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Nunca É Tarde Para O Amor.

Capítulo 1. Adolescentes.

Pâmela, Cris e Silvana são amigas, cada uma com seu jeito próprio mais todas com a alegria e vivacidade da fase mais cheia de descobertas e emoções da vida, a adolescência, tem treze anos, com diferença de meses uma da outra.

Cris é tímida, cora por qualquer motivo, fiel e amável, é uma baixinha loira, com um sorriso adorável.

Silvana é mais séria, já tem na cabeça o objetivo formado de se casar, é a mais alta das três, tem uma pele bem alva e os cabelos negros lisos que dão um belo contraste, mora mais distante, num bairro onde não há nem luz elétrica ainda.

Já Pâmela é sonhadora, alegre, amiga pra toda hora, morena de cabelos negros e magra, muito magra.

As três tem cada uma uma beleza única, mais como toda garota da idade delas não estão contentes com o que possuem.

Cris: - Queria ser mais alta, como você Silvana!!

Silvana: - Eu queria ser morena, não ter essas sardas... e morar pertinho de vocês....

Pâmela: - E eu queria ter mais corpo, estou cansada de ser chamada de vareta ou pau de virar tripa....

Se reúnem todo final de semana, vão juntas as ''rezas'', catecismo, igreja, e ao lugar que mais gostam uma pedra enorme de onde se vê todo o bairro e onde podem conversar sem a constante vigia dos pais de Cris e Silvana. Os pais de Pâmela são mais liberais, confiam na filha.

Moram num bairro onde todos são ativos participantes da igreja, bastante severos quanto a leis e regras da mesma, somente o pai de Pâmela se revoltou e seguiu outro caminho, sendo ela e a família muitas vezes apontadas por isso. Sua mãe ficava muitas vezes entre a cruz e a espada, de um lado era seu marido, do outro irmãos e irmãs, beatos, ela, a caridade em pessoa, Pâmela amava a mãe, não havia mulher mais bondosa que ela, mais achava que ela era muito submissa, seu pai fazia sempre o que queria, saía para festas, tocava em rádios e sua mãe sempre trabalhando cuidando da casa, dos filhos e das terras que tinham.

Pâmela ouvia os pais das amigas tão severos em tudo, não pode isso, não pode aquilo, e ela era livre, estudava, cantava na igreja, nunca a proibiram de sair ou dançar como as amigas eram proibidas.

Cris e Silvana sempre diziam a Pâmela como desejavam poder estudar como ela, trabalhar, sem os'' é proibido''

As três adoravam o antes e depois dos cultos onde podiam conversar, paquerar, ir a pedrona, ser adolescentes.....

Cris tem um irmão, Lucas, apenas um ano mais novo, sempre que pode ele está junto as três que não gostam da intromissão dele em suas conversas. Ele é apaixonado por Pâmela, mais nem sua irmã sabe disso. Ele admira sua alegria, seu jeito de conversar dando atenção pra todos, mais não tem coragem de falar de seu sentimento. Seu coração de adolescente bate descompassado quando ela está perto. Fica sem saber o que dizer e sua irmã briga com ele por querer estar perto delas sempre.

Pâmela está indo todos os dias a casa de Cris, a mãe dela, Dona Rosalva está as ensinando tricô e crochê, meninas precisam ser prendadas. Silvana é ensinada por sua mãe e irmãs mais velhas, sua família é grande, tem mais de dez irmãos, com apenas três mais novos.

Cris tem mais dois irmãos, Lucas e Bene e sua mãe está grávida, Cris é a mais velha.

Pâmela é a quarta e tem mais quatro irmãs depois dela. O mais velho já se engajou no exército e foi embora. O segundo também já foi pra capital trabalhar, então em casa ela é a segunda, as outras todas mulheres. Pâmela já trabalha de babá para uma família que veio do Rio, ganha muito pouco, mais já ajuda a comprar o material escolar e as roupas que eles lhe doam são muito boas.

As três adolescentes participam de missões e ficam apaixonadas pela alegria, descontração e novidades que os missionários trazem, músicas que se podem dançar na igreja, papos sobre as transformações que seus corpos e sentimentos estão passando, a liberdade de decidir seu caminho sem abandonar a igreja. Sem contar os encontros de jovens onde conhecem muitos garotos, Cris e Pâmela se apaixonam por garotos da cidade, diferentes dos garotos de onde moram, eles conversam, riem, discutem assuntos sérios e não ficam com gracinhas ou cantadas baratas.

Mais as missões acabam. Os missionários vão embora, não há mais encontros, não há mais alegria, ficaram dois coraçõezinhos despedaçados, sem como rever aqueles que os fizeram bater mais forte.

Silvana: - Bem fiz eu que não me interessei por ninguém, vou me casar com alguém daqui mesmo.

Cris: - Você diz isso porque seu coração não bateu mais forte por ninguém ainda, a gente não manda no coração.

Pâmela: - Os garotos daqui não sabem nem conversar direito, só pensam em dar um amassos...

As três continuam suas vidas, as achando agora sem graça, sem vida, depois que experimentaram um pouco de liberdade de expressão e o coração bater descompassado tudo parece monótono, sem graça.

Assim se passam dois anos, Silvana começa a namorar e já não se encontra mais com as amigas. Cris é praticamente obrigada por sua família a namorar um primo, ela reluta o que pode, mais como boa filha que é acaba cedendo e obedecendo.

Pâmela continua apaixonada pelo garoto simpático da cidade, Marcelo, ela recebe propostas de namoro mais recusa a todos para alegria de Lucas que mais do que nunca sente que seu coração pertence a ela, ele sabe pela irmã que Pâmela não se esqueceu do Marcelo e faz de tudo para descobrir onde ele mora. Pâmela o viu mais algumas vezes quando foi a cidade participar da missa, conseguiu fazer amizade com uma prima dele, mais só isso. Pâmela se sente infeliz, não consegue tirar ele do pensamento, começa a detestar morar em área rural, longe de tudo, sem comunicação com o resto do mundo, é de casa para o trabalho, do trabalho para escola a noite, nem mesmo no colégio se interessa por outro, tenta, mais sente que é dessas pessoas que se apaixonam uma única vez na vida.....

Adolescência, fase extraordinária onde descobertas são feitas, sentimentos novos e confusos surgem, o corpo e a mente se transformam, a inocência de criança fica para trás e novos rumos precisam ser tomados.....

Capítulo 2. Amizades separadas.

Silvana logo arrumou um namorado como queria, do bairro, Léo, mais a sua família não via com bons olhos o namoro, ele não participava da igreja e tinha uma irmã Laura, que era bem escandalosa no uso de maquiagem e roupas ''indecentes'' segundo os mais velhos. A mãe de Silvana não gostava da garota e não sabia que Silvana se encontrava com o irmão dela as escondidas nos dias de culto, ela dizia que ia encontrar com as amigas mais ia se encontrar com ele, já há muito tempo havia se afastado de Cris e Pâmela por causa dele, um dia em que sua mãe foi passar um sermão em Laura por estar falando alto, rindo e com roupas indecentes na porta da igreja, ouviu o que não queria sobre a filha.

Mãe de Silvana: - Você não tem vergonha de estar com estas roupas, agindo como está na porta da igreja.

Laura: - Eu me visto como quiser, falo o que quiser. A boca é minha, o corpo é meu. Pior é sua filha...

Mãe de Silvana: - Não abra essa boca pra falar de minha filha que não sai da igreja... sua, sua.....

Laura: - É não sai da igreja, de trás dela onde fica dando pro meu irmão....

Se não fosse os outros que participavam da igreja segurar a mãe de Silvana ela teria batido em Laura.

Só que Laura tinha razão, Silvana estava grávida de Léo e ele não queria assumir. Cris e Pâmela tentaram conversar com ela, mais não conseguiram, os pais do Léo e de Silvana os obrigaram a se casarem e proibiram Silvana de sair de casa.

Cris: - Eu acho que era isso mesmo que Silvana queria, agora se casará.

Pâmela: - Mais se casar com alguém porque ele foi obrigado pela família??? E onde está o amor?

Cris: - É verdade, mesmo ela grávida ele não queria casar isso quer dizer que ele não a ama.

Pâmela: - Porque ela nunca nos contou nada??

Cris: - É o jeito dela...

Silvana se afastou das amigas, assim que fez dezesseis se casou, e logo foi mãe, como seu marido não era frequentador da igreja ela também deixou de participar de tudo.

Cris por sua vez foi pressionada a aceitar um primo em namoro, seus pais lhe diziam que ele era um homem bom, trabalhador e por insistência deles resolveu dar uma chance.

Para a maioria dos pais as filhas tinham que estar com casamento arranjado para se casarem assim que completassem dezesseis anos.

Cris não deixou a amizade de Pâmela de lado, se encontravam sempre que podiam e Cris confessa a amiga que não gosta nem um pouco do primo

Cris: - O que faço amiga, eu não gosto dele, não vejo a hora dele ir embora quando vai lá em casa namorar.

Pâmela: - Termine com ele, você vai encontrar alguém que você goste.

Cris: - Não posso desobedecer meus pais....

Pâmela dava graças a Deus os pais que tinha que não as obrigavam a nada. Foi se entristecendo pela amiga e também por não conseguir esquecer Marcelo que não lhe dava um pingo de atenção.

Um dia a Cris chega a casa da amiga desesperada, seu pai veio com a notícia que iriam embora para capital, ele não estava conseguindo sustentar a família onde moravam e um tio havia arrumado um emprego pra ele lá.

Cris: - Amiga, como vou fazer, não conheço ninguém lá, e meu pai quer ir logo.

Pâmela: - Mais porque ir pra tão longe?? Seu pai não consegue um serviço por aqui??

Cris: - Não, está muito difícil. Sei que se formos não voltaremos mais.... Meu único consolo é que poderei terminar o namoro. Não terá como continuar namorando morando tão distante.

Pâmela: - Primeiro foi Silvana, agora você?!? Vão me deixar sozinha.....

Cris: - Eu te escreverei sempre que puder. Acho que será bom conhecer novos ares...

Pâmela se entristece com o comentário da amiga, mais deixa pra lá, muitas vezes ela também quis sumir de onde moram, ir embora pra longe.

Lucas fica desesperado quando seus pais lhe disseram que vão embora. Como poderá deixar a paixão de sua vida? Como poderá ficar longe de Pâmela??

Resolve escrever uma carta pra ela dizendo tudo que sente. Que a ama, sempre amará. Lucas não tem coragem de assinar a carta então dá um jeito de entregar a ela mais diz que é um amigo dele que pediu pra ele entregar, Pâmela até pergunta quem é, mais depois desconfia que foi Lucas e para não magoar diz a ele para falar ao amigo que ela não quer nada com ninguém.

Lucas fica feliz e triste ao mesmo tempo, feliz por que ela diz não querer nada com o '' amigo '' e triste porque vai embora.

Silvana achou que sua vida iria melhorar, iria morar mais confortável em uma casa só sua e teria luz elétrica e móveis novos. Não aquentava mais sua casa, dormir com duas irmãs no mesmo quarto, sem luz elétrica, trabalhar na roça, tomar banho de bacia....

Mais não contava com a confusão entre as famílias que causaria sua gravidez e nem que Léo não iria querer se casar com ela. Se apaixonou por ele e se entregou logo querendo adiantar o casamento, mais ele não assumiu, ela já estava com quase oito meses, apertava o máximo pra não notarem, teve que contar aos pais quando a barriga começou a ser notada.

Mais Léo não queria mesmo se casar, queria aproveitar a vida, se achava novo demais, Silvana cedeu fácil e como homem ele aproveitou, mais casar é outra coisa, por isso não parava em casa, iria curtir sendo casado mesmo já que fora obrigado pelos pais.

No início Silvana não se importava, mais com o tempo foi se fechando, só sabia cuidar da casa e dos filhos. Ficava sozinha com eles, não participava mais da igreja com vergonha do ocorrido e por seus pais, os sogros também não gostaram do que passaram tendo de obrigar o filho a casar e o ajudar a construir a casa e comprar tudo, sem contar a irmã dele que só a humilha toda vez que se encontram. Foi se fechando para o mundo, para a vida....

Capítulo 3 . Vivendo apenas.

Silvana aceita tudo que Léo faz, não pede nada, não reclama de nada, apenas vive, vez ou outra ele a procura, mais sem a empolgação de quando namoravam. Ela se recorda da primeira vez, no escuro, sem jeito, com medo. Ela que nunca havia beijado ninguém antes dele. Mais ele estava carinhoso, lhe tocava onde nunca imaginou ser tocada, a beijava com paixão, enfiava sua mão dentro da blusa dela, acariciava seus seios, abria sua blusa e os beijava, se esquecia que estava do lado de fora de casa, que a qualquer momento alguém poderia aparecer, levantou sua saia e a penetrou profundamente, ela sentiu dor mais não podia gemer senão seus pais ou irmãos poderiam ouvir. Ela nunca sonhou com algo especial mais agora pensando bem poderia ter sido melhor, talvez ele gostasse do perigo, do proibido, sabia que os pais dela eram rígidos e era um desafio ficar com ela. Podia ter esperado mais, que fosse mais especial, se ajeitando rapidamente assim que ele termina, entrando em casa com medo de que alguém perceba o que houve, desconfie que se entregou sem pensar nas consequências, percebe agora que foi só sexo, só tesão por parte dele, não perguntou como ela estava, não se ofereceu pra falar com os pais dela ou marcar o casamento, agora é tarde, não há como voltar atrás, casou-se com um barrigão enorme, em menos de dois meses teve seu filho, sem Lua de mel, sem tempo pra se conhecerem como pessoas ou saber o que o outro gosta ou sonha. Léo trabalha o dia inteiro, a semana inteira, nos finais de semana vai jogar bola, sair, se divertir com os amigos, e ela ali, em casa.

Com o desânimo e a desilusão Silvana deixa de lado afazeres simples, não liga com a casa, com limpeza ou organização, nem com seu corpo. Ela cuida muito dos filhos, são seu consolo, são super educados e inteligentes. Quando ela se deu conta já está com um menino e tres meninas. O dia passa rápido com tantos afazeres que esquece dos problemas e a falta de atenção do marido.

Ouve boatos de que Léo tem amantes, e até filhos com outra, mais finge não ouvir.

Não tem amigas pra conversar, nunca mais procurou por Cris ou Pâmela. Que falta elas fazem.

Mora perto da sogra e cunhadas, a sogra é muito boa mais às cunhadas a insultam, a rebaixam.

Ficou sabendo que Cris foi embora pra capital e Pâmela está se formando não sabe no que, como ela gostaria de ter estudado, de ser professora, todos elogiavam sua letra, sonho que fica pra trás.

Ela com menos de vinte e cinco anos já com cinco filhos e nenhuma perspectiva para o futuro.

Que saudade das conversas despreocupadas com as amigas, dos sonhos de adolescente, de participar da igreja, da adolescência....

Não liga pra seu corpo, que ficou cada vez maior a cada gravidez, não tem tempo de cuidar dos cabelos que antes eram longos, negros, lisos e muito elogiados.

Seus filhos sua razão de viver, as filhas meninas lindas, algumas como ela outras como o pai, todos muitos educados, não lhe dão trabalho na escola, sempre são os primeiros da turma. E assim ela vai vivendo a vida, deixando se levar por ela, seu objetivo?? os filhos. Os criar da melhor maneira possível, não os deixando ser influenciados pela família de Léo. Não há o que fazer senão aceitar o destino, depende de Léo para tudo, não há emprego algum no local, faz crochê e vende alguma peça de vez em quando para um ou outro parente de seus pais, mais o resto é por conta de Léo. A vida não lhe dá opções. E assim o tempo passa e a vida também de dias para meses, meses para anos, anos para décadas......

Uma vida apenas vivida...

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