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Morando Com A Desilusão

O não já tenho, vou em busca da humilhação

Essa não é mais uma história de amor cheia de grandes momentos românticos, mas sim a história sobre o amor e em todo seu potencial e grandeza. É complicado, mas vou te contar direitinho a história de como terminei com o amor da minha vida, no meio de um caos enorme que minha vida se tornou com o passar dos anos.

Sabe como é, a gente se apaixonada, tentamos fingir um pouco, escondendo nossos defeitos. Sempre dando o nosso melhor, somos simpáticas, fofas,  tentamos mesmo parecer legal, interessante, inteligente. Comigo sempre acaba dando errado ou acabo discutindo com aquele idiota do Guilherme, não adianta. Tempo perdido. Parece que ele tem um dom magico de despertar o pior de mim ou apenas fico nervosa demais perto dele, grande mistério ou nem tanto assim.

Deixa eu fingir educação com você também, nem só o idiota merece. Eu me chamo Sophia França, tenho meus 16 anos. Faço segundo ano do ensino médio, não sou lá um gênio, mas me esforço bastante para conseguir chegar nas minhas metas (com um pouco de dificuldade, mas chegamos lá). Sonho em ser médica, apenas não escolhi a especialização ainda, mas são detalhes, tenho algum tempo.

Sou esse ser. Ruiva, cabelos cacheados, normalmente deixo ele liso mesmo, os cachos costumam me dar um trabalho enorme, mas um dia ainda assumo eles, tenho olhos azuis e com rosto de uma menina de 12 anos. Sim, vamos todos admitir aqui. Sou linda, eu sei, só pareço uma criança e está tudo bem. Eu moro com meu pai, Pedro França, minha mãe morreu quando tinha apenas 5 anos. Lembro poucos momentos relacionados a ela, a maioria estão relacionados a uma pequena pousada, que meu pai é dono, fica bem próximo da cidade.

Nossa família é bem próxima da família Cordeiro, nossas mães eram amigas de infância, pelo que me disseram,  já nossos pais se conheceram no ensino médio e são bastante amigos até hoje também. Fazendo com que tivessem todos um grande vínculo. Desde que me entendo por gente convivo com eles. São como parte da família de alguma forma, parece estranho, mas você vai entender. Assim como eu, eles não tem a mãe presente, mas diferente do meu pai, o Tio Sérgio casou novamente com a Gabriela.

Gabriela, esposa de Sérgio é um pouco (muito, quando digo muito é muito, sem nenhuma generosidade) mais nova que ele, mas o tio é até que bem cuidado. Ela é uma pessoa muito doce e trata todos com carinho, mesmo os filhos do antigo casamento do tio, o Guilherme e a Cecília. Trata todos eles como se fossem  filhos dela. Ah! Ainda tem o Enzo, de 8 anos, filho da união de Gabriela e tio Sérgio. Ele é bem sapeca, mas passa boa parte do tempo no internato, quase nunca vemos ele.

Agora falando do Guilherme e da Cecilia, eles são super unidos. Até mesmo quando estão brigados, eles são unidos. Deus me livre quando brigam, parece o próprio apocalipse. Gui tem 17 anos, está no 3° ano, Ceci com 16, no 2° ano. Estudamos todos na mesma escola. Ceci e eu estamos na mesma sala. Ela sempre foi minha melhor amiga. Somos as irmãs que nunca tivemos. Sempre tivemos coladinhas desde pequenininhas. Bom, já o Gui... Ele merece uma parágrafo próprio.

Pronto, acho que expliquei sobre minha vida ou melhor, quem está nela. Verdade, o mais importante! O Guilherme! O Idiota. Sim, o homem é lindo! Não só lindo, gostoso, inteligente, cavalheiro e podre de rico. Sim, as mulheres vivem aos seus pés. E eu? Sou a amiga de infância que não consegue se aproxima dele sem brigar. Que genial, né?  Quando mais novos, nosso relacionamento era bem mais leve e ele realmente era bem mais doce comigo. Agora só me perturba mesmo sempre que pode. Mesmo estando apenas no ensino médio, já ajuda seu pai na empresa de tecnologia da família deles, conhecida nacionalmente. Entretanto isso nunca atrapalhar seus estudos, ele teve a sorte de nascer com memória fotográfica. Por mais que eu me esforce horrores, acabo ficando no 2° nas notas gerais da escola, ele sempre me ganha sem esforço. Sem nem tocar em um livro. Que ódio enorme que tenho disso.

De qualquer forma, hoje me decidi, como nunca consigo me expressar bem perto dele. Então vou entregar uma carta. Sei que pode parecer brega, mas é meu melhor plano para conseguir dizer o que sinto,  sem acabar mandando ele a merda assim que eu me aproximar dele. Passei a noite escrevendo e reescrevendo. Vai dar certo. Contei meu plano diabólico a Cecília assim que cheguei na escola. A reação foi nada do que imaginei.

— É uma péssima ideia. Tu sempre tem ideias ruins, mas essa superou de longe todas elas. Carta, sério? — Ceci disse me julgando completamente

— Eu ia mandar e-mail, mas vai que ele não abre. Talvez até bloqueada eu seja. — respondi pensando em mandar algo um pouco menos ultrapassado.

— Não era mais fácil só explicar a ele? — Cecilia sugeriu me encarando com um olhar super julgador

— Eu nunca conseguiria, a gente sempre acaba brigando e eu querendo matar ele. Você sabe e eu sei — expliquei me sinto irritada só de pensar na ideia, como acabaria dando errado.

—E como uma carta pode fazer isso dar certo, Sophie? De qualquer forma estarei aqui quando terminar isso.  — Ceci me apoiava, mas estava claro a preocupação com a minha ideia

— Vou fazer agora. Quando ele estiver entrando na escola. Para ele nem ter tempo de se esconder — Falei e corri em direção da portaria.

— O QUÊ? NA FRENTE DE TODOS?! QUE MERDA! GUI VAI DESTRUIR VOCÊ — Cecília gritou correndo para o portão.

*Na porta da escola*

Estou ansiosa para entregar. Estava é um pé e noutro, esperando ele. Quando o vejo. Vou sem medo, com uma coragem que eu nem sabia que existia em mim. O não já tive desde que conheci ele! Acho que estava em busca da humilhação pública. Quanto mais eu penso sobre isso, mas me parece uma péssima ideia, mas não posso desistir agora, já cheguei longe demais para desistir.

— Gui! — Eu gritei e todos ao redor do pátio nos olhavam curiosos

Guilherme parou assim que me ouviu gritar,  todos ao redor fazem o mesmo, nos observando. Quase ninguém tinha intimidade com ele para chamar dessa forma. E muito menos para gritar assim. Ele tinha um respeito enorme na escola. Ia me aproximar, mas Gui se aproximou antes, estava parecendo irritado, mas sempre está quando me aproximo dele ou será que foi porque gritei chamando por ele dessa vez? Acho que logo saberei.

— Toma — entreguei a carta, mas ele nem ao menos segurou.

— O que é? — Gui perguntou me encarando como um idiota que é.

— É idiota? Uma carta. Nunca viu? — Por isso tinha que ser por carta, sempre acaba assim.

— Você entrega uma carta para alguém gritando e chamando ele de idiota? — Gui perguntou me olhando nos olhos, minha raiva estava subindo já, um passo para me descontrolar,

— Aceita logo isso. Você sabe que é idiota mesmo. Não é uma novidade. — que merda que eu estou fazendo, alguém me salva. Isso é um desastre.

— Não preciso ler o que tem escrito aqui. Eu rejeito qualquer coisa que vem de você. Ainda mais vindo dessa forma tão rude. Pode enfiar essa carta.. Bem, você não é idiota. — Gui respondeu se virando, indo em direção à porta. Cecília passa por ele empurrando com todo ódio do mundo ele. Quase derrubando o irmão.

— Era necessário tudo isso? — Cecília perguntou encarando o irmão com raiva

— Deveria ter impedido ela de fazer isso, Cecília. Você conhece nos dois. Sabia como isso iria acabar. O que vocês esperavam? Sério? — Gui respondeu irritado, deixando Cecilia ali e indo para sala de aula.

Eu ignorei todos os olhares para mim. Não me importava na verdade. Apenas me sento no chão e choro. Eu tenho que esquecer esse idiota. Ele é um babaca, me trata como um lixo. Não sei de onde vem esse sentimento torto por alguém que me trata dessa forma. Que tipo de masoquista eu sou?  Cecília se aproxima de mim, estava estampada a preocupação em seu rosto.

— Quando eu disser já a gente corre pelo portão, ok? — Ceci orientou, eu não precisava perguntar muito sobre o que se tratava, era bem claro, a gente ia fugir da escola, certeza que Gui ia pirar e eu adorei a ideia de Cecilia. Gui chateado, eu feliz. Justo.

— Ok — concordei, queria tudo, menos ficar ali também. E o irmão dela puto era uma bela de uma sobremesa agora.

— 1..2...3.. já! — Ceci gritou.

Saímos correndo portão a fora, por sorte o vigilante não estava prestando atenção, o que facilitou muito a fuga. Quando percebeu que tínhamos escapado, já era tarde. Não tinha mais como nos captura.  Não demorou muito, estávamos em direção ao shopping, vamos fazer compras, era uma boa terapia. Tinha um jantar na casa deles hoje. Meu pai e eu vamos para lá. Tínhamos jantares regulares por lá.  Vou esquecer Gui e ainda mostrar o que ele perdeu. Nada que uma roupa e um novo corte de cabelo não resolva. Ninguém esnoba meus sentimentos dessa forma.

O meus pensamentos são interrompidos pelo celular de Cecília, ela atende no viva voz. Se eu era ruim, Cecilia era 10x pior. Era a reencarnação da vingança.  Era Guilherme na ligação. Eu gostava da voz dele, difícil esquecer quando até a voz do cara é gostosa. Ah! Sophie sem jeito.

...*CHAMADA ON*...

— Oi — Ceci atendeu parecendo desinteressada

— Onde você está, pirralha?  Você perdeu o juízo que nunca teve — Gui estava puto, sabia que ia ficar assim. Cecília já estava rindo.

— Uns garotos nos chamaram para sair e eu estava de bobeira e com... — Cecilia respondeu e eu fiquei me perguntando, será que o moço do Uber conta como garotos?

— Nós? — Gui interrompeu parecendo preocupado

— Eu e a Sophie, acho que vamos para uma boate depois daqui — Ceci disse segurando a risada

—  Traga a Sophie para escola, agora. — Gui ordenou a Cecilia que gargalhou com a ordem

— Não quero, estou curtindo. Até o jantar, Gui. Beijos — Ceci desligou na cara dele

Caímos na gargalhada. Era bom ser melhor amiga da irmã do cara que te deu um fora. Era fácil se vingar dele assim. Compramos umas roupas, passamos no salão,  depois e fui direto para casa da Cecília. Iria me arrumar lá para o jantar de logo mais.

#PartiuBalada

Corremos para o quarto assim que chegamos. Conhecendo o Guilherme, ele vai chegar arrombado a porta. Eu fui primeiro e arrumar, queria está bela quando chegasse fazendo seu show esperado. Sai só de lingerie para me maquiar e deixei a Cecília tomar banho dela. Levei um susto enorme quando a porta se abriu, me desequilibrei  e acabei sendo apoiada pela parede. Parede sempre salvando vidas. Quando vi quem era que tinha entrado, meti carão! Virei a cara. Já tinha passado humilhação hoje, agora é minha vez de fazer raiva.

— Quando tiver satisfeito de olhar avisa, preciso terminar de me arrumar. — Eu falei debochada, já que seus olhos não saiam do meu corpo e ele não tinham reação.

Gui demorou um tempo para responder, estava um pouco em choque, o que deixou tudo ainda mais divertido.

— Troquem de roupa, quero falar com as duas. Estarei lá na sala. — Gui falou bateu a porta com ódio e eu gargalhei. Missão completa.

— O que aconteceu? — Cecília saiu preocupada do banheiro enrolada em uma toalha com a pancada da porta

— O seu irmão me pegou de lingerie e se desorientou um pouco. Disse que quer as duas lá na sala — falei vestindo a roupa, tentando controlar os risos.

— Se é isso que ele quer, vamos. Ele terá o que deseja, amiga — Ceci falou com sorriso um malicioso. Terminamos de nos arrumar e descemos. Gui estava lindo. Ele sempre está lindo, tenho que admitir.

— Se liga, amiga, não pode deixar a peteca cair. Babar por ele é errado Ele vai ter que sofrer pelo pecado que cometeu com você. Não facilita para ele. — Cecília falou me dando uma tapa na cabeça

— Sim — Farei ele sofrer, é um jogo mais justo, mas que está gato, está. Não posso negar.

Quando descemos as escadas, já estão todos na sala. Meu pai, o deles dois e Gabriela. Guilherme levanta na hora que nos ver, podia ver a raiva nos seus olhos. Ceci estava certa, era uma boa forma de vingança.

— Que roupa é essa, vocês duas ? — Gui perguntou irritado e eu só conseguia dar risada da reação dele.

— Aí, irmão que alarde por nada. Depois do jantar vamos a uma boate. Eu te disse — Cecilia respondeu sorrindo para ele, tenho certeza que sabia que era vingança.

— As senhoras vão vestidas desse jeito para uma boate? De forma alguma.— Guilherme fala me olhando dos pés a cabeça, negando com a cabeça a ideia.

— Você é o que meu mesmo, Guilherme ? Verdade. ABSOLUTAMENTE NADA! Então deixe minha roupa. Pai, o que acha? — sorri para meu pai que estava vendo a cena sem entender nada.

— Você está divina. As duas estão maravilhosa. — Meu pai respondeu olhando para nós duas

Olhei para o Gui com um sorriso de vitória e passei bem pertinho dele. É o máximo que ele  vai chegar perto hoje. Vai aprender que não se mexe com mulheres.  Ainda mais aquelas que podem dar um troco bem dado nele.

– Gente, eu e Pedro temos algumas coisas para conversas com vocês antes do jantar podem sentar — Tio Sérgio estava sério, o que me preocupou um pouco.

— Eu terei que fazer uma viagem longa para cuidar da minha irmã que fará tratamento. Devo ficar fora por volta de um  ou dois anos, para não atrapalhar os estudos de Sophie, o Sérgio disse que ela poderia ficar aqui até terminar os estudos — meu pai me olhava esperando minha reação, mas eu estava em choque total. Não esperava isso.

— Vocês sabem desde pequenos, que Sophia era prometida ao Guilherme, entretanto, não queremos forçar esse casamento. Esse ano que vão morar junto podem mudar a visão que um outro, caso contrário, cada um segue o seu caminho. Não precisaram ficar juntos. Estarão livres para tocar a vida como bem queiram — Sérgio explicou olhando para Guilherme

— Como assim? — perguntei sem entender bem onde Sergio queria chegar

— Somos donos de uma empresa que agregaria muito um casamento comercial-politico e você iria morar com o seu pai, junto com sua tia. A vida de vocês mudariam de rumo. Sempre tiveram perto e tempo para decidirem. Agora será a última oportunidade. — Sérgio respondeu. Não aguentei ouvir aquilo. Eu sei como vai terminar. Guilherme já decidiu. E eu não vou mesmo perder meu tempo mais batendo na mesma tecla que já estava quebrada a muito tempo.

Eu me levantei e peguei minha bolsa, estava indo em direção à porta

— Filha, onde você está indo, não jantamos — Meu pai questionou.

— Perdi a fome. Você vem comigo, Cecília? — Falei sem olhar para trás, meus olhos estavam cheios de lágrimas. Não queria encarar nenhum deles.

— Sim, vou pegar apenas pegar minha bolsa. — Ceci respondeu. A sala não dizia mais nada.

Estávamos saindo de casa, quando estava para entrar no Uber , senti uma mão puxando meu braço. Era o Guilherme. Ele me pressionava contra o carro. Me encara com um olhar sério.

— Sophie, o que você tá fazendo? Para onde você tá indo? — Gui me perguntou sem tirar os olhos dos meus.

— Boate — Não queria falar.  Não podia. Iria acabar chorando. E já tinha prometido não chorar mais por esse idiota.

— Cecília, tem certeza? — Gui insistiu olhando para Cecília que já estava entrando no carro, ela acenou confirmando, parecia triste e desanimada.

Gui me soltou e pegou o telefone. Saiu sem falar nada comigo. Nunca vou entender ele. Nunca. Chegamos a boate. Minha vontade de chorar estava enorme. Parecia que estava com um nó preso. Eu fui para o bar, queria descer as lagrimas com uma batida de limão bem gelada. Cecília não falava nada, ela só me olhava. Ela sabia que quando eu quisesse falar, eu falaria na hora certa.

— Garçom, duas caipirinhas— Pedi piscando para ele.

— Você vai beber? — Ceci perguntou assustada.

— Não, nos vamos beber — Falei entregando a bebida a ela, enquanto me encarava tentando me entender.

Depois da terceira caipirinha, ela já não me olhava mais. Nem eu olhava mais ela. Estávamos dançando no meio da pista quando um pedaço de mal caminho, melhor dizendo, o mal caminho todo se aproxima me chamando para dançar. A mãe dele está de parabéns. Vou te contar. Alguém joga água e apaga esse meu fogo.

— Hey, ruivinha, posso te pagar outro drink? — O gostoso me perguntou  me olhando com desejo

— Se tu me olha desse jeito é difícil eu dizer não — brinquei com ele

— Anotado. Vamos — O homem disse segurando na minha cintura e nos direcionamos ao bar.

Conversa vai, conversa vem. Perdi Cecilia de vista e só conseguia ver aquele homem na minha frente. Que se dane, Guilherme, né? Ele alisou meu cabelo, rosto, colocou a mão na minha cintura e me puxou para o colo dele. Pensei. Agora a boca está perto. Quando nossos lábios estavam perto de se encontrar, só sinto alguém me puxando pela cintura para longe do mal caminho.  Fiquei triste. Estava tão bom.

— Que porra é essa — O cara perguntou olhando para meu lado

— Eu que pergunto, que merda é essa, Sophie? — Guilherme me olhou com puro ódio e eu só quis ri dele.

– O cara era mo gostoso.  Eu estava completamente de bobeira. Tu é mane e fica fazendo doce. Cansei de perder meu tempo com suas frescuras. Deu bobeira, outro vem dá assistência — falei voltando em direção ao colo do mal caminho.

— Você vai volta para casa comigo agora! — Gui me olhou com o olhar, aquele olhar que eu não posso revidar. Ele era muito gostoso. Não podia bater de frente muito tempo.

— Desculpa, mal caminho. Acho que vai ficar para próxima— Falei indo em direção ao bar

— Eu falei que estávamos indo para casa. — Guilherme parecia bem mais calmo agora que eu tinha me afastado do mal caminho.

— O que ganho? — Se perdi o mal caminho, queria algo em troca. Era justo. Não ia ficar no prejuízo.

— Não me irritar mais com você? Acho um bom ganho — Guilherme falou sorrindo me olhando

– Prefiro sentar no colo de um desconhecido, deixar você com raiva e me deixar finalmente ser beijada. Cansada de esperar sua boca. Ela parece muito boa, mas não merece tanto esforço e espera. Você nem é tudo isso. Se eu continuar guardando minhas primeiras vezes para você vou morrer sem, Guilherme. — Disse indo em direção à porta. A noite tinha terminado de qualquer forma. Gui não me deixaria fazer mais nada.

— Posso te dar um beijo, te levar para casa no colo e não teremos nada. Não crie expectativa — Gui disse me olhando bem sério e eu ri da cara dele.

— Você é péssimo. Destrói o clima totalmente —  falei rindo da cara dele, que tentava ao máximo ser sério em uma boate com uma bêbada

Empurrei ele em um banco, sentei no seu colo, senti o seu cheiro, me arrepiei completamente. E o beijei. Finalmente o beijei. Queria não está tão bêbada.  Ele havia oferecido beijo e colo. Vou pegar como eu quero. Parecia que algo tinha acedido em mim. Viva a caipirinha. Eu rebolei no colo dele. Já estava fora do controle.  Ele começou a gargalhar e me pegou nos braços.

— Gui — falei no ouvido dele, quase sussurrando, percebi ele se arrepiando

— Oi — Gui me olhou com o mesmo sorriso de antigamente, eu amo esse sorriso meigo dele

— Eu prometo que vou te esquecer — Eu falei o me abraçando forte ele. Eu sei, falo uma coisa e minhas ações dizem outras. Sou confusa mesmo.

— Sabe que você nunca vai conseguir isso – Gui disse me olhando

— Eu vou. Eu posso. Farei isso. — Olhei para ele com os olhos cheios de lágrima

Gui passou o braço e me aproximou mais dele. Era aconchegante. O cheiro dele era o melhor. Na verdade, tudo dele é maravilhoso.

— Eu não vou deixar isso acontecer.  —  Gui sussurrou bem baixo no meu ouvido

— O que disse? — eu perguntei a ele.

— Que você parece uma criança — Gui respondeu rindo. Faço biquinho por ele ter dito isso.

— Agora parece muito mais – Gui sorriu. Eu me perco nesse sorriso dele. Ele joga baixo comigo. Sabe como me derrubar.

Ressaca

Acordei, mas não indico. A luz parece que tá vinte vez mais forte que o normal, o sons mais altos e uma dor de cabeça infernal.

— Será que virei um mutante?— Perguntei olhando para as escadas com preguiça de descer. Me sentia desnorteada.

— Não é apenas ressaca. Desça. Está tarde. Estão todos lá — Gui falou arrumado, descendo as escadas já na minha frente.

— Guiii — falo com voz manhosa para ele

— Oi? — Gui me olha confuso

— Me leva? — faço carinha fofa para ele, mas como sempre, falha

— Não. Deixa de preguiça e desce. — Gui respondeu rindo

Naquela hora, estava entrando um amigo de Guilherme na casa, porque não fazer raiva a ele, quem mandou não ser meigo e me carregar de ressaca. O bônus: estou de baby doll e sei que ele odeia que me vejam assim.

— Alô! ô Com cabelo! — Gritei. Os dois me olharam confusos

— Eu? — O amigo perguntou confuso

— Sophie.. — Gui já estava murmurando baixo meu nome. Sabia exatamente o que eu ia aprontar. Vingança se come quente também.

— Você parece tão forte e atlético. Queria testar sua força. Pode me levar até a sala de jantar? — falei sorrindo para ele

— Posso, claro — O amigo concordou confuso, mas sorrindo de volta.

Entretanto, antes que eu desse um passo,  Guilherme já estava me puxando e me pegando em seus braços. Sabia. Nunca falha. Estava sendo levada para a sala de jantar nos braços. Ele estava puto? Estava. Mas eu venci.

— Eu adoro está em seus braços. São os melhores — sussurro em seu ouvido e beijei o seu pescoço. Vendo ele se arrepiar.

— Sophie, anda brincando com fogo você. — Gui falou me encarando com ódio

— Tudo bem. Vou já para piscina. Estarei muito segura lá — sorri para ele.

Gui sabia exatamente o que queria dizer. E estava nesse momento se  amaldiçoando  por convidar alguns amigos, logo hoje que estou chateada com ele para visitar. Ele sabia que seria um dia infernal. Tomei um café da manhã bem demorado e reforçado. Perguntei da Cecília, me disseram que já estava na piscina. Fui trocar de roupa e desci para onde estava a galera. Assim que entrei na área da piscina todos me olharam.

Me perguntei se tinha algo errado em mim. Logo esqueci dos olhares com os gritos da Cecília.

— GOSTOSA! OH LÁ EM CASA. Oh já tá na minha casa — Ceci gritava,  rindo sozinha

Fui para o lado dela, tinha três garotos, um estava bem perto dela. Agora sei o motivo de perder ela na boate, acho que fui eu que levei um perdido.

— Sophie, esse são Marcos, David e Thiago — Ceco falou olhando e sorrindo para o Thiago

— Entendi — sorri para ela, sabia bem o que queria dizer com aquele sorriso safado dela — Eu sou a Sophie, como ela apresentou.

Começamos a conversar, trocamos altos papos, descobri que eu e Marcos realmente temos muitas coisas em comum. Gostamos dos mesmos filmes, séries, animes, livros e até as músicas. Ele estava me olhando e acabei olhando de volta. Até que Cecília me quebra o meu pensamento.

— Meu irmão já foi trocado — Cecilia falou fazendo careta

— Bem queria que fosse fácil assim — eu disse jogando a cabeça para trás

— Você nunca tentou esquecer ele. Você nunca quis. E talvez nunca queira — Ceci falou e eu olho para Guilherme. Ele percebe, eu desvio o olhar. Logo volto o meu olhar  para o Marcos, pensando sobre o assunto.

— Sim, eu deveria tentar. Seu irmão nunca olharia para mim. — Falei chateada com meu pensamento. Não gosto de pensar assim..

— Acho que o problema...  — Ceci dizia, mas antes que ela pudesse falar saio da piscina. Percebo a troca de olhares de Cecília e Guilherme.

— A gata foi embora — Thiago na rodinha com os outros meninos

— Se minha irmã te ouve, tu vai se arrepender do dia que decidiu beijar ela naquela boate — Guilherme fala rindo e Thiago fica com medo. Não sabia se era de Guilherme ou Cecilia.

— Guilherme — Marcos encarando ele sério

— Fala cara — Gui disse olhando de volta

— Vou chamar Sophie para sair. — Marcos fala sem tirar o olhar do Gui

O semblante de Guilherme mudou na hora. Cecília percebeu e correu para ver de perto o que estava acontecendo. Ela conhecia o irmão, sabia bem que cara era aquela: cadeia na certa.

— O que rolou? — Ceci perguntou se aproximando da rodinha dos meninos.

Ninguém respondeu. Ceci puxou a gola de Guilherme e perguntou novamente.

— Conheço essa cara. E quero saber o que rolou? AGORA! — Ceci gritou com o irmão

Eu estava vendo a agitação, fui olhar o que era e ninguém prestou atenção na minha aproximação.

— Eu disse que ia chamar Sophie para sair — Marcos rompeu o silêncio que foi quebrado comigo derrubando um copo que estava bebendo suco.

— Sophie? — Cecília, Marcos e Guilherme levantaram, falando na mesma hora.

Cecília nervosa com a situação colocou o dedo na cara de Marcos e disse.

— Não se atreve a chegar perto dela. Você me ouviu bem? — Cecilia virou e saiu atrás de mim.

Guilherme se sentiu aliviado, pelo menos por enquanto, até Thiago soltar.

— Eu acabei de me apaixonar por Cecília — Thiago falou, deixando a paz de Gui acabar

— Eu não tenho um minuto de paz  quando envolve aquelas duas — Gui  falou colocando a mão na cabeça e rindo.

Marcos puxa Guilherme que estava entrando e pergunta .

— Abre o jogo. Ela sempre viveu na sua casa. Agora mora com vocês. O que ela é para você ? — Marcos perguntou encarando Guilherme

— Deveria ser minha futura esposa. Se me der licença. Já deu por hoje.  — Guilherme respondeu suspirando se afastando, indo em direção da porta de casa. Estava odiando toda essa confusão que estava se armando no que era para ser um sábado tranquilo . Ele acabou ouvindo o final da minha conversa com Cecilia.

— Eu vou. Dessa vez eu irei. Nunca tentei ou quis esquecer ele. Nunca pensei ter outra pessoa. O amigo dele falou algo e ele não disse nada. Ele não se importa que saio, beijo ou vou para cama com alguém, Cecilia. — Eu falava, mas algo nessa fala incomodou muito o Gui, ele deu um chute e arrombou a porta, me assustando.

— Me diz. O que era para eu fazer? Socar ele? Com que justificativa? Ele não tinha feito nada. Que argumento daria? Fomos destinados pelos nossos pais e convivemos juntos desde pequeno? ME DIZ O QUE PORRA QUERIA QUE EU FIZESSE COM ALGUÉM QUE VOCÊ DEU BOLA E ELE QUERIA INVESTIR? Posso apenas bater e gritar com ele. Então me poupe de todo drama. Eu não fico dando em cima de ninguém ou querendo sair com pessoas enquanto não sei sobre nós ou estamos definidos. Pelo menos respeito nossa situação. Diferente de você. — Gui  falou e bateu a porta com raiva antes de sair.

— Cecília, verdade, nunca vi seu irmão com ninguém ou dando cabimento. A única garota na escola que se aproxima dele sou eu — nunca tinha reparado, mas era verdade.

— Sim, papai sempre disse que vocês eram noivos. Guilherme sabe que tudo é confuso entre vocês, mas sente que seria traição outra pessoa, já que o fizeram noivo antes dele ter direito de decidir algo ou é só uma desculpa para não ficar com ninguém. Vai saber. — Cecília me explicou  — Você está bem?

— Sim, estou. O Guilherme está certo, ele não podia fazer nada. —  Eu falei desanimada. Arrumei um problemão por nada.

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