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O Refugiado Misterioso

capítulo - 1

Meu nome é Laís Linn e, há algum tempo, perdi meu pai. A dor dessa perda é profunda, mas as melhores lições que ele me deixou permanecem vivas em meu coração. Ele era um homem de ética e justiça, sempre se apiedando dos necessitados e dedicando-se com imensa generosidade a ajudar a todos, independentemente de raça, cor ou situação econômica.

Após sua partida, restou apenas minha mãe e eu. Com o peso da saudade e a necessidade de recomeçar, decidimos nos mudar para uma pequena comunidade chamada Novo Paraíso. Aqui, buscamos encontrar um novo lar onde possamos honrar a memória do meu pai e continuar seu legado de amor e solidariedade.

Trabalho em um pequeno restaurante, todos os dias das 9h às 18h. Mas hoje, infelizmente, uma tempestade violenta se abateu sobre a cidade, com fortes relâmpagos e trovões ecoando no céu. Já era quase 20h e, mesmo debaixo de chuva torrencial, decidi ir para casa. A escuridão começava a tomar conta e não queria preocupar minha mãe.

Enquanto seguia pela estrada, avistei um carro muito amassado e virado. Passei por ele, mas algo me fez parar. Ao olhar para trás, percebi que havia alguém dentro do veículo, parecendo preso. Um frio na barriga me tomou ao sentir o cheiro forte de gasolina; meu instinto de sobrevivência gritou para eu não me aproximar. No entanto, a preocupação pelo que poderia acontecer com aquela pessoa me impulsionou a voltar.

Tentei forçar a porta para abri-la quando ouvi uma voz rouca e angustiada: —Vá embora! Eles podem voltar a qualquer momento! Eu fui envenenado e não posso te proteger se eles retornarem.—Aquelas palavras ecoaram em minha mente, mas o desespero me fez ignorá-las. Continuei lutando para abrir a porta.

Finalmente consegui abrir, mas antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, uma mão forte me puxou para trás e me lançou ao chão com brutalidade. Foi tudo tão rápido que não consegui distinguir quem era. Tentei me levantar, mas uma dor aguda na minha perna me paralisou.

Então vi quatro homens se aproximando do carro com algo nas mãos que parecia bastões. O pânico tomou conta de mim enquanto gritava para que parassem. Mas meus gritos eram em vão; quanto mais eu clamava por ajuda, mais eles espancavam aquele homem dentro do carro. Ele tentava se defender com as mãos, mas seu corpo parecia paralisado pela dor ou pelo medo não sei.

Desesperada e chorando, gritei por socorro mais uma vez. Foi então que um dos homens de capuz disse: —Matem a garota para não ser testemunha.— Um frio percorreu minha espinha ao ver um deles se aproximar de mim com uma arma na mão. Fechei os olhos com força, coloquei as mãos na cabeça e me encolhi como se isso pudesse me proteger.

Ouvi o disparo ecoar na noite escura e congelei de medo, esperando o impacto que nunca veio. Com hesitação, abri os olhos lentamente e vi o homem armado caindo no chão a poucos passos de mim, seus olhos fixos me olhando... Mas ele estava morto.

O terror tomou conta de mim quando vir os outros três homens partirem para cima do que estava no carro, agora totalmente paralisado da cintura para baixo. Eles começaram a espancá-lo com barras de ferro e bastões; ele tentava se defender com os punhos, mas logo começou a desfalecer sob os golpes.

Eu apenas olhava em choque e chorava sem saber o que fazer. Não tinha forças para me levantar; o medo ainda pulsava em minhas veias após o susto do disparo. Era como se o mundo ao meu redor tivesse congelado naquele momento horrenda

Naquele momento de desespero, comecei a clamar por ajuda ao meu pai, como se ele pudesse ouvir minhas súplicas na escuridão daquela noite aterrorizante. Para minha surpresa, uma luz brilhou ao longe, cortando a tempestade e iluminando a cena horrenda diante de mim. A água barrenta misturada com o sangue do homem espancado escorria pelo chão, e meu coração disparou ao ver um carro se aproximar.

Os três homens pararam abruptamente de agredir o homem no chão. Com uma rapidez assustadora, pegaram-no e desapareceram na escuridão, engolidos pelos relâmpagos que iluminavam o céu. Fiquei aterrorizada ao perceber que eles haviam ido embora tão rápido como um relâmpago sem deixar rastro, mas a angústia pela vida daquele homem ainda estava presente.

Corri até ele, com o coração acelerado. Ele havia sido arrastado para fora do carro pelos agressores e estava caído na água, sangrando muito, parecia até não ter vida. Senti um desespero imenso ao me ajoelhar no meio daquela poça de água e sangue, apoiando sua cabeça em meu colo e não sentir sua pulsação nem ouvir sua respiração. As lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu chorava por ele, pela brutalidade que presenciei e pela impotência que sentia.

Foi então que ouvi o motor do carro parar. Era Rodrigo, um morador da nossa comunidade que havia melhorado de vida e se mudado para a cidade, mas sempre voltava para visitar sua mãe, que se recusou a ir embora. Ao vê-lo ali, uma onda de esperança me inundou.

—Rodrigo!—gritei entre soluços, —ele precisa de ajuda! Por favor, me ajude!— A urgência na minha voz refletia o desespero que dominava aquele momento. A tempestade continuava a rugir ao nosso redor, mas naquele instante, Rodrigo se tornou minha esperança em meio ao caos.

Nota do autor

Oi, meus amores! 💖

Quero compartilhar uma atualização com vocês: retirei o livro "O Refugiado Misterioso" para fazer uma revisão. Estou planejando mudar alguns pontos na história e também os nomes de alguns personagens. A essência da trama vai continuar a mesma, mas estou dedicada a melhorar a escrita e a mudar o final.

Peço que tenham paciência durante esse processo de atualização. Fiquem à vontade para expressar suas opiniões sobre a história! Aceito críticas construtivas, mas peço que evitem comentários que digam que não tenho respeito pelos meus leitores. Cada um de vocês é muito importante para mim e eu os amo demais! 💕

Cheiro no coração e até o próximo capítulo! 🌟

capítulo -2

Ele parou e perguntou o que eu estava fazendo ali. Eu estava tão apavorada e, sem provas dos homens que haviam desaparecido, respondi:

— O homem está preso no carro! Ele sofreu um acidente e parece ter batido a cabeça com força.

Olhando para mim com preocupação, ele disse:

— Você tem certeza de que ele ainda está vivo?

— Não sei! — respondi, a voz tremendo. — Mas precisamos ajudar!

Ele hesitou por um momento, mas então decidiu:

— Tudo bem, vou descer para ver o que posso fazer.

Nós levamos o homem para o hospital. Enquanto caminhávamos, encontrei uma carteira de identidade em seu bolso e disse:

— Olha! O nome dele é Wallace Della Mont.

Rodrigo olhou para mim, preocupado.

— Será que ele vai ficar bem?

No meio daquela lama, era impossível ver o semblante de Wallace. Uma equipe médica o levou para dentro, e eu fiquei aguardando junto com Rodrigo. Após mais de duas horas de espera, o médico finalmente apareceu.

— Como ele está? — perguntei ansiosamente.

O médico respirou fundo antes de responder:

— Ele sofreu um traumatismo craniano e passou por uma cirurgia. A recuperação dele dependerá de muitos fatores.

A ansiedade tomou conta de mim. Perguntei:

— Existe alguma esperança?

O médico olhou nos meus olhos e disse:

— É importante não ter muitas expectativas. Ele corre o risco de entrar em coma. Esse estado pode durar uma semana, um mês ou até mesmo ser permanente.

Senti meu coração afundar. Olhei para Rodrigo e murmurei:

— O que eu vou dizer à minha mãe?

Rodrigo sugeriu:

— Você pode dizer que está cuidando de um amigo. Não precisa contar tudo.

Eu balancei a cabeça em concordância, mas a preocupação ainda me consumia.

— Eu não posso dizer que é um desconhecido... Minha mãe me criticaria muito e talvez nem me deixasse ficar aqui!

Rodrigo colocou a mão em meu ombro e disse:

— Fique calma! Vai ficar tudo bem.

Eu respirei fundo, tentando reunir coragem enquanto aguardávamos notícias sobre Wallace.

Quando entrei no quarto, vi que o homem era lindo. Sentei-me em uma cadeira, passando a noite toda observando aquele desconhecido. Pensava que era para eu estar morta, mas ele me salvou. Imagens do que aconteceu passaram pela minha cabeça e fiquei apavorada. Sempre que fechava os olhos, via aqueles momentos horríveis.

Na manhã seguinte, retornei para casa às 6 horas. Precisava descansar um pouco antes de trabalhar às 9. Minha mãe estava preocupada e me perguntou:

— Você está bem, filha? Olha essa sua perna!

Eu forcei um sorriso e respondi:

— Está tudo bem, mãe! Não precisa se preocupar comigo.

Ela me observou de perto e insistiu:

— O que aconteceu? Você parece tão abalada...

Decidi não contar a verdade. Apenas disse:

— Eu ajudei um desconhecido que teve um acidente de carro e acabei me machucando.

Ela franziu a testa, mas não questionou mais. Eu sabia que se falasse sobre o homem que queria me matar, ela piraria.

— Como você se machucou? — ela perguntou.

— Eu... eu caí — menti, tentando parecer convincente. — Foi só isso.

Minha mãe ainda parecia desconfiada, mas aceitou a resposta. Então ela perguntou:

— E quem é esse amigo?

Eu hesitei por um momento antes de responder:

— O nome dele é Wallace Della Mont.

Ela balançou a cabeça, pensativa.

— Não conheço. É cliente seu?

— Isso! — confirmei rapidamente. — Ele é um cliente do trabalho. Nunca o vi antes, mas... ele pareceu precisar de ajuda.

Minha mãe suspirou aliviada e foi até a cozinha preparar algo quente para mim.

— Aqui está uma sopa quentinha — ela disse ao voltar. — Você precisa se alimentar e descansar.

Agradeci enquanto tomava a sopa e tentei relaxar um pouco antes de começar meu dia de trabalho. Depois de um banho revigorante, me joguei no sofá.

Enquanto olhava para o teto, não conseguia parar de pensar em Wallace. A imagem dele era tão marcante... E eu só esperava que ele ficasse bem.

Percebi minha mãe me olhando com desconfiança. Forcei um sorriso e perguntei:

— O que foi, mãezinha?

Ela fitou meus olhos e disse, firme:

— Seja sincera, Laís. Primeiro você disse que se machucou ajudando um desconhecido, agora está dizendo que é um amigo. Por que está mentindo para mim, para sua mãe?

Senti meu coração apertar. Abaixei a cabeça e murmurei:

— Tive medo da senhora não permitir que eu fosse ver ele.

Ela suspirou, como se estivesse tentando entender a situação.

— Filha, eu nunca vou proibir você de fazer o que quiser porque confio em você. Você tem muito juízo e sei que jamais vai fazer alguma coisa errada. Mas nunca mais minta para mim, mocinha. Por mais difícil que seja, eu prefiro a verdade.

Abracei minha mãe, sentindo o calor dela me confortar. Pedi perdão, mas mesmo assim sabia que não podia contar a real história. Não queria vê-la preocupada ou adoecendo por minha causa; isso me deixaria ainda mais culpada.

Ela deu um beijo em minha testa e disse:

— Filha, saia do sofá e vá deitar no quarto. Descansar direito porque esse sofá só vai te deixar com o corpo todo doido.

Segui seu conselho e fui para o quarto. Oito e quarenta da manhã, minha mãe me acorda suavemente.

— Filha, levanta! Você precisa ir para o trabalho para não se atrasar.

Agradeci e ela me deu um beijo no rosto antes de eu sair correndo em direção ao restaurante.

Entrei pelos fundos, já quase atrasada, tentando ajeitar meu cabelo enquanto passava pela cozinha.

— Bom dia, chefe! — cumprimentei, tentando esconder meu nervosismo.

Ele me olhou com um sorriso e respondeu:

— Bom dia! Laís Que bom que você chegou!

Hoje o dia tá parecendo que vai ser puxado. Coloca logo o seu uniforme e vai atender aquelas mesas ali que já estão esperando há um tempão.

— Ok, chefe! Estou indo! — respondi rapidamente, tentando deixar as preocupações de lado. Davi apenas sorriu balançando a cabeça em negação pela palavra chefe.

Passei o dia inteiro trabalhando, mas minha mente não parava de pensar naquele homem estranho e bonito. O jeito como ele estava machucado e a forma como havia falado sobre estar envenenado me deixavam inquieta. Quando Davi me liberou mais cedo, às 16 horas, um alívio percorreu meu corpo. Fui para casa, tomei um banho rápido e me joguei na cama, exausta. O sono me pegou e acordei às 19:00 horas.

— Meu Deus! Já estou atrasada! — exclamei, pulando da cama e correndo para me arrumar. Tinha que ir correndo para o hospital.

Ao chegar lá, fui direto ver o Wallace. Perguntei às enfermeiras como ele estava reagindo ao tratamento, e elas informaram que nada tinha mudado; ele continuava dormindo. Fiquei olhando aquele homem alto e bonito, machucado na cama, refletindo sobre suas palavras. Por que ele disse que estava envenenado? Quem era realmente aquele homem?

Essas eram perguntas que só ele poderia responder, mas infelizmente ele estava ali, inconsciente. O médico se aproximou assim que soube que eu havia chegado.

— Você conhece a família dele? — perguntou.

Infelizmente, eu não conhecia. Pensei comigo mesma: "Eu nem conheço ele direito", mas não queria dizer isso ao médico; poderia acabar sendo expulsa do hospital. Ele explicou que o estado de Wallace era complicado porque ele não era do país e os recursos públicos não estavam dispostos a pagar pelo tratamento dele.

— Ele precisa ser transferido para a terra dele — disse o médico com um semblante sério. — O problema é que o coma pode se agravar ainda mais.

Fiquei preocupada e perguntei:

— Mas por que ele não pode fazer o tratamento aqui no Brasil?

O médico respondeu:

— Para permanecer aqui, ele precisa estar casado com uma brasileira, infelizmente não tem o visto para permanecer.

Meu coração disparou ao ouvir isso. Wallace teria apenas um mês no Brasil antes de ser enviado de volta à sua terra natal. O peso daquela informação me deixou inquieta. O que eu poderia fazer para ajudar? Eu mal conhecia aquele homem, mas sentia uma conexão estranha com ele.

A cada minuto que passava ao lado de sua cama, eu sabia que precisava descobrir mais sobre sua história antes que fosse tarde demais...

capítulo -3

—Vamos rezar para que, nesse período, ele acorde. Será muito arriscado retirá-lo desse estado apenas com os recursos públicos. — disse o médico.

Fiquei ali sentada, olhando para aquele homem, segurei sua mão e comecei a conversar com ele como se ele pudesse me ouvir.

— Ei, não se preocupe. Vou dar um jeito, vai ficar tudo bem. Eu prometo.

Acabei adormecendo na cadeira, com a cabeça em sua barriga, segurando sua mão. Quando amanheceu, fui para casa, mas passei direto na casa do Lucas. Ele é meu melhor amigo, advogado e sempre me ajuda quando preciso. Foi assim desde a infância.

— Bom dia, Lucas!

— Bom dia, Lili! Que milagre você aparecer aqui! Ainda lembra que tem um amigo?

— Ah, Lucas, eu sempre lembro de você! A questão é que ando muito ocupada. Vim aqui para conversar como sua cliente. Preciso da sua orientação.

— O que aconteceu?

— Tenho um amigo internado que entrou em coma. O problema é que ele não é do nosso país e não conheço a família dele. Ele precisa de tratamento e o médico disse que se o tirarmos daqui pode haver consequências. Como advogado, você não pode fazer nada para que ele continue recebendo tratamento aqui no Brasil? Afinal, é uma vida.

Lucas me olha e sorri.

— Sim, eu tenho uma ideia. Mas parece loucura.

— Como assim?

— Nesse caso, se ele não tem todos os documentos para permanecer no Brasil, poderia ficar se tivesse filhos ou fosse casado.

— Nossa! Essa é a segunda vez que ouço isso. O médico também mencionou que para ele continuar recebendo os medicamentos seria necessário um casamento.

— E como ele vai se casar se está em coma? — perguntei, confusa.

— Então, Laís, se você quiser que ele permaneça aqui, não pode dizer que ele é apenas seu amigo. Você vai ter que dizer que ele é seu namorado ou noivo. Assim, posso providenciar um casamento provisório até ele melhorar. Depois, vocês se divorciam.

— Lucas, isso parece uma loucura! Não acha?

— Sim, eu acho. Nunca ouvi falar de alguém que casasse com outra pessoa provisoriamente. Mas tem um problema nessa história: quem vai se ferrar é você. — disse Lucas sorrindo

— Por quê? — perguntei confusa

— Porque você vai estar casando com um vegetal! O sonho de toda mulher é a lua de mel, e você não vai ter nenhuma! (risos)

— Mas não tem problema! Se você quiser, na sua noite de núpcias, eu posso substituir ele! (risos)

— Você não tem jeito mesmo, Lucas!

— Para com isso! Brincadeira tem hora. Se não parar, nunca mais vou olhar na sua cara nem falar com você!

— Como assim? Nunca mais vai olhar na minha cara? Você não vai conseguir viver sem mim!

— Você é muito convencido mesmo, não é?

— Claro! Eu sou irresistível!

Caímos na gargalhada.

— Agora falando sério, Lucas. Você pode realmente fazer isso?

— Você está falando sério, Laís? Quer mesmo casar com um homem em coma só para que ele receba tratamento?

— Sim, eu quero. — Ele salvou minha vida murmurei para mim mesma

— Tudo bem, se é isso que você quer, eu vou providenciar. Me dá uns dias que eu cuido de tudo — disse Lucas. — desacreditado

— Tudo bem, obrigado, Lucas! Agora eu só preciso falar com a mamãe e contar toda a situação para ela.

— De nada, minha amiga! Você sabe que eu faria qualquer coisa por você.

Voltei para casa e contei tudo para a mamãe. Ela não gostou muito da ideia, mas entendeu a situação. Nos abraçamos e choramos juntas. Ela disse:

— Você parece tanto com seu pai, meu amor.

Choramos novamente. Falar do papai sempre nos trazia muita saudade; é difícil acreditar que ele se foi.

Depois de um tempo, tomei um banho, pois precisava trabalhar. Nos meus dias de folga, ajudo na comunidade. Aqui, todo mundo se empenha um pouco: aqueles que não têm trabalho fora ajudam com os serviços comunitários.

Os serviços comunitários incluem reformas nas casas de moradores que não têm condições financeiras para pagar. Também trabalhamos com hortas, cuidando das fruteiras e de alguns legumes. Temos plantado bananas, laranjas, e maçãs, além de hortaliças como alface, rúcula e couve. Nos legumes, cultivamos cenouras, tomates e batatas.

Depois, todos esses alimentos são distribuídos entre os moradores em partes iguais, dependendo da quantidade de pessoas que vivem em cada casa. Além disso, também fazemos reformas nas escolas, no posto de saúde e na casa de farinha, onde é fabricada a farinha. É lá que tiramos a tapioca para fazermos nossas deliciosas refeições.

É incrível ver como a comunidade se mobiliza e se apoia em momentos difíceis. Cada pequeno esforço traz um grande impacto na vida de cada morador.

Os dias foram passando e a minha rotina continuou. Todos os dias, eu ia para o trabalho e, do trabalho, ia direto para o hospital. De algum jeito estranho, eu me acostumei a passar as noites sentada na poltrona ao lado do leito daquele desconhecido.

Hoje é minha folga, então tirei o dia para ficar no hospital cuidando do Wallace. Ajudei a enfermeira a limpá-lo e trocá-lo. Observo cada traço do seu rosto e corpo. Meu Deus, que homem lindo, apesar de algumas cicatrizes no corpo. Troco a roupa dele e começo a passar hidratante na sua pele com movimentos suaves. Escuto uma batida na porta e vou atender.

É o Lucas. Ele disse que foi me procurar no trabalho, mas descobriu que eu estava de folga. Sorrio para o Lucas e pergunto:

— É sobre o casamento?

Ele diz que sim. Ele me entrega alguns papéis para eu assinar, me abraça e dá um beijo na minha testa antes de sair. Eu me sento ao lado de Wallace e começo a conversar com ele, pegando em sua mão.

— Eu espero de verdade que, quando você acordar, não fique bravo comigo pelo que estou fazendo. Essa foi a única forma que encontrei para você continuar fazendo seu tratamento. O médico disse que, se você sair daqui pelos recursos públicos, poderia ter consequências sérias ou até mesmo a morte. Eu não quero isso para você, Wallace. E o único jeito era que você fosse casado com uma brasileira. Por isso, menti para todo mundo, dizendo que você é meu namorado. O Lucas é o meu melhor amigo, confio nele, e tudo vai dar certo. Desde quando éramos crianças, ele sempre cuidou de mim. Por isso sei que ele vai cuidar de tudo para o nosso casamento. Quando você acordar, a gente resolve essa situação. Depois de um tempo, fingimos que brigamos e dizemos que não deu certo, e nos divorciamos.

Mas nessa hora, eu escuto os bips dos aparelhos e começo a gritar pelos médicos. Eles vêm e me tiram do quarto por um tempo para tentar acalmá-lo, e eu fico pensando se ele estava me escutando. Quando o dia amanheceu, fui para casa e, no dia seguinte, o Lucas aparece com a certidão de casamento nas mãos.

É tão estranho. Eu que sempre sonhei em casar vestida de branco, ter uma linda festa, tinha tantos sonhos e, de repente, me encontro casada com um homem que nem conheço e que está preso numa cama de hospital. E nem sei se vai acordar um dia. Ou se não vai me odiar pelo que fiz.

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