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Sobreviventes Do Caos

Capítulo 1. Apocalipse

A batalha no céu estava acirrada, anjos lutavam contra guardiões. Seria uma batalha ganha pelos anjos, se os guardiões também não fossem anjos.

A diferença era na posição de cada um, os anjos eram querubins que faziam parte do exército celestial. Já os guardiões, eram anjos destinados a proteger a vida dos humanos.

Esta batalha iniciou pela desobediência e inveja de um único querubim, que foi contra as leis celestiais e ousou afrontar e tentar destruir os humanos. Não dava para saber ainda, qual dos dois lados ganharia. Tanto anjos como guardiões, despencavam do céu, caindo na Terra.

A batalha estava intensa na Terra também, eram os homens, magos e feiticeiros, contra vampiros e lobisomens e outras espécies. Era uma luta muito desigual, mas haviam guardiões lutando ao lado dos humanos. Em meio a toda a desgraça de cidades destruídas, corpos espalhados, incêndios em todo canto, uma família fugia.

Era uma família especial, carregavam uma bebê, recém nascida ali mesmo no meio da batalha. Sua mãe não teve tempo sequer de descansar, envolveu a pequena em um pano qualquer e forrando-se, correu em meio ao tumulto, tentando se afastar o máximo possível, enquanto o pai batalhava para lhes dar uma chance de escaparem.

Estava exausta quando chegou ao sopé de um alto monte e parou, oculta pela mata e escorada em uma árvore. A bebê estava inquieta e procurando seu peito, que ela desnudou e deixou-a mamar. Não percebeu que estava sangrando muito e findou por desfalecer.

A batalha continuou até que nuvens densas surgiram no céu e raios queimavam anjos e guardiões, dissipando a batalha, pois todos voaram rápido, fugindo da tempestade de raios que inundava o lugar.

Na Terra foi o mesmo e vários guardiões voaram para longe, enquanto os feiticeiros incendiavam os corpos dos mortos espalhados pelo chão. A maioria dos seres viventes havia morrido, mas a guerra não teve vencedores.

A chuva só caiu quando todos os corpos haviam virado cinzas e lavou tudo. Inclusive o corpo da mulher que havia morrido amamentando sua filha. Uma feiticeira fugida que passou por ali, percebeu a mulher morta, ouviu o resmungo do bebê e parou.

Não teve dúvidas em pegar a pequena, pois lhe teria alguma serventia. Continuou seu caminho subindo o monte e se embrenhando pelo lado rochoso, passou por uma falha entre as rochas, entrando em uma caverna e continuou, se aprofundando cada vez mais, até alcançar uma série de túneis e entrar por um deles, específico para chegar onde queria.

A bebê foi posta sobre um balcão, no lugar para onde a feiticeira a havia levado.

— O que quer que eu faça com isso? — Perguntou o atendente, um homem atarracado, com aspecto indolente, cabelos grudados com pasta e um pequeno óculos na ponta do nariz, ajudavam seus olhos pequenos a enxergarem a bebê.

— Você, eu não sei, mas se a feiticeira me vender , eu compro  — ofereceu um mercador de escravos que acabara de chegar.

— Com todo prazer. Ela é filha de uma humana que morreu no parto.

— Ótimo! Assim não terei surpresas — deu um saco de moedas a ela, pegou o embrulho e se retirou.

Em meio a destroços e dejetos, entre espécies diferentes, a criança que recebeu o nome de Ava, sobreviveu. Escravizada, na clausura, sofrendo maus tratos e torturas, foi crescendo dentro de si, a revolta e o desejo de fugir daquele lugar, mesmo sem saber se existia algo melhor. 

Sua essência era a mais pura, mas sua criação, a mais impura. 

Sensações que se chocavam dentro dela e lutavam entre si para sobreviver e a despertavam para uma vida bem diferente da que vivia.

Não conhecia uma vida diferente para poder comparar, por isso tornou-se uma rotina dolorosa e cruel, viver daquela maneira todos os dias. Não tinha o mínimo de suas necessidades satisfeitas.

Passava frio e fome. No inverno precisava dormir agarrada com outros escravos, para se aquecer, mas conforme foi crescendo e vieram os abusos, começou a se isolar e mesmo com frio, não se encostava mais em ninguém.

Estava sempre olhando para o chão, com os cabelos lhe cobrindo o rosto e a sujeira, assim como as roupas masculinas grandes, escondiam sua feminilidade. Por ser muito magra, aproveitava o tempo de sono, para se embrenhar pelos túneis mais estreitos e assim criou um mapa e descobriu como sair daquele lugar.

Notou que seu corpo estava mudando e precisava escapar antes de não caber mais naqueles túneis. Foi o que fez. Aproveitou o dia da mudança, onde trocavam todos os escravos de lugar, para que não decorar como era o lugar e assim como ela estava fazendo, tentassem fugir.

Na passagem de um grupo para o outro, ela aproveitou a confusão e escapou por um buraco que daria em um dos túneis mais estreitos e esperou a hora do sono, quando todos dormiam, foi quando se arrastou e saiu finalmente daquele lugar  

Quando enfim conseguiu sair, descobriu que o mundo do lado de fora era tão  diferente da prisão onde estava, que não conseguia saber para onde iria e dentro dela surgiu um desespero e pela primeira vez, ficou sem ação.

Olhou para o céu, ao qual nunca tinha visto e pensou:

"O que eu faço agora, para onde vou, como vou sobreviver aqui?"

Estava começando a pensar em desistir e voltar, quando ouviu uma voz em sua mente que dizia:

"Desça, corra, desça"

Então ela olhou para baixo e percebeu que realmente estava em uma elevação e não viu isso, porque estava escuro. Iniciou a descida, com cuidado, pois era um caminho íngreme e não conseguia enxergá-lo bem.

Passou horas descendo e depois andando por uma terra seca e árida, até chegar em uma floresta, já estava clareando o dia e ela podia enfim avistar toda aquela beleza que não sabia que existia. Ela também não imaginava que fora ali que ela perdeu sua mãe e fora levada. Continuou andando e avistou frutos em uma árvore diferente, conhecia-os por já tê-los comido. Era raro, mas às vezes trocavam o mingau por essas frutas.

Ela deu um jeito de agarrar o imenso rabo que tinha o cacho e puxou, se pendurando e derrubando a "árvore". Deu a sorte das frutas não estarem verdes e após derrubar tudo no chão, comeu várias. Mais tarde descobriria que eram bananas e não era bom comer tantas de uma vez.

*

Um ser alado, alheio a tudo o que acontece no mundo, dormia o sono dos desesperançados, até que seu coração começou a bater devagar e ele despertou. 

Ela chegou!

*

Sobrevivendo, lutando, correndo atrás do que foi perdido, ela descobre quem verdadeiramente é e usa tudo que tem, para se tornar a guardiã dos atravessadores. Davam esse nome àqueles que conseguiam fugir do cárcere e encontravam a saída do labirinto de túneis subterrâneos, chegando a uma superfície árdua e desprovida de tudo. A Fronteira.

Capítulo 2. Terra Escaldante

Olhando do topo do monte árido, Ava esquadrinhava cada canto do deserto quente, muito quente, ao ponto da terra vermelha parecer lava escaldante. Ninguém ousaria passar por aquele lugar, naquela hora específica, quando o sol estava a pino e não havia uma sombra sequer por milhas de distância. Era com isso que contavam os algozes das vidas escravizadas no interior da montanha. Mas ela conseguiu e desde que descobriu sua força, a centenas de anos atrás, fazia plantão ali, para ajudar os que conseguiam sair.

Aquele era o melhor momento, a hora do banho quinzenal, quando todos passavam pela área mais propícia de sair. Atenta, ela viu duas coisinhas miúdas, saindo por um buraco, cegadas pela luz solar, não conseguiam enxergar nada, pelo contraste entre a escuridão onde estavam e a luz extrema onde saíram. Teve pena deles e se jogou. Suas imensas asas brancas se abriram, reluzentes e limpas e planou até chegar neles.

Nem parou, apenas os abraçou, um em cada braço e falou baixinho:

— Não tenham medo, vou levá-los a um lugar seguro. Agarrem em mim.

Subiu e voou rápido, com os pequenos braços agarrando onde conseguiam, em seu corpo. Voou sobre a terra quente, que formavam imagens enganosas com as ondas de calor que subiam do solo. Ultrapassou o deserto e chegou a montanha verde, como chamava a cadeia de elevações, cobertas de florestas tropicais, que contrastavam totalmente, com a montanha árida de onde vieram.

Desceu devagar por entre as árvores, desviando dos galhos, até pousar ao lado de um riacho d'água fresca, que brotava da terra, no alto da montanha. Mais acima, esse mesmo riacho, formava várias cachoeiras, lindas e frescas, que alimentavam os animais e plantas do lugar. Pousou as crianças na beira do riacho e os empurrou para a água. Deu um assobio e alguns jovens surgiram e foram ajudar os pequenos em seu primeiro banho fora da prisão.

Um deles se virou para sua salvadora e falou:

— Fatou Trash. — disse o menino, que não tinha mais que quatro anos.

— Tem mais um?

— Sim — respondeu a menina, que parecia sua gêmea.

— Só ele?

— Sim.

Ela bebeu um pouco d'água do riacho e levantou vôo novamente. Dessa vez subiu mais alto e voou mais rápido, não queria perder nem uma vida mais. Foram muitos que perdeu até aquele momento. Avistou o garoto de longe, ele já havia descido a montanha e começava a correr na terra ardentes. Ela deu uma rasante e agarrou-o por trás, erguendo-o do chão. O jovem franzino começou a se debater.

— Vou levá-lo até os pequenos, fique quieto.

Ele se aquietou e se deixou levar. Os braços dela estavam cansados e ela pediu que ele se virasse e a segurasse com pernas e braços e assim ele fez.

— Você salva os fugitivos? — falava alto, tentando vencer o vento.

— Sempre que os encontro.

— Ajudei outros, será que conseguiram?

— Verá quando chegarmos, poderá procurar.

Mais uma vez ela desceu e pousou ao lado do riacho e o empurrou para a água. Os pequenos não estavam mais ali, mas dois jovens esperavam. Ajudaram o jovem, que devia ter uns 18 anos a se limpar e vestir. Eles chegavam muito fracos e debilitados, demoravam a se acostumar a andar erguidos e tinham dificuldade com a claridade. Por isso precisavam de ajuda. 

Ava olhou para o alto, admirando a majestade das árvores imponentes, que ocultavam e protegiam aquele lugar. Subiu pela trilha do riacho e chegou nas cachoeiras e entrou debaixo da queda mais alta e se refrescou por um bom tempo, deixando a água gelada descer por sua cabeça e corpo, aliviando a tenção e massageando os músculos, suas pesadas asas, mais pesadas ficaram, mas ela aguentou até sair e sacudi-las, tirando o excesso e depois terminou de secar ao sol.

Sentiu seu coração palpitar forte e a sua carne tremer, ele a chamava. Mas enquanto estivesse acorrentado profundamente dentro da montanha, ela estaria segura. Durante muitos anos, seu sangue, como o de muitas crianças, o alimentou, mas desde que ela conseguiu fugir, sentia seu chamado. Não podia se deixar amedrontar pelo chamado, mas permanecer confiante de que ele não conseguiria fugir.

Depois de seca, foi em direção às precárias construções em que habitavam. Eram feitas na encosta do morro, na área externa das cavernas existentes ali. Eram uma junção de troncos e folhagens, atados com cipós finos e verdes, que quando secavam, endureciam e firmavam. Naquela terra, tudo era precário, viviam em uma época pós apocalipse e tudo que tinham de valor eram a si mesmos, a natureza e escombros.

Quando ela chegou e entrou em uma das cavernas, foi uma festa, crianças de vários tamanhos e jovens vieram abraçá-la pelas pernas, braços e asas e ela se viu cercada de carinho e amor. Depois, todos voltaram aos seus lugares, que eram mesas e bancos, também precários, esperando para fazerem a refeição. Ficou observando tudo e lembrando de quando era só uma criança e precisou enfrentar tudo sozinha.

Da época que fugiu até o momento presente, se passaram séculos. As crianças que conseguiram fugir depois dela, já haviam crescido e formado suas famílias. Os humanos, morreram com a idade e os sobrenaturais, continuavam comandando suas famílias e conforme cresceram, se apartaram do núcleo de Ava e formaram seus próprios núcleos familiares, não tão distantes, mas em outras cavernas ou construindo suas próprias cabanas em meio a floresta. 

Desta forma, ficavam com Ava, só seus auxiliares diretos e os resgatados mais recentes. Os auxiliares também tinham seus filhotes, mas por serem mais novos, não tinham necessidade de outra moradia, sendo a caverna, tão grande. Trash também ficou curioso com todas aquelas crianças e com a organização. Identificou objetos que nunca havia visto na vida, como os recipientes onde eram feitas as refeições quentes, que mais tarde soube serem panelas.

— Está admirado com tanta coisa que nunca viu? — perguntou Ava.

— Leu meu pensamento?

— Quase isso, li suas expressões.

— De onde vem tudo isso?

— Tive muito tempo depois que fugi e minhas asas apareceram, para conhecer o mundo e trouxe várias coisas dos escombros do antigo mundo. Algumas crianças sobrenaturais, hoje adultos, lembravam das coisas e nos disseram o que era e para quê serviam, como as panelas pratos e talheres.

— Acho que tenho muito a aprender.

— Sim, teremos muitas conversas, Trash. Eu estava esperando por uma pessoa como você. Vejo seu interesse genuíno por tudo e seu esforço para salvar vários dos que estão aqui. Essa qualidade será muito útil para nós.

Ele sorriu, ao observar algumas crianças que sequer lembravam dele, mas que estavam ali, salvas.

— Você fica lá na montanha, vigiando todos os dias?

— Não, só nos dias de banho e limpeza.

— Você é esperta…

— Foi como fugi.

— Você também foi escrava? — perguntou Trash, olhando para ela admirado, sem acreditar que um ser tão maravilhoso, pudesse ter sido escravo naquele lugar miserável.

capítulo 3. Ligação

Em um solo coberto de seixos polidos, seus pés descalços pisavam as imensas pedras preciosas, alisadas e reluzentes, que formavam um caminho que levava ao precipício. Não podia olhar para trás, correndo o risco de desistir e não pular. O imenso jardim, fresco, colorido e brilhante pela luz tão clara, que quase cegava, era o lugar perfeito para se viver pela eternidade. Mas ele tinha uma missão a cumprir, salvar o planeta Terra e a humanidade.

Pulou e enquanto caía, seu vestido branco e imaculado, foi trocado por uma armadura blindada, seus pés calçados com coturnos com presilhas, um cinturão prendia sua espada e suas imensas asas negras se abriram, fazendo-o planar no céu azul e aproximando-o das nuvens, que tinham aparência de estalagmites de algodão, consolou-se com a imagem que bloqueava a realidade da guerra que acontecia lá embaixo.

Quando passou pela camada de nuvens, imediatamente entrou na guerra e o caos quase o absorveu. Desembainhou sua espada e se posicionou para lutar, foram momentos que pareciam eternos, adversário após adversário era abatido por ele e de repente, se viu cara a cara com o causador de tudo e lutou bravamente, mas quando estava dando o golpe final derrubando o inimigo, algo aconteceu e não viu o que foi.

Quando acordou, estava preso em um lugar escuro, parecido com uma caverna, preso com braçadeiras ligadas a correntes, pelos tornozelos e pulsos. Elas permitiam que se movesse a uma certa distância, mas, por mais que se esforçasse, não conseguia se libertar. Cheirou e provou o ar e percebeu uma magia poderosa, formando um domo a sua volta, que o impedia de sair. O tempo passou e ele não tinha como precisar quanto, só que era muito e ele continuava ali.

Traziam alimento para ele, mas o desacordavam antes de colocar os jarros de sangue, dentro do domo. Como sabiam o que dar a ele, ele não sabia, mas agradecia pelo sangue fresco e potente que tomava, pois lhe dava força para resistir, até encontrar uma forma de sair daquele lugar. Seu consolo foi encontrar, durante um bom tempo, um poderoso ingrediente misturado ao sangue, uma centelha divina, que com certeza, seus algozes não sabiam que estava ali.

E quando ele hibernava, sonhava com a dona daquela centelha, sua companheira. Aquela que foi feita especialmente para ele e que possuía a chave para abrir o poder que trazia oculto dentro de si, para executar a missão que lhe foi confiada. Sonhava com ela, sentia sua presença e quando ela se elevou, ele sentiu que estava próxima e esperou. Mas agora, algo estava acontecendo de muito estranho, pois seu alimento estava escasseando, a centelha que o fortalecia, sumiu desde a elevação de sua destinada e sentia eletricidade estática no ar.

A barreira em que colocaram ele, parecia estar falhando e soltava pequenas centelhas, que só os seus olhos acostumados à escuridão, conseguiam ver. Estava breve a sua libertação, os sinais estavam ali e só esperava não estar tão fraco, quando a oportunidade surgisse. Apurou a audição, percebendo sons, que antes da barreira ter falhas, não conseguia captar e prestou atenção. Estavam se aproximando e ficou quieto, como se estivesse hibernando ainda e os dois que entraram, desapercebidos do risco, continuaram conversando enquanto aprontavam tudo, para passar o alimento para dentro do domo.

— Os escravos estão escasseando, muitos morreram de inanição. Os principais, fugiram e não procuraram, como será que o mago branco fará, para manter o prisioneiro?

— Talvez devêssemos deixá-lo morrer.

— Como se isso fosse possível, ele é eterno.

— Mas como sobreviverá sem alimento.

— Dormirá eternamente, até que o acordem e o alimentem.

— Assim dormindo, parece tão inofensivo, como o mago sabia a quem pegar.

— Ouvi dizer que não sabia, que o outro foi morto e incinerado e só sobrou esse. Como não sabiam quem era o bom ou o mal, prenderam ele.

— Deixe logo isso e vamos sair daqui. Tenho limites para me aproximar dele, sinto que suga meu poder. Você não sente?

— Não, não tenho magia desse tipo em mim, sou um bruxo elemental. Mas vamos embora.

Luziel, é o seu nome, ficou atento à conversa, achando mais proveitoso adquirir conhecimento do que tentar fugir. Então foi isso que aconteceu, dizia a si mesmo, pois foi a primeira vez que conseguiu saber o que realmente aconteceu e que seu adversário pereceu com seu golpe, antes que o pegassem. ficou satisfeito com as notícias, estavam favorecendo o seu lado.

Esperou que saíssem e foi até os potes de sangue. Pegou um com cada mão e cheirou, sempre havia um ou dois contaminados com magia negra e ele derramava em um dos cantos escuros da caverna. Era fácil reconhecer pelo cheiro, mas mesmo que bebesse, exsudava pelo corpo. Mas o efeito imediato não era agradável, então evitava. Saboreou os outros e percebeu que estava mais fraco, por isso sentia-se diferente.

Depois de alimentado, aproveitou seu novo vigor e direcionou sua mente a sua destinada, bebeu o sangue dela, mas ela não bebeu o seu e por isso conseguia chegar até ela, mas ela não chegava até ele. Mas estava sempre lhe enviando sonhos e sentimentos que guardava dentro de si, para quando se encontrassem. Ela não abria a mente para que ele visse seus pensamentos, então não sabia sequer como ela era, só plantava imagens de si em sua mente. 

Seus pensamentos se estenderam até ela e a encontraram dormindo, relaxada, proporcionando a ele, entrar com suavidade e embora esbarrasse na barreira, colocou imagens em sua mente. Imagens dos jardins, do céu, deles juntos, voando sobre as nuvens. Embora ele não conseguisse formar a imagem dela, a mente dela entenderia e formaria o casal. Era assim que se mantinha são e esperançoso de sair daquele buraco, que era o seu cárcere.

Pelo menos ficou sabendo que o traídor da humanidade foi morto. Que os que controlavam sua prisão estavam escasseando, assim como sua comida e isso não era ruim. Ele conseguiria viver muito mais tempo que eles e esperar não era problema.

*

Ava sonhava novamente com aquele guardião guerreiro, alto, forte, com lindas asas negras, cabelos longos, negros, sedosos e reluzentes, como seus olhos extremamente azuis. Seu corpo aquecia com a presença dele e sua alma se alimentava de seu amor. Era sempre ele, lindo, impávido, cheio de poder e graça, a levando pelos céus, envolvendo-a em seus braços fortes e transmitindo segurança, mas dessa vez o sonho mudou, pois ao abraçá-la, ele falou em sua mente:

— " Eles estão fracos, são poucos e os serventes também, está na hora."

Ela acordou, assustada com aquela voz retumbante em sua cabeça. Ligou os fatos e temeu. Será ele o prisioneiro no interior da montanha? Será que se refere a invadirmos o local e libertarmos os que ainda estão escravizados? Seus planos estavam traçados e agora que Trash chegou com novos dados, queria colocá-los em prática. Aquele era o sinal, mas temia libertar os escravos e com isso, libertar a criatura presa, também.

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