...Era uma vez um garoto que amava uma garota, e a risada dela era uma pergunta que ele queria passar toda a sua vida respondendo....
...Nicole krauss...
...🥀 APRESENTAÇÃO DOS PERSONAGENS 🍃...
GABRIEL VICTOR, tem 27 anos, órfão de pai e mãe, os mesmo morreram em um acidente de carro, quando ele tinha seus 14 anos de idade .
Por algum motivo Gabriel se culpa pela morte deles. Para não ir para algum abrigo, ele foi pedir refúgio ao grande e famoso morro do alemão, onde o comando vermelho comanda.
Sozinho, sem comer, sem família, sem amigos, ele se viu entrando no mundo do crime, onde muitos entram por falta de opção e oportunidade, e outros entram por simplesmente entrar. ele começou lá em baixo como aviãozinho e assim por diante, mais pra ele tudo no sigilo, quando ele viu já estava como sub chefe. Ele é daqueles que gosta da escuridão onde ninguém vê ou viu. hoje é um dos principais donos do comando vermelho. Ninguém nunca viu o rosto do temido e perigoso Gabriel. Alguns o chamam de demônio, porque sabe que ele existe, mas nunca viram seu rosto. vive sozinho e não sonha encontrar alguém tão cedo, porque ele acha que não é digno de fazer ninguém feliz e muito menos de se apaixonar. tem medo de matar a pessoa da mesma forma que Matou seus pais.
HANNA BEVAN tem 22 anos, é uma menina meiga, carinhosa mais ao mesmo tempo marrenta e briguenta, não abaixa a cabeça pra ninguém nem mesmo com uma arma apontada para a sua cabeça, sustenta seu orgulho e a sua decisão até o último momento, falem o que quiser dela, mais não se meta com quem ela ama.
Vive com sua mãe Dandara de 45 anos que é dona de um restaurante bem no meio do morro, criou a filha sozinha dando tudo do bom e do melhor para nunca lhe faltar nada, inclusive amor e carinho, coisa que o pai não foi capaz de fazer pela filha.
O sonho de Hanna é terminar seu estudo e se tornar uma advogada de sucesso, e dar uma vida digna e um bom lugar pra mãe morar.
...🥀PALAVRAS E SEUS SIGNIFICADOS 🍃...
...A HIERARQUIA DO TRÁFICO...
🔸DONO DO MORRO - é o cargo mais alto no morro. Ele é o dono da boca, além disso é o que recebe os lucros. No caso de morte ou prisão, seu cargo geralmente é ocupado pelo gerente geral. Não há idade mínima para ser "dono".
🔸GERENTE GERAL - é o responsável pela administração da boca.
🔸GERENTE DO BRANCO - é o responsável pelo tráfico de cocaína no morro.
🔸GERENTE DO PRETO - é o responsável pelo tráfico de maconha no morro. Os gerentes (tanto de cocaína quanto de maconha) têm normalmente mais de 18 anos.
🔸RESPONSÁVEL PELAS ARMAS - cuida do armamento do morro. É uma espécie de subgerente da boca.
🔸SOLDADO - Usa armas pesadas, faz a segurança dos morros e participa das guerras. A preferência é para quem já serviu o exército (por que sabe manejar armas), mas há alguns soldados com 15 anos.
🔸VAPOR - cuida da venda das drogas dentro da boca e auxilia o dono quando precisa .
🔸AVIÃO - vende drogas para as pessoas que vão comprá - las no morro. Geralmente são crianças de 7 a 12 anos.
🔸VIGIA OU OLHEIRO - fica vigiando a entrada do morro para ver se a polícia ou inimigos estão subindo. A preferência é para crianças e deficientes físicos.
🔸FOGUETEIRO - solta fogos avisando da chegada da polícia ou de inimigos. Pode ter qualquer idade.
...🥀 PERSONAGENS PRINCIPAIS 🍃...
1° GABRIEL VICTOR É o Chefe do morro do Alemão ,conhecido como DEMÔNIO.
Um cara que vive totalmente em guerra com seu passado doloroso, que leva uma vida mesquinha e sombria.
2° HANNA BEVAN Conhecida como PANTERA .
Uma Garota totalmente incrível, que ama desafios e luta por seus sonhos e não desiste fácil de lutar por aquilo que sempre quer conquistar, sendo futuramente advogada criminalista.
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🍃🌼 Dedico o livro, á nossa querida @Hannah Ávilla ❤️ uma leitora super fofa.
Crescer nesse mundo sem o amor dos pais não é nada fácil. Comi o pão que o diabo amassou, passei fome, enfrentei necessidades. De tanto apanhar, tornei-me o que sou hoje: esse monstro frio, indiferente a tudo e a todos. Queria poder ter meus velhos comigo, desejava dar a eles o que eles nunca puderam me dar.
Quem pensa que esse mundo do crime é simples está completamente enganado. Não há liberdade, não há segurança, nem para dormir.
Não conseguimos nem descansar direito, sempre imaginando que, a qualquer momento, um sujeito maldito pode invadir nossa casa e nos fazer mal, ou nos levar para a prisão. Mas não sinto medo. Quando chegar a minha hora, será assim. Nada passa por mim.
Sabe quando se começa lá embaixo e lentamente se sobe? Pois é, foi assim que aconteceu. Não há sensação melhor do que deitar a cabeça no travesseiro e saber que tudo o que conquistei foi fruto do meu esforço, sem traições envolvidas. Diferente de muitos por aí que conheço, que conseguiram as coisas às custas de traições. Pessoas assim não merecem confiança, nem mesmo do próprio diabo.
Fui tirado dos meus pensamentos por alguém batendo à porta e autorizo imediatamente a entrada.
— Desculpe, patrão, mas o kL está aqui querendo falar com o senhor. — disse o vapor, visivelmente nervoso.
Sempre é assim quando falam comigo, e gosto disso. Todos sabem do que sou capaz. Com um pouco de dificuldade para encarar o rosto dele, devido à claridade do lado de fora (minha sala é completamente escura e eu a prefiro assim), fui criado na escuridão desde a morte dos meus pais, que eram a minha luz. Após perdê-los, só restou a escuridão.
— Revista esse sujeito antes de deixá-lo entrar na minha sala. — ordenei, seco e firme, referindo-me ao kL.
O kL é um rival, um indivíduo completamente desleal e em quem não se pode confiar, nem de olhos fechados. Ele teve o disparate de matar o próprio pai e irmão para assumir o controle do morro. Nunca se contenta com pouco, é extremamente ambicioso, sempre tentando invadir o meu território. Mas nunca conseguiu, e agora está aqui, me procurando. Uma audácia absurda.
Acendi um cigarro, observando os papéis espalhados sobre a minha mesa. Gosto de manter as coisas em ordem, tudo organizado. Sou muito exigente com a organização; se algo não estiver no lugar certo, tudo fica caótico.
Bateram na porta novamente e o Bada voltou acompanhado do KL. Atrás deles, vinham mais dois vapores, precaução contra qualquer ação desse sujeito.
— O que faz aqui? — perguntei, sério, encarando-o. Ele se sentou, aparentando a maior calma do mundo.
— Que isso, parceiro? Não vai me convidar para uma conversa e um cigarro? — brincou o kL, rindo. Neguei com a cabeça, sério.
— Diga logo o que quer e suma do meu morro. — falei, sério, sem expressar nenhuma emoção. — E mais uma coisa, parceiro, sou nada teu para tu ter essas intimidade comigo. — acrescentei.
— Opa… qual é? Está de mau-humor? — debochou o KL, rindo.
Desengatei a arma que segurava, deixando claro que não estava ali para brincadeiras.
— Não brinco, irmão. Mato sem hesitar, e você deveria saber disso. — respondi.
— O negócio é o seguinte: estou precisando de ajuda. Os camuflados estão tentando tomar o meu território, e meus carregamentos estão ruins. — falou, e eu revirei os olhos. — Queria saber se você pode dar uma força aí? — perguntou, sério, acendendo um cigarro e me olhando com olhos invejosos.
— Você vem até aqui me pedir isso? É muita audácia, meu camarada. Se os camuflados não pegarem o seu morro, pode ter certeza de que eu mesmo farei. Agora suma daqui, porque minha paciência para conversa fiada, já acabou. — falei, sério, chamando o vapor para retirá-lo dali.
— É uma ameaça, seu fdp? — perguntou, vindo na minha direção, enquanto o vapor apontava a arma para ele. Imediatamente, o KL parou onde estava.
— Vamos lá, venha me acertar. — falei, batendo levemente no meu rosto. — Dê um passo adiante e você estará morto na hora, meu chapa. Não venha bancar o espertinho do meu lado. Não foi uma ameaça, não vivo de ameaças, vivo de ações, mas dei um aviso. — Falei com um sorriso forçado, cheio de malícia. — Tirem-no daqui imediatamente. — ordenei. — E se ousar se aproximar do meu território de novo, sairá daqui em um caixão, e será um caixão fechado. — avisei o KL, enquanto os vapores o arrastavam para fora dali.
Crescer sem o amor e o carinho de um pai não é fácil. Minha mãe nunca me deixou passar por necessidades, sempre me deu todo o amor que podia. No entanto, mesmo assim, sinto falta do carinho e do afeto paterno. Minha mãe é meu tesouro mais valioso neste mundo; ela me deu tudo o que tenho. A educação que recebi é mérito dela, e a pessoa que me tornei é inspirada por ela, uma mulher guerreira que nunca se curvou diante de ninguém.
Minha mãe passou por tantas adversidades para me alimentar, criar e me proporcionar o necessário. Foi expulsa de casa por engravidar cedo e recusar-se a fazer um aborto; abandonada pelo meu pai, que se recusava a assumir a responsabilidade de ser pai. Cresci ouvindo zombarias sobre mim, por não ter um pai, por ele ter me abandonado. Por isso, enfrentava brigas com todos, independentemente de serem homens ou mulheres - desde muito nova, eu era destemida. Minha mãe estava sempre presente na escola por minha causa, mas eu não aguentava, pois ouvia coisas que realmente me machucavam:
“Você é tão insignificante que seu pai nem te quis”.
“Você é tão inútil que seu pai nem te suportou”.
Eram essas e outras palavras. Lembro-me uma vez de uma professora, daquelas que flertavam com os pais dos alunos. Um dia, ela chamou minha mãe de vagabunda; perdi a cabeça, agarrei um punhado do cabelo dela e a enfrentei. Ela chamou minha mãe para conversar na escola e, antes de me repreender, sempre me perguntava o que havia acontecido. Naquele dia, quando contei, ela foi para cima da professora.
Mas, ao chegar em casa, minha mãe sempre me lembrava de que a violência não resolveria nada. Por esse motivo, fui expulsa de várias escolas. Graças a Deus, no entanto, consegui concluir meus estudos. Apesar dos meus desentendimentos, eu era uma boa aluna; minhas notas eram as melhores da turma. Enquanto minhas notas eram excelentes, eu era uma das piores em comportamento, sempre envolvida em brigas e confusões.
Aqui no morro, me chamam de Tigresa. Por quê? Bem, eu não sei. Talvez seja por ser muito destemida. Amigas? Não tenho. As garotas daqui são todas interesseiras e algumas são completamente sem escrúpulos.
Viver no morro tem suas vantagens e desvantagens. Todo mundo se conhece, apesar de se odiarem; sempre conseguimos nos dar bem nesse mundo. O complicado é arrumar emprego; muita gente é preconceituosa. No começo, quando ia a entrevistas de emprego e falava onde morava, logo davam um jeito de me dispensar. Mas depois que dei o endereço da minha tia, que mora na cidade, aí, sim, deu certo.
O pior são as invasões, pessoas inocentes morrendo e tudo mais. Mas o pior de tudo é quando a polícia sobe o morro. Casas são destruídas, pessoas morrem simplesmente por serem confundidas com bandidos ou por serem parentes deles. Pessoas são humilhadas apenas por morarem na favela. Falar sobre isso é fácil, mas sinceramente, nunca poderei me acostumar com isso. É algo terrível, que, sinceramente, não tem como se acostumar.
— Vai sair hoje, minha vida? — Minha mãe me pergunta, entrando no meu quarto enquanto eu lia alguns papéis do meu trabalho.
Faltavam apenas alguns meses para finalmente me tornar uma advogada excepcional, sempre foi meu sonho. Com muito esforço, consegui uma bolsa na faculdade, pois sabia que minha mãe jamais conseguiria pagar as mensalidades. Então, com muito empenho, consegui a bolsa e hoje estou quase terminando o curso.
— Eu não sei, mãe. Tenho alguns papéis para ler e, em seguida, tenho que fazer uma apresentação para o meu chefe. Se eu for bem, talvez eu consiga ficar com o caso. — digo, olhando para ela, que sorri com orgulho. Ela deixava claro o quanto estava orgulhosa de mim.
Tudo o que faço é para compensar tudo o que ela fez por mim. Só de ver esse sorriso já é suficiente para mim. E tenho certeza de que estou conseguindo. Se eu conseguir esse caso, será o meu primeiro julgamento. Estou terminando a faculdade com as melhores notas, e o escritório onde trabalho está me dando essa oportunidade. Estou atuando na área criminal, um campo muito difícil e arriscado. Mas o que posso fazer?
— Tenho tanto orgulho de você, minha princesa. Você é uma jovem talentosa e inteligente, tenho certeza de que conseguirá esse caso. — diz minha mãe, com os olhos brilhando e o sorriso ainda estampado em seu rosto. — Vou deixar você terminar, daqui a pouco trago um lanche para você.
Essa mulher é minha vida, e saber que estou fazendo ela se orgulhar, me deixa ainda mais feliz. Conseguirei retribuir cada esforço que ela fez por mim, cada sacrifício. Proporcionarei a ela uma vida maravilhosa, acredito nisso.
As horas parecem que nunca passam, e eu acabo achando que os dias são os mesmos, já que para mim são. Já escutei várias coisas sobre meu nome, mas não ligo para o que falam. Só eu sei o que sou e por que sou assim.
— O bagulho é que eles querem subir pesadão, com a intenção de acabar com tudo mermo. Um por um. Todo mundo tá ligado que a gente morre ou é preso. — Escutei o cabeça falando com os moleques.
O morro hoje havia recebido várias ameaças dos “botas”, querendo pacificar o morro. Mas não era a primeira vez que tinha essas porras, e eles nunca conseguiram passar nem pela metade. Mas dessa vez, não. O bagulho tava mais pesado.
Estava vindo o exército junto com tanques de guerra, ROTAM e várias outras ajudas. Os que não moram no morro dão graças a Deus por isso estar acontecendo. Porque acham que assim o tráfico acaba e outras coisas, né?
Mas só quem vive aqui sabe o inferno que é. São eles entrando na casa dos moradores e quebrando tudo, humilhando todo mundo por morar na favela. Atira em inocentes que acabam ficando na rua por não chegar a tempo em casa. Só depois perguntam o nome e se a pessoa é envolvida.
Todo mundo acha que só porque tem pessoas que vivem numa favela, são envolvidas. As que são, não negam seu envolvimento. Ainda sustentam o olhar. Ainda por cima, tem trouxas que acreditam naquele ditado "bandido bom é bandido morto". Mas, na minha opinião, todos eles estão errados. E os que acreditam estão mais errados ainda. Bandido bom é aquele que vai te respeitar e que vê que é recíproco. Mas também é aquele que tu tem que tá com um olho aberto e outro fechado. Tu dá um vacilo, ele acaba contigo num piscar de olho.
Acabei saindo dos meus pensamentos com o cabeça me perguntando:
— Qual foi, parceiro? Vai falar nada não? — Eu abalo a cabeça em positivo, erguendo a mesma para cima enquanto solto a fumaça do meu cigarro. São coisas que não largo das mãos. É o meu bom cigarro e um copo de bebida.
— O negócio é cada um ficar na atividade, se protegendo e protegendo o morro. Os parceiros tão ligados que eles nunca conseguem subir o morro. Só que agora o bagulho vai tá mais pesado. — Falo sério e todos prestam atenção no que eu falo. Logo, logo as coisas que eu pedi vão estar chegando, e não vamos precisar nos preocupar muito. — Acrescento.
Eles concordam comigo, e ali ficam conversando sobre os assuntos do morro. Logo depois, eles saem da minha sala, ficando apenas eu e o cabeça.
— O que tu pretende realmente fazer? — Cabeça me pergunta, acendendo um cigarro, e depois deita no sofá que tinha ali.
Olho pra tela do notebook, confirmando umas coisas com os caras dos carregamentos. Por fim, eu falo:
— Tu já sabe os meus planos e todas as minhas jogadas. O importante é eles acharem que o morro não está sob aviso de ameaças, e todos acharem que não estamos preparando o nosso plano. E aí então, entramos em ação. — Digo sem olhar pra ele enquanto estava resolvendo altas coisas que tinha pra resolver.
Não tinha muita coisa, mas eu sempre fazia aos poucos pra nunca ficar com a mente vazia, cheia de bobeira. Porque aí que os demônios começam a agir. E uma coisa que eu aprendi durante esses anos é nunca deixar a mente vazia. Como dizem: "Mente vazia é oficina do diabo". Então prefiro passar o resto dos dias fazendo altas coisas do que ficar fazendo nada, olhando ou conversando com essas pessoas que eu sei que na primeira oportunidade que tiver, vão querer me passar a perna. E eu sempre tô ligado em tudo, cada movimento das pessoas próximas e das pessoas mais distantes. A real é que nesse mundo, não dá pra confiar em ninguém. Porque aquele que você menos espera, é o que vai te apunhalar pelas costas. Ande com poucos e não confie em ninguém.
A cada dia parece que o céu muda de cor. Parece que os dias têm as cores exatas de tudo que eu sinto. É uma coisa estranha. É um bagulho que nem eu mesmo consigo explicar ou entender.
São exatamente 03:45 da manhã, eu praticamente nem durmo e já perdi o sono. Tomei um banho demorado. Essa era minha rotina desde que entrei pra essa vida. E te falar? Prefiro assim. Assim consigo deixar minhas coisas em ordem e ficar observando o meu império.
Já tinha terminado meu banho, me arrumei e olhei no relógio. Já marcava 04:10 da manhã. Peguei as minhas coisas e a chave da moto e sai, cumprimentando os rapazes que trabalham pra mim com um aceno de cabeça e subi, saindo em alta velocidade fazendo a ronda pelo morro antes de ir pra boca.
Não sou a melhor pessoa, tô muito longe de ser. Mas enquanto eu puder proteger cada pessoa merecedora desse morro, vou fazer o possível e o impossível pra deixar cada uma delas bem e seguras.
Terminei de fazer a ronda por todo esse morro e fui pra boca. Era o melhor lugar pra se ficar o resto do dia. Odiava a luz do sol. Não suportava ver a claridade, mesmo que pra mim nada daquilo tivesse luz. É como se todos os dias tudo fosse escuro.
Entrei na minha sala, sentei na minha cadeira, liguei o notebook, peguei um copo e um dos meus melhores uísques. Assim fiz a minha primeira dose. Enquanto tomava minha bebida, eu fazia pedidos de armamentos e drogas. Essa é a minha vida. Beber praticamente o dia todo, fazer pedidos de armamentos de armas e drogas, cuidar do morro, organizar bailes, roubo de cargas e tudo que envolve a facção. Tirando isso, nada me importa.
Mulher? Não vou falar que nunca vou me envolver ou algo do tipo. Mas se aparecer aquela mina responsa, beleza. Se rolar, rolou. Se não, continuo nessa vida mesmo. Vivi esse tempo todo sozinho e não vai ser agora que vou me importar com isso, né?
Sai dos meus pensamentos com a porta sendo aberta. Já olhei pronto pra xingar, mas na hora que vi quem era, já falei logo:
— Sabe bater nesse caralho não, porra? — Eu estava bolado vendo o cabeça rindo, e se jogando de uma vez no meu sofá de couro preto que tinha ali.
— Já cedo bebendo e de mal-humor, meu amigo? — Pergunta sério me olhando.
Ele odiava a forma que eu vivia. Nunca se acostumou a me ver nessa escuridão. Vive dizendo que eu tenho que sair e conhecer pessoas. Mas aí te pergunto, bandido tem lá essas coisas?
— Começa não, comédia. Vaza daqui, vai fazer suas coisas. — Falei sem olhar pra ele, mas sabendo muito bem que ele revirou os olhos pela resposta que eu dei pra ele.
Enquanto eu fazia a contabilidade, lá escutava ele falando altas paradas. Esse corno chegava a falar mais que papagaio, mano. Tenho paciência não. Não sei como a tia aguenta esse moleque em casa. O filho da mãe não cala a boca nem por um segundo.
— Tá ligado a Dandara? Aquela dona que mora no 17? Então, tão falando por aí que a filha dela, a tal da Tigresa, tá quase se formando em direito. — Fala e eu continuei fingindo que não estava escutando.
Esse aí, é pior que essas velhas fofoqueiras que ficam no portão de casa observando e falando da vida dos outros.
— Você não tem nada pra fazer além de ficar falando da vida dos outros não, mano? — Pergunto pra ele enquanto revira os olhos.
— Véi, tu é pior que esses velhos rabugentos na moral mesmo. — Cabeça responde enquanto se levanta do sofá. Vejo ele arrumando a arma na cintura e o boné na cabeça. — Cara chato do caralho — Falou saindo da minha sala.
Já eram 8h da manhã e eu continuava ali bebendo e fazendo as minhas coisas, organizando alguns assaltos. E o sono nada. Não sei por que o espanto, ele nunca vem. E quando vem, dura apenas minutos, tô cheio de olheiras, e creio que vou ter muito mais. Nem remédio faz mais efeito.
E assim vai sendo meu dia de todos os dias...
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