da vida: o pós-morte.

Muitos teóricos e céticos descartam a existência de algo além da mera vida mortal, mas eis aí a questão em que fixamos uma rápida análise: os reflexos da mortalidade são afetados direta ou indiretamente por elementos externos, mesmo para os que não acreditam. Em tudo existe energia e todo início dessa matéria se remete a um sujeito-ministro: o universo, de onde se originou tudo e todas as suas camadas físicas, bem como as extra-físicas. Dentre estes mundos, está o espiritual, caminho para o qual vinte e quatro por cento da atual humanidade vem com sua mente e corpo preparados para esse grande choque que põe toda a filosofia e dogmas religiosas a prova, e risca uma fagulha nuclear nas mais ancestrais teorias que regem a vida humana e seu controle social. Entretanto, no meio das discussões exaustivas o lugar que anteriormente fora citado, antes conhecido apenas em livros bíblicos, chamado de ‘‘Paraíso’’, está prestes a ser palco de uma verdadeira conspiração por uma usurpação que colocará em risco todo o ciclo mortal.

Após ultrapassarmos o conceito de tempo e espaço, nos desprendemos da matéria e rapidamente chegamos ao dito ‘‘mundo espiritual’’, a verdadeira etapa que é o resultado do chamado: desencarne. A medida em que nos aproximamos das inúmeras moradas pertencentes ao reino dos céus, o paraíso se apresenta um pouco mais acima, pois a terra ‘‘sagrada’’, uma vez profanada, de acordo com as antigas escritas pelos primeiros mortais intitulados como ‘‘humanos’’, fez com que o criador determinasse certas regras para a entrada neste verdadeiro jardim. O paraíso além de ter inúmeros residenciais, florestas com inúmeras espécies de vidas animal e vegetal, continha um palácio completamente forjado em cristal como um verdadeiro arranha-céu, podendo ser visto por inúmeras moradas e por mais distantes que fossem. A luz do sol refletia seu brilho atordoante por onde quer que as vidas andassem. A base daquele verdadeiro monumento que era a residência eterna do criador, escondia em seu exterior, um verdadeiro jardim de contos de fadas mortais, os desenhos nos formatos geométricos, harmonizavam com símbolos sagrados que estavam espalhados pelo resto do palácio, que tinha suas portas constantemente abertas, recebendo a visita de quem se sentisse convidado a estar na presença do criador.

Todavia, no alto do terraço de cristal em sua primeira vista, um olhar enojado se figurava de uma bondade infinita ao avistar a figura juvenil de Deus que ajeitava algumas flores, um dos serviços que mais chamava sua atenção, pois podia ajudar gerar um efeito dominó positivo, já que a harmonia com as fontes de água eterna garantiam a vida de todos e os demais sentimentos, energias e intenções negativas, teoricamente não afetariam os seres vivos neste plano. Contudo, mesmo acocorado remanejando algumas plantas de fora do jardim, sente a presença silenciosa de uma companhia que se tornara indesejada pela sua desobediência, ele se chama: Azaziel.

Mesmo de costas, Deus que constantemente se figurava como um garoto de oito anos, andrógeno, de feições delicadas, cabelo encaracolados cor de chocolate, olhos cristalizados como um manancial infinito, vestido com um manto branco que o cobria dos pés a cabeça, porém, pelo clima ameno e um pouco doloroso, decidira encurtar o manto, usar sandálias gladiadoras douradas com um colar dourado de largura e peso consideráveis, encurtando um pouco as mangas do manto, transformando o tecido em uma espécie de veste divina grega, adicionando braceletes e uma coroa em formato de anel dourado em sua testa deixando o símbolo da sabedoria bem no meio da mesma; a cobra.

 Sua voz apesar de infantil, fazia parte de todo o conjunto teatral que fazia para desfazer toda a figura mortal criada sobre seu ser. Diante da interina atenção do criador, Azaziel que ainda possuía a blasfêmia de usar o manto sagrado, desce lentamente as escadas do terraço, sustentando um personagem que tocava lentamente a grama paradisíaca do jardim, se aproximava de Deus, que perde total concentração após escutar o primeiro zumbido do anjo:

— Eu nunca imaginei que alguém como você tivesse tempo e paciência para manter tamanha beleza, em um lugar como esse…

— Eu quero que pare com o que está pretendendo… fazer! — sussurrou, soltando algumas ferramentas de jardinagem ao lado da grama.

CAPÍTULO I: A SUPERNOVA - PT.2

Assim que limpa suas mãos, vira lentamente para Azaziel e um olhar imponente se fez presente, carregado de uma preocupação titânica, que logo é escanteada por seu filho.

— Do que está falando, pai?

— Eu sei de tudo Azaziel! A começar pelo rastro escuro que você deixou na grama — responde. — acha mesmo que eu não sei o que está pretendendo fazer?

Naquele momento o céu começa a agrupar nuvens cinzas, era um sinal que alguma tempestade se aproximava do paraíso, evento incomum para aquele período de tempo, porém a máscara ainda não havia caído completamente para Azaziel que ainda sustentava seu argumento.

— Eu entendo que o senhor sabe de tudo, mas… existem coisas que não saíram do jeito que o senhor esperava, veja o ser humano…

— Que você mesmo teve a ousadia de oferecer-lhe o fogo, o conhecimento de misticismo com ervas, raízes, plantas, o encanto do prazer desenfreado da carne, o manuseamento, forjamento e criação de armas de força letal ao ponto de dizimar nações…

A medida em que Deus falava, o aglomerado de nuvens ficava cada vez mais pesado e os fortes ventos começavam a balançar tudo que fosse leve para ser arrastado longinquamente. Mesmo em completa calma, toda a memória dos acontecimentos de milênios nunca fora esquecida e um fato principal iria ser jogado como sangue na cara de Azaziel.

— Além de terem seguido para a Terra, mesmo sobre o aviso de Samyaza, vocês reproduziram com humanos e criaram aberrações que quase extinguiram a raça humana…

— Então tentar lhe convencer que não irei fazer, vai ser inútil…

— Vocês jamais deveriam ter pensado em se misturar a vida mortal — vociferou. —, o que iam ganhar com isso?

— Uma chance de mostrarmos que também podemos ser sua imagem e semelhança…

— Vocês não foram feitos para se misturarem com outras criações, muito menos para reproduzirem…

O céu que antes estava nublado se escurecia completamente, dando lugar a raios colossais e chuvas torrenciais que alagavam as partes baixas do paraíso e moradas adjacentes.

— Pai, por favor! Fique calmo! Eu não…

— O que se passa em sua cabeça para planejar algo tão absurdo, Azaziel…?

— Mais se tudo der certo eu vou…

— Seu rastro apodrecido já ficou tempo demais neste lugar, se retire!

Aos poucos, Deus ia se acalmando mesmo com seus olhos cinzas da íra que deflagraria contra Azaziel, contudo decide raciocinar melhor, agachando novamente para continuar a jardinagem.

— Pai! Eu só estou querendo o melhor…

— Azaziel, à partir do momento que anjos decidiram se juntar a vida mortal, nada além da sua própria vida seria mais importante, inclusive o próprio dilúvio… parece que não foi o suficiente para que se arrependessem… do que fizeram, usando meu nome. — cavando um pequeno buraco no chão, poda as plantas.

A mancha escura do rastro deixado por Azaziel era completamente purificada pela água que caíra sobre o local, entretanto ao redor do manto branco do anjo tudo estava completamente apodrecido e tóxico, o que contaminava seu olhar, onde a máscara de bondade era substituída por uma mistura de loucura com ódio, trazendo um tom rubro ao seu olhar e um gradual acinzentamento de seu manto, até que Deus percebe a mudança e se levanta lentamente, virando friamente para seu filho.

— Está vendo! — vociferou. — Você é a única inteligência que criou bem e mal para viverem juntos, e agora nos culpa por tudo que você criou? O único culpado nisso tudo é você! — sapateou.

— O bem e mal sempre devem coexistir como um equilíbrio necessário para corrigir os erros dos mortais, cada um evoluirá a sua maneira…

— Aí está seu erro, meu grande velho! Eles não precisam de alguém como você… — ironizou.

— Veja até que ponto chegamos: eu permitir que você chegasse ao paraíso, você maculou este solo e agora está se preparando para fazer o quê…?

— Aproveitar sua vulnerabilidade com esta figura e extinguir sua existência! — sussurava friamente, rindo freneticamente.

Os olhos de Azaziel ganhavam uma coloração, onde o direito tinha amarelado e o esquerdo estava em completo carmesim, suas asas que estavam abertas eram metade preto e metade branca, ambas sujas com um sangue escuro e fétido. O manto que tinha se tornado chumbo, deixava um capuz para trás, dando a vista um cabelo metade loiro e metade branco, seus dentes molares haviam se tornado pontiagudo, onde antes haviam unhas, agora eram garras afiadas, suas mãos haviam se calejado, seus músculos alargados, mas sua petulância era a única que não sofrera metamorfose, pois o desafio não seria tão simples quanto pensou, porque enfrentar o criador, jamais fora sequer pensando.

— Eu  tenho pena de um filho feito você, veja o que você se tornou e se aliou…  é isso que pretende passar para frente? — sussurrava, olhando fixamente para Azaziel.

— Eu prometi a todos… que não falharia em nosso acordo…

— Que criança tola… — ironizou, soltando um ar de riso.

CAPÍTULO I: A SUPERNOVA - PT.3

Assim que corta seu pulso, o ouro líquido que escorria por suas veias se junta ao sangue que inundava sua pele, dando origem a uma lança de lâmina única no tom escarlate, vibrando uma energia tão destrutiva que várias janelas de cristal do palácio começaram a quebrar sequencialmente, o objeto trazia todos os predicados que passavam impressão que uma criatura estava sendo empunhada e pronta para matar, era áspera, violenta, perspicaz, macabra e correspondia a energia negativa vinda de Azaziel como um rubi bruto, lapidado com pura vingança. Não obstante, com um olhar completamente frio, o anjo da morte aproveita o ensejo da sede de sangue da jóia preciosa em seu punho e dispara ferozmente na velocidade da luz para cima de seu criador como uma besta demoníaca, por outro lado, Deus permanecia inerte esboçando um semblante reflexivo, fechando os olhos rapidamente, até que sente uma forte força puxar o ar para trás e um aroma pairar no ar, assim que abre os olhos se depara com uma xícara de café e uma colher no pires, enquanto dois dedos seguravam a lâmina da lança como se fossem um mero papel e um brando olhar semelhante ao verde das folhas do paraíso, lhe dá um sorriso:

— Não pude esquecer da hora do seu café…

Com um semblante um pouco surpreso, Deus segura a xícara, enquanto Azaziel tentava se livrar da pressão que a presença deste indivíduo exercia sobre a lança que tinha sua vibração destruidora absolvida entre os dedos que a continha.

— Não esperava encontrá-lo por aqui… Diana! — dando um singelo gole. — Está de passagem ou Samael pediu para que viesse me trazer algum recado?

Apesar de estar vestido feito um mordomo inglês com luvas em couro preto, Diana tenha cabelos ruivos longos até a nuca, desconectados e enrolados, uma pele corada assim como seus carnudos lábios, sua sobrancelha e supercílios eram completamente perfeitos e desenhados harmonicamente com a esmeralda envelhecida de seus olhos. Trazendo uma total harmonia, a sua gentileza e presença trazem um certo desconforto a Azaziel, que tenta arrancar a lança da prisão dos dois dedos do jovem, que responde ao criador com um ar de doçura:

— Na verdade fomos convocados pelo Imperador, para fazer sua segurança…

— Imperador! — vociferou Azaziel.

— Convocados? — respondeu Deus, com um ar de riso. — Eu devo estar ficando muito vulnerável para que ele possa se preocupar comigo… quem diria, não é?

Diana retruca:

— Independente de qualquer conflito de ideias, seus laços jamais serão abaixo do conflito ideológico… porém nós quatro vamos garantir sua plena segurança neste lugar, pois parece que o senhor possui um convidado que se me permite falar, é muito… ‘‘decadente’’ e lhe prestou uma recepção muito calorosa, não acha?

— Eu lhe dei a oportunidade de se redimir, entretanto ele deseja a usurpação da minha existência, e isso apesar de previsto, não me surpreende tanto quanto as atitudes do seu Imperador.

Soltando dois cubos de açúcar na xícara de café, o jovem ruivo solta repentinamente e lança, emitindo uma energia espiritual colossal, semelhante a várias estrelas do universo, misturadas ao dilacerante poder destrutivo do caos, afastando Azaziel bruscamente de seu contato, fazendo-o pousar no parapeito do terraço, concentrando sua energia sombria na energia da lança.

— Agora é permitido que demônios entrem no paraíso, pai? — sapateou Azaziel, tentando livrar a lança do magnetismo, contudo Diana a segurava com precisão, enquanto Deus o olhava com um semblante exausto.

— Por que eu o julgaria, se deixei que você entrasse e contaminasse este solo com sua decadência…? — responde.

Diana provoca Azaziel com um comentário irônico, seguindo de um riso doce.

— Não seja hipócrita! Seu palco é no mundo terreno e não aqui…

— Eu pensei que fosse apenas lenda a existência de vocês, mas eu vou fazer você saber onde é o seu lugar…

Enquanto Deus repousava em uma cadeira de arbustos, fazendo sinais de negação com a cabeça, Diana ignorava o ego de Azaziel, servindo torradas com patê em um pleno estado de serenidade, o que despertava ainda mais a ira fúnebre do enviado da morte. Assim que o jovem ruivo termina de servir o criador, um ar de riso é solto no ar, com um extremo sarcasmo:

— Desculpe a demora, é que eu estava procurando meu calmante para tomar…

— Seu primitivo maldito…

Azaziel levanta voo e uma estrela escarlate do tamanho do sol é formada  no paraíso, porém tudo ao seu redor permanecia estranhamente intactas, como se um escudo tivesse sido projetado para o ambiente, o que não era observado pelos olhos sombrios do anjo, que comandava a esfera com a ponta da lança rubra, até que a gota d'água para preencher seu ódio é solta:

— Ficou furioso…? Tadinho! Mais saiba que eu estou morrendo de medo disso que está segurando… será que eu devo me ajoelhar e lhe jurar fidelidade ou rezar pela minha pobre alma? — debochou, soltando um riso doce no ar.

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