A claridade do dia está indo embora o que faz Eun largar o celular, sair da cama e ir em direção a janela, pois a brisa gelada da noite começa a aparecer e a última coisa que quer é ficar doente de novo. O celular vibra, mas o ignora e sai do quarto.
Eun volta vinte minutos depois com um chá de camomila quente, observa que há notificações no celular. Ela se acomoda na cama e pega o celular, há pelo menos quatro mensagens não lidas no grupo.
Hyun: Eun!
18:21 pm.
Donghae: Explicações, por gentileza.
18:22 pm.
Donghae: Eles não vão responder.
18:39 pm.
Hyun: Não mesmo.
18:40 pm.
Eun gemeu arrastado, pega o chá e bebe um farto gole, pede a todas as entidades paciência para lidar com os amigos. Quando o silêncio perdura por mais de um minuto dá o assunto por encerrado, contudo, festejou a vitória cedo demais pois logo uma notificação que está em um novo grupo chega.
...Você foi adicionada em um novo grupo....
^^^É sério isso?^^^
^^^18:49 pm.^^^
Eun está a ponto de arrancar os cabelos pretos.
...O nome do grupo foi mudado para...
...“Queremos a verdade”....
^^^MDS^^^
^^^Isso é sério rapazes?^^^
^^^18:51 pm.^^^
Donghae: Isso não seria necessário se você não ignorasse a gente.
18:52 pm.
Hyun: Isso é verdade.
18:52 pm.
^^^E porque só eu?^^^
^^^18:52 pm.^^^
Donghae: Depois será a vez do Min Jun.
18:53 pm.
Hyun: Eita! Usou o nome completo.
Você está ferrada.
18:54 pm.
Eun manda um emoji revirando os olhos, coisa que está fazendo nesse instante, sabe que os amigos só vão se acalmar quando ela contar a verdade. Por isso, não vê outra alternativa além de responder.
^^^Tenho alguma alternativa?^^^
^^^18:56 pm.^^^
Donghae: Não!
18:56 pm.
Hyun: NÃO.
18:56 pm.
Eun suspira mais uma vez e bebe mais um gole do chá, vai precisar ter muita paciência.
^^^O que querem saber?^^^
^^^18:59 pm.^^^
Donghae: Como Jun ficou doente?
19:00 pm.
Hyun: Não!
19:00 pm.
Hyun: Temos que saber como eles se conheceram.
Até onde sei, Eun está doente e eles nunca se viram.
19:01 pm.
Donghae: Isso é verdade.
19:02 pm.
Donghae: Explique-se…
19:02 pm.
Eun sente um calafrio percorrer todo o corpo só de lembrar do que aconteceu no fim da tarde de ontem, realmente o novo aluno não bate muito bem da cabeça.
^^^Eu não o conhecia até ele vir aqui, aquele doido.^^^
^^^19:05 pm.^^^
Hyun: Aqui aonde?
19:05 pm.
^^^Na minha casa, né!^^^
^^^19:05 pm.^^^
Donghae: Como ele sabe onde você mora?
19:06 pm.
^^^Eu sei lá, pensei que um de vocês tinha dado o endereço.^^^
^^^19:06 pm.^^^
Hyun: Nem sabíamos que ele tinha ido à sua casa.
19:07 pm.
Donghae: Essa história está muito mal contada.
19:08 pm.
Hyun: Além… Porque ele foi na sua casa?
19:08 pm.
Eun nem percebe, mas está mordendo os lábios, essa conversa está a deixando agitada.
^^^Porque…^^^
^^^19:10 pm.^^^
Donghae: ?
19:10 pm.
^^^Ele duvidou da minha doença.^^^
^^^19:11 pm.^^^
Hyun: Isso foi quando?
19:11 pm.
^^^Ontem, por mensagem.^^^
^^^19:12 pm.^^^
Eun saí do grupo e vai para a conversa que lhe deixa a flor da pele, tira print de tudo e começa a enviar no grupo.
...Print: Conversa com o...
...número +011-82-XXX-XXXX...
Ei!
20:01 pm.
^^^Quem é?^^^
^^^20:15 pm.^^^
Não salva o número do seus colegas?
20:20 pm.
^^^Quem diacho é tu?^^^
^^^20:22 pm.^^^
O sem amigos.
20:22 pm.
^^^Min Jun?^^^
^^^20:23 pm.^^^
Não, o Papai Noel!
20:23 pm.
^^^O que você quer?^^^
^^^20:25 pm.^^^
Você está mesmo doente?
20:26 pm.
^^^Isso não é de respeito seu…^^^
^^^20:28 pm.^^^
Então, é mentira.
20:30 pm.
^^^Não é não.^^^
^^^20:30 pm.^^^
Então… Prova!
20:31 pm.
^^^Eu não!^^^
^^^Não te devo satisfações.^^^
^^^20:35 pm.^^^
Mentirosa.
20:36 pm.
^^^Cê é chato hein!^^^
^^^20:36 pm.^^^
^^^Se quer tanto saber, porque não vem checar.^^^
^^^20:38 pm.^^^
Eun analisa o último print antes de enviar, sente a raiva crescer só de reler as mensagens, realmente acha que Jun tem problemas. Ela toma mais chá que agora está morno, realmente o tempo passa rápido quando se está conversando por celular.
Donghae: Isso explica uma parte da história, é a outra.
19:20 pm.
Hyun: Verdade.
19:20 pm.
Hyun: Como Jun ficou doente? Você não tem relação com isso?
19:21 pm.
^^^Isso…^^^
^^^19:25 pm.^^^
Eun agora sorrir, é uma mistura de medo com gozação, só de lembrar o que aconteceu após a troca de mensagens com Jun. É algo que não deve ser contado por mensagens, Eun então começa uma video chamada, pois será uma resposta hilária do que aconteceu entre ela e Jun.
-Estão preparados?_ questiona Eun de forma misteriosa.
O quarto escuro ajuda na aura de suspense.
.
.
.
A casa está um breu total, não há uma luz acesa. Depois do pequeno corredor de entrada há outro corredor à esquerda, de lá dá para escutar um barulho abafado, como se uma TV estivesse ligada. O som vem de um quarto em específico, que na porta tem a seguinte placa: só bruxos autorizados podem entrar!
Pelo segundo dia consecutivo Eun faz uma barricada, está debaixo das cobertas esperando o pai chegar. O barulho é proveniente do seu celular, está assistindo um drama coreano no último volume e sem fones de ouvido.
Eun funga, mas não sabe se é por conta da gripe ou se foi por conta do leve choro que aconteceu à pouco, uma cena de Goblin a deixou à flor da pele. A cena que assisti agora é de luta, a que a faz duvidar se escutou algo na sua realidade ou no drama.
Só que o barulho é escutado de novo, só que mais alto. Eun da pausa no vídeo, a casa está silenciosa de novo, contudo, o barulho se repete mais uma vez. São batidas na porta, o que faz Eun sair do casulo e olhar para o relógio na cabeceira da cama, passa das 21:00 da noite.
Eun sabe que o pai está fazendo hora extra, os amigos não o visitam sem avisar e não são íntimos dos vizinhos, é anormal alguém bater esse horário da noite.
Ela sai do quarto meio apreensiva, as batidas continuam cada vez mais altas. O pai sempre avisou para ter cuidado com estranhos, até mesmo com os “familiares”, porém, ela sabe que poucas pessoas tem seu endereço atual e o pai também não tem muitos amigos.
Com muita coisa na cabeça, Eun grita:
-Já vai!_ com a voz oscilante.
Como não tem “olho mágico”, Eun abre a porta trêmula.
Do outro lado da porta tem um garoto, ele tem sua idade, é alto, cabelo desgrenhado preto e expressão carrancuda, outro detalhe, ele está usando o uniforme da escola que frequenta. Após esses meros detalhes, não passa despercebido para Eun que ele é muito bonito também, coisa que não vai admitir.
-Pois não?_ questiona com desconfiança.
A expressão de Eun se torna sisuda também após o garoto lhe olhar de cima a baixo, o que a faz ter o reflexo de puxar um pouco a camisa do pijama.
-Estou impressionado._ diz em forma de imputação._ Realmente não presta atenção com quem conversa no celular._ termina no mesmo tom.
Uma voz marcante, mas o tom vez Eun se sentir ainda mais desconfortável. Não lhe passa despercebido o que falou, o que a faz procurar na mente com quem entrou em contato recentemente.
Após alguns segundos a expressão de Eun se torna perturbada.
-Min jun?_ questiona horrorizada e sem decoro algum.
O garoto sorri, um sorriso de puro sarcasmo.
-Não!_ nega com escárnio._ A fada do dentes.
Eun se arrepia, reconheceria essa falta de cortesia em qualquer lugar, mesmo não tendo o visto sequer uma vez.
- O que você está fazendo aqui?_ questiona com rispidez.
Um sinal de alerta se acende na cabeça dela, principalmente como ele conseguiu seu endereço e quem ele pensa que é para ir ali.
-Só checando por mim mesmo._ responde como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
A expressão de lisura em seu rosto faz Eun piscar várias vezes em descrença. Não acredita que o “colega” veio mesmo checar se está doente.
-Isso é sério?_ questiona pasma, se pergunta se não é alguma alucinação ocasionada por alguma febre.
Jun levanta e desce os ombros rapidamente, o famoso “dar de ombros”, que faz Eun ter certeza que o garoto a sua frente está falando com uma seriedade sem igual.
Eun não consegue disfarçar sua repulsa.
-Não pensei que chegaria a este ponto!
-Você me desafiou!_ exclama austero.
-Não fiz isso não._ nega esganiçada.
A expressão de Jun se torna mais sombria, ele começa a procurar algo no blazer azul escuro, ato que deixa Eun muito apreensiva. A guarda de Eun abaixa quando ele tira de um bolso interno o celular.
Com uma expressão de presunção Jun mostra a tela do celular, é uma conversa entre os dois. Eun se recusa a ler novamente aquela “conversa” maluca, só passa o olho de relance e volta sua atenção para Jun novamente, que parece estar bem contente com a informação dada.
-Fez sim._ reafirma com prepotência.
O horror toma conta de Eun por inteira, o seu “colega” com certeza não é uma pessoa “normal”.
-Você tem problemas._ afirma Eun sem escrúpulo algum.
Jun parece não ligar para as palavras e responde:
-A questão não é essa._ diz impaciente._ Você não parece doente._ acusa com ardor.
Eun agora tem a certeza que seu colega é excêntrico, porém, a cólera a domina, pois não irá admitir ser acusada de algo na sua própria casa.
-Como ousa vir a minha casa, é me acusar dessa forma?_ questiona raivosa.
Jun não parece se abalar, pois a questão que quer tratar é outra.
-Você parece muito bem._ fala analisando Eun com os olhos negros.
Eun está a ponto de ter uma síncope, realmente Jun é um garoto sem noção alguma. Jun não liga para os tiques da garota à sua frente, nem para seus punhos se fechando. Com toda paciência do mundo, ele estica o braço na direção de Eun, sua intenção é levar a mão à testa da outra, ato que não se concretiza pois ela dá uma tapa em sua mão.
- O que pensa que está fazendo?_ questiona em tom elevado, está muito brava.
-Conferindo._ responde de forma simples.
Eun está a ponto de chamar a polícia, pois é loucura o que está acontecendo no momento. Porém, antes de começar a gritar algo começa a acontecer, um distúrbio físico. Eun começa a fazer caretas e antes que Jun consiga entender, o ato se concretiza.
Um espirro vem da parte de Eun, na verdade vários, um atrás do outro. Todos eles na direção do rosto de Jun.
Quando Eun obtém o sucesso de parar de espirrar, passa a manga da blusa do pijama no rosto para limpar o catarro, o rosto também está vermelho de tanto esforço.
-Desculpa._ pede com uma pontada de culpa.
Eun olha para Jun que está com o rosto “molhado” e vermelho, mas ela tem uma leve impressão que não é de vergonha.
Cansada e sentindo que o corpo está reagindo à brisa fria, ela simplesmente fecha a porta na cara de Jun, é muita loucura para uma noite só.
Jun olha para a porta pasmo e exclama da mesma maneira:
-Merda!
.
.
.
As expressões de Donghae e Hyun fazem Eun rir mais, contar para eles foi um grande alívio, fora que, um bom motivo para rir.
-O que você acha do Min Jun?_ pergunta em pura insegurança
Eun quase grita, não aguenta mais escutar sobre o novo “colega” de turma.
-Hm… _ resmunga._ Ele é doido._ afirma com sinceridade.
Donghae ri, esperava uma resposta assim para sua pergunta, sabe que os dois não começaram a relação nos conformes.
-Não estou perguntando da mentalidade dele._ comentou risonho._ Estou perguntando da sua aparência física, o que acha dele?_ questiona nervoso.
Eun não vai mentir que foi pega de surpresa, DongDong seria a última pessoa que imaginária está perguntando isso, esperaria até do Hyun, mas de Donghae jamais.
Ela vira a cabeça um pouco para o lado para esconder um leve rubor nas bochechas, essa é a primeira vez que está conversando de garotos com um garoto, isso a deixa bem envergonhada. Apesar de que, confia bastante em DongDong, até mesmo nesses assuntos nunca abordados.
-Aparência?_ questiona sonsamente.
-Sim._ reafirma sem paciência.
Donghae sabe que é Eun que está enrolando agora, o que lhe deixa mais nervoso ainda.
Eun não pode deixar de admitir para si mesma que mesmo com medo, apreensão e fúria, achou, é ainda acha, Jun muito bonito apesar de ser mentalmente excêntrico. Ainda lembra de achar que a tonalidade azul escuro do uniforme combinou bastante com seu tom de pele e cabelo negro como a noite, sem falar na expressão de alguém bem resolvido, maduro.
Donghae percebe que Eun balança a cabeça, ela faz muito isso quando quer afastar pensamentos, para os lados e o rosto fica mais vermelho, o que lhe intriga.
-Ele é decente._ afirma com meia verdade e baixo, odiaria que alguém escutasse que está falando parcialmente bem dele.
-Decente?_ questiona em dúvida.
Eun suspira, sabia que o amigo não ficaria satisfeito com uma resposta tão vaga.
-Sim._ argumenta de modo vago._ O tipo ideal de algumas pessoas._ complementa tirando o seu da reta.
Contudo, a palavra pessoas foi empregada de maneira que trouxe mais angústia a Donghae, pois engloba meninos também.
-Tipo, garotos?_ pergunta com temor.
Enfim a ficha de Eun cai, aquela conversa nunca foi sobre seus sentimentos, o que a faz rir internamente. Ela irá brincar com o amigo um pouco mais.
Eun leva a mão ao queixo e faz uma expressão bem pensativa, de solacio repara que DongDong está bem agitado.
-Creio que sim._ replica de modo vago de novo.
Ela se segura para não rir, vê Donghae angustiado, não é algo cotidiano.
Contudo, a expressão de Donghae muda, passa para uma triste o que faz Eun parar de brincadeira, o assunto agora tomou outras proporções.
-Aconteceu algo?_ indagou preocupada._ Disse algo errado?_ pergunta com pesar.
Eun odeia ver o amigo sofrer, qualquer um deles. Ela observa Donghae abrir a boca, mas nenhum som saiu, sabe que é algo difícil para ele, falar de sentimentos nunca é fácil.
-Vo-Vo…
Ela espera pacientemente, apesar de olhar para ele com grande expectativa.
-Você acha que ele é o tipo ideal do Hyun?_ pergunta de uma vez e rápido.
Donghae vira a cabeça em direção a rua, mas Eun ainda consegui ver que seu rosto está vermelho. Apesar de Hyun nunca ter comentado sobre sua sexualidade, Eun torce para que seja a mesma que a do DongDong, odiaria ver o amigo sofrer ainda mais.
Eun sorri em condolência, adora estar presente nos momentos mais frágeis dos amigos e se acha sortuda por eles compartilharem isso com ela.
-Você inseguro é uma fofura._ diz calmamente e com um sorriso sapeca.
Apesar de parecer ser mais uma zoação, Donghae entende que Eun está e estará sempre ao seu lado, e sempre será grato a ela por isso.
-Isso não respondeu minha pergunta._ comenta estridente.
Eun ri, sabe que às vezes essa sua enrolação com as palavras é maléfica, contudo, sempre a ajuda a colocar as ideias no lugar.
-Tem certas coisas que são impossíveis de acontecer._ afirma com segurança.
Ela olha para Donghae e lhe entrega um sorriso sincero, o que faz o mesmo suspirar aliviado apesar da resposta indireta. Eun se afasta do amigo saltitante, que quer saber mais.
-Eun!_ exclama alto, mas sorridente.
Mas a garota não dá ouvidos e sai caminhando a frente entre o mar de alunos, pulando de alegria. Só aí Donghae percebe, estão bem diante da escola, a conversa realmente prendeu ambos o caminho inteiro.
O que resta a Donghae é rir da sua amiga que saltita ao entrar pelos portões, ele a acompanha mesmo que a distância.
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