Minha mãe sempre me disse para nunca julgar um livro pela capa, mas ao contrário de muitos, eu quem fui
julgada. Fui um livro julgado pela capa por um crime que não cometi.
É fácil falar eu sei. Mas o que mais me amarga, é saber que passarei 20 anos aqui nessa prisão por não
encontrarem nenhuma prova.
Faz somente 1 ano que estou aqui e parece uma eternidade, aqui as horas não passam e nem voam, mas
creio que algo irá acontecer, eu sinto que algo virá para mim, só não sei se
será algo bom.
Tirada dos meus pensamentos, sou chamada na grade da minha cela.
- Helena Mitchel\, visita para você. Vamos! – A voz de uma mulher a chama com mau-humor.
Calçando os chinelos e passando as mãos pelos cabelos lisos e pretos, ela retira a borracha para prendê-los novamente. A esperança preenche o seu coração de que ele possa ter vindo vê-la e trazer a sua doce Júlia.
Por um ano que estou aqui nesse presídio por um crime que não cometi. Nesse tempo todo nunca recebi uma visita sequer. Nem mesmo o meu advogado após o meu julgamento, não deu mais as caras após dois meses que estava aqui.
Hoje, a esperança acendeu no meu coração. Quero tanto ver o meu marido e a minha filha que seria um sonho do qual nem preferia acordar.
Ao chegar aquele lugar onde a carcereira acompanha-me, a mesma que durante esse tempo que estou nesse inferno assim posso dizer, tem sido até uma boa pessoa comigo.
Vejo um homem que me aguarda. Um homem bonito até. Com um terno bem alinhado, cabelos bem aparados e uma barba bem-feita. Nem em anos de casada, nunca senti nada parecido do que estou a sentir ao ver esse homem sentado na minha frente na cadeira de metal.
Olho para a carcereira, e a mesma abre-me espaço para seguir até ele. Pensei por alguns instantes que estava no lugar errado, mas pela reação dela, sei agora que não é.
Engulo em seco e caminho até a mesa. A cadeira vaga na sua frente é direcionada a mim.
Desde o momento que adentrei nessa sala, os nossos olhos não desviaram um minuto sequer um do outro. Devo estar louca ou paranoica por sexo, já que estar nesse lugar e não ver por um ano o meu marido, devo estar mesmo a perigo.
A vontade que tenho é de fazer algo bem depravado aqui com esse homem e vejo que não sou só eu quem quero isso. Os seus olhos estão como brasas ansiando pelo mesmo.
- O senhor é? – Decido quebrar o silêncio.
Ele coloca o dedo na sua gola afrouxando um pouco a gravata talvez pelos olhares que estávamos a trocar agora a pouco. É até engraçado ver um homem que aparenta ser mais velho que eu com ar de mais experiente ficar assim tão desconcertado com a quebra de um clima.
- Eu sou Danilo Ritchele. Sou o seu novo advogado.
Ele sorri e estende-me a mão. Olho desconfiada, pois, sei que esse advogado é um dos maiores e melhores do país. Suspiro e aperto a sua mão.
Uau, que mão macia e puxa, senti algo percorrendo pelo meu corpo e sinto um calor, mas é melhor soltar para não dificultar o que já está a começar a parecer entre nós e assim eu faço.
- Como assim o meu novo advogado?
Ele percebe a confusão no meu rosto, porque até um certo tempo, o meu advogado era o senhor Lucas Skrtogue, um bom advogado, mas que só pegara o meu caso por esse advogado não ter aceitado antes, segundo palavras do meu marido.
E por falar nele, será que foi ele quem o contratou? Um sorriso brota nos meus lábios, na certeza de que o meu marido não me esqueceu e estava a fazer de tudo por mim, por nós, pela nossa família lá fora.
O meu agora advogado está me fitando com um olhar estranho. Preciso saber o que o fez mudar de ideia em pegar o meu caso e se foi o meu marido quem solicitou os seus serviços.
Acredito que ele leu a minha mente.
- Sei que a senhora deve estar se perguntando quem me contratou. Não foi o seu esposo isso posso garantir.
Um nó na minha garganta se forma, a vontade de chorar é tamanha, que nem sei mais o que pensar até ele falar um nome.
- Quem me contratou foi o senhor Leonardo Shelperd. A senhora sabe de quem se trata?
Encaro aquele homem que espera a minha resposta. Tento puxar da minha memória se conheço alguém com esse nome, mas não me vem ninguém. Quem será esse homem que não conheço?
A minha cabeça está tão confusa que só me atento ao que está ao meu redor, quando escuto a sua voz rouca e vil indagar-me.
- E então\, a senhora conhece alguém com esse nome?
Eu nego.
- Sinceramente\, não. Quem é esse homem é porque ele está me ajudando?
- Na hora certa a senhora vai saber então. – Ele olha-me de lado com um sorriso de canto enquanto retira o papel da sua pasta.
Fico a observar como ele mexe nos seus objetos e observando os seus dedos longos, sinto-me atraída. Principalmente por ver que o mesmo não é casado. Pelo menos não oficialmente, já que não tem aliança.
- A senhora poderia contar-me como veio parar aqui\, para que eu me inteire ao caso? Não quero prender-me aos fatos que há no processo e sim na sua verdade.
Pela primeira vez depois de um ano, eu sinto uma felicidade sem tamanho. A esperança que estava praticamente escassa, agora voltou com força total. Respiro fundo e começo a contar todos os fatos daquela noite e da pessoa que foi supostamente assassinada por mim.
Ele não fala nada e nem esboça nenhuma reação. Só me encara com aquelas esferas verdes atentos a tudo e anotando no seu bloco de papel.
- Então é isso doutor. – Respiro aliviada terminando o meu relato.
Levo as minhas mãos sobre a mesa e entrelaça os meus dedos brincando com os polegares pelo nervosismo que está dentro de mim. Ele para de escrever repousando a sua caneta sobre o bloco de anotações e olha-me. O meu coração acelera e parece que vai explodir pelo descompassar. Temo não estar viva até o dia da minha liberdade.
- Pelo que a senhora contou-me\, naquela noite a senhora não estava na cidade. Teria como provar onde estava já que não há registro algum\, no processo sobre isso?
Meneio a cabeça.
- Não. Não sei quem fez isso\, mas não havia registro algum no meu nome no hotel que me hospedei e nem as passagens que comprei para ir a Toronto naquela noite. Como disse\, ia fazer uma surpresa ao meu marido pelo nosso aniversário de casamento.
Ele estala a língua como se quisesse falar algo, mas desiste. Não sei porque, esse seu gesto deixa-me desconfortável. Sinto haver algo por trás disso que nem ele quer me falar.
- Preferia não ser o portador de más notícias\, mais a senhora está com um sério problema e creio que deve saber haver alguém importante por trás disso tudo.
- Nisso eu concordo\, mas o senhor suspeita de alguém?
- Sim\, eu suspeito. Acredito que a senhora não irá gostar de saber quem.
Ele é bem incisivo nisso. Ele tem certeza de quem pode estar por trás disso, mas sinto que não estou preparada e sei que não vou gostar de saber quem é, mas como sempre dizem, quem está na chuva é para se molhar, então...
- Quem o senhor desconfia?
-O seu marido.
Bum, esse é o barulho de uma bomba que ecoa na minha cabeça após ouvir o que ele disse. Mas como isso seria possível! E, porque ele faria isso comigo, conosco, com a nossa filha. Não, não, não. Esse advogado deve estar errado.
- O senhor tem certeza disso?
- Certeza ainda não. Mas é uma hipótese.
- Hipótese que pode nem ser verdade.
-Senhora Mitchel sejamos honestos. O seu marido quantas vezes veio visitar-lhe nesse ano em que está aqui? Onde está o advogado que estava a tratar do seu caso? Quando tudo aconteceu, foi justamente quando fora encontrar com o seu marido e onde ele estava?
A minha cabeça começa a rodar, sinto-me tonta e nauseada. Tudo está muito confuso, mas não acredito que o meu Ravi o homem por quem dediquei a minha vida, aquele que durante 10 anos estávamos a viver o nosso casamento com a mesma união e amor de sempre?!
levanto-me abruptamente daquela cadeira e encaro uma última vez para o meu advogado antes de sair. Preciso respirar, aqui está sufocante demais.
Antes de conseguir sair dali, ainda ouço a sua voz.
Quando estiver melhor, peça ao diretor do presídio ou a assistente social para entrar em contato comigo. Sei que irá ligar e sabe as respostas do que lhe perguntei. Até breve!
Nem espero a carcereira acompanhar-me e sigo em passos rápidos quase correndo até a cela.
Assim que a grade se abre, adentro parecendo um furacão e jogo-me na minha cama de cimento com um fino colchão. Aqui permito-me chorar. Será que fui tão burra assim? E se fui, porquê?!
^^^Continua...
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NOTAS DA AUTORA:
Olá meus amores, voltei! Essa é mais uma nova história em que estarei a escrever aqui para vocês, espero que gostem. Como ela está em andamento, hoje estou a postar o capítulo de estreia e na quinta, postando mais um e assim sucessivamente como nas outras obras, dia sim, dia não a postagem.
Beijos e me sigam no meu IG (Instagram) @abruxaestasolta para ficar por dentro das novidades e capítulos novos de obras em andamento
O que ronda agora na minha cabeça são as perguntas daquele advogado. Por mais que ele seja bonito e tenha me sentido atraída por ele, agora o que sinto é raiva.
Raiva por provocar em mim pensamentos que até então nem passava pela minha mente. Será que fui burra por não me perceber tudo isso antes? Mas como se no dia em que nos encontramos em Toronto, ficamos juntos.
Não tinha como ele ter feito algo para me prejudicar, mas e se...
Sou tirada dos meus pensamentos pela detenta que desde quando pus os pés aqui nesse inferno, ela é o verdadeiro capeta para me atormentar.
Dou uma bufada e a olho com desagrado, até a minha voz soa com a falta de paciência para as artimanhas dela.
- O que quer Nicole, não tô com saco para as suas perseguições não.
Me ajeito na minha cama sentando-me. Por incrível que pareça ela não entende o que as pessoas falam a ela talvez seja por ela se achar a tal, ela senta-se ao meu lado com um sorriso debochado.
- Calma aí patricinha. Vim em missão de paz.
- Paz! Sério mesmo que você veio em missão de paz, faz me rir viu.
- Apesar que sou desse jeito, nunca desgostei de você Helena. Só tenho que me manter aqui e assim como você, também fui presa injustamente e ao contrário, estou morando aqui há 6 anos e não tenho um advogado bacana que queira me defender.
- Você também foi presa injustamente? – Me surpreendo com isso.
Nunca imaginei que Nicole Duncan fosse estar na mesma situação que a minha. Só que o caso dela é diferente. Pelo que soube logo quando cheguei, ela era uma prostituta e o seu cafetão armou para que ela fosse pega com drogas, já que a mesma queria ir embora da vida que levava. No início, achei que fosse história, que realmente era culpada, mas agora parando para pensar que ninguém acreditou em mim, também fiz o mesmo com essa pobre mulher.
- Por que a surpresa, você sempre soube disso, aliás, todos acho sempre souberam. Mas o que eu quero dizer é, o que fez você ficar assim, o seu advogado falou que realmente é a culpada?
Sinto na sua pergunta um tom de sarcasmo. De fato, eu mereço isso dela, já que sempre a julguei mal. Olhando-a fixamente, eu nego.
- Não. Ele falou que o meu marido pode estar por trás de tudo isso, mas eu não acredito.
Com um sorriso zombeteiro e as sobrancelhas arqueadas, Nicole me olha como se eu tivesse falado uma piada. Eu não entendo esse seu jeito é nem faço questão. Agora o que eu mais quero é estar errada com o que o meu advogado disse e estou pensando realmente mal do meu marido. Pobre Ravi.
- Você nunca pensou que poderia ser ele quem armou tudo isso?
Eu meneio a minha cabeça. Realmente eu nunca pensei nisso, meu marido poxa, como poderia pensar tão mal dele.
- E você agora pretende fazer o que, morra E ainda mais aqui sem lutar?
- Nem sei o que pensar Nicole. O advogado disse que se eu quiser realmente a sua ajuda, eu posso entrar em contato com ele. Mas tenho medo de me decepcionar quando souber a verdade.
- Não tenha. Se fortaleça. Entre em contato com ele e faça com que seja liberta desse inferno. Pelo menos lá fora você tem para quem voltar e lutar. A sua filha.
Sorrio fraco, mas sinto a esperança novamente se acender. Ela está certa, preciso voltar a ter minha liberdade e lutar pela minha filha.
- Você está certa. Vou agora mesmo falar com o diretor e pedir para falar com o meu advogado.
Ao me preparar para ir até o andar de cima, sinto o meu pulso ser segurado por ela. Ao olhar em sua direção, vejo que isso não iria sair de graça.
- Te aconselhei e ajudei, mas sabe que aqui é toma lá, dá cá. Então...
Suspiro e massageia a minha têmpora. Consigo soltar o meu pulso e me sento ao seu lado mais uma vez.
- Diga o que você quer.
- O que eu quero é simples. Quando você sair daqui, que o seu advogado seja o meu defensor. Você precisará de alguém para descobrir tudo para você lá fora. Eu sou ótima nisso.
- Só pelo aconselhamento você quer isso? Porque você quer tanto me ajudar agora?
Pergunto desconfiada, pois sei que há algo de muito sério nessa história. Se ela me contar estou aqui, se não, eu não a pressionarei para falar.
Na verdade, parando para pensar, nesses últimos tempos ela não tem implicado comigo, será que ela está realmente gostando de mim? Ah, quer saber, deixa pra lá.
- Na verdade, eu sinto que preciso protege-la, você parece muito com a minha irmã que sumiu há muito tempo.
- Entendi. Tudo bem. Eu vou te ajudar, mas primeiro... Eu agora preciso ir ao diretor.
Sorrimos uma para a outra e saio rumo ao encontro de ter a minha liberdade e será esse advogado quem vai me tirar daqui.
Na cela olhando Helena se afastar, Nicole suspira com os olhos marejados. O mundo parece tão grande mas ao mesmo tempo tão pequeno, que ela foi justamente encontrar a sua irmã naquele lugar. Logo ela que tinha perdido as esperanças de se reencontrarem depois de tantos anos, mas a vida lhe pregou uma peça. Ela que precisou fazer uma cirurgia no presídio de apendicite, ao qual ela se submeteu a receber uma doação de Helena. Desconfiada após o procedimento, ela pediu por uma troca de favores com a médica que fizesse um DNA, já que os tipos sanguíneos são raros. E após a confirmação, ela passou a estar menos implicante com a sua irmã e tentando de tudo para protege-la.
Ela sorri amargamente, mas com um certo contentamento de que logo poderá estar livre assim como a sua irmã que fará o certo.
^^^Continua...^^^
NOTAS DA AUTORA:
Bom meus amores, resolvi postar hoje mais um capítulo, antes de alguém vir a insinuar que ah, é a mesma história de fulana, beltrano e ciclano, leiam a história em si. Não PLAGIO obras de ninguém, portanto, antes de falar algo, leiam todo o contexto. Ah, eu não preciso fazer isso, até porque tenho algo que poucas pessoas têm, caráter.
Meia hora antes...
- Quem é o senhor? – A mulher o indaga sentando-se na cadeira de metal frente a ele.
- A pergunta aqui não é quem eu sou e sim quem você é, não é mesmo Nicole Scherer. – O homem a sua frente a encara com sarcasmo.
Os seus olhos arregalados, Nicole engole em seco. Como ele sabia quem era ela, já que o seu nome dado no ato da sua prisão foi dado como Nicole Amanda Belguer.
- Co-como... – Ela balbucia incrédula.
- Como eu sei?! Acho que deve se lembrar de Leonardo Schelperd.
As sobrancelhas arqueadas, mostram o ar de curiosidade no desenrolar daquela história que muito lhe interessou. Danilo, sempre gostou de desafios e agora parecia estar frente a um bem peculiar.
Mas não esperava ver tamanha reação de raiva e rancor vindo daquela detenta que é irmã biológica da sua cliente. Assim é o que ele espera.
- Esse maldito que nos abandonou a própria sorte ainda está vivo?
As palavras proferidas por ela têm um Q de amargor e ressentimento. O que Nicole não sabe, é que o seu padrasto é um mafioso que foi pego numa emboscada onde a sua mãe ficou meses em coma e ele sumiu do mapa para protege-las.
Quando ele retornou a casa onde eles moravam, soube por uma vizinha o que havia acontecido. A sua adorável esposa, não resistiu e veio a óbito meses depois do atentado que sofreram e a máfia rival, levou a sua garotinha vendendo-a para uma família que mesmo com todo o caos entre eles, fora muito amada e bem criada se tornando uma renomada médica. Já a sua enteada a quem ele sempre teve como uma filha, vagou pelas ruas de Ontário tentando encontrar a irmã e acabou caindo nas garras do cafetão que a fez se tornar uma prostituta.
Danilo sabia de tudo e como é o filho de um dos aliados de Leonardo, concordou em defender Helena por questões óbvias da aliança na máfia, mas também por se encantar pela médica quando uma vez fora atendido por ela numa emergência anos atrás.
O que ele não esperava, era que descobriria o paradeiro da enteada dele a quem procurou por anos. Quando soube o que havia acontecido com ela, ficou desolado e sentiu-se culpado por ser um mafioso poderoso e a vida das mulheres da sua vida terem se tornado um caos.
Por sorte, Helena não se lembrava de quase nada da sua vida, já que fora levada para longe quando tinha apenas 2 anos. Já Nicole, tinha 13 quando se tornou uma moradora de rua e depois garota de programa.
- Ele está vivo. Não precisa ter ódio dele, já que ele sempre as procurou.
Um sorriso de escárnio, Nicole solta. É fácil falar isso agora para ela, se não foi eles que sofreram tudo o que ela sofreu. O que a alivia, é que a sua irmã não tenha passado por nada do que ela passou quando mais jovem, mas infelizmente, ela sofre agora por um erro que cometeram para incriminá-la.
- E porque só agora ele resolveu dar as caras?
- Porque ele descobriu onde estão e o que se tornaram. Logo sairão desse lugar, mas preciso que convença Helena já que o caso dela quero o quanto antes que ela saia daqui.
- E como farei isso gênio, já que durante esse ano que ela está aqui atormentei ela e só parei quando descobri que éramos irmãs, hãn?!
- Pelo pouco que conheço da sua irmã, ela não irá concordar. Aí você se aproxima, fala algo, não sei, dá o seu jeito. Depois que tirar ela daqui, eu farei a sua defesa também.
Nicole acha tudo aquilo tentador, mas fica desconfiada. Ela é macaca velha no quesito papo furado. Se inclinando sobre o ferro frio daquela mesa, ela o encara olhando fundo nos seus olhos tentando descobrir algo.
- Porque quer tanto que ela saia logo daqui e o que me garante que você vai fazer tudo o que está dizendo?
A porta da sala se abre e uma figura que ela não esperava ver, caminhava na sua direção apoiado numa bengala. Os anos de amargura e solidão acabavam ali ao ver a sua menina uma mulher feita e em breve veria a sua doce garotinha e a sua neta Júlia.
- Eu garanto, minha menina.
Os olhos de Nicole se enchem de lágrimas. Ela não acredita que aquele homem não esqueceu delas e estava bem ali, na frente dela com um sorriso tenro e os braços abertos para abraça-la.
Por um tempo, ela até pensou que ele havia sumido com a sua irmã a largado à própria sorte, mas agora vendo-o com uma cicatriz no rosto e andando com o apoio de uma bengala, ela sentiu o seu coração doer.
Ela corre na sua direção e o abraça chorando.
- Pai.
Afagando os cabelos da sua menina, ele também derrama algumas lágrimas. Olhando para o seu aliado e afilhado, ele movimenta os seus lábios em um obrigado. O mesmo lhe acena de volta com a cabeça.
- Eu estou aqui minha pequena. Nunca abandonei vocês. Agora, iremos ficar juntos para sempre.
Nicole sorri e não sente mais a menor vontade de soltá-lo. Mas era preciso se sentarem e antes que o carcereiro visse, tinham que manter a distância.
Após estarem calmos, Leonardo conta tudo o que descobriu e sabe sobre o caso dela e da sua filha Helena. Ambas foram incriminadas injustamente. O caso de Helena já tinham tudo em mãos, mas o de Nicole, ainda precisavam encontrar o cafetão que a incriminou.
Com tudo acertado, ela voltou para a cela antes que Helena viesse até o encontro do advogado e estragasse tudo. Ainda não era o momento dela ver o seu pai.
Atualmente após a conversa com Nicole...
Durante o caminho ao encontro da carcereira, Helena sente algo estranho no seu peito. Ela sente um aperto após conversar com Nicole como se a sensação de afastamento fosse algo que elas já sofreram juntas.
Espantando essa sensação, ela se aproxima da carcereira Rebeca. A que mesmo carrancuda, sempre fora legal com ela. Como a sua filha não possuía um celular, a sua babá que ainda era a mesma, é quem acabou se tornando um meio de comunicação entre elas e Rebeca, algumas vezes a ajudava a se comunicar com ela sem pedir nada em troca.
\- Rebeca, preciso falar com o diretor. – Ela fala ofegante com um sorriso largo.
Suspirando, Rebeca assente.
\- E ele disse que você viria querendo falar com ele. Vamos, eu te levo lá.
Helena dá uns pulinhos sorrindo e segue a frente de Rebeca para a sala do diretor que já esperava que ela aparecesse.
Como esperado, Helena conversou com o diretor que já sabia que ela tomaria a decisão de falar com Danilo e tratou logo de ligar para ele.
Já sabendo que se tratava da sua doce Helena, Danilo a avisou que em dois dias lhe traria um retorno positivo sobre o seu caso e a mesma se mostrou esperançosa. Agora veria a sua filha e o seu marido.
Mas, ela por amar a sua irmã Rúbia, também queria vê-la. Ao retornar para a sua cela, ela encontra Nicole num canto da cela pensativa. Ela sente algo estranho ao vê-la daquele jeito e resolve se aproximar.
\- O que foi Nicole, está assim por medo da pessoa que mais implicou nessa cela não esteja mais aqui, saudades antecipadas? – Em um tom zombeteiro, ela debocha.
Percebendo que não a animou, ela refaz a sua postura e com uma voz mais triste, lhe faz uma pergunta com seriedade.
\- O que aconteceu?
Olhando-a de soslaio, Nicole dá um sorriso fraco.
\- Nada. Estava a pensar na minha mãe.
Ouvindo-a falar melancólica, Helena sentiu um aperto no peito e uma imensa vontade de chorar. Ela nem sabia o porquê, mas acabou não conseguindo segurar e derramou algumas lágrimas por seu belo rosto.
Helena nunca soube ser adotada, sempre achou que os seus pais Matheus e Pérola fossem seus pais biológicos, já que nunca falaram nada a respeito e nunca a mesma suspeitou de nada.
Como eles são muito idosos e não moram no Canadá desde a sua prisão por sua mãe ter adoecido severamente, ela sabia que não poderia contar com eles indo visita-la. Mas o que ela não sabe é que eles foram ameaçados e coagidos por uma pessoa que ela ainda não conhece que sabe que eles não a adotaram legalmente.
Pérola jamais aceitaria perder o amor da sua filha mesmo que significasse dela sumir com o seu marido para a Argentina.
Vendo-a enxugando as lágrimas que teimavam em cair, Nicole abraça a sua irmã sem se importar que ela a empurre ou a questione depois.
Para a sua surpresa, ela retribui o seu abraço. Para ela aquilo foi uma das maiores bênçãos que poderia ter, um abraço de tantos anos guardado e sendo dado de forma obscura. Sem entender o que aquele abraço significava, Helena sentiu-se bem e acolhida como nunca fora antes. Nem mesmo quando abraçava a sua irmã Rúbia, ela não sentiu-se assim.
Ali, era o elo sanguíneo que clamava mais alto.
Se dando conta de que as duas se abraçaram, Helena recobra a sua consciência e se afasta dando um sorriso amarelo e desconcertada.
\- Me desculpa, eu... – Ela é interrompida.
\- Não se preocupe pequena lebre, está tudo bem. Eu que agradeço por me dar esse abraço.
Helena se afasta cabisbaixa. Ela está confusa. Há quase um ano, que essa mulher vive a atormentar o seu juízo e alguns meses antes dela provavelmente estar tendo a sua tão sonhada liberdade, ela está parecendo um anjo e agora com esses mistos de sentimentos, a deixaram assim, com a mente em confusão.
\- Tudo bem, não se preocupe. Eu apenas me senti mal por vê-la assim.
\- Ok, deixa para lá. E aí conseguiu falar com o bonitão? – Ela desconversa, pois, sabe que irá pôr tudo a perder se continuarem assim.
O que mais Nicole quer, é que a sua irmã não se sinta constrangida e nem incrédula quando souber a verdade. Ela sabe que isso irá acontecer, mas não quer que seja numa cela na prisão.
Animada, Helena senta-se ao seu lado e começa a contar para agora sua amiga, que em alguns dias o seu advogado já lhe trará notícias positivas sobre o seu caso.
Nicole sabia que isso iria acontecer, já que Danilo e Leonardo, garantiram que ela estaria livre e depois faltaria ela, só que o seu caso era mais complicado pois, precisava da presença do crápula do Diego Noves, o cafetão que a incriminou. Pelo menos por hora, ela ficava feliz por sua irmã, com um ano estar saindo daquele inferno e voltando a ter a sua vida novamente, pelo menos é o que ela pensa, mas nenhuma das duas imagina o que ainda está por vir.
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