...PRÓLOGO...
Meu nome é Alice Castillo. Há vinte anos atrás eu achava que sabia de tudo da vida, mas o destino me mostrou que eu não sabia de absolutamente nada. Eu não passava de uma garota ingênua e sem experiência.
A história da minha vida é repleta de dor, sofrimento e amor, muito amor. Eu tinha apenas dezoito anos e vi minha vida mudar da noite para o dia. E tudo por causa de alguém que fez eu enxergar um mundo totalmente diferente do meu. Sim era ele, sempre ele…
...Capitulo 1...
Breno: o que nós vamos fazer agora?
Alice: eu não sei, você é o irmão mais velho, não é?
Breno: eu sei, mas eu nao esperava que mamae fosse morrer agora…
Breno enxugou seus olhos cheios de lágrimas, enquanto falava com Alice, sua irmã caçula.
Alice: eu também não… e-eu tô em choque….
Respondeu Alice, abalada.
Breno: mamãe não era pra ter… eu ainda não tô acreditando que isso aconteceu…ela era tudo para nós… droga…
A mãe de Alice e Breno tinha morrido na tarde daquele dia, após meses sofrendo com um câncer de estômago. Ela deixou milhares de dívidas e o aluguel da casa atrasado. Alice tinha acabado de fazer dezoito e Breno, vinte e um. Apenas Breno trabalhava, mas o dinheiro que ele ganhava como lavador de pratos mal dava para sustentar ele mesmo.
Breno: você não devia ter saído daquele seu emprego de babá…
Alice: eu já disse, o pai da criança começou a me assediar. Eu não ia aguentar aquilo.
Breno: é, mas até que pagava bem.
Alice: para com isso, Breno. Como eu ia saber que mamãe ia deixar tantas dívidas assim? Ela nunca falava nada!
Alice começou a chorar de novo, ela não conseguia falar direito. Breno se aproximou da irmã com uma cara triste e apertou seu ombro.
Breno: desculpa, maninha. Eu falei sem pensar, acho que deixei o desespero escapar…
Alice: tudo bem. Eu entendo.
Breno: eu vou ligar para a funerária. Temos que começar a organizar o funeral logo.
Alice: eu vou dar uma caminhada.
Breno: nessa hora?
Alice olhou para o relógio. Era nove e meia da noite.
Breno: ultimamente, com todas essas notícias de tráficos de mulheres na cidade, acho que não é uma boa ideia você sair sozinha à noite…
Alice: é, tem razão. Acho melhor eu ficar aqui, mesmo que eu enlouqueça.
Breno: não fica assim, a gente vai dar um jeito.
Breno pegou o seu celular e começou a ligar para a funerária, enquanto Alice ia em direção ao seu quarto.
A garota entrou e fechou a porta. No quarto ao lado, o corpo da sua mãe ainda estava deitado na cama, como se ela estivesse dormindo. Com o coração apertado, Alice se deitou na cama e, entre lágrimas e memórias, acabou caindo no sono.
No outro dia, o velório da mãe aconteceu. Apenas os dois irmãos e os pais idosos compareceram ao enterro da mulher. Ela tinha se casado com um homem muito hostil e era separada já há dez anos. Esse homem hostil era o pai de Alice e Breno. Ele nunca mandou mensagem e nem se dignou a ir ao enterro da ex-mulher.
O velório acabou e, infelizmente, Alice e Breno tiveram que seguir com as suas vidas. Como estavam passando por muita necessidade e o dono da casa estava ameaçando expulsá-los, Alice teve que procurar rápido um emprego integral e largar a faculdade. Até que ela conseguiu uma entrevista para um emprego de recepcionista em uma empresa de advocacia.
Breno: eles pagam bem?
Alice: um salário normal, mas já serve, não é?
Breno: Onde que fica o endereço?
Alice: em um bairro que eu nunca ouvi falar, acho que é no outro lado da cidade.
Breno: você vai agora?
Alice: sim, eu já vou. Não posso perder tempo.
Breno: não quer que eu vá com você?
Alice: não, acho melhor eu ir sozinha pra ir me acostumando logo.
Breno: ok.
Alice se despediu do irmão e saiu de casa, minutos depois, rumo a sua entrevista de emprego. Como o lugar era muito longe ela teve que pegar dois ônibus para enfim, chegar no endereço.
Quando Alice desceu do ônibus, ela se viu em uma rua estranha e solitária. Tinha um matagal de um lado e um poste quebrado na esquina.
A sua frente tinha a linha de um trem e tudo parecia deserto. Apenas ao longe, em uma rua, tinha um bar e algumas pessoas, mas todas elas pareciam não muito confiáveis.
Mesmo com um mal pressentimento, Alice seguiu em frente e decidiu tirar os pensamentos ruins da cabeça. "O que importa se o local da empresa é ruim? Eu não vou trabalhar na rua!", pensou Alice, enquanto caminhava em direção ao prédio.
Quando Alice chegou em frente ao prédio do endereço da entrevista, ela tocou a campanhia. Não demorou para que alguém aparecesse. Era uma mulher de meia idade, de cabelos vermelhos e blusa de estampa de oncinha. Assim que abriu a porta ela olhou para Alice, dos pés a cabeça.
Alice: olá, eu vim para a entrevista de recepcionista, é aqui?
Quando ouviu isso, a mulher adquiriu uma expressão de satisfação e então, deu um sorriso estranho.
Mulher estranha: ah, sim, é aqui mesmo. É você, a candidata?
Alice: eu mesma.
Mulher estranha: então, entre, fique a vontade.
A mulher deu passagem para Alice entrar e ela entrou. O lugar por dentro era mais deteriorado que por fora e na verdade, não parecia nada com uma empresa de advocacia como tinha no anúncio. Alice começou a achar aquilo muito estranho.
Alice: desculpe, mas onde estão os outros candidatos?
A mulher trancou a porta e se virou para Alice, totalmente séria.
Mulher estranha: não tem.
Alice: o que?
Mulher estranha: Ô Jorginho, olha aqui, mais uma que veio pelo anúncio!
A mulher gritou chamando alguém pelo corredor. Então, segundos depois, um homem robusto e cheio de tatuagens, usando um óculos de sol preto, apareceu diante de Alice.
Mulher estranha: tá aí ela. Acha que serve?
Perguntou a mulher para o homem.
Homem estranho: ô se serve! Essa daqui dá até pra conseguir uma comissão bem gorda!
O homem então, começou a tocar no corpo de Alice, como se estivesse a examinando, fazendo a garota recuar aterrorizada.
Alice: ei, perai! O que tá acontecendo!? Eu vim para uma entrevista de emprego! Quem são vocês!?
O homem e a mulher se entreolharam e então, começaram a rir de forma perversa.
Mulher estranha: não tem nenhuma entrevista de emprego, isso é só uma armadilha pra atrair garotas como você.
Alice: atrair garotas como eu!? Como assim!?
Homem estranho: sem mais perguntas, agora tu não passa de uma mercadoria, sua vagabunda.
O homem se aproximou de Alice, a agarrando pelo braço de forma violenta e a obrigando a andar. Alice tentava lutar para fugir, mas era inútil. Não tinha mais volta. Alice agora era uma vítima da máfia de tráfico internacional de mulheres.
...Capítulo 2...
Alice tentou desesperadamente fugir das mãos daquele homem, mas tudo o que conseguiu foi um tapão na cara que deixou uma marca vermelha na sua bochecha.
Mulher traficante: ficou maluco!? Tá arranhando a mercadoria!
Homem traficante: eu sei, mas não tá vendo o atrevimento dela!? Olha aqui, cê fica quietinha se não quiser apanhar mais, falou?
Alice estava tão aterrorizada que apenas confirmou com a cabeça. Então, foi arrastada até um quarto frio e escuro e trancada dentro dele.
Aquela foi a noite mais terrível da sua vida. A garota que apenas vivia uma vida sossegada junto com seu irmão e sua mãe, se viu correndo risco de vida pela primeira vez.
Após passar a noite inteira chorando deitada em uma cama desconfortável, Alice foi surpreendida pela manhã pela mulher traficante que tinha a recebido. Ela lhe entregou um pão seco e uma xícara de café frio e então, disse que tudo já estava pronto para a sua "viagem".
Alice: que viagem…?
A mulher terrível apenas riu da garota e saiu trancando a porta do quarto.
Aquela altura, Alice já não sabia se continuaria viva e isso a fez apenas aceitar o seu destino. Era o fim, ela pensava. Ela chorou mais do que tinha chorado por toda a vida e depois que todas as suas lágrimas acabaram, ela apenas assumiu um ar triste e sem esperança.
Dois homens vestidos de terno preto, chegaram no seu quarto e colocaram uma venda em seus olhos. Ela não resistiu.
Eles a guiaram até uma van preta nos fundos do prédio e então a colocaram dentro. Alice ficou dentro da van de olhos vendados, sem ter a mínima ideia para onde estava indo. Ela não tinha mais forças para lutar pela sua vida.
A van parou em frente a um heliponto clandestino. Não tinha ninguém por perto. Um homem abriu a porta e arrastou Alice para fora. Eles a guiaram até um helicóptero que já estava pronto para sair e então, a jogaram dentro.
Alice não podia ver para onde estava indo, mas soube que era um helicóptero por causa do barulho da hélice. "será que eu vou morrer?" pensava ela, sentada no assento, com os olhos vendados.
Voz masculina 1: essa vai pra Veneza, ok?
Voz masculina 2: entendido.
"Veneza? É para lá que vão me levar?", pensou Alice. Porém, ela não podia fazer nada. O helicóptero começou a decolar e Alice apenas esperou seu destino.
Duas horas depois, o helicóptero pousou em Veneza, na Itália. Alice foi tirada do helicóptero e jogada dentro de um armazém. Um homem traficante tirou rudemente a venda dos seus olhos e então Alice pôde enxergar onde estava.
Ao seu redor, tinha muitas outras garotas apavoradas, também vítimas do tráfico, olhando para os lados assustadas. Alice ficou aterrorizada ao ver aquele cenário de terror. Parecia que ela estava em um pesadelo.
Logo, o cafetão italiano, um homem de meia idade, fumando um charuto, chegou dentro da sala e foi em direção a Alice. Ele estava acompanhado por dois outros homens armados.
Cafetão: Mercadoria nova, né.
Traficante: é, chefe, chegou agora do México.
Cafetão: idade?
Traficante: disseram que tem dezoito.
Cafetão: já sabe se é virgem?
Traficante: não, mas isso é fácil de descobrir.
Cafetão: então descubra agora.
Logo, um dos traficantes se aproximou de Alice com um sorriso estranho no rosto e começou a tirar a sua roupa de baixo. Alice começou a suar frio e tentou resistir, mas outro traficante prendeu seus braços no alto.
A cena que se seguiu foi algo grotesco e traumatizante, algo que Alice nunca mais esqueceria. O cafetão e seus traficantes observavam o teste de virgindade como se nada estivesse acontecendo, enquanto as outras meninas traficadas observavam horrorizadas. Quando acabou, Alice estava sem forças e seu olhar estava vazio.
Traficante: é, ela é virgem.
Cafetão: melhor ainda. Coloca um selo nela pra diferenciar das outras. O leilão vai acontecer amanhã.
Traficante: ok, chefe.
Cafetão: mas antes, deem um banho nela e a arrumem de forma especial. Os clientes valorizam muito uma mercadoria virgem.
Traficante: certo.
Depois dessas palavras, o cafetão foi embora junto com seus traficantes e então, apenas um deles ficou diante de Alice. Ele então, fez ela ficar de pé a puxando pelos cabelos e depois a arrastou. Reunindo a força que ainda tinha, Alice perguntou.
Alice: para onde está me levando…?
Traficante: pro banho.
Alice tomou um banho frio e quando saiu, foi preparada para o seu leilão. A vestiram com um vestido branco quase transparente muito provocante e a obrigaram a passar um batom vermelho na boca. Diante do espelho, Alice passava o batom como se sua alma tivesse saído do seu corpo.
Atrás dela, outras garotas também terminavam de se preparar, até que o nome de Alice foi chamado por um homem na porta. Outro homem pegou Alice pelo braço e a arrastou até a porta.
Alice passou por uma cortina vermelha e então, se viu em cima de um palco iluminado por vários holofotes. Fora do do palco, haviam vários homens mascarados, sentados diante de mesas, como se fosse um restaurante.
Todos aqueles homens pareciam muito poderosos, porém seus rostos eram escondidos pelas máscaras. Eles bebiam uísque e comiam caviar, enquanto escolhiam qual garota traficada iam comprar.
Anfitrião: muito bem, muito bem, o que temos aqui? Ah, o nome dela é Alice Castillo, tem dezoito anos e é do México! Uma linda, jovem e quente mexicana, pronta para acender qualquer cama!
O anfitrião apresentava Alice, enquanto a pobre garota, apenas permanecia imóvel em cima do palco.
Anfitrião: …ah, e um grande detalhe, cavalheiros, ela é virgem! Sim, isso mesmo, uma peça rara. Está aqui o selo dela, foi verificado! Lance inicial trezentos mil dólares.
Nesse momento, um dos clientes mascarados levantou a mão.
Anfitrião: trezentos mil para o cavalheiro com o uísque. Alguém dá mais?
Outro homem levantou a mão.
Cliente mascarado: quatrocentos mil.
Anfitrião: quatrocentos mil para o outro cavalheiro! Alguém dá mais?
Outro cliente levantou a mão e o lance voltou a subir.
Anfitrião: quatrocentos e cinquenta mil pela mexicana! Alguém dá mais?
Cliente com charuto: eu dou seiscentos mil, se ela tirar a roupa agora mesmo.
Alguns clientes na sala começaram a rir, como se tivessem achado engraçado aquele pedido perverso.
O anfitrião então, se virou para Alice e deu a ordem friamente.
Anfitrião: tire a roupa, garota, rápido.
Porém, aquilo já era demais para Alice suportar e ela se negou.
Alice: não…
Anfitrião: que?
Alice: não quero tirar minha roupa para ninguém…
Ao ouvir isso, o anfitrião lançou um sinal para os traficantes parados na porta da sala. Não demorou para dois homens fortes e rudes se aproximarem de Alice e começarem a tirar a roupa dela em cima do palco.
Por algum motivo, Alice tentou resistir naquele momento. Ela sabia que ia morrer, mas pelo menos não queria morrer sem dignidade. Então, começou a lutar.
Ela reuniu todas as forças que tinha e cuspiu na cara de um dos traficantes. Ele a olhou indignado por um segundo e então, revidou com um forte tapa que fez a garota cair de joelhos no chão.
Caída no chão, Alice viu as gotas de sangue cair do seu rosto. Os traficantes então, começaram a rasgar o vestido branco, revelando de forma brutal o corpo nu da garota. Os clientes apenas observavam aquela cena grosseira e violenta sem fazer nada.
No entanto, enquanto a roupa de Alice era violentada em cima do palco, um barulho forte de tiro foi ouvido do fundo da sala.
Todos olharam na direção do barulho de tiro, inclusive os traficantes que atacavam Alice. O responsável pelo tiro, era um homem mascarado, como todos os outros que estavam lá.
Porém, ele tinha uma aura diferente e carregava uma mala preta. Ele também usava um chapéu preto e uma capa de veludo marrom.
Ao perceber todos os olhares virados para ele, o homem misterioso caminhou calmamente até o palco e jogou a mala nos pés do anfitrião, que se abriu revelando inúmeras notas de dólar.
Homem misterioso: 1 milhão de dólares pela garota.
...Capítulo 3...
O anfitrião do leilão olhou surpreso para a mala aberta no chão. Até os outros traficantes olharam abismados, afinal, tinha muito dinheiro ali.
Anfitrião: quem é você?
Cliente misterioso: apenas um homem querendo adquirir uma boa mercadoria.
Alice continuava no chão, machucada e cobrindo o corpo com o pouco de tecido que havia restado do vestido.
O anfitrião então, olhou para os outros clientes que estavam observando tudo em silêncio.
Anfitrião: esse cavalheiro aqui, meus senhores, acaba de oferecer 1 milhão de dólares pela mexicana rebelde! Alguém da mais?
Ninguém respondeu, apenas um silêncio esmagador tomava conta da sala.
Anfitriao: ninguém da mais? Dole uma! Dole duas! Dole três! E as apostas estão encerradas! A mexicana vai para o cavalheiro aqui na minha frente! Qual o seu nome, senhor?
Nesse momento, o cliente misterioso se aproximou de Alice e a envolveu em sua capa preta.
Anfitrião: senhor? Senhor, não pode se aproximar dela, enquanto não disser seu nome!
Porém, o homem misterioso não deu ouvidos e quando os outros traficantes estavam prontos para ataca-lo, ele apenas levantou a mão e estalou os dedos no ar.
Alice mantinha os olhos fechados, temendo o que ia acontecer. Ate que começou a sentir uma atmosfera diferente ao seu redor. Quando abriu os olhos tomou um susto.
Ela não estava mais naquela sala mal iluminada, em cima daquele palco e sim, no meio de um lindo campo florido, no meio da natureza, debaixo de um sol radiante.
Os passarinhos cantavam e o vento era refrescante. As flores eram lindas e a grama era verde vivido. Alice olhava para tudo aquilo confusa. Uma mistura de sentimentos tomavam conta dela naquele momento e ela não sabia se estava feliz ou assustada.
“Onde eu estou?”, pensava ela, enquanto caminhava lentamente por entre as flores. Foi só nesse momento que percebeu que a capa preta daquele homem misterioso ainda estava por cima dos seus ombros.
Então, ao olhar para a frente, Alice viu uma magnífica e imponente mansão bem ali, no meio do campo. Era uma mansão branca, de três andares, com muitas janelas, colunas ao estilo tradicional e rodeada por arbustos floridos.
Alice: isso não parece real...
Falou Alice para si mesma sem acreditar no que estava vendo. Havia algo mágico naquele lugar, algo que ela nunca tinha visto antes.
Foi nessa hora que aquele homem apareceu na varanda da mansão. Ele estava sem a capa, mas ainda usava o chapéu preto e vestia uma camisa branca com suspensório e uma calça preta.
Seu corpo era grande e esbelto, dava para ver seus músculos por baixo da camisa e seu rosto tinha um belo maxilar. Ele era alto, tinha ombros largos e suas mãos eram grandes e fortes. Apesar de toda a aparência imponente, ele parecia jovem, não devia ter mais de trinta anos.
Assim que apareceu na varanda, ele viu Alice parada em frente a mansão, mas pareceu não se importar. Ele apenas se sentou em uma cadeira de balanço, acendeu um charuto e abaixou o chapéu contra o rosto, de forma despreocupada.
Alice se aproximou da varanda. Ela o observava com curiosidade, mesmo ainda abalada com a violência que tinha sofrido.
Alice: quem é você?
O homem levantou um pouco o chapéu para observar Alice melhor, mas logo voltou a olhar para o campo. Alice se surpreendeu com a beleza misteriosa do seu rosto. Ele tinha olhos e sobrancelhas negras, que passavam uma aura forte e enigmática.
Homem misterioso: você não precisa saber quem eu sou. Eu libertei você, devia estar feliz e me agradecer por isso.
Alice: eu estou feliz por ter saído daquele inferno, mas não sei se devo confiar em você... Não sei como se chama e nem sei como me trouxe para esse lugar...
Homem misterioso: eu me chamo Duque. Esse é o meu nome, se quer saber.
Alice: Duque, como me trouxe até aqui? Que lugar é esse?
Duque deu uma tragada no charuto e soltou o ar. Então, se encostou mais na cadeira e fechou os olhos.
Alice: não vai me responder? Há um minuto atrás eu estava sendo leiloada dentro daquela sala, agora estou aqui nesse lugar... Nesse lugar... lindo.
Duque: todos dizem isso...
Alice: todos?
Duque: você não é a primeira que vem aqui.
Duque abriu os olhos e encarou Alice, que desviou o olhar sem jeito.
Duque: você tem um machucado na testa. Me siga.
Ele se levantou da cadeira e entrou pela porta da mansão. Alice o seguiu e quando entrou, se assustou de novo.
A mansão não era uma mansão e sim, uma simples cabana de madeira por dentro. Todos os móveis eram de madeira e tinha uma lareira, igual uma típica casinha do interior.
Alice: o que? Onde estamos?
Duque: na minha casa.
Alice: mas, como isso é possível? Ela não era maior?
Nesse momento, uma idosa de cabelos brancos apareceu dos fundos da cabana. Ela usava um uniforme de empregada e olhou para Alice, curiosa.
Duque: essa é a Sra. Izabel, a governanta da minha casa. Ela vai cuidar dos seus ferimentos e dar roupas novas para você.
Sra. Izabel: posso perguntar quem é essa mocinha, Sr. Duque?
Duque: apenas mais alguém que salvei das mãos daqueles porcos malditos. Ela estava em apuros e eu a trouxe para cá.
Sra. Izabel: mais uma? Oh, que triste situação! Como os homens podem ser tão cruéis?
A Sra. Izabel se aproximou de Alice e a observou de perto.
Sra. Izabel: pobrezinha, está machucada. Venha comigo, vou cuidar de você apropriadamente.
A Sra. Izabel puxou Alice pela mão e a levou até os fundos da cabana. Ela tinha só a metade do tamanho de Alice, mas exalava uma agitação maior que seu tamanho.
Alice olhou para trás, mas Duque apenas permaneceu parado no meio da sala, olhando para Alice.
A Sra. Izabel entrou no que parecia ser o banheiro da cabana e tirou a capa preta de cima de Alice, a jogando no chão.
Alice: essa capa foi o Duque que me deu.
Sra. Izabel: ah, foi? Não tem problema. Ele tem várias iguais a essa.
Alice: porque?
Sra. Izabel: é um dos segredos dele, não me pergunte pois não sei e nem tenho interesse em saber.
Alice: porque essa casa parece ser uma mansão por fora?
A Sra. Izabel deu uma risadinha, ao ouvir isso.
Sra. Izabel: acho que devia perguntar isso para ele, pois eu também não sei.
A Sra. Izabel foi até um armário e tirou de dentro uma toalha branca. Ela envolveu o corpo nu de Alice com a toalha e então, começou a tratar dos ferimentos dela.
Alice: a senhora sabe quem é ele?
Sra. Izabel: como assim?
Alice: ora, a senhora sabe do que estou falando. Ele não parece humano...
Sra. Izabel: eu entendo o que está sentindo, mas não se preocupe, ele é um bom homem.
Alice: eu estava no meio de todos aqueles traficantes, caída no chão, então ele apenas se aproximou de mim, me envolveu com a sua capa e quando abri os olhos estava aqui!
Sra. Izabel: ah, isso? Isso também é um dos segredos dele. Ele também me salvou quando eu estava prestes a morrer e desde esse dia, eu vivo aqui e nunca fui tão feliz.
Alice parou por alguns segundos, mais confusa do que nunca.
Alice: eu não entendo... Ele é algum tipo de mágico? Como uma pessoa vai de um lugar para o outro como em um passe de mágica?
Sra. Izabel: as vezes, nós precisamos de um pouco de mágica para escapar dos problemas, não acha? Ele é como um herói, um herói muito estranho e misterioso, mas é isso que ele faz, salva pessoas.
Depois de alguns minutos, a idosa terminou de fazer o curativo no ferimento de Alice e então, preparou o banho dela na banheira.
Sra. Izabel: pronto, pode tomar banho. Vou preparar uma refeição para você, deve estar com fome, não é?
Alice: ah, sim, muito obrigada.
Sra. Izabel apenas sorriu e então, saiu fechando a porta. Quando se viu sozinha, Alice entrou na banheira e então, afundou sua cabeça na água, na esperança de que tudo aquilo fosse um sonho.
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