Primeiro dia aqui no Rio de Janeiro...

Ah! Que cidade linda...

Tudo é tão diferente da minha cidade que de alguma forma me sinto...sei lá...em casa?

Não me entenda mal, por favor. Eu não odeio minha família, não fugi de casa, nem nada parecido. Também não tenho aquele “drama” adolescente de que o mundo está contra mim e tudo mais...Eu só estou de férias da faculdade e trabalhei duro em um telemarketing durante quatro infernais meses, para consegui estar aqui.

Nossa, foi tão difícil estudar e trabalhar. Não que eu não conseguisse mas, é que eu tenho um sério problema quando se trata de ficar repetindo a mesma coisa por horas, por dias, por meses...eu saí antes que virasse por anos também. Não estou criticando, querendo me colocar como melhor que o mundo não...por favor, não estou. É só que eu não quero pensar nessas coisas...Ao menos não por hora...afinal, eu estou de férias.

Finalmente...FÉRIAS!!!

Outra coisa boa é poder estar longe do meu namorado, Pablo. Não é que eu não goste mais dele ou que ele esteja diferente, como os garotos costumam ficar depois de terem dormido com a garota por alguns meses. É só que nosso relacionamento, meio que não é mais a mesma coisa. Nada que eu digo ele concorda, nada que ele faz eu quero fazer também. Parece que a gente, não combina...Se é que um dia nos combinamos de alguma forma. Se você me pedir para ser sincera sobre isso, eu diria que nosso relacionamento surgiu mais por proximidade, do que por qualquer outra coisa. Nos estamos no mesmo curso, somos da mesma turma, mas, não ficamos juntos por amor...ou tesão...sei lá...é como se eu ficasse com ele porque tenho medo de ficar sozinha, ou porque nos somos o que o pessoal da sala diz “compatíveis um com outro”. O que isso significa exatamente? Compativeis...se usa essa expressão para falar de peça de carro, de parafuso, não de pessoas...

Ah...o que eu estou falando...Meu primeiro dia aqui e eu perdendo tempo com isso. Me desculpe, ficar enchendo sua cabeça com essas coisas. Ok...

Estou tão animada!!! Parece que vou explodir de alegria!!!

Pegar o ônibus, chegar nessa rodoviária enorme (que vamos combinar, parece um complexo de ônibus do que uma rodoviária só...) pegar o metrô ( eu nunca havia andado de metrô antes), encontrar o apartamento que eu aluguei sozinha...Tudo foi tão maneiro. Foi tudo tão legal, eu me senti em um verdadeiro sonho. Sabe aqueles filmes de comedia romântica de meio da tarde, que a mocinha vinda do interior chega na cidade grande e, realiza todos os sonhos dela? Eu me sinto exatamente assim...Até baixei a trilha sonora de um desse filmes, para servir de fundo musical, assim que cheguei...

Tudo aqui é tão lindo. Tão novo, muito muito muito incrível...Minha primeira viagem para fora da minha cidade... E sozinha!!!!

Para que você entenda: Minha cidade é no interior de Minas Gerais.

Uma cidade que é grande e famosa pela logística e pela universidade, portanto ela recebe muitas pessoas de todas as partes do país (e do mundo também), acabou crescendo demais para ser uma cidade do interior, mas vive enchendo o saco daqueles que são ( ou querem ser) diferente dos velhos hipócritas que mandam na cidade. Porque minha cidade é meio que dominada ainda por coronéis sabe, que não querem perder a influência que eles exercem desde sempre na região. Então, também não é uma metrópole. É bem complexo, não acha?

Pensando agora, eu acho que nunca fui mais que 5 km de distância da minha cidade sozinha. Nunca fiz algo realmente diferente...Eu nunca fui realmente importante, para alguém. Nem mesmo para os meus amigos. Que são praticamente o mesmo problema que tenho com o Pablo.

Mas, veja bem: eu não estou dizendo essas coisas para você ficar triste, não sou esse tipo de garota. Eu sou do tipo “durona”.Sempre que alguém tem um problema, uma emergência...me procura. E sabe, porque ? Porque eu sou a senhora "calma, me deixe ouvir os seus problemas, sem que você precise ouvir os meus"...Cansa.

Cansa bastante isso de seja assim, seja assado, seja frita...ah...Me desgasta de tal forma que as vezes, eu não consigo nem sequer comer direito. E olha que eu gosto de comer...

Então, agora você entende toda a minha empolgação de finalmente estar em um lugar completamente novo, experimentando coisas novas, sem precisar ser a pessoas mais perfeita do universo em tempo integral , certo???

Eu estou tão feliz...Tão feliz....aaaaah...

Eu consigo respirar direito dentro desse apartamento.

Mas, eu não consigo parar esse coração maluco que não para de disparar. Desde que o ônibus entrou na rodoviária que ele está disparado assim...é como se eu estivesse preste a abrir a porta da maior felicidade do mundo.

Eu não sei bem como, mas quando eu escolhi esse apartamento em um prédio residencial, perto da praia...eu senti que minha vida iria mudar...completamente

Será que eu estou enlouquecendo...tomara...hahahaha...

P.S. Tem uma cafeteria adorável que vi quando estava vindo para casa, na rua principal. É cerca de um quarteirão de distancia da MINHA CASA...haha

Vamos nela amanhã cedo...

"Nossa...você é uma delícia...Uau!”

Ah!

Que patético...

Eu saindo da casa de uma garota que conheci em uma festa de madrugada, vestindo minha jaqueta enquanto espero o carro de aplicativo chegar. Assim, que entro no carro aquela velha conversa fiada, com o motorista.

Não olhei para a casa dela que ia ficando lentamente para trás a medida que o carro se deslocava para a avenida principal.

Nos vimos no bar da boate, era aniversário de um amigo em comum. Ela de vestidinho colado verde, muita maquiagem e aquele sorriso brilhante. Achei ela bonita e a festa estava realmente um saco. Resolvi seduzi- la.

Não que eu tenha ficado abalada por ela ou o meu coração, tenha disparado, mas...bom, não tem bem um motivo. Só quis transar com ela e ela parecia nunca ter ficado com uma garota antes. Acho que ela quis experimentar algo novo, fim de namoro, sei lá...Pode parecer pesado dizer isso, mas, sabe, acontece bastante.

Fomos para o apartamento dela, brincamos de sedução (sabe aquele jogo sem sentido que você tenta esconder, seu tesão de querer dar para uma estranha, que você nem prestou atenção ao nome, no entanto, não quer parecer uma vadia?). Antes dela começar a tirar a roupa eu já estava entediada. Mas, terminei o que vim fazer na casa dela.

Por favor, não me entenda mal. Eu não sou uma " pegadora" e tals...eu só não acredito no amor...eu sei, isso deve ter soado absurdamente frio. Mas...é minha triste realidade. Eu não tenho mais paciência para perder com essa besteira.

Eu trabalho em uma livraria no centro. Perto da estação. Passo o dia vendo pessoas entrarem e saírem com seus livros maravilhosos, com finais felizes. Mas, nenhuma pessoa me cativa. Ninguém me seduz. Nada me parece interessante o bastante.

Eu vou as festas, vou nas baladas, vou as resenhas, ando de um lado para o outro procurando aquela pessoa de verdade, que me fará sentir viva, amada e feliz...Mas, eu não encontro. Eu já tentei com garotos e garotas... o máximo que eu consigo é isso que essa menina me deu hoje: sexo. Sem desejo. Sem amor. Somente um corpo repleto de hormônios que precisam ser libertados, por motivos fisiológicos. O coração dispara pelo esforço físico, não pela emoção.

- Motorista, muda a rota para a praia mais próxima, por favor? – Ele sorriu, todo animado para o meu lado. Eu sorri sem vontade de volta. Enquanto, ele manobra para a praia. Não peguei o número dela. E, sai assim que ela dormiu. Pago o motorista e vou até a areia fofa, meia fria que parece acalmar meu coração. Sabe, vim para a praia esperar o sol nascer e as pessoas lentamente começarem a encher as ruas, eu adoro essa sensação. Sempre que eu tento e fracasso no amor, eu costumo vir aqui na praia.

O mar me acalma...

Tudo bem. Não fique triste, por favor.

Eu sei que um dia alguém vai querer ficar apenas comigo. Olhar nos meus e me ver de verdade. Segurar minha mão e nunca mais saltar, entrar nos meus braços e querer ficar.

 E, sabe, quando isso acontecer, eu vou ser a melhor versão de mim mesma, somente para essa pessoa.

Ok, ok...

Eu ainda acredito no amor! Eu vou as festas, vou aos bares, porque eu espero encontrar a minha pessoa especial.

Algum dia, isso vai acontecer...eu sei que vai.

Eu não posso ser tão ruim, a ponto de ninguém poder me amar de verdade...não é? Ninguém é tão ruim assim...

Bom, aquela menina me deixou com muita vontade de comer. Mas, é quase dia...

O que eu devo comer?? Hum...

Eu não sou muito fã de café mas, eu vou ir trabalhar virada de novo, melhor tomar um café, e de preferência, bem forte...e quem sabe um bolo. Eu amo bolo. Principalmente, um de chocolate com morango que vende naquela cafeteria perto dos prédios residenciais. Você tem que provar, é maravilhoso aquele bolo. E, é um pedaço considerável pelo preço. Eu acho que eles levam prejuízo naquele bolo, mas, sorte minha não é?

Certo. Bolo e café, então... mas, antes eu preciso comer algo solido ou vou ficar com dor de estômago de novo...

Macarrão???Cachorro quente?? Hum... Acho que uma jantinha vai cair bem, uma hora dessa.

Adoro essa jantinha aqui. Fica numa esquina, é bem gostosa, tem um banheiro gigante que você pode trocar de roupa e colocar o uniforme...é meio que um restaurante para quem sai da balada e vai direto para o trabalho...Tipo eu...hahahahha...Fica bem perto da praia e do meu trabalho, eu vim andando, assim o álcool evapora mais rápido...haha

Agora são 5:40 da manhã eu entro as 8:00, mas felizmente a cafeteria abre as 5 para a galera que sai realmente cedo para o trabalho. Pego o ônibus, que vinha passando e vou até a cafeteria, comer meu bolo com cobertura extra de chocolate.

Assim que entro, vou direto ao balcão fazer meu pedido.

No entanto, quando abro a boca para pedir meu bolo, vejo a garota mais linda do planeta!!!

Meu coração dispara, meu corpo todo começa a tremer, sinto meus olhos começarem a arder. Não acredito...Não acredito...

A Pessoa Especial...É ela!!!!

Meu Deus...Eu realmente não sei o que está acontecendo comigo!

Eu não costumo ficar acordada até tarde. Eu amo a madrugada. Na verdade, eu tenho insônia. Por mais que eu tente, eu não durmo direito de noite. Mas, como eu disse antes eu sou a "garota perfeita" ninguém sabe disso. E, quem sabe não se importa muito.

Eu li em um dos catálogos do Rio que o nascer do sol na praia é uma das coisas mais incríveis do mundo. Eu nunca tinha visto o mar também...então, como você deve estar imaginando eu fui para praia aproveitar minha insônia!

Uau...foi uma das sensações mais maravilhosas que eu já tive na vida!!!

O cheiro do mar, a brisa, o som, as luzes, o vento...Tão forte e intenso, que chega a assustar, mas, ao mesmo tempo tão delicado e sedutor. Ao mesmo tempo, que eu me sentia feliz de poder admirar aquela maravilha, eu me senti orgulhosa de poder estar ali e aquele momento ser somente meu.

Eu levei meu celular, com uma lista de músicas que escolhi para minha viagem. Fiquei dias escolhendo minha “Ritmo de Praia.mp3”. Me permita ser um pouco arrogante, quanto a isso? Ficou perfeita! As músicas pareciam ser escritas direto do meu coração para aquele momento.

Quando o sol começou a tornar a noite amarelada e mais quente, eu me senti tão feliz, como se eu estivesse aguardando o grande amor da minha vida chegar junto com os primeiros raios de sol...Foi lindo!!! Eu vou guardar esse momento para sempre, dentro do meu coração.

E, então veio a segunda parte da minha surpresa!

O plano era simples: Eu iria ver o nascer do sol, tirar algumas fotos, pegar minha bicicleta (eu aluguei uma junto com o apartamento, adoro andar de bicicleta), ir até a cafeteria provar o famoso “Bolo de chocolate com morango e cobertura extra” com um delicioso frappuccino gelado (eu amo café! De todas as formas eu adoro café) e por fim, eu daria uma volta de bike pela orla da praia, até a hora do almoço. Tranquilo, não é?

Por sorte a cafeteria abria bem cedo, eu sou uma pessoa ansiosa, então esperar é sempre um sofrimento para mim, ainda mais para comer um super café da manhã, hahaha...

Mas, assim que entrei na cafeteria, senti meu coração disparar como um louco. Achei que era falta de comida ou a emoção de ter visto o nascer do sol na praia. Fui no balcão fazer meu pedido e...Bum!!!!

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Primeiro Café da Manhã

Os olhos mais brilhantes que eu vi na vida!!

Uma garota maravilhosa. Cabelo preto um pouco acima dos ombros, olhos cor de mel como o sol que acaba de nascer...e o sorriso...Meu Deus, o sorriso dela...é incrível.

Meu pobre coração, parecia que ia sair pela boca. Meus joelhos balançavam tanto que eu achei que eram feitos de gelatina. Minha respiração ficou presa na minha garganta, estrangulando minha voz.

Qual o meu problema?? O que há de errado comigo? E só uma garota...A mais linda do mundo.

Melhor voltar outra hora...eu não estou me sentindo bem...Eu só estou...com vontade de comer...certo??

Talvez, eu queira...eu...deva comer alguma coisa...ou...ela...cara, o que há de errado comigo??? Eu que sempre sei exatamente o que fazer, agora estou sem ação alguma...

-O-oi?...V-você quer dividir uma mesa???

A voz dela é angelical...e tremula. Nenhuma das minhas músicas é tão perfeita quanto as doce voz dela. Porque eu comeria com uma estranha??? E se ela for uma psicopata?? Nossa, o que eu estou pensando??

-C-claro...vamos sentar naquela ali?

Ela sorri mais uma vez, fazendo meu coração acelerar e virar a esquina de tão rápido. Fazemos nossos pedidos (praticamente o mesmo) e nos sentamos de frente uma para outra. Ela me olha com tanto carinho, que me sinto como se fosse a única pessoa na cafeteria...ou no mundo. Os olhos dela estão maquiados, mas, não é muito...parece que ela foi desenhada de tão perfeita. O nariz, a boca, o cabelo...tudo fica lindo nela.

-Eu...eu me chamo Laura! Sou atendente em uma livraria perto da estação central.

Pego a mão dela delicadamente...tão macia...tão fria...tão tremula.

-Eu sou...eu sou a Júlia. Sou estudante de letras.

-Letras? Que demais...Aqui no Rio???

-Não, não...na federal mineira...eu sou de Minas Gerais. Estou de férias aqui...

Ela sorri ainda mais carinhosa, se aproximando, enquanto segura minha mão como se eu fosse fugir dela.

-Muito prazer...em conhecer você, Laura...

Ela se aproxima da minha mão...e a beija.

Delicada e sensual...Nooooossa...

-O prazer é todo meu, querida Júlia...