...Jude...
O dia amanheceu bastante nublado na Urba do Sul. Abri a janela e vi o céu cinzento em sinal de chuva. Acordei ainda com sono devido ao barulho insuportável que vinha do bordel da Madame Long, o lugar mais badalado de Genesan. A Madame Long é uma mulher forte e até admirável, mas o barulho que vem do bordel é terrível, ele abre toda sexta, sábado e domingo à noite, e o barulho das músicas é altíssimo, então eu odeio esse bordel. E fica bem colado com a minha casinha.
Tirando o barulho, eu tenho orgulho da minha casa. Comprei ela com o suor do meu trabalho aqui em Genesan.
Estava assim pensativa quando a luz que sinaliza quando há alguém na minha mine clínica, piscou e enfim, era hora de trabalhar.
Nos fundos da minha casinha, eu montei uma sala de hospital, com o dinheiro dos Yong é claro, compramos vários equipamentos hospitalares e o resto eu consigo "pegando emprestado sem devolução" do Hospital Municipal, assim eu consigo cuidar dos ferimentos dos capangas do morro e das pobres pessoas que moram aqui.
Fui até os fundos e lá estava a senhora Huan, chorando horrores, com o marido no colo, coitada. O senhor Huan era mais um infeliz como quase todo mundo aqui no Morro de Genesan, viciado no Ópio que os Yong vendiam.
— Acode aqui menina Jude. Ele vai morrer! — Ela gritava, pobrezinha.
Corri até ela e coloquei o senhor Huan na maca. Ele estava tendo uma overdose. Fiz os procedimentos como já estava acostumada, afinal os casos como esse eram frequentes aqui no Morro. Quando terminei o senhor Huan, estava bem e estável.
Olhei pra ele e era inevitável não lembrar dos meus pais. Eu consigo salvar tantas pessoas aqui, mas não pude evitar a morte deles.
Eu tinha 12 anos, mas me lembro como se fosse hoje, os meus pais eram viciados em ópio, essa droga maldita tirou os dois de mim, a minha mãe não conseguiu parar de usar mesmo estando grávida. A gravidez foi difícil e no 6° mês a bebê não aguentou mais e queria nascer, mas as duas estavam muito fracas e o pior aconteceu.
Fiquei com o meu pai, mas ele se afundou ainda mais depois de perder a mamãe. A vida dele se resumia a beber e se drogar. E não tínhamos nem como pagar as dívidas, principalmente as dívidas de droga. Foi assim que conheci a família Yong.
O senhor e a senhora Yong controlam o tráfico de drogas em Genesan desde antes de eu nascer. o Morro de Genesan fica ás margens de Ramasami, a cidade mais atrasada e suja da Urba do Sul.
Os capangas vieram até o barraco onde vivia com o meu pai e o ameaçaram de morte caso ele não pagasse o que devia. Era muito dinheiro, não tínhamos o que fazer, então eu decidi ir até a casa dos Yong e tentar me vender em troca da quitação das dívidas, mas eles não aceitaram, disseram que não escravizavam ninguém, tentei oferecer algum serviço, mas rejeitaram.
Já estava voltando pra casa triste, foi quando um dos capangas chegou baleado, não podiam leva-lo ao hospital, pois não queriam problema com a polícia, foi quando vi a minha oportunidade. Eu sabia mexer com o corpo humano, estudava muito sobre isso, assistia vídeos e brincava de suturar a minha única boneca. Também já havia cuidado de várias feridas do meu pai e de uns bêbados que achava pela rua. Consegui cuidar do sujeito e ele sobreviveu.
O senhor Yong me disse que eu poderia cuidar dos ferimentos dos capangas, assim pagaria a dívida do meu pai. E foi assim que eu me aliei a família Yong.
Meu pai continuou a se destruir em drogas e álcool, até que acabou tendo uma overdose e assim eu fiquei sozinha.
Após a morte do meu pai, eu jurei que não teria o mesmo destino, eu ia lutar pra sair do morro e ter uma vida digna, longe dos Yong e das drogas que os cercavam. Eu nem bebia álcool com medo de me tornar uma viciada, foquei completamente na minha carreira. Fiz um curso de técnica em enfermagem e comecei a trabalhar no Hospital Municipal de Ramasami, isso me ajudava a ter uma renda, assim eu podia guardar dinheiro, mas também me servia de meio pra conseguir material hospitalar pra cuidar dos capangas dos Yong.
Estudei bastante e consegui passar no vestibular de medicina na Universidade de Ramasami.
— Tem que parar de usar essa droga senhora Huan, mais uma dessa e ele não escapa. — Falei séria. Eu odiava esse ópio.
— Parar como menina Jude? O ópio é a nossa vida aqui em Genesan. — Ela falava triste e irônica. — A gente aqui vive do ópio e para o ópio.
— Vocês vão morrer assim senhora Huan.
— Todo mundo morre um dia menina. — Ela ria sem graça. — Mas me diz, esse seu nome é bem diferente, Jude Raman. E você acha que é diferente da gente de Genesan.
Sorri pra ela.
— O meu nome vem da música dos Beatles. O meu pai dizia que eu tinha que seguir os conselhos do John Lenon. — Dei uma risada mais forte. — Ele me disse que eu não deveria ter medo, nem receio, deveria ser corajosa, superar as adversidades e vencer, eu deveria ser a melhor e correr atrás dos meus objetivos. O meu pai dizia que eu deveria confiar em mim, e que eu não precisava de ninguém pra vencer além de mim mesma. E eu acreditava nele.
— O seu pai era bom.
— É, ele era.
Olhei para a senhora Huan pensando no quanto a vida aqui em Genesan era triste, e tudo por causa da máfia. Eu prometi para mim mesma que iria embora daqui, estou juntando dinheiro e vou fugir desse morro maldito.
Para isso eu conto com o apoio do meu melhor amigo, Tae Yong, o filho caçula dos Yong. Assim como eu, ele odeia esse lugar e iremos embora daqui, em breve.
...Axel...
O dia amanheceu super nublado hoje. Odeio dias nublados. O céu de Leung deveria ser sempre limpo e cristalino, aqui temos tanta tecnologia que até poderíamos controlar o clima.
Enquanto olhava o céu cinzento pela janela, vi o meu celular vibrar em cima da escrivaninha. Era o Rowan Abdul. Meu melhor amigo e vice-presidente da minha empresa, o Grupo Jiang de armamentos.
— Fala Rowan. — Atendi a contragosto.
— E aí Jiang. Tudo certo pra reunião de hoje né? — O Rowan enchia a paciência, isso lá era hora de me cobrar coisa de reunião?
— Ta sim irmão. A Ayani cuidou de tudo. Vou desligar, te vejo na empresa.
Conheci o Rowan Abdul na faculdade, ele é 5 anos mais velho que eu, e consequentemente tem mais experiência, sempre se destacou nos negócios, além de ser um amigo leal, foi por esses motivos que o coloquei ao meu lado e a nossa parceria tem sido um grande sucesso.
Eu herdei o Grupo Jiang após a morte do meu falecido e terrivel pai.
O Grupo Jiang é uma empresa de tecnologia, como a maioria das empresas aqui da Urba do Sul, mas o nosso diferencial é que somos a tecnologia de ponta em armamentos. Meu pai sempre foi fissurado em armas de fogo, e foi nisso que concentrou as suas energias e construiu o império das armas.
Na adolescência eu não ligava pra nada, só queria sair pelas ruas de Leung, me divertindo com os meus amigos, bebendo e gastando a fortuna da família. Porém com a morte precoce do meu pai, eu me vi obrigado a assumir a presidência da empresa e provar pra todos que eu era capaz de fazer com que o Grupo Jiang continuasse prosperando, e assim eu fiz.
O antigo vice-presidente da Jiang era um velho chato, ele era amigo do meu pai, mas tratava a empresa de maneira arcaica, o que impedia o nosso progresso. Além disso, o Grupo Jiang não costuma agir dentro da lei. Nós fabricamos e vendemos armas a quem tem dinheiro suficiente pra comprar, vendemos armas lícitas em nossas lojas, mas também enviamos armas potentes para grupos paramilitares, guerrilhas, ditadores, enfim, vendemos a quem pode comprar. Mas o vice-presidente do meu pai não tinha escrúpulos, ele só queria lucrar sem pensar nos riscos.
Assim que assumi a empresa recebi um aviso, quase uma ameaça de morte, pois o antigo vice-presidente havia vendido armas para dois grupos que estavam em guerra um contra o outro, imagina só, isso não era perdoável, se íamos vender armas para uma guerra tínhamos que escolher um lado, e não vender armas para os dois, isso era traição. Com ajuda do Rowan consegui contornar a situação e esse foi o estopim pra que eu demitisse o amigo do meu pai e contratasse o Rowan para a vice-presidência.
Agora a minha empresa estava crescendo a todo vapor, alcançando altos patamares. O Grupo Jiang era a empresa mais rica de Leung, e agora com a minha administração estava se tornando o grupo mais rico da Urba do Sul, vivíamos com todo conforto e luxo, viagens constantes e muito trabalho, é claro.
Assim que cheguei na empresa, o Rowan apareceu na minha sala, como sempre, sem bater.
— Por que diabos você não bate na porra da porta? — Falei estressado.
— Não gosto de bater. — O Rowan falava rindo, uma risada sarcástica que me incomodava às vezes. — Ta estressado hoje?
— Odeio dias cinzentos. — Falei dando de ombros.
— Não dormiu com a Sasha?
Sasha Devi, minha namorada, eu não era apaixonado por ela, mas tinha que me casar com alguém.
Como eu era o único herdeiro da Jiang, os empresários do Grupo passaram a exigir que eu tivesse um filho pra que ele fosse o novo herdeiro, se por acaso eu morresse sem um filho, haveria uma verdadeira guerra para decidir quem seria o novo CEO do Grupo Jiang, a melhor forma de evitar essa guerra, era já garantindo que o meu filho assumiria o meu cargo na hora certa. Mas eu não iria engravidar qualquer mulher por aí, eu ia ter um filho com uma mulher perfeita. E foi justamente o Rowan quem nos apresentou.
Estava com o Rowan numa festa em uma nova boate em Leung, foi quando a Sasha apareceu, ela veio sorridente cumprimentar o Rowan, eles haviam se conhecido em uma das muitas viagens que o Rowan fazia a trabalho.
Dançamos na boate e trocamos contato. Ela é advogada e trabalha para a Husang advocacia. Uma empresa tão corrupta quanto a minha, eles tratavam de livrar empresas e pessoas ricas dos seus crimes, e a Sasha era ótima nisso.
Aos poucos fomos nos aproximando e a Sasha parecia ser a mulher perfeita pra mim. Forte e inteligente, ela seria uma excelente companheira na vida e nos negócios, e juntos saberíamos educar o nosso filho para ser o CEO da Jiang, além de ser linda e muito sensual, estar na cama com a Sasha era uma experiência... interessante.
Começamos a namorar faz dois anos e estou pensando seriamente em pedi-la em casamento, me casar com a Sasha vai acalmar os ânimos dos meus empresários e dar mais credibilidade para a minha empresa, então é o melhor a se fazer. Mesmo não a amando.
O Grupo Jiang passou a ser cliente da Husang e a Sasha tem nos ajudado a nos livrar das muitas acusações que surgem a respeito de tráfico ilegal de armas.
— Não, eu dormi na minha casa. Não existe nada melhor do que o conforto do meu lar! — Falei num riso fraco.
— Bom, estou perto de descobrir quem é, ou melhor, quem são os malditos que estão passando informações nossas para a polícia. — O Rowan odiava traidores e os punia com prazer.
O que mais me irrita na vida, são as traições, sempre tem alguém que era de confiança e de repente se torna um traidor, a cada dia eu passo a confiar menos nas pessoas e isso é irritante. Imagina viver sem poder confiar em ninguém? É assustador. E o pior é ter que me livrar dos traidores.
Eu era contra punições físicas. Mas era assim que o meu pai lidava com as coisas e o Rowan me aconselhou a manter essa prática. Mas o pior era ter que estar lá, interrogar o traidor, bater nele e vê-lo morrer. A primeira vez que fiz isso, eu vomitei e chorei por uma semana, mas com o tempo acabei me acostumando a isso. Mas o meu pior momento foi quando, um dos que eu considerava amigo tentou me matar. O ódio tomou conta de mim, e eu mesmo peguei a arma e disparei contra ele, depois desse dia eu me senti um monstro que já não podia mais ser dominado, eu era um criminoso completo, fabricante, vendedor de armas ilegais e assassino.
Acredito que não tenha mais salvação pra mim, abracei essa vida e decidi vivê-la até o fim.
— Ok, precisamos cuidar logo disso.
— Vamos, é hora da reunião. — Saí com o Rowan até a sala de reuniões da Jiang.
Eu gosto da minha vida, sou rico, tenho e faço tudo que eu quero, as pessoas me respeitam, ou tem medo de mim. Eu viajo bastante, tenho uma vida de luxo, não posso reclamar de nada. Sou o grande e poderoso Axel Jiang. Mas ainda assim eu me incomodo muito com toda essa vida ilegal que preciso esconder da sociedade pra não acabar preso, ou morto.
Porém pra mim tudo isso vale a pena, essa é a vida que eu amo e que escolhi viver.
...Jude...
Sábadou, são 6 da manhã e eu ja estou de pé. Tô cansada e com dor no corpo, eu já falei que odeio o bordel da Madame Long? Minha nossa!
O bordel é aqui ao lado da minha casa, parede com parede. Quando o bordel abre, parece que o salão principal fica na minha sala, por sorte os quartos do bordel ficam no andar de cima, então não da pra ouvir os gemidos da galera, senão ia ser ainda mais insuportável.
Antigamente o bordel abria todos os dias, era um inferno, eu tive que reclamar com os Yong, eles então exigiram que a Madame Long só abrisse aos fins de semana e baixasse o volume, porque sim, o som era bem mais alto do que é hoje. Mas ainda assim não dá pra dormir no meu quarto.
Todo fim de semana eu vou dormir na maca do meu "mini hospital" aqui nos fundos da casa, aqui quase não dá pra ouvir a música do bordel. Mas você já dormiu em uma maca, num hospital clandestino? É bem desconfortável, mas fazer o que, é isso, ou não dormir.
Bom, levanto cedo e vou me arrumar pois tenho trabalho no Hospital Municipal. Devido a faculdade eu consegui que me contratassem como horista e não como plantonista, assim eu trabalho no hospital de segunda à sábado das 07 ás 16hrs, eles amam o meu trabalho, sou a melhor técnica de enfermagem de lá, é claro que eles nem desconfiam que eu ando roubando, quer dizer, pegando coisas sem devolver.
Do trabalho eu vou pra Universidade de Ramasami, onde estudo Medicina, tenho aula de segunda à sexta,as aulas começam ás 19hrs e vão até as 23hrs, então tenho cerca de 3hrs livres pra estudar e fazer os trabalhos da faculdade. É muito cansativo, mas preciso fazer tudo isso pra conseguir ter a vida que almejo. Mas está chegando perto do fim. Falta pouco pra acabar a faculdade, no próximo semestre eu quase não vou precisar assistir aula, pois vou estar fazendo estagio no próprio Hospital Municipal de Ramasami. Depois começarei a minha especialização em Cirurgia Geral, e aí já terei dinheiro suficiente pra ir embora dessa cidade maldita.
Droga, estou atrasada.
Corro e consigo chegar a tempo no hospital, o dia é bastante corrido, muitos pacientes, mas sempre consigo um tempinho livre pra pegar as coisas que preciso. Pego algumas sondas vesicais, sondas enterais, caixinhas com a nutrição enteral, algumas bolsas de sangue e soro. Enfio tudo na minha sacola térmica e caminho tranquilamente pelo saguão, dou um tchauzinho pra galera e parto pra casa. Tão fácil.
Como não tenho aula, vou direto pro meu "mini hospital" guardo tudo que peguei, tomo um banho e fico estudando até pegar no sono, amanhã é domingo e posso dormir até mais tarde.
No dia seguinte ás 5:30 da manhã.
Ouço um barulho esquisito vindo da sala da minha casa. Olho pelo monitor as imagens das câmeras de segurança que tem na frente e nas laterais da casa, e vejo o carro do meu amigo Tae parado na minha porta, mas que merda ele ta fazendo aqui, ás 5:30 da manhã? Eu vou matar o Tae.
— Tae Yong, que merda é essa? — Apareço já gritando pela sala.
— Ai amiga que susto! — O Tae já vem reclamando e fazendo beicinho, eu amo o Tae, mas tem horas que ele parece uma criança mimada e não um homem de 24 anos.
— Porque você ta aqui e me acordando tão cedo Tae? Você sabe o quanto eu fico cansada e o domingo é meu único dia pra acordar tarde. — Tento falar sem gritar.
— Desculpa Jude! Mas eu tô super bêbado e não posso ir pra casa assim. Eu passei a noite aqui no bordel. — Disse ele já se jogando no meu sofá.
— No bordel? Mas você não é gay? — O Tae se assumiu quando ainda era adolescente, todo mundo em Genesan sabe que ele só curte homens, então que merda ele tava fazendo num bordel que só tem mulheres?
— Sou amiga, mas a senhora Long contratou uns carinhas e eu fui lá conferir.
— Tem homens no bordel? Nossa que progressista! — A Madame Long sempre me surpreende. Eu gosto dela, só não gosto do bordel.
— Pois menina, mas foi meio decepcionante. Pois os carinhas são todos passivos. Eu tava doido pra dar pra alguém. — Fala ele quase dormindo no sofá, eu não consegui evitar o riso.
— Que azar amigo. Mas e aí ficou fazendo o que lá até essa hora?
— Bebi, dancei, e comi um carinha. — Ele falou eu quase caí pra trás.
— É o quê?
— Eu tava doido pra transar, se não tem tu, vai tu mesmo. Eu gosto de ser passivo, mas sei ser ativo quando preciso, e eu realmente estava precisando. — O Tae sentou no sofá e suspirou. — Desde que o Jamal apareceu, eu só penso nele, ai amiga eu preciso saber se o Jamal é gay ou não.
— Vamos fazer um teste com o bonitão. — Tenho uma ideia na hora. Eu também estava super curiosa sobre ele.
O Jamal Pham é muito gato, tem 31 anos e veio da Urba do Leste, o corpo todo malhado, uma pele bronzeada, muito másculo. Chegou aqui a cerca de 8 meses, conseguiu o emprego de segurança com a família Yong e desde então fica vigiando a minha casa. Desde que chegou aqui ficamos meio que amigos, e o Tae se apaixonou de cara.
O Jamal disse que era de uma familia bem pobre na Urba do Leste, e que teve que sair de lá fugido, após ter matado um cara que ameaçou a irmã dele, e assim ele veio parar aqui. O que me intriga é como um homem tão bonito e viril nunca aparecia com mulher alguma, nem mesmo ia ao bordel, e também nunca deu em cima de mim, e eu sei que sou bonita. Então nós desconfiavamos de que ele poderia ser gay.
— Que tipo de teste quer fazer? — O Tae falou empolgado.
— Vamos convidar o Jamal pra comer aqui, faço uma boa comida e vamos embebedar o carinha. Aí vamos tentar seduzir o Jamal, e ver com quem ele vai querer ficar.
— Ai minha nossa. Mas se ele te quiser, eu vou ficar arrasado. Você não vai pegar o Jamal na minha frente né? — Ele fala novamente que nem uma criança chorona.
— Claro que vou, é o Jamal, ele é muito gato!
— Vaca! Vamos ver quem vai pegar o Jamal.
Arrumamos a casa, preparei uma comida gostosa ligamos pro Jamal, eu sei que isso é bem idiota, mas eu e o Tae sempre fazemos algo idiota.
Em poucos minutos o Jamal chega. Pobre e inocente Jamal, nem sabe o que lhe espera.
— E aí Jamal! — Eu e o Tae falamos quase ao mesmo tempo.
— Oi pessoal. Achei que ia tirar o dia pra estudar Jude.
— Eu ia, mas o Tae apareceu aqui quase de madrugada, bêbado e me enchendo a paciência.
— Bêbado? Onde você estava Tae?
— É... — O Tae não queria contar que passou a noite no bordel. — Bebendo por aí.
Engraçado que o Jamal sempre parecia meio incomodado quando o Tae chegava tarde, bêbado, ou saía com algum cara. Era como se estivesse com ciúmes.
— Bom, vamos comer. — Puxei o Jamal pra mesa e comemos e bebemos bastante.
— Nossa tão a fim de beber hoje hein. Achei que o Tae já tinha bebido muito. — O Jamal já estava bem altinho, mas eu queria que ele ficasse completamente bêbado.
— Nada melhor do que bebida pra curar a ressaca amor. — O Tae tava quase empurrando bebida guela a baixo do Jamal.
Em pouco tempo o Jamal já parecia estar bebinho da Silva. Estava alegre, rindo a toa, então resolvemos começar a investir. Coloquei uma música e puxei o Jamal pra dançar. Ele ria a toa, mas pouco se aproximava se mim. Eu dançava sensualmente e colei o meu corpo no dele, acariciei o pescoço do Jamal e quando ia beija-lo ele se esquivou de mim, filho da mãe.
O Tae veio todo orgulhoso e puxou o Jamal pra dançar, engraçado que com o Tae o Jamal estava bem a vontade, dançou coladinho com ele, e quando o Tae menos esperou o Jamal roubou um beijo dele. Eu fiquei pasma. Então o Jamal era gay e gostava do Tae. Bingo!
Mas pra nossa surpresa, o Jamal parece que saiu de um transe, parou o beijo e ficou vermelho feito pimenta.
— É... eu... com licença! — Abriu a porta e saiu quase correndo.
— O que deu nele? — Eu não entendi nada, e o Tae parecia tão confuso quanto eu.
— Eu sei lá! — O Tae abriu um largo sorriso em seguida. — Mas ele gosta de mim, e o beijo dele é muito gostoso.
Nos abraçamos e rimos muito. O Tae agora ia grudar no Jamal, e eu tava ansiosa pra ver os dois juntinhos.
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